Fanfic: << Eu Pego Esse Homem! >> TERMINADA
"DESCULPE POR TELEFONAR TÃO cedo", disse Fernando para Thalia, que na noite anterior tinha conversado com Ninel até altas horas.
Ela olhou o despertador na mesa-de-cabeceira. Nove horas.
"Não tem problema", ela respondeu ainda grogue de sono.
"Já sei onde Poncho está", Fernando anunciou com alegria.
A afirmativa despertou Thalia como um ataque aéreo.
"Estou abobada", ela disse.
"É chocante", ele concordou.
"Nem sei o que dizer", ela gaguejou.
``Vai se vestir", ele disse. "Estou indo pra aí."
Um suor repentino fez o telefone escorregar dos dedos de Thalia. Hora de assumir a responsabilidade. Ela esperava que o preço não fosse alto. Talvez também pudesse golpear Fernando e deixar os dois no ático...
"Vou me arrumar", ela falou.
"Te vejo em dez minutos", disse ele, desligando o telefone.
Nove minutos depois ela estava com um lindo vestido de verão branco e sandálias de salto, e segurava um castiçal de ferro.
Fernando chegou e buzinou.
Ninel espionava pela janela da frente.
"Ele está acenando que você saia."
"Será que devo golpeá-lo?", perguntou Thalia.
"Primeiro ouça o que ele diz", respondeu Ninel. "E segure o castiçal atrás de você."
Thalia assentiu e abriu a porta da frente. Fernando acenava do carro:
"Depressa, Thalia. Temos que ir."
"Pergunte pra ele aonde vocês vão", Ninel sussurrou.
"Aonde vamos?", Thalia gritou.
``Vem logo", ele disse.
"Um minutinho só", pediu Thalia, fechando a porta para confabular com Ninel.
"Será que ele acha que o Alfonso está em outro lugar e não aqui?", ponderou Thalia. "Talvez queira me levar até um beco escuro pra me fazer uma oferta irrecusável."
"Ponha o castiçal na bolsa", Ninel ordenou.
"Boa idéia", Thalia concordou. "Se eu não estiver de volta em algumas horas, prepare um drinque `especial` para o prisioneiro."
Ninel assentiu com seriedade.
"Cianureto ou estriquinina?"
"O que tiver o pior sabor", respondeu Thalia.
Ela ajeitou um lenço de seda na cabeça, guardou o castiçal na bolsa, respirou fundo e se dirigiu ao carro de Fernando. A aventura matinal seria um teste para o seu brio. Não estava segura quanto à sua força (o castiçal era pesado).
Fernando se mostrou radiante quando Thalia entrou no carro, e pulou em cima dela para beijá-la com ardor, deixando-a amassada como uma sanfona de papel.
Um som estridente ecoou do rádio do carro.
"Charlie, aqui, senhor."
Fernando pegou uma espécie de microfone.
"Fale, Charlie."
O rádio emitiu:
"Radar checado. Melhor rota para Manhattan: rota 24 até 109, em frente pela Pulaski Skyway até o túnel Holland. Não há engarrafamento no túnel".
"Entendido."
"Desligo", o tal Charlie concluiu.
"Então vamos para a cidade", Thalia falou enquanto ajeitava o cinto.
Fernando manobrou o carro e desceu pela rampa.
"Se você quiser se divertir, não se acanhe em me masturbar."
"De dia, não", recusou Thalia.
"Então alguma coisa me aguarda no caminho de volta", sorriu ele.
A viagem até Manhattan durou cerca de quarenta minutos. Thalia aproveitou o tempo para saber como Fernando tinha localizado Alfonso.
"Notei que Ucker estava sabendo de alguma coisa", disse Fernando.
"Depois que você e a amiga de Anahí saíram do hotel na noite passada, convidei-o para tomar um drinque comigo."
"E você cochichou no ouvido dele?"
"Só um pouquinho", ele disse. "Com uma dose de gim tônica, Ucker solta logo a língua. Ele não resiste a mim. Eu o conheço desde que tinha três anos. Sou como um segundo pai para ele." Fernando praticamente se contorcia de prazer com seu trabalho de detetive, e se excitava com a perspectiva de encontrar o filho (o que Thalia sabia que não aconteceria).
"Que foi então que o Ucker disse?", perguntou Thalia, com um alívio que crescia à medida que a história se desenrolava.
Fernando deve ter sentido a tensão de Thalia, uma vez que pousou a mão na coxa dela e afagou-a.
"Por que você não relaxa? Recoste a cabeça no assento", ele falou. "Assim não posso olhar esse pescoço maravilhoso."
Ela encostou a cabeça no assento, deixando o pescoço à mostra.
"Chegamos ao bar e sua amiga Ashley ainda estava lá; enfim, mais uma vez tive que ser rude com ela para poder ficar sozinho com Ucker", ele disse.
Ela balançou a cabeça.
"E o que Ucker contou?"
"Parece que ele e o Ucker tinham um plano", disse Fernando, desenrolando um pouco mais a história, "de se encontrarem na cidade, na manhã de domingo - hoje -, no apartamento de Poncho. Ucker tem a chave. Poncho entraria em contato com ele entre a noite de sexta-feira e esta manhã. Ucker teria que ficar em Short Hares, de olho em todo mundo. Para observar se a barra de Poncho estava limpa, já que ele teria que ir para o esconderijo."
"Desculpe, Fernando, mas seu filho é um fuinha."
"Vamos dizer isso pra ele. Eu e você. Nós é que vamos ao encontro de Poncho, não Ucker. Vamos obter todas as explicações que merecemos, e depois o levaremos para se desculpar com a Annie. Quero arrumar essa bagunça", ele disse. "Para o nosso bem."
Eles eram um "nós"? Thalia engoliu em seco.
"Quer dizer que ele está escondido no seu próprio apartamento", ela disse, fingindo-se surpresa. "Esse tempo todo esteve no lugar mais óbvio!" Então, o grande plano dele era voltar pra casa? Poncho não passa de um doidivanas imprestável, ela pensou.
"Ucker prometeu não falar sobre a mudança de plano para Poncho", disse Fernando em triunfo. "Ele não sabe que estamos indo para lá!"
"Que bom", Thalia falou, em meio ao eco do ronco dos motores dentro do túnel Holland.
Fernando pôs o dedo indicador nos lábios, posição internacionalmente conhecida por "silêncio". Enfiou a chave na fechadura do estúdio de Alfonso, no SoHo, girou-a e depois abriu a porta.
Ele entrou no estúdio, gritando:
"Ei, sumido!"
Silêncio profundo.
"Talvez tenha saído para tomar o café-da-manhã", disse Thalia.
"Estamos um pouco adiantados. Ele e Ucker se encontrariam às dez", Fernando olhou o relógio.
"Podemos esperar ou voltar mais tarde."
"Se esperarmos perdemos o fator surpresa." Fernando parecia ansioso para pôr as mãos no filho.
"Então, vamos."
"Não", ele disse. "Ele pode nos ver saindo do prédio. É melhor esperar. Pega uma cadeira e senta, enquanto faço um café."
Thalia sentou-se em uma cadeira de uma mesa de jantar dos anos 1950, em tons de azul e prata. Era um conjunto original, não uma reprodução barata, e Thalia ficou bem impressionada. Seus olhos percorreram o aposento arejado e claro. O relógio de parede com motivos celestes, o fogão e a geladeira retrô. A cama era suspensa, engenhosamente construída com uma única viga de sustentação. Thalia supôs que tinha sido construída pelo próprio Alfonso. E ainda havia um sofá Noguchi verde-claro de linhas curvas, que combinava com uma mesinha de vidro (Thalia achou que a mobília era original), elegantemente disposta sobre um tapete branco felpudo. As prateleiras (também feitas à mão) numa das paredes estavam repletas de livros, objetos, CDs e DVDs. Abarrotadas, mas não bagunçadas. Na pia, nenhum vestígio de louça suja. O apartamento estava limpo e arrumado, impecavelmente decorado. Quem entrasse ali certamente diria que o morador era um homem refinado e talentoso. Qualquer um pensaria isso.
Fernando estendeu-lhe uma caneca estilizada e encheu-a com o café que tinha feito num bule Robert Graves. Sentou-se à mesa com uma caneca igual à de Thalia e tirou açúcar de um açucareiro quadriculado kitsch, em azul e branco.
“Eu queria que ele estivesse aqui”, ele disse com pesar.
Thalia sentiu pena de Fernando. Ele estava com saudade do filho. Uma saudade enorme de Anahí apertou seu peito. Lamentou por não ter acordado a filha antes de sair de casa naquela manhã.
"Ele vai aparecer", ela disse.
"Quando?", perguntou Fernando.
Thalia engoliu em seco.
``A qualquer minuto."
Ela teria que libertar Alfonso. Nesse dia mesmo. Aquilo tinha ido longe demais. Já havia expressado o seu ponto de vista. Alfonso tivera o que merecia, e ela também teria. A verdade viria à tona. Certamente Fernando a odiaria. O "nós" que havia entre eles logo se desvaneceria.
"Gosto realmente de você, Fernando", ela falou.
"Também gosto de você, Thalia", ele rebateu. "E gostaria que o nosso caso tivesse começado longe de toda essa confusão."
Se ele fizesse idéia do tamanho da confusão...
Tomaram o café de mãos dadas.
“Já passa das dez." Fernando levantou-se e atravessou o estúdio.
"Vamos esperar mais alguns minutos", ela sugeriu.
"Vou urinar", ele disse.
Thalia ruborizou. Ele tinha sido grosseiro. Já que estavam tão próximos do rompimento, pelo menos ela poderia se poupar do dia-a-dia de urinadas e cagadas.
"Thalia, veja isto aqui", ele chamou-a do banheiro.
"Nem pensar."
"Poncho deixou um bilhete."
Um outro bilhete. Alfonso era um autêntico maníaco postal. Thalia foi ao banheiro. Fernando estava na frente de uma bancada incrivelmente branca iluminada por spots dourados. Ele apontou para um envelope encostado atrás das torneiras.
No envelope se lia: No Caso de Eu Não Estar Aqui.
Curioso, Thalia pensou. Quando ele deixou isso aí? Só pode de ter sido antes de sua ida para Short Hares, na quinta-feira.
"Ele não está aqui", disse Fernando. "Então, vou abrir." Ele pegou o envelope.
"Claro que é um bilhete para o Ucker. Temos que entregar pra ele", disse Thalia.
"Não está endereçado ao Ucker", ele se justificou.
E rasgou o envelope, retirando duas folhas brancas escritas com tinta preta.
"É a letra de Poncho, sem dúvida", ele disse.
Enquanto Fernando lia a carta, Thalia olhava o rosto dele refletido no espelho. Seus olhos e suas sobrancelhas denotavam concentração. De suas narinas saíam rajadas de vapor que embaçavam o espelho.
"O que ele diz?", ela perguntou de maneira tentadora.
Fernando olhou-a com expressão severa.
"Leia você mesma", ele disse, entregando-lhe a carta.
Para Quem Possa Interessar
Escrevo - nesta manhã de quinta-feira antes de ir para Nova Jersey - e ainda não me decidi sobre o que fazer. Se eu cair fora do casamento, certamente esta carta será destruída amanhã. Se me casar com Anahí, eu a destruirei após a lua-de-mel. No entanto, se esta carta for encontrada e lida por uma outra pessoa, isso só pode significar uma coisa: não consegui retomar para o meu apartamento. Alguma coisa ruim aconteceu.
Se eu abandonar a Anahí, talvez esteja pondo em risco a minha integridade física. Na família dela existem pessoas que podem me fazer mal. Thalia Portilla, por exemplo: ela me odeia e deseja me ver morto. Acredito que ela pode fazer isso. Já matou antes. Pesquisei as circunstâncias da morte do marido dela. Li os registros da polícia e todos os jornais que noticiaram o caso. Foi uma morte tida como acidental, mas somente por causa da escassez de provas. A polícia achava que Thalia Portilla tinha motivos para assassinar o marido, mas ela não ficou entre os suspeitos porque tinha um álibi. Anahí, na época com cinco anos de idade, não seria uma testemunha confiável.
Eu ainda temo a vingança de Ninel Conde, uma mulher que também investiguei. Acredito que ela também é uma assassina. O marido dela, Stanley Gorp, de Evanston, Illinois, morreu eletrocutado na banheira. A polícia suspeitou de Molotov, mas não conseguiu provar sua culpa. Ela só permaneceu em Illinois até receber o dinheiro do seguro de vida, e depois se mudou para Nova Jersey, onde se reuniu com sua prima, Alexia Flushenko, uma russa que também se casou por correspondência. O dinheiro do seguro não durou muito tempo. Ela empregou-se na casa de Thalia Portilla e apegou-se à nova patroa.
Anahí não sabe que investiguei a mãe dela e a empregada. Rogo a Deus que tudo isso seja mera especulação de minha parte. Tenho certeza que ninguém lerá esta carta. Quando eu chegar em casa, vou relê-la e dar boas risadas pela minha paranóia. De qualquer forma, tinha que escrever a minha teoria.
Se eu fugir do casamento e desaparecer, procure os meus restos mortais na mansão de Thalia Portilla; em Overlook Lane, Short Hares, Nova Jersey.
Cordialmente
Alfonso Herrera
Thalia encarou Fernando, rindo com nervosismo.
"Bem, esta carta diz tudo", ela falou.
"E o que ela diz?", Fernando perguntou entre dentes.
"Que Alfonso é alucinado e paranóico", ela afirmou. "Ele não está bem. Temos que encontrá-lo e levá-lo para um terapeuta; é claro que ele precisa de ajuda."
Se ainda havia alguma culpa em Thalia pelo que fizera com Alfonso, essa culpa sumiu. O merdinha, ela pensou. Agressão e seqüestro era uma coisa (quer dizer, duas). Assassinato já era outra história. Oh, quanto ela não daria para pegá-lo outra vez. E desta vez o acertaria com muito mais força.
"Ele me parece sadio", disse Fernando.
"E me acusa de assassinato!"
"Eu sei, eu li", Fernando rebateu, pegando a carta de volta.
"Meu marido caiu de uma mureta. Umas doze pessoas testemunharam."
Fernando não conseguia olhar para ela.
"Vamos esperar mais dez minutos. Se ele não passar por aquela porta, vamos para sua casa e vou vasculhar cada canto dela."
"Não posso acreditar no que estou ouvindo!", disse Thalia. ``Você acha mesmo que sou capaz de matar?"
"Com um bom motivo, qualquer um é capaz de qualquer coisa."
Embora ele estivesse absolutamente certo, Thalia se ofendeu ao ouvir isso.
``Vá em frente", ela disse. ``Vasculhe a minha casa. Acabe com meu jardim, esvazie a piscina: Eu só preciso dar um telefonema, se você me der licença."
Ela saiu a passos largos do banheiro (o mais rápido que pôde), sentou-se à mesa e procurou o telefone dentro da bolsa. Depois de encontrá-lo, começou a discar para casa.
Fernando, que a seguira, interveio:
"Nada de telefonemas." Ele arrancou o telefone da mão dela. "E o que você me diz de Ninel Conde?"
"É a única pessoa que nunca me traiu", ela respondeu, mal conseguindo falar. A raiva a tomava da cabeça aos pés. Alfonso era psicótico ou brilhante? De qualquer forma, ela o odiava ainda mais. Ele previra o próprio seqüestro antes que ela botasse os olhos nele. Ele não podia se atrever a antecipar as ações de Thalia antes que ela agisse! Isso era uma invasão de privacidade.
"Já são 10:45", disse Fernando com seriedade. ``Vamos embora."
Assim que Thalia se levantou, sua bolsa balançou e derrubou a caneca de café. Foi com prazer que ela olhou a caneca estatelar-se no chão e derramar o líquido marrom sobre o tapete felpudo.
Autor(a): narynha
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DEPOIS DE ACORDAR, TOMAR BANHO e se vestir, Anahí correu até a cozinha a fim de preparar a bandeja de Alfonso. Ninel estava arrumando-a, enchendo uma molheira, quando Anahí irrompeu pela porta. "Como é que você sabe qual é a hora certa de levar a bandeja ao quarto de brinquedos?", perguntou Anahí. "Observo, esperando ele entr ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 89
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nathmomsenx Postado em 09/06/2013 - 17:19:03
Perfeita a web <3
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kikaherrera Postado em 24/04/2010 - 21:55:47
Final perfeito como todas as outras.
-
rss Postado em 24/04/2010 - 20:29:51
o final foi lindo
perfeito
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besossssssssssss -
rss Postado em 24/04/2010 - 20:29:51
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rss Postado em 24/04/2010 - 20:29:50
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kikaherrera Postado em 24/04/2010 - 03:17:33
A Annie e a Thalia são loucas.
Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa