Fanfic: << Eu Pego Esse Homem! >> TERMINADA

ALFONSO SAIU ÀS PRESSAS DO QUARTO do pai. Lívido, inflamado, fervendo de raiva. Apoiando-se ao longo das paredes do corredor, ele se lembrou de que o seu velho amigo também estava em algum canto daquele hotel.

Desceu de elevador até o saguão e lá encontrou uma cabine telefônica.

Solicitou à telefonista que o colocasse em contato com Christopher Uckermann.

``Alô?``

Alfonso quase chorou quando ouviu a voz do amigo.

"Qual é o número do seu quarto?", ele perguntou, debilitado.

"Mil duzentos e vinte e quatro", Ucker respondeu. "Quem é que está falando?"

Alfonso desligou o fone. Seu amigo de infância não reconhecera sua voz, e mesmo assim fornecera o número do quarto. Ucker nunca fora muito inteligente.

Ele decidiu queimar um pouco de sua raiva subindo de escada até o décimo andar. Depois de ter ficado encarcerado por dias, isso seria um bom exercício para ele. Quando ele chegou ao décimo andar, a raiva já se esvaíra.

Quando encontrou o quarto 1224, beijou a porta. Era o portal que o levaria a um mundo são, onde estaria resguardado das mulheres da família Portilla e de suas respectivas aliadas. Ele chacoalhou a maçaneta chamando por Ucker, e não parou até que a porta se abriu.

"Poncho! Cara!", Ucker estaria nu, se não fosse pelo lençol enrolado à cintura.

Aos tropeções, Alfonso agarrou-se ao amigo.

"Ucker", ele respirou fundo. "Cara, como é bom te ver!"

"O que houve?", perguntou Ucker, aparentando nervosismo.

"Fui ao inferno e voltei", respondeu Alfonso. "E o inferno não é nada bonito."

"Acredito!", disse Ucker, tentando se soltar do abraço desesperado do amigo. "É melhor você se sentar."

Alfonso largou o amigo e pegou uma cadeira. Afinal, não queria manter tanta intimidade com os pêlos do peito de Ucker. Esfregou o nariz e sorriu. Enquanto isso, Ucker enchia uma taça de champanhe de uma garrafa já aberta. Na mesa via-se apenas uma bandeja de morangos e uma caixa de chocolates.

"Então, de volta do inferno", Ucker falou enquanto se sentava na beira da cama. "Onde você estava? No sul de Nova Jersey?" Ele olhava com nervosismo para a porta fechada do banheiro.

"Se você precisa ir ao banheiro, vai lá", disse Alfonso.

"Estou bem."

Alfonso deu uma pausa, analisando o amigo.

"Cara, você está diferente."

"Cortei o cabelo", disse Ucker.

"E se barbeou. E... você está usando base no rosto?"

"Só um pouquinho", Ucker se justificou. "É só uma experiência. Nada alarmante."

"Cara, quando um homem começa a usar maquiagem, garanto que isso é alarmante."

"Esquece, cara. Foi... uma garota que fez isso." Ucker desviou os olhos novamente para a porta do banheiro. "Ela gosta de homens com máscara. Disse que isso a faz lembrar suas raízes punk rock. E aí deixei que` ela me maquiasse. É uma atriz. Adora uma experiência. É muito persuasiva. Se é que você me entende.”

"E a Miss Chupadora está agora no banheiro?"

"Tomando banho", disse Ucker. "Leva um tempão debaixo do chuveiro. Uns quarenta e cinco minutos. Não faço a menor idéia do que ela faz lá.”

"Você já olhou?", Alfonso quis saber.

"Nem pensar," Ucker rebateu. "Ela tranca a porta e tapa a fechadura com a toalha."

"De repente, ela é ele", Alfonso comentou.

"Fique tranqüilo, porque já fiz um inventário completo das partes dela", disse Ucker.

Na companhia do velho amigo, o corpo inteiro de Alfonso relaxou.

"É realmente muito bom te ver", ele repetia. "Você é a única pessoa sadia que sobrou. O resto está completamente maluco. Meu pai, Annie. Thalia Portilla é totalmente psicótica. Eu sempre soube que ela era uma lunática. Exatamente como escrevi naquela carta."

"Que carta?", Ucker perguntou.

``A carta que deixei pra você no meu apartamento. Era pra você me encontrar lá na manhã de ontem. Não foi, né?"

"Eu... você não estava lá?"

"E nem você, suponho.”

"Poncho, desculpe. Fui pego por essa garota. E seu pai praticamente arrancou a verdade de mim. Você não o viu lá?"

"Você contou pro meu pai onde eu estava?" A cabeça de Alfonso entrou em parafuso. "Não posso acreditar nisso."

"Ele me aplicou o tratamento de soprar no ouvido", disse Ucker. "Tive que ceder."

"Então, você me sacaneou e mandou meu pai em seu lugar? Será que ele leu minha carta?", Alfonso perguntou. Impossível. Se Fernando tivesse lido, não iria pra cama com Thalia Portilla de jeito nenhum.

Ele pulou da cadeira.

"O que pedi pra você era uma coisa simples; era só me encontrar no meu apartamento às dez horas da manhã, no domingo. E você fodeu com tudo, cara!"

"Desculpe", Ucker falou de maneira nada convincente, enrolado no lençol. "Tecnicamente, você me pediu duas coisas: uma, entregar o bilhete de cancelamento de casamento a Annie; outra, me encontrar com você no seu apartamento."

"Patético", Alfonso replicou.

"É essa garota", disse Ucker. "Ela está fodendo com meu cérebro. Literalmente. Toda vez que a gente transa, fico mais estúpido. Acho que estou apaixonado."

"Você também, não!", Alfonso lamentou. "Quem é ela? Alguma vadia que você achou no bar?"

"Você disse vadia?", uma voz esganiçada soou do banheiro.

Ucker encolheu-se. Alfonso olhou para a esganiçada de peitões estufados num peignoir enfeitado com penas de avestruz e de galinha. Seu cabelo estava molhado, e a água escorria pelos seus ombros. Seus lábios carnudos crispavam-se de indignação.

"Não posso acreditar nisso", disse Alfonso. "Dulce Maria? A melhor amiga de Annie!" Aquilo era tão terrível quanto encontrar o pai com Thalia Portilla.

"Em que buraco você andou metido?", Dulce gritou, avançando para Alfonso com suas penas de avestruz. "Eu podia te matar pelo que você fez com Annie! Seu desalmado, seu covarde, seu capado..."

"Essa é a última vez que confio em você", Alfonso falou para o ex-amigo. ``Aposto que você contou tudo pra ela."

"O que é que Ucker podia me contar?", Dulce gritou. "Ele não sabia nada sobre os seus planos desprezíveis."

"Então com ela você manteve, a boca fechada", Alfonso falou com desprezo. "Foda-se!"

A plenos pulmões, Dulce disse para Ucker:

"Você jurou por você mesmo mortinho que não sabia onde o Poncho estava escondido. Mentiu pra mim! E pra Annie. Na hora que ela mais precisava!"

``Por favor, Dulce, cala a boca!”Alfonso estava com a cabeça estourando.

"Não me mande calar a boca", ela berrou.

"Ucker", disse Alfonso. "Será que dá pra você controlar sua mulher?"

Dulce não gostou disso. Avançou furiosamente na direção de Alfonso. Ele a repeliu. Com jeito. Mesmo assim ela caiu no chão. Alfonso gemeu. Agora Dulce contaria para Anahí que tinha sido jogada no chão por ele. Ele fechou os olhos, segurando o nariz. Depois, ouviu o som de um baque. De repente, Alfonso deslizou atordoado da cadeira e despencou no chão.

Sua visão se nublou. Ele ouviu outro baque mais violento. Um enorme peso projetou-se em cima dele. Depois, tudo escureceu.