Fanfics Brasil - Eu pego esse homem – capitulo 04 << Eu Pego Esse Homem! >> TERMINADA

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Capítulo: Eu pego esse homem – capitulo 04

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Com a ajuda de Dulce, Anahí arrastou-se até o sofá cor de damasco do abençoado e privado quarto de preparativos da noiva. Uma outra batida à porta.


- É o Poncho que veio me dizer que era um trote pré-nupcial - disse Anahí. - Ele tem um senso de humor especial.


A dama de honra abriu a porta. A srta. Wistlestop logo a empurrou para dentro do quarto.


- É só um pequeno atraso - a organizadora falou em meio à bruma de seu perfume. - Tudo está sob controle. Nada de pânico. Estamos aguardando o noivo. E o padrinho e... onde está a sra. Thalia? Devia estar aqui. Já estamos cinco minutos atrasados.


Anahí e Dulce olharam fixo para a pequena (mas rechonchuda) mulher visivelmente nervosa, com suas pérolas, vestido de festa de tafetá pêssego, sapatos combinando, meias de seda e um coque em espiral feito no cabeleireiro. Obviamente, para onde quer que tivesse ido, Thalia ainda não tinha informado a srta. Wistlestop da mudança de planos.


- Meninas - a srta. Wistlestop exclamou, - vocês estão ou não estão comigo? Nós temos aqui uma situação de emergência.


- Eu pensei que era para não entrar em pânico - disse Anahí.


Nos últimos seis meses tinha passado horas com a srta. Wistlestop, discutindo os detalhes da recepção. Porta guardanapos. Borlas das toalhas de mesa. E olhando agora para aquela mulher atarracada, de rosto transtornado, Anahí se espantava com as horas gastas e a distorção de perspectiva. Como as pequenas coisas – a baixinha srta. Wistlestop e suas respectivas listas - pareciam enormes e formidáveis. Mas as grandes coisas - sua vida – acabaram se reduzindo ao planejamento de um evento de cinco horas. Um evento que, assim como os seis minutos anteriores, não passava de um fracasso.


- Não estamos em pânico - disse a srta. Wistlestop. - Este é o melhor dia de sua vida, aquele com o qual você sonhou desde criança.


- Se eu tivesse tido fantasias de menina - Anahí retrucou enquanto observava seu reflexo fantasmagórico no espelho do toucador, - seguramente não se pareceriam com isto. - E voltando-se para Dulce, acrescentou: - Mostre o bilhete pra ela.


Dulce Maria entregou para a srta. Wistlestop aquilo que poderia ser o último item em sua pilha gigantesca de correspondência matrimonial. A organizadora leu palavra por palavra a decisão de Alfonso. Depois, pôs a folha dentro do envelope e o devolveu para Dulce.


A srta. Wistlestop pegou sua bolsa cor-de-rosa e tirou um walkie-talkie de dentro dela. Com ele nas mãos, falou em tom abafado:


- Atenção, equipe de organização do casamento: nós temos aqui uma situação de código vermelho. Repito: código vermelho! Equipe da cozinha: não abram o caviar. - Ela soltou o botão e pegou seu palmtop dentro da bolsa. - Me dá um segundo, só pra achar a lista de desistências - ela disse. - Preciso conversar com sua mãe sobre as despesas reembolsáveis.


- Ela deve estar em algum lugar por aí - Anahí falou. - O que me pergunto é por que não endoidei.


- Algumas noivas abandonadas ficam sem ação - a mulher replicou. - Algumas chegam até a parar no pronto-socorro.


- E os noivos abandonados? - Anahí perguntou.


- Nunca tivemos nenhum - a organizadora respondeu. - Aqui, achei. Primeiro item da lista: informar aos convidados. A maioria das noivas pede a alguém para fazer isso. Ficam muito envergonhadas quando são vistas com vestido de noiva sem terem se casado.


- Isso também pode ser constrangedor – Anahí comentou.


- Quanto ao Plaza, nenhuma despesa reembolsável - disse a organizadora. - Recomendo tentar vender o vestido no Ebay.


- Vou fazer isso - Anahí concordou.


- Só não põe foto – Dulce sugeriu.


- Estou à disposição - disse a mulher. - Já fiz isso dezenas de vezes. Sou boa nisso. Muito boa.


Dulce alongou a coluna e disse com expressão compenetrada:


- Como dama de honra, a responsabilidade é minha. Sou eu que vou dar as explicações devidas. Se for preciso, até me descabelo. - E, vendo o sorriso forçado de Anahí, completou: - Depois não vá dizer que não tentei.


A amiga de Anahí era uma atriz oportunista que sempre cavava um papel de destaque, uma atuação que a tornasse famosa.


- E agora, surgindo na passarela, Dulce Maria, estrelando A Noiva Abandonada, - disse Anahí.


- Você vai se orgulhar de mim - Dulce rebateu.


Poncho é que devia fazer isso, Anahí pensava.


- A comida é uma despesa reembolsável? - ela perguntou para a srta. Wistlestop.


- Algumas - a organizadora falou enquanto franzia a testa mostrando seriedade, e depois berrou no walkie-talkie: - Atenção, pessoal da cozinha: não raspem as trufas.


- Bem, vamos acabar logo com isso - Anahí disse ajeitando a roupa.


- E o que você vai falar? - Dulce indagou enquanto a seguia pelo corredor que ia dar no salão. - Seria bom reservar dois minutos para preparar um roteiro.


- Deixa pra lá; eu improviso - Anahí objetou. - Ainda estou sem ação. Eu devia estar sentindo... alguma coisa. Alguma coisa ruim.


- E você acha que ir até lá para encarar os convidados vai mudar a situação? Você vai se torturar para sentir uma dor que não está sentindo. Hmmm! - Dulce refutou. - Essa idéia até que não é má. É uma sacudida na agonia. Uma cutucada na degradação. De repente, dá certo.


Cutucada? Sacudida? Anahí não gostou daquilo.


- Talvez seja melhor dar um tempo - disse, literalmente dando meia-volta.


- Agora é tarde - a srta. Wistlestop falou.


As três mulheres tinham chegado à porta aberta do salão. Duas centenas de cabeças voltaram-se para elas. Os convidados sentavam-se em cadeiras estofadas dispostas em duas alas que ladeavam a passarela. Após a cerimônia, as cadeiras seriam arrumadas em torno das mesas enquanto, do lado de fora, seria servido um coquetel. Na extremidade de cada fileira de cadeiras, um vaso helênico repleto de rosas brancas. Fitas de cetim branco, arrematadas por um laço, interligavam os vasos. Anahí olhava o altar enfeitado de rosas no final da passarela.


Agora parecia estar a milhas de distância.


- Vou com você - Dulce se ofereceu.


Anahí recusou com a cabeça:


- Pega o seu carro e me espera estacionada lá na frente. Vou dizer o que tenho que dizer, depois a gente vai pra casa da mamãe.


- Tá legal - Dulce respondeu, e depois tomou o rumo do saguão do hotel.


- Me dá um empurrão - disse Anahí, voltando-se para a organizadora.


A srta. Wistlestop deu-lhe um empurrãozinho de nada.


- Mais forte!


A mulher empurrou-a então com os ombros, como um jogador de futebol americano. Anahí foi literalmente arremessada dentro da passarela. Logo o fotógrafo e o cinegrafista direcionaram as câmeras para ela.


Anahí fez um gesto frenético de "corta" e eles retrocederam. Ela não permitiria de jeito nenhum que o álbum de casamento consistisse em cinco tomadas de sua garganta cortada pelo seu dedo indicador.


Caminhando aos trancos e barrancos pela passarela, ela ouvia o burburinho que aumentava de volume a cada passo. Com o coração disparado, pousou os olhos no altar e viu o rabino sentado numa cadeira estofada.


Quando alcançou a plataforma nupcial, Anahí sorriu para o atarantado rabino e começou a suar. Gotas de suor desciam pela sua testa. Um riacho escorria pelas suas costas. Respirou fundo (engasgando-se com o forte aroma de rosas) e sorriu para os convidados. Já tinha enfrentado platéias centenas de vezes. Já tinha dançado na Broadway em trajes sumários para milhares de pessoas, mas esta (nesse verdadeiro show de última hora) era a primeira vez que se sentia exposta.


O burburinho, que já havia ultrapassado os limites da polidez, se deteve. Anahí interrompeu o silêncio com uma tossida, arrependida por não ter deixado Dulce substituí-la.


Ela retirou o microfone do tripé, aproximou-o dos lábios e falou:


- Alô, Cleveland!


Silêncio. Não se ouvia um pio.


Anahí distinguiu sua voz amplificada.


- Quero agradecer a todos por terem vindo - começou. - Cinco minutos atrás, o meu noivo, Alfonso Herrera, teve uma revelação. Um autêntico momento de iluminação. Ele se deu conta de que efetivamente o casamento não passa de uma questão de posse. Alfonso é esclarecido demais para compactuar com uma instituição tão sexista, e não podia participar de um casamento. Neste caso, o dele mesmo. Para os que não me conhecem, sou Anahí Portilla, a noiva. Mas isso é óbvio ! Eu sou a única que está com um vestido de noiva armado que pesa uns duzentos e cinqüenta quilos.


Uma onda de burburinhos de preocupação espalhou-se pelas fileiras.


- Não se preocupem, está tudo bem. De verdade - ela assegurou para todos. `- Agradeço a Alfonso por ter tido uma postura política sem se valer da velha tática de dar o fora! Isso sim é que seria barra pesada. Isso realmente deixaria transtornada uma mulher desprezada. Ela talvez até tivesse vontade de atirar ou quebrar qualquer coisa. Quem sabe até se rasgaria.


Rasgão. Algumas senhoras à frente estavam boquiabertas. Anahí nem ligou. Com a mão que não segurava o microfone, ela apertava um babado branco do vestido. Involuntariamente, arrancou-o.


- Quem gosta de renda? - ela perguntou. - Tem alguém aí que gosta mesmo de ombreiras de Cinderela? – Anahí agarrou o topo de sua manga direita e arrancou-a. Recolocou o microfone no tripé e arrancou a manga esquerda. Atirou as duas para a multidão.


- Que tal esses botões de pérola? Alguém aí gosta desses incômodos botõezinhos de merda? - Pondo as mãos de cada lado do seu adorável decote, ela arrancou duas dezenas de botões e depois os arremessou para a multidão. - Que tal os laços de cetim?


Rasgão.


- E uma anquinha de tule?


Puxão.


Anahí puxava e rasgava e arrancava com a força de dez noivas abandonadas. À medida que se livrava da fofice de sua carga, ela ria, ofegava; esquecera o pessoal do salão; esquecera o rabino. Mas não esquecera Alfonso. Em sua mente ele estava deitado numa cama sabe-se lá onde, dormindo como um bebê inocente, enquanto ela se engalfinhava com esse crocodilo albino – seu vestido de noiva. Por fim, ela o arrancou e o atirou como um chicote contra o altar, e o esmurrou até que ele virasse uma tira sem vida.


Anahí tropeçou. Triunfante, encarou o cadáver do seu vestido de noiva. Radiante, ajeitou-se, à espera de aplausos pela sua vitória.


Em vez de aplausos, ela viu os rostos (francamente) aterrorizados das senhoras sentadas nas fileiras da frente. E os sorrisos maliciosos de seus maridos senis.


- Por favor, assinem o livro de visitas a seu bel-prazer. O coquetel terá início em poucos minutos na piscina do hotel; portanto, desfrutem os canapés.


Ela deixou o altar. Vestindo apenas o que restara de seu conjunto de calcinha e sutiã azul, das novas sandálias prateadas, da velha gargantilha de pérolas e uma pulseira de diamantes emprestada, Anahí cruzou a passarela a passos largos e saiu do salão.



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Autor(a): narynha

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 89



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  • nathmomsenx Postado em 09/06/2013 - 17:19:03

    Perfeita a web <3

  • kikaherrera Postado em 24/04/2010 - 21:55:47

    Final perfeito como todas as outras.

  • rss Postado em 24/04/2010 - 20:29:51

    o final foi lindo
    perfeito
    espero a próxima
    besossssssssssss

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  • kikaherrera Postado em 24/04/2010 - 03:17:33

    A Annie e a Thalia são loucas.
    Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa


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