Fanfics Brasil - Eu pego esse homem – capitulo 16 << Eu Pego Esse Homem! >> TERMINADA

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Capítulo: Eu pego esse homem – capitulo 16

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AQUELE CHAMADO DE "MÃE?" ecoando da escada paralisou o coração de Thalia. A voz de Anahí estava próxima. Muito próxima. Thalia saiu correndo do quarto de controle (fechando a porta atrás de si) e deparou-se com Anahí já no terceiro andar.


- O que está fazendo aqui? - Anahí perguntou, olhando por cima dos ombros de Thalia.


- Nada, só estava vendo algumas coisas no depósito.


- Ouvi um baque. Foram dois baques - Anahí afirmou.


- Ah, era eu - disse Thalia com energia. - Esbarrei com esses meus quadris enormes. Sou tão desastrada! Uma anta! Não é todo mundo que consegue ser tão elegante como você.


Anahí apertou os olhos, e Thalia notou que a filha não tinha se convencido.


- Você está se sentindo bem? - disse Anahí.


- Ótima! - Thalia exclamou.


- Eu sabia que você ficaria feliz com o que houve - Anahí falou. - Mas não pensei que ficasse tão exultante.


- Não estou feliz, não - Thalia contestou. - O que Alfonso fez com você foi horrível. Lamento muito, Annie.


- Isso foi quase sincero - disse Anahí. - Quero falar sobre o cachorro.


- Cachorro? Você quer dizer Alfonso? - Que progresso!, Thalia pensou.


- O vira-lata. Aquele que está sendo alimentando por Ninel desde ontem. Vou pegá-lo, e ele vai ficar comigo. E também vou me mudar pra cá por um tempo - disse Anahí. - Eu e o cachorro vamos morar aqui. Juntos. - Ela lançou um olhar penetrante com descarada petulância, um desafio óbvio. O corpo de Anahí tinha crescido, Thalia pensava, mas o rosto não mudara desde os cinco anos, especialmente quando se crispava com essa petulância. Thalia sabia que se vivesse cem anos e a filha, setenta e oito, sempre a veria como um bebê cujas mãozinhas mais pareciam estrelas-do-mar.


Ela também sabia que o retorno de Anahí naquele dia podia parecer uma boa idéia, mas certamente a filha mudaria de idéia no dia seguinte (ou na semana seguinte). A garota estava vulnerável. O apelo da casa - de companhia, de comida na mesa, de roupa lavada, de conta do telefone paga - parecia reconfortante. Thalia sentia falta de Anahí desde que ela havia se mudado para Nova York três anos antes, mas a sua obrigação de mãe era fortalecer a autoconfiança e a saúde psicológica da filha. Agora, porém, um problema preocupante: o hóspede aprisionado. Não, Anahí tinha que voltar para a cidade. E quanto antes.


- Vamos descer a escada e sair daqui - Thalia falou, tomando a iniciativa.


- Já me decidi e pronto - disse Anahí.


- E seu apartamento?


- De qualquer forma, eu ia mesmo sair de lá para morar com Poncho. - A voz de Anahí tremeu ao mencionar o nome do noivo.


O que vou fazer com ele?, Thalia se perguntava pela centésima vez. Levá-lo para Pine Barrens? Golpeá-lo outra vez na cabeça, torcendo por uma amnésia?


- Estou excitadíssima por você querer voltar pra casa! Mas você devia tirar alguns dias para pensar. Por que você e Dulce não vão até a cidade? Fazer compras! Pode deixar que eu pago.


- Pensei que talvez você pudesse me ensinar a cultivar a capacidade de auto-recuperação.


- Você devia ter dito que o Alfonso não é advogado - disse Thalia, já no segundo andar, distante da zona de perigo.


- O que isso importa? - Anahí replicou. - Advogado, cenógrafo, encanador. Você o odiaria de qualquer jeito.


- Tenho razões de sobra! - Thalia afirmou.


- Já sei, os meus ferimentos - disse Anahí - E se eu dissesse que foram consensuais?


- Você se deixava ser agredida?


Blém!


- É o Poncho! - Anahí exclamou com brilho nos olhos ao ouvir o som da campainha da porta.


- Não é - disse Thalia, achando que era uma outra caminhonete que chegava do Plaza.


- Pode ser - Anahí retrucou.


- Impossível - Thalia afirmou.


- Você sempre tem que ser negativa! - Anahí correu até a porta irritada.


Thalia teve que se conter para não dizer: Não, não sou!


Enquanto Anahí se dirigia até a porta de entrada, Thalia subia rapidamente até o terceiro andar para pegar os talheres que Alfonso tinha devolvido. Isso só levou um minuto. Depois ela desceu apressada para receber a pessoa que batera à porta.


Um homem. Abraçando sua filha.


- Fernando - espantou-se Thalia, descendo a escada e escondendo os talheres no bolso do casaco. - O que o traz aqui?


Abraçado a Anahí, ele olhou para Thalia. Ela achou que ele havia perdido o fôlego ao vê-la. Anahí afastou se do peito de Fernando com os olhos vermelhos e inchados. Tinha chorado, e recebia o conforto do ex-futuro sogro. Thalia sentiu uma ponta de ciúme. Anahí sempre chamava a atenção dos homens.


- Bem-vindo - disse Thalia, flanando pela escada para parecer o mais natural possível, e rezando para que Fernando não pedisse para conhecer a casa toda.


- Quanto tempo! - ele disse com um sorriso para Thalia. Para Anahí, fez uma promessa: - Vou encontrá-lo. Nem que tenha que contratar vinte detetives e gastar um milhão de dólares, garanto que vamos até o fundo dessa história.


Fernando apertou o ombro de Anahí, de lábios comprimidos, transmitindo coragem. Seus olhos transmitiam segurança. As sobrancelhas arqueavam-se em consideração. Não era de estranhar que Anahí tivesse desabado em sua presença. Era um homem bom. E como era... Mas Thalia era melhor.


- O que o traz aqui, Fernando? - ela perguntou.


- Eu precisava ter certeza que você estava bem - ele disse. - Você largou tão abruptamente o seu café-da-manhã!


- Estou bem - ela disse,


- Café-da-manhã? - Anahí inquiriu.


- Fui até o hotel para resolver um assunto e acabei encontrando Fernando. Tive que voltar por causa de uma dor de cabeça repentina. Mas já passou.


- Que bom! - disse Fernando, fazendo uma pausa ao entrar no saguão para olhar a parede de presentes. As flores do funeral. - Vocês têm uma bela casa.


- Mamãe é colecionadora de antiguidades. Quartos e mais quartos entulhados de coisas. Ela tem uma das maiores coleções de cadeiras Queen Anne do país - Anahí falou.


- Verdade - Fernando admirou-se.


- Mostra a casa pra ele - disse Anahí. - Além de todas as coisas expostas, ainda tem uma tonelada de objetos estocados no terceiro andar. O bastante para encher uma outra casa, não é, mãe?


Thalia engoliu em seco.


- Eu adoraria conhecer a casa - disse Fernando, Thalia abria a boca pensando numa boa desculpa quando Dulce entrou pela porta da cozinha. Pela primeira vez Thalia ficou feliz ao vê-la.


- Senhora Portilla - disse ela, expandindo as palavras, - tenho umas perguntinhas pra lhe fazer. Sobre o seu jeito de dirigir.


O que essa tagarela insignificante está falando?, pensou ela.


- Como disse? - Thalia perguntou o mais educadamente possível.


- Hoje, aproximadamente às dez da manhã, a senhora foi vista saindo do Plaza Hotel, dirigindo tão loucamente que quase bateu num fusca verde... o meu. Sem que notasse, segui atrás da senhora até aqui. Ontem, aproximadamente às quatro da tarde, fui fechada na rua por um lunático que dirigia uma caminhonete Volvo vermelha.


- Não podia ter sido eu - Thalia afirmou. - Nessa hora eu estava no Plaza.


- Fazendo o tipo da policial durona? - Anahí questionou a amiga.


- Gostou? - Dulce quis saber.


- Muito autoritária.


- Você prefere um tipo mais gentil e popular, não é?


- E quem não prefere?


Dulce passou a língua nos lábios e voltou-se outra vez para Thalia.


- Fica entre nós, querida, pode contar tudo. Sou toda ouvidos. Sou mesmo. A senhora sabe de algum vizinho que dirige uma Volvo vermelha igual à sua?


- Não só um como vários - Thalia respondeu.


- A senhora não estaria mentindo? - Dulce perguntou, caprichando na voz arrastada do seu vil personagem e excluindo-se oficialmente da lista de convidados de Natal de Thalia. - Imagine então se eu batesse em algumas portas. Só para fazer novos amigos.


- Você pode tentar - Thalia replicou com sarcasmo. Seus vizinhos certamente trancariam a porta quando a vissem chegar.


- Algum sinal do cachorro? - Anahí perguntou.


Dulce parou de lamber os lábios (graças a Deus) e respondeu com seu tom normal (embora enfadonhamente nasalado) de voz.


- Eu e Ninel assoviamos por ele durante uns vinte minutos.


- Onde está Ninel? - Thalia quis saber.


- Saiu - disse Dulce.


Até então hipnotizado pela atuação canastrona de Dulce, Fernando perguntou:


- Desculpe, Thalia. Mas isso em seu bolso é um garfo?


- Ou é só felicidade por vê-lo? – Anahí comentou em tom picante.


O comentário fez com que Dulce e Anahí começassem a rir como idiotas. Fernando corou. Aquela simples pincelada de rubor suavizou a expressão daquele homem tão severo.


- Nós vamos fazer compra - Anahí avisou.


- Na cidade? - Thalia quis saber.


- No shopping. Você disse que pagava. - Anahí voltou-se para a visita e perguntou. - Você vem jantar com a gente, não vem? Por favor.


- Eu adoraria - ele disse olhando para Thalia, - mas não quero incomodar.


- Infelizmente, ele está deixando a cidade - Thalia falou.


- Mudei de idéia - ele disse. - Nova Jersey me parece mais cativante neste momento.


- Não, não, esta cidade é muito maçante - Thalia corrigiu. - É um tédio. Se eu fosse você, caía fora logo que pudesse.


- Short Hares não é tão ruim assim. Alguns lugares são bem interessantes - Fernando disse sorrindo, desta vez olhando nos olhos dela. Todos notaram. De repente, a calcinha de Thalia ficou molhada. Ela pensou que podia ser incontinência urinária (tinha lido que essas coisas podem acontecer). Mas depois ela se deu conta: estava excitada.


- O que você quer dizer com cativante? - ela perguntou.


Anahí deu uma tossida.


- Sei quando estou sobrando - ela disse, e logo saiu com Dulce.


Thalia e Fernando ouviram o motor do fusca até que todo o ruído cessou completamente - exceto por um crepitar tenso às suas costas.


- Você ouviu? - Fernando perguntou.


- A crepitação? - disse Thalia.


- O som de um martelo batendo. Está vindo lá de cima - ele falou.


Thalia engoliu em seco. Tinha que tirá-lo de lá.


- Por que não começamos pela parte externa da casa? - ela sugeriu, segurando Fernando pelo braço enquanto andavam.


Fernando se deixou conduzir bem ao lado de Thalia. Era mais alto que ela. Apesar de sua altura, ela nunca se sentira tão baixa. Ela o levou pela sala de pingue-pongue, a sala de jantar, o solário, a galeria. Atravessaram as portas duplas que se abriam para fora, desceram pelo caminho pavimentado que rodeava a casa, passaram pela piscina e foram até o jardim. Thalia gastava milhares de dólares por ano só para mantê-lo. Ela cuidava dele e o regava, mas contratara um profissional para fazer o trabalho pesado. Thalia não pegava no pesado.


O jardim tinha dois canteiros principais encostados num muro de pedras. Thalia se orgulhava especialmente da cerca viva de azaléias floridas que se estendia em torno de toda a propriedade. Ela instruíra o sr. Alonzo, o jardineiro, para podá-las ao estilo grego, de modo que a cerca parecesse o muro de um labirinto vista de fora.


- Tenho vizinhos abelhudos - disse Thalia enquanto colhia uma flor rosada.


- Isso é quase uma cerca viva - Fernando comentou.


Inexplicavelmente, ela se ruborizou vivamente. Malditos capilares!


- Seus vizinhos - ele disse. - O que é que você não quer que eles vejam?


- Apenas preservo a minha privacidade.


- Deve ser horrível se sentir observado - ele concordou. - Como naquelas salas de interrogatório com espelhos de duas faces.


- Sim - Thalia falou com pesar. - Isso seria horrível.


Russell é que tinha insistido em construir o quarto de brinquedos.


Ele costumava dizer que Anahí era uma filha preciosa. Não deixaria que nada de mau acontecesse a ela.


- Sob sua vigilância. - Na época Thalia não entendeu o que ele realmente quis dizer. Mas isso ocorrera no começo da década de 1980, quando a histeria em relação às crianças molestadas atingia o ápice. Um grande número de reportagens - o professor de um jardim-de-infância em Summit, o conselheiro de um acampamento em Perth Amboy - dominava os jornais de Nova Jersey. A cada dia o jornal Star Ledger publicava novas acusações contra babás, padrastos, padres. Surgiu no mercado a primeira onda de equipamentos de espionagem e câmeras espiãs. Russell comprou a histeria e a tecnologia. Contratou um profissional para deixar o quarto à prova de som e instalar alto-falantes e um espelho de duas faces. Thalia não se opusera. A segurança estava em primeiro lugar. Russell pediu que ela observasse Anahí e a babá inglesa - que ele mesmo havia escolhido (isso acontece) - pelo menos de quinze em quinze minutos.


Russell revelou-se melhor espião que Thalia. Passava horas (quando não estava em viagem) observando as brincadeiras de Anahí com a babá, tempo que ele podia aproveitar para brincar com a filha. Atenção que ele podia dedicar a sua solitária esposa.


- Você está outra vez pálida - disse Fernando. - Sua dor de cabeça voltou? Talvez fosse bom dar uma descansada. Vou levá-la ao seu quarto.


- É bom que você fique fora do meu quarto – Thalia resmungou.


- O que é isso? - espantou-se ele, arqueando as sobrancelhas.


- Esther! Querida! Cheguei! - ouviu-se uma voz afetada atravessando o enorme gramado. Thalia e Fernando voltaram-se para a fonte, e lá estava a figura de Ashley Longmead, a doce vizinha de Thalia, vestindo uma blusa de seda marrom e uma saia envelope creme, com os cabelos castanho-acobreados soltos e volumosos ao estilo de Ann-Margret. Ashley tinha nos pulsos braceletes de diamantes tão escandalosos que refletiam a luz do sol.


Thalia acenou aliviada ao ver a amiga. Conhecia Ashley desde que chegara a Short Hares, trazida por Russell depois de duas semanas de namoro e um casamento relâmpago. No primeiro dia de mudança - vinte anos atrás -, Ashley recebeu-a com beijos nas bochechas e um alvo e deslumbrante sorriso. Agora Thalia recebia a mesma afetuosidade; beijos e um abraço apertado. O rosto de Ashley não mudara quase nada desde o dia em que a conhecera, graças ao seu amado e finado marido, um cirurgião plástico. Lawrence tinha oitenta anos quando falecera, no ano anterior. A idade de Ashley ninguém sabia.Thalia achava que ela beirava uns cinqüenta e poucos anos. Ashley carregava um buquê de rosas em um dos braços. No outro, uma sacolinha com o logo tipo da Gourmet Bakery.


Flores e comida. Exatamente o que Thalia não precisava.


- Queridinha! - disse Ashley. - Lamento tanto por ontem! Procurei você como uma louca pelo hotel, para ver se estava precisando de ajuda, mas ninguém sabia onde você tinha se metido! Tenho certeza que você vai gostar de saber que Short Hares inteira está do seu lado. De verdade. Isso é tudo o que podemos dizer.


- Muita gentileza de sua parte me dizer isso - disse Thalia.


Ashley estendeu a mão impecavelmente cuidada para Fernando e apresentou-se.


- É o pai do noivo? - ela perguntou. - Eu me lembro de você, eu vi ontem.


Fernando fez uma reverência.


- Eu também prestei atenção em você. Seu vestido era estonteante.


Thalia não tinha visto, mas podia imaginar. Ashley tinha o corpo de uma mulher de trinta anos e gostava de exibi-lo, geralmente em roupas de tons suaves (caramelo, chocolate, creme, etc.). Embora o sexo fosse o único tema que as duas vizinhas nunca discutiam (Ashley insinuava o assunto e Thalia não tinha nada a relatar), Thalia sabia que a amiga tinha alguns casos.


- Vamos pôr as flores na água? - Ashley quis saber.


Os três voltaram à casa e entraram pela porta da cozinha. Thalia pediu a Ashley que levasse Fernando até o solário enquanto procurava um vaso.


Ao vasculhar os armários, encontrou um vaso de cristal (que ganhara de presente de casamento). Colocou as rosas no vaso (o cheiro estava começando a lhe fazer mal) e depois espiou o conteúdo da sacola da confeitaria. Como de costume, Ashley trouxera os famosos biscoitos de lá: palmiers. Algumas pessoas costumavam chamá-los de "orelhas de elefante". Eram biscoitos amanteigados, cortados em círculos e assados com uma leve camada de açúcar por cima. A massa era leve, crocante e deliciosa. Ashley sabia que Thalia adorava palmiers e que podia comê-los compulsivamente. Ela se sentiu incrivelmente bem, tocada pela gentileza da amiga, talvez a única amizade verdadeira que fizera em Short Hares.


Dispôs os biscoitos num prato e preparou um bule de café. Depois, colocou os biscoitos, o café, as xícaras, o creme e o açúcar numa bandeja e levou-a para o solário, seu cômodo favorito da mansão, com janelas que se abriam do teto ao chão e proporcionavam uma vista completa do jardim.


À medida que se aproximava, ouvia a conversa entre Ashley e Fernando.


- É aquela com telhados de lajotas cinzentas - Ashley apontava.


- Então você mora bem aqui do lado - ele disse.


- Thalia e eu somos muito próximas, de diversas maneiras - ela afirmou.


Thalia sentiu um nó na garganta. Estava feliz pela visita da amiga. Entrou no solário e pôs a bandeja sobre uma mesa de vidro.


- Seus favoritos - disse Ashley.


- Obrigada - Thalia agradeceu com os olhos marejados.


- Querida, seu jardim está mordiscado - Ashley falou. - Ah, já sei por quê.


Enquanto os três se deleitavam com a vista, uma família de esquilos aparecia num dos canteiros e começava a cavar e a roer as plantas.


- Não, de novo não - Thalia comentou. A população de esquilos vinha se transformando vertiginosamente num dos maiores problemas de Short Hares. - O estado sancionou a caça aos ursos-negros e aos cervos. Quando é que vão sancionar a caça aos esquilos? - ela indagou.


- Deixa comigo - disse Ashley enquanto sacava de sua elegante bolsa uma pistola 22 de cabo de madrepérola que seu marido lhe dera de presente.


- Não antes do almoço - Thalia contestou, descartando a oferta de Ashley.


Se Fernando achou estranho que uma mulher de meia-idade carregasse uma arma na bolsa (embora não passasse de mais um acessório para Ashley), ele não comentou. Thalia presumiu que na administração dos negócios dele (ou seja lá do que fosse que ele disse que fazia), todos portassem armas. Fernando sentou-se no sofá de chintz e serviu-se de um biscoito. Enquanto o saboreava, Thalia observava a expressão dele. E sorriu quando ele fechou os olhos para lamber os resíduos de biscoito que restavam nos lábios, soltando um hummm de aprovação.


Observando-o, Ashley também emitiu o mesmo hummm.


- Isto é ótimo - ele disse.


- Mas farinhento - Ashley replicou, apontando os resíduos nos lábios de Fernando. Sentou-se ao lado dele no sofá e espanou os pedacinhos de biscoito para o piso de lajotas terracota.


Se Fernando se incomodou com as mãos daquela estranha mulher limpando seus lábios, não deixou que ninguém notasse.


Thalia sentou-se na poltrona à frente do sofá, avaliando a situação. Do seu jeito habitual, Ashley flertava com Fernando descaradamente. E qual era o problema? Ele era um homem interessante, e ela, uma mulher livre.


- Então, Fernando - disse Ashley - Você é casado?


- Sou viúvo.


- Somos três, então - ela afirmou.


- Eu sou divorciada - Thalia frisou.


Ashley negou com a cabeça.


- Se você fosse realmente divorciada, não teria nada. Como viúva, você é uma mulher rica. Assuma de uma vez o que você é, querida.


Thalia já ouvira Ashley expor essa lógica. Até que fazia sentido. Se Russell não tivesse resolvido passar no shopping - e morrido – antes de ir ao escritório do advogado, ele teria assinado o acordo injusto que Thalia combatera por anos e no final se vira obrigada a aceitar. Ela teria perdido o direito sobre os bens de Russell e também a custódia de Anahí.


Fernando olhava fixo para Thalia, com um misto de curiosidade e satisfação.


- O meu Lawrence era um anjo caído na terra. Sinto muita falta dele - Ashley comentou. Depois, tomando o maior cuidado para não estragar a maquiagem, passou um lenço sob os olhos.


- É duro perder a pessoa amada - disse Fernando.


Grata, Ashley sorriu para ele e aproximou-se um pouco mais. Thalia observava, pasma e repugnada. A repugnância era um fato novo. Já estava acostumada com o jogo de sedução da amiga. Mas agora, ao vê-la jogar charme para Fernando, ela estranhava. Ele é meu, ela pensou. Além do mais, é o pai do homem que mantenho trancado no ático.


- Que náusea horrível me deu de repente! Ashley, depois você mostra a saída para Fernando? Mas não se apressem. Vocês parecem estar tão bem... Odiaria incomodá-los - Thalia falou, e levantou-se de supetão.


Fernando levantou-se rapidamente. Ashley o seguiu.


- Anahí falou algo a respeito de um jantar hoje à noite - ele disse.


- Eu adoraria jantar com você - disse Ashley. - Thalia está tão adoentada que não poderá organizá-lo.


Ashley piscou para Thalia. A mesma piscadela de quando saía furtivamente com algum homem das recepções beneficentes e dos jantares, alegando que precisava espairecer na varanda ou falar com o chefe ou encontrar o bar. Geralmente os homens logo mostravam interesse por Thalia, mas eram interceptados por Ashley, vestida de maneira sedutora. Durante anos Ashley livrara Thalia de situações desconfortáveis um sem-número de vezes. E toda vez que se via jogada entre um homem e Thalia, ela dava aquela piscadela de cumplicidade para a amiga.


Dessa vez Thalia não piscou de volta.


- Tenho certeza que depois de uma soneca estarei novinha em folha - ela disse para Fernando. - Jantar, às seis.


 


 


 



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Autor(a): narynha

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 89



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  • nathmomsenx Postado em 09/06/2013 - 17:19:03

    Perfeita a web <3

  • kikaherrera Postado em 24/04/2010 - 21:55:47

    Final perfeito como todas as outras.

  • rss Postado em 24/04/2010 - 20:29:51

    o final foi lindo
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    besossssssssssss

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  • kikaherrera Postado em 24/04/2010 - 03:17:33

    A Annie e a Thalia são loucas.
    Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa


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