Fanfic: << Eu Pego Esse Homem! >> TERMINADA

"PARECE BEM MAIS ALTO HOJE", comentou Anahí, debruçando-se sobre a mureta da sacada do segundo andar do Short Hares Mall.

"Mais alto que o quê?", perguntou Thalia.

"Que antes."

"Você vem aqui com freqüência?", sua mãe quis saber.

Elas estavam em pé exatamente em frente ao Pottery Barn e em cima da fonte, onde Russell Bracket fizera seu último vôo.

"Você não pode me culpar porque procuro saber dele", disse Anahí, que costumava freqüentar aquele lugar. "Era o meu pai. E você nunca me disse nada."

"E também lamento muito por isso", disse Thalia.

Anahí gostava (desconfiando) da nova atitude de mea culpa da mãe. Aceitara os esclarecimentos e as desculpas, já que fazia tempo que esperava por isso. Por outro lado, agora sua mãe parecia frágil e sensível,

Um contraste gritante com a antiga intocabilidade de Thalia. Agora Anahí tinha mãe. Mas sentia falta da mulher durona que a criara. Ela observava o movimento no andar de baixo - pessoas em grupos de três a cinco que zanzavam pelos corredores, mulheres que entravam no Victoria`s Secret e adolescentes que matavam o tempo por lá.

“Eu me pergunto se ele viu Ashley antes de tropeçar e cair", disse Thalia.

“Eu gostaria de ter sabido que Russell era essa merda", Anahí comentou.

"Eu também", Thalia rebateu.

Thalia devia ter pesquisado mais o sujeito antes de se casar depois de apenas duas semanas de romance; Anahí levara mais de um ano para conhecer Alfonso antes de aceitar ficar noiva. Pelo que ela sabia, até aquele momento ele ainda estava internado no Short Hares Memorial Hospital, junto com Christopher Uckermann, Fernando Herrera e Ashley Logmead. Anahí golpeara Ashley com força suficiente para fraturar o crânio dela (ops). Ela estava na unidade intensiva, vigiada pela polícia de Short Hares. Dulce não causara muito estrago nos crânios de Alfonso e Christopher, mas ambos estavam em estado de choque. Fernando Herrera tivera uma pequena contusão na cabeça e um braço quebrado. Sua queda tinha sido engraçada.

Por mais que não aparentem gravidade, os ferimentos na cabeça são notórios por apresentarem pioras súbitas. Sendo assim, os homens foram aconselhados a ficar sob observação médica por quarenta oito horas. Fernando e Christopher trocaram então as suítes de hotel por quartos contíguos de hospital. Alfonso ficou em outro quarto.

Anahí fez com que eles ficassem bem-acomodados no hospital. Não que os tivesse visto. Fernando, Alfonso e Ucker desistiram de prestar queixa contra Anahí, Dulce e Thalia, aquelas garrafeiras loucas, mas solicitaram ordens de proteção contra elas. Individual e coletivamente. A menos que sangrassem ou apresentassem fraturas, elas seriam presas se entrassem no hospital.

"Compreendo que você era jovem e queria escapar de sua família", disse Anahí. "Papai era importante. Mais velho. Rico. Você não desconfiou que ele pudesse ser amoral?"

Thalia apoiou os cotovelos na mureta.

"Fiz essa pergunta milhões de vezes a mim mesma. Seria bem melhor se eu tivesse visto alguma coisa ou escutado com mais atenção quando ele falou do seu primeiro divórcio. Ou notado as pistas relacionadas a Ashley, que hoje parecem óbvias. Eu estava fascinada. E havia Shirley, Ashley e Jemima. Quem sabe quantas mais?" Ela fez uma pausa e olhou a fonte lá embaixo. "Ele deve ter se apavorado quando despencou. Até agora eu nunca tinha sentido pena dele.”

E Anahí sempre sentira pena dele - até aquele momento.

"Por mais que o fim tenha sido horrível", Thalia continuou, "o começo com Russell foi maravilhoso. Quando fiquei grávida, nós explodimos de alegria. Vou tentar me lembrar dele dessa maneira."

"Boa sorte", disse Anahí.

"Se eu pudesse voltar atrás, casaria com ele outra vez. É lógico que dessa vez seria mais esperta e teria um bom advogado."

"Isso é insano", disse Anahí. "Você podia ter casado com um homem bom e decente. Alguém que sua família aprovasse. Alguém que pudesse fazê-la feliz."

"Mas aí não teria tido você", Thalia replicou.

Ainda na mureta, ela estendeu a mão para a filha. Anahí se aproximou mais da mãe e apoiou o braço no ombro dela. Thalia correspondeu ao movimento da filha, e de repente as duas se abraçaram.

"Não olhe agora, mamãe. Estamos abraçadas."

"Com licença", uma voz feminina falou atrás delas.

"Vem aqui", chamou Anahí. Dulce voltava da Mrs. Field`s com um pacote de biscoitos de chocolate.

"Não gosto de abraço grupal."

"Nem eu", Thalia rebateu.

"Então, se abracem, e eu fico assistindo", disse Anahí.

"Você é doente", Dulce comentou.

"Então, apertem as mãos", Anahí sugeriu. "Se Dulce não tivesse acertado o Poncho e o Ucker, não teríamos voltado para o hotel e você não teria seguido a Ashley até o quarto de Fernando, e ficaria sem conhecer a verdade sobre ela. Eu não teria saído em busca de Fernando e não teria detido Ashley. Graças a Dulce, você ficou livre de qualquer suspeita. Ashley está sob vigilância policial no hospital enquanto estamos aqui no shopping, comendo biscoitos."

“Obrigada pelo sumário, Annie", disse Thalia, "e obrigada por tê-los golpeado, Dulce."

“De nada, Thalia."

"Estou olhando", Anahí falou.

“Querida, preciso contar uma coisa: você não é judia."

“O quê?”

"Eu queria muito te dizer isso", Thalia continuou. "Teu pai era judeu, mas eu nasci e fui criada numa família católica."

"Eu sabia!", Dulce exclamou. "Ninguém com um cabelo assim podia ser judeu."

"Meu pai era um adúltero", disse Anahí, e tenho metade de sangue judeu. E o que mais? Por acaso nasci com duas cabeças?"

"Não, mas você tinha seis dedos no pé direito", Thalia rebateu.

``Você está brincando”, disse Anahí, piscando.

``Você já reparou que nenhuma foto sua de bebê mostra os pés?"

"Não estou achando graça nenhuma."

"Nós vamos ou não vamos fazer compras? Você prometeu nos encher de presentes, Thalia", Dulce interrompeu.

"Só um instante." Anahí pescou uma moeda no bolso. "Meu ritual." Ela arremessou a moeda na fonte e se pôs a observá-la enquanto caía em câmera lenta pela abertura da esfera.

"Conseguiu!", Dulce gritou, batendo palmas.

"Pela primeira vez", disse Anahí, abrindo um sorriso largo. "Depois de quase dez mil tentativas."

"Isso quer dizer que você jogou centenas de dólares nessa fonte?",

Dulce perguntou depois de fazer alguns cálculos de cabeça.

"É verdade, Annie?", Thalia quis saber.

Era verdade, embora ela tivesse parado de contar depois de cinco mil arremessos, aos quinze anos de idade. Costumava levar rolos de moedas para aquele lugar e arremessava uma de cada vez em seu túmulo aquático.

"Você sempre faz o mesmo pedido ou muda de cada vez?", Thalia perguntou.

"Sempre o mesmo pedido", Anahí respondeu.

"Bem, como dessa vez acertou o alvo, claro que ele vai se realizar."

"Tomara que não seja um desses pedidos chatos", disse Dulce. "Como saúde e felicidade."

"Meu desejo era ganhar um outro bichinho de estimação", disse Anahí, mas tinha em mente algo completamente diferente.

"Eu estava errada", Thalia comentou. "Esse desejo não vai se realizar."