Fanfic: << Eu Pego Esse Homem! >> TERMINADA
ANAHÍ PROTEGIA OS PÉS DOLORIDOS. Ninel aninhava Boris no colo, acariciando as orelhas esquisitas do cão.
"Da próxima vez, use botas." A russa supostamente tinha alguma experiência em chutar portas.
Blém.
"Quem será agora?" Anahí desceu mancando pela escada. Depois do encontro com Alfonso no ático, ela estava preparada para qualquer coisa. "Talvez o fantasma de papai tenha vindo para me resgatar."
"Talvez seja o meu finado marido", Ninel rebateu enquanto abria a porta.
"Boa noite", ela falou para a mulher à soleira da porta.
"Olá, dona Conde. Que bom ver você, Anahí", disse Ashley Longmead.
Ela beijou o rosto de Anahí.
``Você não está me parecendo muito bem", disse a mulher quimicamente preservada vestida de conjunto de seda. ``Você tem que passar um dia inteiro em algum [i]spa[/i], Anahí. Agende um fim de semana. Vou telefonar para o Reynaldo, lá do Short Hares Wellness. Garanto que ele vai arrumar uma vaga pra você."
A porta da cozinha bateu à esquerda. Era Ninel que se evaporava.
Boris também recebeu mal a vizinha de cabelos castanho-avermelhados, latindo com adorável hostilidade. Anahí pegou-o no colo (gentil e amorosamente) e apertou o focinho dele.
"Mamãe não está em casa", ela disse.
"Pensei que ela estava jantando com o maravilhoso Fernando Herrera."
Ashley esticou os olhos sobre os ombros de Anahí à procura de sinais masculinos.
"Eles saíram."
"Por acaso você sabe aonde foram?"
Anahí deu de ombros.
"Fernando ainda está no Plaza?", Ashley perguntou.
``Acho que sim."
"Muito obrigada, Anahí. E não se esqueça. O Reynaldo é um gênio. Ele faz qualquer coisa por mim. Só preciso dizer buu."
``Você quer dizer `doida`?", disse Anahí.
Ashley deu uma pausa e sorriu.
``Você sempre foi uma criança estranha, Anahí. Boa sorte com a sua solidão. Espero que você tenha momentos melhores que sua mãe. "
Anahí bateu a porta com violência. E abriu-a depressa.
"Desculpe, a porta bateu", ela falou atropeladamente.
Mas Ashley já estava dentro de seu Porsche. Acenou com a mão cheia de brilhantes, buzinou e se foi. A culpa se apresentou imediatamente. Ela havia batido a porta na cara de Ashley. Por mais gratificante que isso fosse, Anahí sabia que logo se arrependeria. E Thalia ficaria furiosa quando soubesse.
Anahí entrou na cozinha. Ninel não estava lá. Então, pegou o telefone de parede e discou para o celular de Dulce.
O telefone só tocou uma vez.
``Vem pra cá", ela disse.
"Estou com Ucker", Dulce respondeu. "Estamos lendo o romance. Quer dizer, a peça. É boa, Annie. Talvez seja a peça que eu estava procurando."
Será que ela devia contar a Dulce que Alfonso estava no ático? Deus, como ela queria contar! Afinal, eram notícias fresquinhas. E que deliciosa ironia! Logo ele, que buscava a liberdade. Olha só pra ele agora.
Ela abriu a boca para exprimir esses pensamentos, mas alguma coisa a fez hesitar.
"Você está legal?", Dulce perguntou ao telefone.
"Estou ótima", disse Anahí. "Muito bem."
"Tem alguma coisa errada."
"Esqueça." Anahí pesou um pouco mais e resolveu não contar nada para Dulce. A atriz tinha uma tendência ao exagero; ela e Thalia não poderiam ir mais longe. Se descobrisse alguma coisa sobre Alfonso, Dulce cometeria alguma loucura como, por exemplo, chamar a polícia.
"Você não está nada bem", Dulce falou. "Já estou indo pra aí. Só preciso de vinte minutos." E desligou.
Anahí tentou ligar outra vez, mas o celular de Dulce já estava desligado.
Agitada demais para esperar na cozinha, Anahí atravessou-a na direção de uma entrada estreita onde havia uma escada de serviço que ela raramente usava e que dava no segundo andar, exatamente em frente ao quarto de Ninel.
Anahí chegou com Boris no colo e bateu na porta.
"Ela já foi?", disse Ninel logo que abriu a porta.
"Saiu voando", Anahí respondeu.
"Aquela mulher", Ninel cuspiu no chão, "me trata como uma empregada."
"E qual seria exatamente a descrição de seu trabalho?", Anahí inquiriu.
"Eu sou uma governanta", Ninel falou de nariz empinado.
"E co-seqüestradora", Anahí acrescentou. "Co-criminosa, co-torturadora."
"Pode ser, mas não sou uma empregada!"
Anahí entrou naquele quarto decorado com dramaticidade, admirando como sempre o tapete oriental vermelho-maçã, a colcha cor de morango e as paredes cor de cereja. O armário era uma relíquia asiática laqueada em tons escuros de romã.
Ninel gostava de vermelho. E de frutas.
E Anahí amava aquele quarto. Quando era criança, implorava para que Thalia a deixasse pintar também o seu quarto de vermelho-berrante, mas a mãe se recusava, dizendo:
``Vermelho é para prostitutas e comunistas, não para menininhas."
E Anahí sempre perguntava:
"Então, por que o quarto de Ninel é vermelho?"
Invariavelmente, a pergunta provocava em ambas uma sonora gargalhada que encerrava o diálogo.
Ninel continuava tecendo comentários sobre a vizinha.
``Ashley Longmead só se sente feliz quando sua mãe está na pior."
"Parece que ela tem o dom de adivinhar quando as coisas não vão bem", Anahí comentou enquanto se reclinava na cama cor de morango. Ashley chegara voando no dia em que Russell fora embora, como se estivesse esperando lá embaixo que o carro dele tomasse a estrada. E também chegou bem depressa quando Russell morreu. Era então natural que ela marcasse presença por ocasião do casamento fracassado.
"E Thalia ainda acha que Ashley é amiga dela", disse Ninel com ironia. "Talvez agora você entenda melhor a sua mãe."
"Sim, eu me dei conta de que ela tem um porrete pronto para qualquer emergência", Anahí replicou. "Não passa de uma criminosa fracassada."
"Sua mãe está sozinha no mundo. Ela só tem você e eu", Ninel rebateu.
"Faço então uma correção: mamãe é uma criminosa triste e sozinha", Anahí falou baixinho, do fundo da alma.
"Na Rússia, a turba jogaria Alfonso no fogo e deixaria o corpo carbonizado para os ratos, só pelo que ele fez."
Anahí sabia que Ninel era capaz de atos cruéis e covardes. A russa era uma excelente cúmplice. Mas ela não podia imaginar que sua mãe seria capaz de golpear a cabeça de uma pessoa e depois seqüestrá-la. Durante anos ouvira os cochichos das pessoas que comentavam que Thalia estava envolvida de alguma maneira no mergulho fatal de Russell.
Anahí abraçou uma almofada vermelha, lembrando-se de como Thalia tentara dissuadi-la do noivado. E quanto mais Thalia a desencorajava, mais ela se unia a Alfonso. Só depois de muita terapia é que percebeu que um dia alguma coisa se colocaria entre ela e sua mãe. Alfonso fora seu amado e seu sustentáculo. Mas o que ela significava para ele?
"Se toda vez que falar com Poncho eu fingir que sou a mamãe", disse Anahí, "poderei falar o que quiser sem pensar nas conseqüências."
``Você não terá essa chance", disse Ninel. "Thalia vai soltá-lo assim que chegar."
"Não!", Anahí exclamou.
"Se ficar provado que houve seqüestro, é bom que você não esteja envolvida. E agora que você já sabe, acabou. Mas que foi divertido enquanto durou, isso foi!"
"É só não contar pra ela", disse Anahí.
A russa podia ser tão inflexível quanto a cortina de ferro.
"Ele tem que sair daqui", ela insistiu.
"Fale um pouco a respeito do quarto de brinquedos. O que significa aquele sistema de vigilância? Mamãe o usava pra me espionar?"
"Não era a sua mãe", respondeu Ninel. "Era o seu pai. E não era pra te espionar. Era pra espionar a ela."
Ela, Anahí entendeu imediatamente, era Jemima, sua babá inglesa. A mulher que fizera com que Thalia fosse abandonada. Aquela com quem ele estava quando morreu.
"Ele era um pervertido, um tarado", Ninel acrescentou.
A mãe de Anahí tinha um parafuso a menos, e o pai dela era um voyeur. As notícias eram tão constrangedoras como renovadoras. Desde que saíra da sala de controle, cerca de vinte minutos antes, Anahí estava se coçando para subir as escadas e espiar Alfonso. Seria bom observá-lo. Aliás, sempre gostara disso. E daquela forma podia observar tudo o que quisesse sem a pressão e a ansiedade de ter o olhar dele sobre ela.
"Talvez eu também seja uma tarada", ela disse.
"Talvez seja", Ninel assentiu. "São os mesmos genes. A maldade pode aflorar em você. Isso pode acontecer a qualquer hora com qualquer um que esteja sob pressão. É só ver o que a Thalia fez com o Alfonso. Uma vez, o meu irmão Misha fez um ninho com jornais que ele encontrou na sarjeta e começou a dormir dentro dele. Ele dizia que tinha virado um pombo. Até que um dia pulou do telhado, achando que podia voar."
"E ele se machucou?", Anahí perguntou.
Ninel negou com um gesto de cabeça.
"Nossa casa, se é que aquilo podia ser chamado de casa, era baixa. Eu e meus irmãos vivíamos pulando do telhado por pura diversão. Não havia parques nem pracinhas em Moscou. Éramos obrigados a ficar o tempo todo dentro de casa para não sermos pegos pela polícia e enviados a um campo de trabalho para jovens lá na Sibéria."
"Pelo menos uma única vez eu gostaria que você me contasse a verdade sobre sua vida antes de Nova Jersey", disse Anahí.
"Cada palavra dita por mim é verdadeira!", Ninel insistiu.
``Você não se casou por correspondência."
“Casei sim! Fui capa do primeiro catálogo de agenciamento. Meu irmão Serguei tirou uma foto minha, nua, e de minha prima. Isso foi em 1991, um dia após terem derrubado o Muro de Berlim. Dois meses depois recebi uma carta de um americano. Ele mandou dinheiro, documentos e passagem de avião. Fui para Chicago e nos casamos."
"E ele morreu?"
"Está mortinho", disse Ninel. "Era um idiota. Só mesmo um idiota ligaria o aparelho de barbear dentro da banheira para morrer eletrocutado. Chorei muito tempo pela morte dele."
``Você? Chorou? Agora tenho certeza que está mentindo." Ninel balançou a cabeça e riu.
"Tá bem, a parte do choro é mentira", Ninel admitiu.
"Você não vai contar pra mamãe que encontrei.o Poncho, não é?"
Elas ouviram uma porta batendo.
"Tem alguém aqui", disse Ninel.
"Eu chamei a Dulce", Anahí comentou.
``Você não pode contar pra ela!", Ninel foi incisiva.
"Não vou contar!"
"Eu vou me livrar dela."
Anahí não gostou de como a frase soou. Ninel, então, corrigiu:
"Vou pedir pra ela ir embora."
As duas mulheres se espremeram para sair ao mesmo tempo pela porta e se apressaram pelo corredor, disputando a escada principal.
"Pára de empurrar", Ninel falava.
"Sai da minha frente", Anahí replicava.
Esse mesmo clima era compartilhado pelas duas outras mulheres que se engalfinhavam para subir a escada.
"Você não pode me deter", Dulce dizia, subindo.
"Esta casa é minha", Thalia rebatia.
Todas elas se encontraram no hall do segundo andar.
“Sua mãe e Fernando Herrera estavam se agarrando lá no saguão do Plaza", Dulce falou para Anahí.
"Não estávamos nos agarrando, não!", exclamou Thalia. "Estávamos nos despedindo com um beijo."
"Ele estava de pau duro!", Dulce declarou.
"E você não devia ficar olhando a virilha dos homens", disse Thalia.
"E quem disse que eu podia evitar? Aquilo era um pau-de-sebo. Uma tora de carvalho. Ele podia até furar meus olhos com aquela coisa."
"Tal pai, tal filho", Anahí comentou.
Thalia corou e disse:
"Essa conversa é grosseira e imprópria; não quero mais ouvir uma só palavra. Ninel, me acompanha até a cozinha? Estou morrendo de fome."
"Pensei que você tinha saído para jantar", disse Anahí. ``Algumas horas atrás."
"O que você está querendo dizer?", Thalia rebateu.
"Esquece o que eu falei", disse Anahí.
Thalia abriu a boca para falar, mas as palavras não saíram. Talvez porque não soubesse o que dizer ou porque estava faminta, embaraçada e confusa para se defender. Ela parecia triste, emocionalmente desgastada.
O coração de Anahí se apertou. Ela pensou: Mamãe estava parecendo tão velha!
Autor(a): narynha
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MEIA-NOITE. SÓ MAIS DOZE HORAS, Alfonso pensou debaixo do chuveiro, enquanto se ensaboava com o aromático sabonete liquido da Barbie. Se fosse necessário, ele agüentaria mais doze dias, mais doze semanas. Mas se tudo saísse como previra, estaria livre na metade de um dia. O perfume do sabonete o levava de volta à coleç&a ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 89
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nathmomsenx Postado em 09/06/2013 - 17:19:03
Perfeita a web <3
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kikaherrera Postado em 24/04/2010 - 21:55:47
Final perfeito como todas as outras.
-
rss Postado em 24/04/2010 - 20:29:51
o final foi lindo
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besossssssssssss -
rss Postado em 24/04/2010 - 20:29:51
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kikaherrera Postado em 24/04/2010 - 03:17:33
A Annie e a Thalia são loucas.
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