Fanfic: A Esposa Virgem - Adaptada Vondy (Finalizada) | Tema: Vondy
Idade Média
Com olhar sombrio para a caneca de cerveja, Christopher Von Uckermann apoiava-se à parede. Não estava embriagado. Nunca bebia demais. Isso lhe embotaria os sentidos e os dele eram afiados como uma navalha. Como prova disso, levantou a cabeça ao ouvir um ruído na entrada do salão. Mantinha o olhar alerta ao menor sinal de perigo. Mas tratava-se apenas da irmã Aisley com o bebê no colo.
Saviñón não passaria por ali outra vez.
Apesar da disciplina férrea, a idéia invadiu-lhe a mente como um fantasma negro. Por um momento, Christopher debateu-a. Seu inimigo estava morto. O vizinho, que o tinha abandonado ferido na Terra Santa e voltado para roubar-lhe as terras, perecera neste mesmo salão, nas mãos de Alfonso, o marido de Anahí. O fato o privara de exercer a vingança.
Christopher olhou para as duas cadeiras pesadas, na frente do salão, onde a cena se passara. Mas os ladrilhos já tinham sido lavados e o sangue de Saviñón se fora para sempre. Christopher jamais o veria soluçar e, assim, não sentiria o prazer da vingança tão arraigada em sua alma.
Desde então, nesse último ano, ele tentara executar outras mortes, trabalhando como soldado contratado. Todavia, o extermínio de estranhos significava tão pouco quanto as parcas moedas recebidas em sua troca. Christopher já possuía fortuna e uma próspera propriedade. Construído pelo pai, Belvry era um castelo moderno que provocava a inveja de seus pares. O fato, entretanto, não lhe provocava satisfação. Por isso, estava ali, no local do desapontamento amargo, em busca de alento para o vazio em que sua vida se tornara.
Christopher apertou os dedos em volta da caneca. Na verdade, não encontrava estímulo em nada, pois tudo perdera o significado para ele. Sua irmã havia mudado muito nesses cinco anos que ele passara na Terra Santa. Ele nem mais a reconhecia. Christopher também se ressentia do fato de o cunhado tê-lo privado do que mais desejava: tirar a vida de Saviñón.
— Christopher! Eu não o vi aí encostado na parede. O que pretende fazer esta tarde? — Anahí perguntou com aquele meio sorriso desconfiado, com o qual ele já se acostumara.
A irmã linda, de cabelos loiros, não sabia o que fazer com ele, mas isso não o surpreendia. Ele próprio não sabia o que fazer consigo mesmo.
— Nada — respondeu Christopher com olhar indiferente. Anahí sentou-se num banco e dirigiu-se à filhinha:
— Veja, Sybil, é seu tio Christopher.
Ao ouvir a voz terna e amorosa, ele quase não acreditou. A Anahí que ele conhecia era uma jovem altiva, castelã eficiente, mas incapaz de demonstrações afetivas. Agora, em vez de deixar a criança sob os cuidados da babá, carregava-a para todos os cantos grande parte do tempo. Difícil entender tal atitude.
Um movimento na entrada chamou-lhe a atenção. Virando-se depressa, Christopher viu Alfonso entrar no salão. Homem de estatura avantajada, o marido de Anahí seria capaz de intimidar as pessoas, mas raramente o fazia. Ele parecia deliciar-se com o mundo em volta, do qual se vira desligado durante uma crise de cegueira temporária.
— Alfonso! — exclamou Anahí sem esconder a alegria. — Veja, Sybil, é o papai — acrescentou, sacudindo a mãozinha da criança para o cavaleiro imponente.
Talvez algo durante o parto houvesse danificado a mente da irmã, pensou Christopher não pela primeira vez durante a estadia ali.
— Fique no colo do titio enquanto recebo seu pai—disse Anahí.
Para horror de Christopher, ele viu-se com a sobrinha no braço. Era pequena, gorda e sem um fio de cabelo. Cheirava a uma mistura de leite e sabonete. Ele a estrangularia caso lhe sujasse a túnica.
Com a caneca de cerveja em uma das mãos e o bebê no outro braço, Christopher dirigiu um olhar impotente para a irmã. Porém, ela já se afastava.
Atônito, viu-a atirar-se nos braços do marido. Christopher jamais se acostumaria àquele comportamento. Numa cena constrangedora, o casal beijou-se apaixonadamente como se estivesse em seu quarto. Talvez a crise de cegueira também houvesse perturbado a mente do cunhado, refletiu Christopher.
A criança percebeu de repente onde estava e pôs-se a chorar alto. Christopher estremeceu e imaginou se não deveria deixar logo o castelo de Dunmorrow. Sentia-se embaraçado ao lado desse trio estranho, mas feliz. Em comparação à deles, sua vida parecia mais vazia e sem propósito.
— Pegue aqui — disse ele, estendendo a criança para a mãe.
— Pronto, Sybil. Você deve estar com sono — Anahí murmurou.
Admirado, Christopher não entendeu como a irmã falava com aquela coisinha como se pudesse ser entendida. O estômago contraiu-se e ele lembrou-se de que precisava comer algo. Mas como tudo, os alimentos não lhe despertavam o interesse. Resolveu concentrá-lo no gigante loiro que teimava em chamá-lo de irmão.
— Christopher! — Alfonso exclamou com afetividade irritante.
Como o Cavaleiro Vermelho ousava encará-lo com aquela franqueza e como se enxergasse o vazio de sua alma? Como se atrevia a dar-lhe conselhos quando este castelo era uma lástima se comparado a Belvry?
Dunmorrow era velho e seus habitantes não possuíam riquezas. Todavia, eles pareciam ter um tesouro além do alcance de Christopher. Isso o deixava mais frustrado ainda. A dor de estômago aumentou e ele quase fez uma careta. Mas manteve a expressão impassível diante do olhar perscrutador de Alfonso.
— Vim avisá-lo, irmão, que chegou um mensageiro do rei a sua procura — disse o cunhado.
Olhando para a entrada, Christopher viu um homem com o emblema de Edward. Como não o tinha notado? Claro, distraíra-se com a criança e com demonstrações amorosas. Abafando a raiva, pôs a caneca na mesa e dirigiu-se ao estranho.
Finalmente. Já fazia um ano que Hexham invadira a propriedade vizinha de Belvry e, até agora, o destino das terras do desgraçado continuava sem solução.
Na opinião de Alfonso, Edward decidiria em favor de Christopher, passando a propriedade para Belvry como indenização. Christopher, entretanto, não confiava em reis e príncipes, graças às experiências adquiridas na aventura chamada de Guerra Santa. Ele não se surpreenderia se Edward confiscasse a propriedade de Saviñón para a coroa.
Não se importaria com isso. Saviñón não tinha prole, portanto, de uma forma ou de outra, as terras deixariam para sempre sua linha hereditária. Isso constituía uma pequena satisfação para Christopher, pois era a única vingança que lhe restava.
— O senhor é Christopher Von Uckermann, o barão de Belvry? — o mensageiro do rei indagou.
— Sou — confirmou Christopher.
— Trago-lhe uma mensagem de seu soberano.
Christopher fez-lhe um gesto para sentar-se no banco ao longo da mesa. Nesse instante, percebeu o olhar ansioso de Anahí. Ela e o marido não escondiam a vontade de também ouvirem a novidade. Isso o surpreendeu.
— Posso oferecer-lhe uma bebida? — perguntou Anahí ao mensageiro.
— Aceito, sim, minha senhora. Mas a mensagem é curta. Não prefere ouvi-la primeiro? — indagou ele olhando para Christopher e para os outros dois.
Irritado, mas querendo terminar logo a questão, Christopher dirigiu um olhar interrogativo ao cunhado. Este o respondeu com outro de advertência. Com o braço nos ombros da esposa, Alfonso o fez sentir que devia algo a Anahí por seu trabalho em Belvry. Tenso, Christopher teve a sensação de que, apesar das demonstrações de amizade de Alfonso, os dois chegariam às vias de fato.
Christopher, entretanto, cedeu. Afinal, o assunto não tinha muita importância para ele. Não havia mal que eles ouvissem a notícia.
— Esta é minha irmã, e seu marido, o barão de Montemorency, o senhor já conhece.
— Minha mensagem é referente à posse da propriedade adjacente a Belvry e pertencente ao falecido barão de Saviñón.
Christopher concentrou a atenção no mensageiro. Este pôs-se a ler o decreto real, no qual Edward demonstrava a vontade de solidificar a lealdade dos súditos através de laços matrimoniais, sempre que fosse possível. Está bem, pensou Christopher. Termine logo a leitura!
— Como descobriu-se a existência de uma sobrinha de Saviñón, portanto sua herdeira, é nossa vontade que o senhor se case com Dulce Saviñón, reunindo as duas propriedades e sendo senhor de ambas.
Embora o homem continuasse a ler, Christopher não prestou mais atenção. Saviñón tinha uma parenta viva. A informação reavivou a raiva adormecida, enchendo o vazio da alma com renovado propósito.
— Ela vive há anos num convento, protegida das maldades do mundo. Deve ignorar tudo a respeito da malícia dos homens e de sua brutalidade. Ai, Alfonso, o que acontecerá a ela nas mãos de Christopher?
— Seja otimista, Anahí.
— Vou tentar e também rezar muito por ela. Que Deus tenha piedade da pobre moça.
Christopher afastou-se de Dunmorrow sem olhar para trás. Nada o prendia lá, mas algo o esperava à frente. Embora fosse um homem destemido, mantinha uma boa escolta para acompanhá-lo em viagens. Parando apenas para pedir indicações sobre o caminho do convento, ele ia em busca da noiva.
Não se preocupava com sua aparência. Ela podia ser velha, jovem, feia ou bonita, o importante era ser do sangue de Saviñón. Ansioso por alcançar o destino, Christopher forçava a comitiva a prosseguir depressa. Paciência e disciplina, duas de suas qualidades, estavam esquecidas.
— Para onde vamos? — perguntou uma voz profunda e melodiosa.
Christopher relanceou os olhos para o homem a seu lado. Ele usava uma, túnica larga e longa, pois como vários outros do grupo, desdenhava a cota de malha dos cavaleiros.
— Darius!
Perdido com os pensamentos, Christopher não tinha percebido a aproximação do companheiro. Darius tinha a habilidade de aparecer de repente. Era também temido pela precisão de seus golpes. Christopher o admirava por essas qualidades que os haviam salvado várias vezes quando guerreavam na Terra Santa.
Apesar de ser também chamado de sírio, Christopher não fazia idéia de onde ele nascera. A variada população da Síria contava com gregos, armênios, italianos, judeus, muçulmanos e francos que conviviam com uns poucos germânicos e escandinavos.
O nome Darius era egípcio e Christopher podia imaginar o homem alto e moreno como descendente de um faraó poderoso. Ele tinha uma postura nobre e uma autoconfiança que não poderiam ter surgido nas sarjetas. A pele dele era de um dourado profundo, mas clara o suficiente para indicar mistura de sangue. Christopher refletia se Darius não seria filho bastardo de algum sultão, ou talvez de um cavaleiro que houvesse violentado uma das mulheres nativas no ardor das cruzadas. Nunca havia perguntado e Darius não oferecera explicações.
Desde o encontro tumultuado dos dois, vários anos antes, eles mantinham um acordo tácito: nada de indagações sobre o passado. Ao voltar para a Bretanha, Christopher trouxera o homem, que havia se tomado quase tão chegado quanto um amigo, e lhe passado o mínimo necessário de informações. Eles não haviam prestado juramento algum, não faziam planos para o futuro e não se julgavam mutuamente.
— Estamos indo a um convento. Trata-se de um lugar sagrado para mulheres — explicou Christopher.
— As mulheres vivem lá sozinhas?! — perguntou Darius, perplexo com o conceito estranho.
— Vivem. Elas juraram fidelidade a Deus.
— O que vamos fazer lá? Acho curioso que permitam a entrada de homens em tal lugar.
— Estamos indo em busca de uma parenta de meu inimigo, a herdeira de Saviñón. Finalmente, vou poder me vingar, Darius.
— Essa parenta é santa?
— Não, mas vive lá com as que são —respondeu Christopher. Percebeu que Darius relaxava a expressão. Embora o companheiro não professasse religião alguma, respeitava os lugares sagrados, tanto os cristãos como os muçulmanos.
— Sei. E o que você pretende fazer com ela? — o sírio quis saber.
Christopher não respondeu logo, pois ainda refletia sobre os planos. O futuro, tão vazio até pouco antes, agora oferecia possibilidades sem fim. Oprimido pela morte de Saviñón e pelo vazio dos longos meses seguintes, ele ansiava pela recompensa imediata.
— Vou deixá-la sofrer como Saviñón fez comigo — respondeu finalmente.
— Esvair-se em sangue sob o sol escaldante do deserto?! Christopher ignorou o sarcasmo do companheiro. Não queria se lembrar dos dias tórridos e das noites geladas ao relento. Nem do ano vagaroso de recuperação.
— Não. Vou descobrir do que ela mais gosta e privá-la disso como Saviñón tentou fazer comigo. Também descobrirei o que ela mais teme e a farei enfrentá-lo. Vou atormentá-la e sentirei prazer com isso. Executarei minha vingança.
Fez-se silêncio, mas Christopher sentiu o olhar de Darius sobre ele. Sabia que o companheiro tinha profundo respeito pelas mulheres. Provavelmente, ele não lhe aprovava os planos, mas não interferiria.
Por algum tempo, nenhum dos dois falou. Então, Darius baixou o olhar.
— Você vai ao convento para matá-la? — perguntou. Nicholas sorriu.
— Não. Vou para me casar com ela.
Postado originalmente em: 14.08.2017.
Autor(a): Srta.Talia
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 7
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Dulcete_015 Postado em 21/04/2020 - 14:31:18
Ameii o final,já estou ansiosa para ler a próxima
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Dulcete_015 Postado em 20/04/2020 - 21:04:38
Pensei q tinha abandonado ,q bom q voltou,continuaa
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Dulcete_015 Postado em 24/03/2020 - 00:38:59
Já amei saber q vamos ter muitos baby vondy,continuaa
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Dulcete_015 Postado em 22/03/2020 - 22:56:08
Queria um baby vondy,estou curiosa para saber mais sobre o Marcelino,continuaa
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Dulcete_015 Postado em 20/02/2020 - 00:44:58
Poxa q pena q já está no final da fanfic,continuaa
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Dulcete_015 Postado em 19/02/2020 - 00:51:04
Continuaa
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Dulcete_015 Postado em 16/02/2020 - 10:54:47
Continuaa,estou amando