Fanfic: A Esposa Virgem - Adaptada Vondy (Finalizada) | Tema: Vondy
Christopher enxugou o suor dos olhos e viu a mão estendida para ele. Desejava dispensar o auxílio desnecessário de Alfonso, pois queria se levantar sozinho, com dignidade. Todavia, não conseguiu. Estava trêmulo e duvidava que as pernas o sustentassem. Já tinha enfrentado lutas muito piores e, várias vezes, chegara perto da morte. Nunca antes, entretanto, o medo o afligira como nessa manhã. Não que desse muito valor à vida, embora esta houvesse se enriquecido bastante depois do casamento.
Se não fosse por Dulce e o filho, ele a perderia de maneira honrada.
O temor era pelo futuro deles, caso viesse a perecer. Essa preocupação o tinha atormentado desde o instante em que aceitara o desafio. Também o havia levado a pensar se Dulce não estaria certa ao insistir na necessidade de ter uma família. Se ele tivesse parentes, a quem pudesse confiar a mulher e o filho, não teria sofrido tanto com o medo sufocante.
Firme e sem tremer, a mão continuava estendida para ele. Christopher levantou a cabeça e encarou o homem que lhe tinha salvado a vida. Lembrando-se da própria aparição oportuna, quando Alfonso estava sob o cerco do inimigo, disse:
— Estamos quites agora.
O Cavaleiro Vermelho sacudiu a cabeça num gesto negativo.
— Nós somos irmãos.
Christopher levou uns segundos para entender a afirmativa e, quando o fez, admirou-se. Na verdade, ele nunca estivera sozinho, pois ali estava a família a quem poderia apelar em caso de necessidade. Olhando a mão estendida, tomou-a, permitindo que Alfonso o ajudasse a ficar em pé. Fitaram-se e Christopher viu a compreensão estampada nos olhos do cunhado. Pela primeira vez, aceitou-a, provocando um sorriso de satisfação em Alfonso. Então, viu Dulce correndo para ele. Recebeu-a de braços abertos, estreitando-a de encontro ao peito e afundando o rosto em seus cabelos. Trêmulo, inalou profundamente seu perfume inebriante.
— Christopher! Graças a Deus! — ela murmurou numa voz suave e reconfortante.
Nesse instante, Edith os interrompeu.
— Meu senhor, os criados do vilão fugiram. E sabe quem eu vi entre eles? Eudo, a quem o senhor expulsou de Belvry. Ele deve ter se mantido escondido todo esse tempo.
Christopher levantou a cabeça, mas continuou com os braços em volta da mulher.
— Isso explica de quem Marcelino recebeu algumas das informações.
Todos os olhares dirigiram-se para o corpo do oponente vencido e Christopher deu-se conta de que não se alegrava com a morte do homem, apenas com a própria sobrevivência.
Bastava de vingança.
— Nunca mais vamos ficar sabendo se ele era, ou não, irmão de minha senhora — Edith comentou e, com um soluço, Dulce apertou o rosto no ombro do marido.
— Não chore — Christopher pediu. — Ele vai ter um funeral digno.
Por consideração a Dulce, estava disposto a fazer isso, mas tinha certeza de que o homem não era irmão da esposa. Confiava na memória de Alfonso. O Cavaleiro Vermelho era muito sagaz para cometer esse tipo de erro. Entretanto, se Dulce precisasse de mais provas, ele as daria em tempo oportuno.
— Quando Darius voltar, ficaremos sabendo — disse ele.
Dulce soltou um suspiro de tristeza.
— Agora, não tenho família outra vez.
Christopher levantou-lhe o rosto, forçando-a a fitá-lo.
— Não, mulher, sua família está aqui. Alfonso, Anahí e sua filhinha, nosso bebê. Nós faremos outros, Dulce. Eu também sou sua família — ele sussurrou.
De pé ali na arena da luta, com o vento esvoaçando-lhe a capa e os cabelos flamejantes, Dulce mostrava-se irresistível. Christopher curvou a cabeça e a beijou na boca, selando a promessa feita, enquanto o povo aclamava, gritando os nomes do senhor e da senhora de Belvry.
***
Christopher dirigiu-se ao salão e parou à entrada ao ver a esposa cochilando. Sobre sua barriga dilatada, repousava o bordado abandonado. Maravilhou-se com a tranqüilidade da cena. Ele jamais imaginara gozar tanta paz como a dos últimos meses. Ele e Dulce passavam mais tempo de maneira afável e menos brigando. Embora ainda discutissem, ambos sabiam que chegariam a um acordo. Até os criados não fugiam mais quando os ouviam gritar um com o outro. Na verdade, a satisfação deles parecia contagiosa, pois todos em Belvry mostravam-se mais animados, do que nos outros anos, com a aproximação do Natal.
Entretanto, a essa atmosfera harmoniosa, Christopher precisava trazer uma nota de discórdia. Não estava disposto a isso. Seria melhor deixar a esposa dormir e adiar a conversa para outra hora. Mas mesmo enquanto decidia isso, a mulher voluntariosa abriu os olhos e, meio sonolenta, o fitou.
— Christopher — Dulce murmurou baixinho enquanto ele, mudando de idéia, aproximou-se.
— Darius voltou. Ainda não falei com ele, mas o avistei quando já estava bem perto. Dei ordem a Rowland para trazê-lo aqui imediatamente.
Dulce arregalou os olhos e endireitou-se na cadeira. Os lábios formavam uma linha firme. Ela se preparava para receber notícias ruins e Christopher não podia fazer nada para consolá-la. Sabia qual seria o relatório do sírio. Sentou-se ao lado da mulher e ficou à espera do companheiro. Este não demorou a chegar. Ele também parou à entrada do salão e observou a silhueta arredondada de Dulce.
— Minha senhora! — exclamou.
— Darius, é muito bom vê-lo de novo. Ainda mais a tempo para as comemorações do Natal.
— Também fico contente ao revê-la, especialmente nesse estado promissor. Meus parabéns ao casal — disse o sírio, curvando-se um pouco.
Christopher agradeceu com um menear de cabeça, apesar de não gostar da maneira com que Darius olhava para Dulce.
— Você trouxe alguma novidade? — perguntou.
Darius sentou-se num pequeno tapete diante da lareira e começou a falar.
— Fui até os pântanos em busca de informações sobre seu irmão, lady Dulce. Este havia dito ter servido sob o comando do barão de Mollison, mas não encontrei cavaleiro algum com esse nome. Vasculhei a região toda, questionando as pessoas, ninguém, todavia, conhecia esse nome. Também não achei uma única pessoa que tivesse ouvido falar em Marcelino Saviñón.
— O Cavaleiro Vermelho esteve aqui e o reconheceu como o escudeiro de um guerreiro que lutara com Edward em Gales — contou Christopher.
— Lamento muito, lady Dulce — disse Darius. Com olhar triste, ela baixou a cabeça. — Dos pântanos, fui ao lugar de seu nascimento, onde também conversei com as pessoas. Lá, localizei uma senhora idosa que não só se lembrava de seu irmão como também tinha cuidado dele em seus últimos momentos de vida, ainda na infância.
Embora Dulce não lutasse para respirar, Christopher a observou com certa apreensão.
— Obrigada por seu esforço, Darius. Imagino quanto lhe custou viajar com este tempo ruim — agradeceu ela. — Talvez, na primavera, eu possa visitar o túmulo de meu irmão. É um alívio saber que ele, realmente, está lá e em paz.
— E o impostor? — o sírio quis saber.
— Está morto. Obrigado, Darius. Naturalmente, você quer descansar da longa viagem.
Já em pé, o sírio curvou-se em frente de Dulce e saiu. A sós com a mulher, Christopher sentiu-se impotente. Não sabia se expressar com facilidade e, por isso, não encontrava as palavras certas para consolá-la.
— Eu queria que você tivesse certeza de que o homem, morto na luta, não era seu irmão — explicou ele.
— No fundo do coração, eu sempre soube que ele não era Marcelino.
Sem saber o que dizer, Christopher manteve-se calado e Dulce prosseguiu.
— O coração é uma coisa maravilhosa. Ele vê verdades que a mente não percebe. O meu é muito grande, Christopher. Embora você seja o primeiro e o mais importante nele, ainda sobra lugar para outras pessoas.
Sem saber aonde ela queria chegar, Christopher continuou em silêncio.
— Existem cantos para Edith, Wilie, Alfonso, Anahí, Sybil e até para Darius.
Depressa, ele a fitou. Seus olhos verdes estavam calmos e límpidos.
— E ainda há lugar para nosso filho. Christopher, eu posso amar todos eles sem amá-lo menos.
Atônito demais para falar, Christopher continuou fitando-a. Quis refutá-la, mas não conseguiu. Engasgou com as palavras, pois a mulher inteligente estava certa. Desgraçado egoísta, ela o havia chamado uma vez. Era verdade. Ele queria todo seu afeto para si mesmo e ressentia-se do que ela dedicava a outras pessoas. Até o filho ele lhe dera num acesso de pique e numa tentativa de prendê-la, exclusivamente, a ele. Também havia jurado protegê-la por razões erradas. Não tinha pensado em seu bem-estar, mas na própria paz de espírito.
— Amar é dar e compartilhar, Christopher — ela afirmou com voz suave. Ele baixou o olhar, mas Dulce tomou-lhe a mão e a colocou sobre a barriga. — Está sentindo, Christopher? É seu filho. Confesse que seu coração é grande o suficiente para ele.
Com a palma da mão, ele sentiu os movimentos do bebê Apavorado, respirou fundo. Como o filho, ainda em gestação, podia se fazer conhecer?
— Nunca imaginei...
— Esta vendo, Christopher? Ele está se comunicando com você.
Ajoelhando-se diante dela, Christopher colocou a face sobre sua barriga. Sentiu-a ondular-se. De repente, deu-se conta da existência de outro ser no corpo da mulher, na própria vida e no coração dele. Da mesma forma, admitiu que o amaria como amava Dulce. Levantou a cabeça e viu seu sorriso trêmulo e os olhos verdes cheios de lágrimas. Tinha a impressão que a amara sempre. Impossível.Havia se sentido vazio por longos anos, até Dulce entrar em sua vida e enchê-la com sua energia, calor e paixão.
— Eu o amarei, Dulce, assim como te amo — murmurou com voz rouca.
— Ótimo! — exclamou ela esquecendo as lágrimas e sorrindo. Depois, riu alto e com aquela sonoridade que lhe mexia com a alma. — Ora, Christopher, eu nunca o vi exibir um sorriso tão largo. Você tem uma covinha! — acrescentou, encantada.
***
Christopher andava de um lado para o outro do corredor. Fora mandado para fora do quarto, onde a mulher estava em trabalho de parto. Mas não queria se afastar dali. Sentia-se apreensivo. A lembrança da doença de Dulce o perseguia. Ele a via, fria e imóvel, deitada na cama imensa. O estômago, que há muito havia sarado, contraiu-se horrivelmente e o medo aumentou.
Os primeiros gritos de Dulce o deixaram desesperado e Christopher começou a suar. Os seguintes, o fizeram correr para a porta do quarto, mas ele dominou-se e não a abriu. Uma vez, viu o rosto de Willie surgir no topo da escada, mas com um olhar furioso, forçou o marido de Edith a retroceder. Os minutos passavam com uma lentidão exasperante e quanto mais andava pelo corredor mais agitado Christopher ficava. Os gemidos de Dulce passaram a ser quase contínuos. Às vezes eram altos, outros, suaves, forçando-o a apurar os ouvidos.
Eles significavam que a mulher continuava viva e respirando.
Christopher já tinha visto muita tristeza e sabia com que rapidez a morte colhia uma vida. Bastava lembrar-se dos dias sombrios da doença de Dulce. Ela quase se fora. Desde então, passara a vigiá-la constantemente. Exceto nesse momento. A idéia de que a mulher pudesse estar morrendo lá no quarto, longe do alcance dele, fez Christopher agir. Foi até a porta e a abriu com estrondo, alarmando as pessoas. Da entrada, acareou a situação.
Dulce estava deitada de costas na cama, Edith mantinha-se a seu lado e a parteira, a seus pés. Um lençol cobria-lhe os joelhos levantados. A velha parteira, que o tinha trazido ao mundo também, encarou-o com olhar feroz.
— Meu senhor, saia daqui imediatamente!
Desacostumado a ser contrariado, exceto pela esposa, Christopher imaginou se a velha não era uma bruxa.
Não confiava nela.
— Por que a criança ainda não nasceu? — indagou ele.
— Meu senhor, tenha um pouco mais de paciência. Ainda não chegou a hora — interferiu Edith.
— Paciência?! Estou ouvindo seus gritos há perto de uma hora!
Em vez de concordar com a acusação comovente, Edith riu.
— E vai levar outro tanto. O senhor precisa ir lá para fora e esperar. Nós o avisaremos quando o bebê nascer.
— Não saio daqui até verificar como minha mulher está passando!
— Podem deixar meu marido ficar! — Dulce gritou. — Melhor, ele que venha até aqui para ver como estou passando!
— Dulce — Christopher murmurou ao se aproximar depressa da cama. Ela estava arquejante, com o rosto vermelho e não aparentava a palidez da morte. Mesmo assim, não parecia bem. Enquanto ele a observava, suas feições se contraíram num espasmo de dor. — Como você se sente? — indagou ele.
— Chegue mais perto e me deixe retorcer sua virilidade. Assim saberá como me sinto — respondeu ela, ofegante.
A sugestão o deixou perplexo por um instante. Então, Christopher endireitou-se e lhe dirigiu um olhar severo.
— Foi você quem quis este bebê! Agora, não venha me culpar por seu desconforto.
— Desconforto?! Eu lhe provocarei desconforto suficiente, seu desgraçado! A culpa é toda sua! Você me levou para a cama!
— Você me seduziu!
Os dois gritavam tão alto um com o outro que não ouviram a parteira dizer:
— Faça força, lady Dulce.
Foi preciso Edith repetir a ordem em alto e bom som.
— Faça força, minha senhora!
Dulce ouviu e obedeceu antes de voltar a gritar com Christopher.
— Nunca mais vou fazer isso!
— Ótimo! Pelo menos, concordamos em alguma coisa.
Dulce voltou a fazer força, seu rosto ficando escarlate. Christopher sentiu-se alarmado, mas a mulher o injuriou novamente.
— Nunca mais me toque!
— Nesse caso, você precisa manter as mãos longe de mim. Não pense que, desta vez, vai conseguir me fazer mudar de idéia com suas sutilezas.
— Homem teimoso!
— Mulher cabeçuda!
Christopher semicerrou os olhos ao fitar os de Dulce. Estes brilhavam de fúria. Mas então, ela gemeu e largou-se sobre os travesseiros, enquanto estendia a mão e pegava a dele. Apesar de suas ameaças, ele a segurou com força e entrelaçou os dedos. No mesmo instante, o choro de uma criança ecoava no quarto. Atônito, Christopher olhou para os pés da cama, onde a parteira entregava uma forma minúscula para Edith, enquanto resmungava:
— Pobre criaturinha! Imagine ter o sangue desses dois! Eles não poderiam ser mais loucos.
Sorrindo, Christopher virou-se para a mulher e ela, com os olhos brilhando, murmurou:
— Eu não quis dizer nada daquilo.
— Nem eu — admitiu ele, alargando o sorriso.
Por um momento, fitaram-se, sentindo o amor que fluía entre eles como um rio caudaloso. Então, Edith se aproximou e entregou uma trouxinha para Christopher.
— Um menino. Um herdeiro dos Von Uckermann — disse ela com lágrimas de emoção.
Christopher pegou o filho no colo e pensou que explodiria com a força da alegria sentida.
— Ora, Christopher, sua covinha apareceu — provocou Dulce.
Gente,
Eu amo essa cap.! É pura fofura! Já venho postar o último cap.!
Comentem y Favoritem!
Besos y Besos Lindezas!😘😘😘
Autor(a): Aila
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 7
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Dulcete_015 Postado em 21/04/2020 - 14:31:18
Ameii o final,já estou ansiosa para ler a próxima
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Dulcete_015 Postado em 20/04/2020 - 21:04:38
Pensei q tinha abandonado ,q bom q voltou,continuaa
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Dulcete_015 Postado em 24/03/2020 - 00:38:59
Já amei saber q vamos ter muitos baby vondy,continuaa
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Dulcete_015 Postado em 22/03/2020 - 22:56:08
Queria um baby vondy,estou curiosa para saber mais sobre o Marcelino,continuaa
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Dulcete_015 Postado em 20/02/2020 - 00:44:58
Poxa q pena q já está no final da fanfic,continuaa
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Dulcete_015 Postado em 19/02/2020 - 00:51:04
Continuaa
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Dulcete_015 Postado em 16/02/2020 - 10:54:47
Continuaa,estou amando