Fanfic: << Eu Pego Esse Homem! >> TERMINADA
ENQUANTO ANAHÍ SENTAVA NO banco do passageiro do fusquinha verde-limão de sua amiga, Dulce assoviava para o seu conjunto de calcinha e sutiã azul.
- E então - Dulce quis saber - como foi?
- Ótimo - Anahí respondeu. - Isto é uma pequena amostra do que houve lá.
- Nudez - disse a atriz de novelas, aprovando com a cabeça. - Se fosse eu, teria tentado ganhar a audiência com empatia. Mas imagino que também daria a eles emoções baratas.
- Não tão baratas como esse casamento - Anahí retrucou.
- Um dia você vai olhar pra trás e tudo isso vai parecer engraçado.
- Cala a boca e dirige.
As duas saíram do Plaza. Anahí, ocupada, tentando sentir-se triste. Mas tudo o que sentia naquele momento era o longo esforço despendido em sua batalha no altar e um pudor ambivalente, porque nos outros carros os motoristas notavam que ela só estava de calcinha e sutiã.
- Você viu a cara que sua mãe fez quando leu o bilhete de Poncho? - Dulce inquiriu.
- Não me lembro - Anahí respondeu.
- Eu nunca tinha visto uma rachadura naquela armadura de `Dama do Short Hares`. É espantoso ver como ela esconde tanta violência sob uma plácida superfície Chanel. Isso faz a gente pensar, sabe?
- Será que agora podemos nos limitar a um único desastre da família Portilla? - Anahí falou. Abriu a janela. A brisa do entardecer nos seus ombros expostos lhe deu um ligeiro arrepio. Embora não fosse a brisa de junho, o frio tomou seu corpo até atingir os ossos. E quanto mais se aproximavam da mansão de Overlook, mais frio. Lar.
Ela fechou os olhos.
- Caraaca! - Dulce gritou, virando violentamente o fusca para a direita.
- O que houve? - Anahí perguntou, de olhos arregalados.
- Um idiota avançou o sinal e quase me acertou!
- Querida, isso é Nova Jersey - Anahí replicou com cinismo.
- Não é à toa que os seguros mais caros do país são os daqui.
Dulce entrou na alameda da entrada da mansão. O carro inclinava-se um pouco à medida que se aproximava. A alameda era inclinada.
A rampa, familiar.
Ninel Conde abriu a porta principal da mansão e espiou para fora com ansiedade e suspeita, sua expressão habitual. Ao notar que Anahí e Dulce estavam no fusquinha, desceu descalça a escadaria frontal da casa e se dirigiu para a entrada, pulando como um gato ao pisar na pavimentação quente, e por fim recuou para o sopé da escada, onde aguardou por Anahí com os braços totalmente abertos. Nos quinze anos de convivência com Ninel, Anahí nunca a tinha visto sem os seus escandalosos saltos altos.
- Você é mais baixinha do que eu pensava - disse Anahí.
- Vem pra Ninel. - a velha camarada soviética falou.
O calor daquele abraço pegou Anahí de jeito. Finalmente, as lágrimas jorraram. Ela se perguntava se haveria alguém no mundo que pudesse fazê-la chorar como Ninel.
- Que ótimo - disse Anahí. - `Você me abraça e eu começo a chorar.
- Na próxima, em vez de abraço te dou um tapa.
- Por que você está descalça?
Os músculos da coluna da russa se retesaram.
- E você, por que só está com a roupa de baixo?
Anahí desvencilhou-se do abraço e olhou o próprio corpo.
- Já que o casamento tinha sido cancelado, decidi fazer um striptease para os convidados. Afinal, teve gente que veio até do Canadá. Eles mereciam um show.
- Agora conte a história desde o inicio - disse Ninel. - Você está com fome? Você pode comer enquanto conta.
O estômago de Anahí se revirou só de ouvir falar em comida.
- Não quero, não, obrigada - respondeu, comprimindo o abdômen.
- Eu quero - disse Dulce, que apesar de franzina podia traçar um lutador de sumô servido à mesa.
Ninel fingiu que não ouvira e concentrou-se em Anahí.
- Se você não quer comer, então tome um banho de imersão. Na banheira de sua mãe.
Chamar de "banheira" a Jacuzzi de Thalia, com seus doze jatos, controle de temperatura, acabamento em mármore e dois assentos, era o mesmo que chamar a Barney de lojinha.
- Legal! – Anahí concordou, já sentindo os jatos d`água. - Com os sais de banho franceses da mamãe?
- Pode deixar que não conto pra ela.
Anahí se deixou guiar por Ninel através da mansão, aliviada por ter entregado o controle de seus movimentos a outra pessoa.
- O que mamãe te disse? - ela perguntou.
- Ela não telefonou nem apareceu por aqui - Ninel respondeu com veemência.
- E como você soube que o casamento foi cancelado? – Anahí inquiriu. - Por que você não foi?
- Eu já estava saindo quando sua mãe telefonou - Ninel explicou.
- Mas você acabou de dizer que ela não telefonou.
- Esqueci - disse Ninel. - Foi um telefonema curto. Dois segundos. Ela falou que o casamento tinha sido cancelado, me mandou ficar em casa e depois se despediu. Por isso achei que não era um verdadeiro telefonema.
Logo que entrou na casa Dulce virou à direita, na direção da cozinha deslumbrante da mansão, com duas geladeiras, um moderno fogão de seis bocas, ladrilhos italianos, panelas de cobre e uma máquina de lavar louça que, além de lavar, esterilizava, secava e polia pratos e copos, e ainda tocava música. Ninel sempre dizia:
"Pelo preço que essa máquina custou, ela devia fazer sexo com a gente".
Anahí e Ninel subiram um lance de escada. O segundo andar da mansão tinha sete cômodos: o quarto de Thalia - uma suíte (incluindo um closet tão grande que dava para correr dentro dele); o quarto de Anahí, uma suíte pequena; o quarto de Ninel (que também era uma suíte); o quarto de costura de Thalia (onde ela nunca costurava, mas guardava uma coleção de dez máquinas de costura antigas, uma delas do século XIX); uma biblioteca transformada em espaço de exibição para as cinco dúzias de cadeiras Queen Anne de Thalia; uma sala de música (onde Anahí recebera lições de piano durante seis anos, embora não conseguisse tocar uma só nota, e onde Thalia também mantinha sua coleção de violinos antigos, embora não fosse capaz de segurar um arco); e por fim, o cômodo que desde criança Anahí achava que era o quarto dos gênios, onde Thalia apresentava - no chão, nas paredes e no teto - duas dúzias de tapetes persas tecidos à mão.
- Isso não é seu? - Anahí perguntou quando se deparou com enfeites de um sapato na escada.
- Como é que veio parar aqui? - Ninel rebateu com perplexidade enquanto recolhia os enfeites dos sapatos e os colocava debaixo do braço.
- Seja como for, seu vestido é lindo - disse Anahí. - Lamento pelo rasgão.
- Que rasgão? - Ninel quis saber.
- Na costura. Ali daquele lado.
- Puta que pariu! - Ninel não se conteve quando examinou o rasgão. Logo iniciou uma ladainha em russo que terminou (em inglês) com... - ela vai me pagar por isso.
- Quem?
- Ninguém - disse Ninel. - A máquina de lavar.
- Mas esse vestido não é novo?
- Eu sempre lavo antes de usar.
- Acho que estou ficando maluca - Anahí falou enquanto contornavam a balaustrada e viravam à esquerda na direção da suíte da mãe. - Juro que senti o cheiro da colônia do Poncho.
- Não senti nada - Ninel retrucou.
- Mas tá demais - Anahí insistiu, inspirando. - Ele se banha com ela.
- Não tem cheiro nenhum aqui - Ninel sustentou enquanto puxava Anahí pelo corredor e em seguida pelo quarto de Thalia, que parecia um hangar de avião, cruzando a gigantesca cama de casal, o closet de portas duplas, a ampla área de estar, as espreguiçadeiras estofadas, os espelhos e armários de mogno e por fim o banheiro, onde ela abriu as três torneiras da Jacuzzi na capacidade máxima. Depois, adicionou algumas colheres de sais de banho com essência de jasmim na água e encheu a banheira com um vapor perfumado.
Anahí tirou o sutiã e a calcinha e entrou na água. Ninel girou o botão do console da Jacuzzi e diminuiu a intensidade da luz. Depois, girou outro botão e começou a tocar Midnight in the Rain Forest, um CD de Thalia. Som suave de gotas caindo sobre a copa das árvores, do grasnar de um tucano, do guincho dos lêmures.
À medida que a banheira enchia, Anahí se deixava escorregar do assento para submergir. Retirou os grampos dos cabelos e soltou-os completamente para que o spray e o gel se desgrudassem com a água. Esfregou o rosto para limpá-lo daquela maquiagem medonha. E quando seus pulmões começaram a se comprimir, emergiu para respirar.
- Ei - Dulce disse na borda da banheira.
Dulce virou-se para olhá-la, cobrindo instintivamente os seios.
- Como se não os tivesse visto antes - brincou Dulce. - Como se tivesse esquecido como eles são. Quantas bailarinas magricelas têm os peitões redondos de estrela pornô que você tem?
Os seios de Dulce também eram fartos e redondos, mas graças à cirurgia. Na novela The House of Blusher do canal GET (Girl Entertainment Television), Cherry Bomb, a personagem de Dulce, resolveu fazer um implante de silicone para atrair o interesse do seu amado, um pedólogo que tinha um fetiche por seios grandes e redondos. Dulce foi informada pelo diretor de que podia optar pelo enchimento no sutiã (e assim restringir o seu vestuário provocante) ou por se submeter a um implante de silicone que o produtor do programa (que Dulce estava namorando na ocasião) concordava em pagar. A popularidade de Cherry cresceu junto com os peitões. Dulce resolveu arranjar um novo namorado que combinasse com os novos seios. Ela substituiu o produtor pelo ator que fazia o papel do podólogo fetichista, que, por sua vez, foi substituído quando ela se deu conta de que ele (o ator, não o podólogo) era um verdadeiro bundão. Um bundão.
Anahí pegou na prateleira da banheira a cesta com xampu, condicionador e leave-in.
- Acho que estou maluca - ela repetiu.
- Você acha? - Dulce falou enquanto dava uma mordida no sanduíche que havia trazido.
- Posso sentir a presença do Poncho. De maneira palpável. Como se ele estivesse por perto.
- Reação retardada.
- Algumas semanas atrás eu tive um sonho em que ele fugia - disse Anahí. - Talvez todas as noivas tenham o mesmo sonho. Você não acha?
- Claro que si - Dulce respondeu. - Não paro de sonhar com isso. Só que nesse sonho sou eu que fujo.
- Ainda não consigo acreditar.
- Enquanto você assimila - disse Dulce, - vamos falar do Christopher Uckermann. Eu até que transaria com ele.
- Não tenho dúvida - Anahí respondeu. - Mas você não se cansa de transar?
- Mas transar é aquilo que eu... faço - Dulce comentou enquanto mastigava um naco de sanduíche.
- Será que você já não transou o bastante?
- Eu tenho vinte anos! - Dulce retrucou. - Só estou começando. E outra vez gostaria de salientar a ironia: dava nojo ver o modo como meus pais eram felizes, e por isso não tenho o menor interesse em casar. Já você está à caça de um marido desde a época do colégio, e seus pais não eram exatamente...
- Meus pais foram felizes - Anahí protestou. - Por cinco minutos.
- Você devia contar a verdade pra sua mãe - disse Dulce - Sobre os ferimentos.
- Você pode imaginar essa conversa? - Anahí suspirou compenetrada.
- Agora não preciso mais fazer isso. O que não quer dizer que o Poncho nunca mais pisará nesta casa.
- Se pisasse, sua mãe cortaria o cacete dele.
- Ela precisaria de uma faca enorme - Anahí comentou.
- Por falar nisso, onde ela está? – Dulce quis saber. - Qualquer um pensaria que a mãe da noiva abandonada devia se grudar na filha nessa hora de tanta necessidade.
- Minha mãe não é disso - Anahí replicou. - Ainda deve estar no hotel, lidando com a srta.Wistlestop. Vou telefonar para o celular dela. - Anahí pegou o telefone ao lado da banheira. Apertou o botão talk e pôs o fone no ouvido, mas a linha estava ocupada.
-... pode sentir o cheiro dele - ela ouviu Ninel falando.
- Ele fede - sua mãe dizia. - E pode deixar que pago pelo seu vestido. Relaxe, tá? Relaxe! Caralho, fique calma!
- Dou comida pra ele? - Ninel perguntou.
- Dá restos de comida da lata de lixo - Thalia respondeu.
- Alô? - Anahí se intrometeu. - Mãe? É você?
- Annie? - a mãe falou depois de engolir em seco.
- Restos de comida pra quem?
- Um vira-lata que apareceu na porta da cozinha. Thalia quer alimentá-lo para que ele não morra de fome dentro da propriedade e acabe atraindo os urubus - Ninel respondeu com rapidez.
- Imagine que horror! - disse Thalia. - Uma verdadeira ameaça: com o aumento explosivo da população de cervos, Essex County estava infestada de urubus.
- Você está preocupada com um vira-lata no dia em que meu casamento se desfez?! - comentou Anahí.
- Vou desligar - Ninel falou na extensão. Clique.
Agora só restavam as duas na linha.
- Mãe, onde você está? - Anahí perguntou.
- Ainda no hotel. Tenho algumas coisas pendentes - e Thalia acrescentou num raro e suave tom de voz: - Olha, apesar de minhas desconfianças quanto ao Alfonso, estou terrivelmente consternada por você ter que passar por tudo isso. E estou chateada por não estar aí com você neste momento. Mas assim que der volto pra casa.
Os olhos de Anahí se encheram outra vez de lágrimas. Haveria algum substituto para o amor materno?, ela se perguntava. Em qualquer idade? Mesmo que artificial? Ela se lembrava de uma vez ter lido que uma mulher sem mãe ou sem filha estava sozinha no mundo.
- Venha logo - ela disse.
Autor(a): narynha
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- UFA – THALIA DISSE CONSIGO MESMA enquanto desligava o celular. Escapara por um triz ao telefone. Seqüestrara o noivo de Anahí, e provavelmente a filha não aprovaria seu comportamento. Nos três segundos que levou para decidir golpeá-lo, Thalia não tinha pensado nas conseqüências. Ela o havia capturado. E agora, o que ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 89
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nathmomsenx Postado em 09/06/2013 - 17:19:03
Perfeita a web <3
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kikaherrera Postado em 24/04/2010 - 21:55:47
Final perfeito como todas as outras.
-
rss Postado em 24/04/2010 - 20:29:51
o final foi lindo
perfeito
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besossssssssssss -
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kikaherrera Postado em 24/04/2010 - 03:17:33
A Annie e a Thalia são loucas.
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