Fanfic: ➰⚔️ Cidade dos Ossos ⚔️➰ Adaptada Portinon | Tema: RBD
— Você...
Ele não terminou. Ela se moveu com a potência de um raio, atacando-o com a mão aberta,
um golpe no peito que o derrubaria e o deixaria sem fôlego se ele fosse humano. No entanto,
ele apenas cambaleou para trás. Logo depois havia algo na mão dela, um chicote que brilhava
dourado enquanto o golpeava, enrolando os tornozelos dele e fazendo com que seus pés
saíssem do chão. Ele caiu, contorcendo-se, o metal penetrando sua pele. Ela riu, de pé sobre
ele que, completamente tonto, pensou que deveria ter percebido. Nenhuma garota humana
usaria um vestido como o que Maite estava usando. Ela o estava vestindo para cobrir a pele
— toda a pele.
Maite puxou o chicote com força, segurando-o. Tinha um sorriso que brilhava como
água venenosa.
— Ele é todo de vocês.
Uma risada baixa soou atrás dele, e agora mãos o agarravam, erguendo-o, lançando-o
contra um dos pilares de concreto. Ele podia sentir a pedra úmida sob a coluna. Estava com as
mãos presas atrás do corpo, atadas com um fio elétrico. Enquanto se debatia, alguém circulou
o pilar, aparecendo em seu campo visual: um menino, tão jovem e bonito quanto Maite. Seus
olhos castanho-amarelados brilhavam como pontas de âmbar.
— Então — disse o garoto. — Há mais algum com você?
O menino de cabelo azul podia sentir o sangue se acumulando sob o metal excessivamente
apertado, deixando-o com os pulsos escorregadios.
— Mais algum o quê?
— Ora, vamos! — O menino de olhos castanho-amarelados levantou as mãos, e as mangas
escuras desceram, mostrando os símbolos que tinha tatuados nos pulsos, nas costas e nas
palmas das mãos. — Você sabe o que eu sou.
No crânio do menino algemado, o segundo grupo de dentes dele começou a ranger.
— Caçador de sombras — sibilou.
O outro menino sorriu.
— Te peguei — disse ele.
Dulce abriu a porta do depósito e entrou. Por um instante, achou que estivesse vazia. As únicas
janelas eram no alto e tinham grades; um barulho fraco da rua entrava através delas, o som de
carros buzinando e freando. A sala tinha cheiro de tinta velha, e uma pesada camada de poeira
cobria o chão, marcado por sinais de pegadas.
Não há ninguém aqui, ela percebeu, olhando em volta espantada. A sala estava fria,
apesar do calor de agosto lá fora. Sua coluna estava gelada de suor. Deu um passo para a frente, enrolando os pés em fios elétricos. Ela se abaixou para se livrar dos cabos, e ouviu
vozes. A risada de uma menina, um menino respondendo, mordaz. Ao se ajeitar, ela os viu.
Era como se eles tivessem passado a existir em um piscar de olhos. Lá estava a garota
com o longo vestido branco, os cabelos negros escorrendo da cabeça como algas molhadas.
O casal estavam com ela — o mais alto de cabelos escuros como os dela, e a menor,
mais claro, cujos cabelos louros brilhavam como bronze sob a fraca luz que entrava pela
janela do alto. A menina loira estava de pé, com as mãos no bolso, encarando o garoto punk,
que estava amarrado a uma coluna com o que parecia um fio de piano, com as mãos esticadas
para trás do corpo e as pernas amarradas pelos tornozelos. Seu rosto expressava dor e medo.
Com o coração batendo forte no peito, Dul se abaixou atrás da coluna de concreto mais
próxima e espiou em volta. Ela assistiu enquanto a menina de cabelos claros andava para a
frente e para trás, com os braços cruzados por cima do tórax.
— Então — disse ela. — Você ainda não me disse se há mais alguém da sua espécie aqui
com você.
Sua espécie? Dul tentou imaginar sobre o que ela estaria falando. Talvez ela tivesse se
metido em alguma guerra de gangues.
— Eu não sei do que você está falando. — O tom do menino de cabelo azul era dolorido,
porém firme.
— Ele está falando de outros demônios — informou o menino de cabelo escuro, falando
pela segunda vez. — Você sabe o que é um demônio, não sabe?
O menino amarrado à coluna virou o rosto, mas continuava movendo a boca.
— Demônios — disse a menina loira, escrevendo a palavra no ar com o dedo. —
Religiosamente definidos como habitantes do inferno, os servidores de Satã, mas entendidos
aqui, para os propósitos da Clave, como quaisquer espíritos malevolentes cuja origem se dê
fora da nossa própria dimensão habitacional...
— Basta, Anahí — disse a garota.
— Maite tem razão — concordou o menino mais alto. — Ninguém aqui precisa de aula
de semântica, nem de demonologia.
Eles são loucos, pensou Dul. Loucos de verdade.
Anahí levantou a cabeça e sorriu. Havia algo de feroz naquele gesto, alguma coisa que fazia
com que Dul se lembrasse de documentários sobre leões que vira no Discovery Channel, de
como os grandes felinos erguiam a cabeça e farejavam o ar à procura de presas.
— Maite e Alec acham que eu falo demais — disse, baixinho. — Você concorda com
eles?
O menino de cabelo azul não respondeu. Sua boca continuava se movendo.
— Eu poderia dar informações — disse ele. — Eu sei onde Valentim está.
Anahí olhou de volta para Alec, que deu de ombros.
— Valentim está debaixo da terra — disse Anahí. — O coisinha só está brincando com a
gente.
Mai mexeu no cabelo.
— Mate-o, Anny — disse ela. — Não vai nos contar nada.
Anny levantou a mão, e Dul viu a luz fraca reluzir na faca que ela estava segurando. Era
estranhamente translúcida, a lâmina clara como cristal, afiada como um caco de vidro, o cabo
decorado com pedras vermelhas.
O menino amarrado arfou.
— Valentim está de volta! — protestou ele, lutando contra os nós que o atavam atrás do
corpo. — Todos os Mundos Infernais sabem, eu sei, posso te dizer onde ele está...
Repentinamente, uma raiva chamuscou nos olhos gélidos de Anahí.
— Pelo Anjo, toda vez que capturamos um de vocês, desgraçados, alegam saber onde
Valentim está. Pois bem, nós também sabemos onde ele está. Ele está no inferno. E você... —
Anahí virou a faca no punho, a ponta brilhando como uma linha de fogo. — Você pode se juntar
a ele lá.
Dul não aguentaria mais. Ela saiu do esconderijo atrás da coluna.
— Pare! — gritou ela. — Você não pode fazer isso.
Anahí rodopiou, tão assustada que a faca caiu de sua mão e bateu ruidosamente no chão de
concreto. Mai e Alec giraram junto com ela, com as mesmas expressões de choque. O
menino de cabelo azul ainda preso, também estava chocado e de queixo caído.
Alec foi o primeiro a falar.
— O que é isso? — perguntou, olhando de Dul para os companheiros, como se eles
pudessem saber o que ela estava fazendo ali.
— É uma garota — disse Anahí, recuperando a compostura. — Você certamente já viu
garotas antes, Alec. Sua irmã Maite é uma. — Ela deu um passo em direção a Dulce,
cerrando os olhos como se não conseguisse acreditar muito bem no que estava vendo. — Uma
garota mundana — disse ela, um pouco para si mesmo. — E ela consegue nos ver.
— É claro que consigo vê-los — disse Dulce. — Não sou cega, sabia?
— Ah, é sim — disse Anny, abaixando para pegar a faca. — Você só não sabe disso. —
Ela se recompôs. — É melhor sair daqui, se souber o que é melhor para você.
— Não vou a lugar algum — disse Dul. — Se eu for, você vai matá-lo — ela apontou
para o menino de cabelo azul.
— É verdade — admitiu Anny, girando a faca pelos dedos. — Por que você se importa se
vou matá-lo ou não?
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Autor(a): cristineportinon
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Por-porque... — engasgou-se Dul. — Você não pode sair por aí matando pessoas.— Você tem razão — disse Anny. — Não se pode sair por aí matando pessoas. — Ela apontou para o garoto de cabelo azul, cujos olhos estavam fechados. Dul imaginou se eletinha desmaiado. — Isso não é ...
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