Fanfic: GUERRA DOS SEXOS

- Lembrete para a proxima vez que vier à festa de um homem rico:não esqueça de trazer um joguinho eletrônico portátil - Christopher Uckerman desligou o minigravador e colocou-o no bolso do paletó.

Como todos que trabalhavam com ele sabiam que sempre o carregava consigo, para gravar observações que usaria depois, na coluna, ninguém estranharia vê-lo falando sozinho. Não que se importasse com isso.
Conseguira, enfim,escapar da festa de PH após aguentar vinte e cinco minutos de falatório com colegas que o invejavam e apenas fingiam ser amigos.Pegando algumas garrafas de cerveja no bar, saiu pela porta que levava ao pátio e atravessou o gramado,procurando um lugar onde pudesse sentar-se e beber sossegado. Explorando o gramado bem cuidado,chegou a uma área afastada, onde ficava a piscina,que ia até um dos cantos da residência. Imaginando que haveria outra piscina coberta,para os dias frios,ficou curioso de ver como seria e girou a maçaneta que tinha diante de si.

Deparou com uma sala de ginástica completa,além da piscina e de uma área para relaxar.Uma luz colocada num dos cantos iluminava os equipamentos caros,que incluíam esteiras,bicicletas,aparelhos para musculação e ate´mesmo um trampolim.A piscina ocupava metade do espaço.

-As revistas devem estar dando lucro - murmurou, divertido.

Sentou-se em uma das espreguiçadeiras, inclinou-se e tocou a água.Era agradável sentir o frio tocando a pele numa noite tão quente.E a festa cheia de gente parecia aumentar o calor.
Tirando a tampa de uma garrafa, tomou um gole da cerveja gelada e acomodou-se na cadeira. Gostaria de soltar a ridícula gravata-borboleta, mas sabia que não conseguiria colocá-la outra vez sem um espelho, e desistiu da idéia.
A que sacrifícios um camarada de sucesso estava exposto...Conversar futilidades com os ricos e famosos de México DC não era seu programa favorito.
A maioria das mulheres que encontrara na festa o fitavam como se quisessem devorá-lo,ou pareciam estar tão quentes que poderiam derreter qualquer metal.Cada uma delas imaginava que poderia transformar o menino mau e machista que conheciam das páginas da Men`s World.
Como se aquele Christopher Uckerman existisse mesmo...
Bem, talvez existisse, de certo modo. Sim, o estilo de Christopher escrever refletia sua personalidade, o senso de humor apurado e um tanto irônico. Mas apenas isso.E,por mais que algumas leitoras e colunistas de revistas femininas pudessem não concordar, ele não era machista. Nem era contra as mulheres. Muito pelo contrário! Só não gostava da idéia de ser exposto a um bando de leitoras que pretendiam beijá-lo ou seduzi-lo.
Não gostava da súbita popularidade que adquirira.Claro que nos primeiros meses tudo parecera divertido,até que Christopher se dera conta de muitas pessoas não conseguiam mais ver o verdadeiro Christopher.
De repente, começara a ser cauteloso com todos, já que costumavam ter uma visão preconcebida a seu respeito.Tinha começado a sentir falta do anonimato que desfrutava quando escrevia para revistas semanais, ou quando trabalhava como free-lancer. Preferia estar cobrindo um escândalo de corrupção na capital do país do que estar ali,naquela reunião sofisticada, cercado de homens que concordavam com tudo o que ele dizia, exceto quando as namoradas estavam por perto.Sem falar nelas,as namoradas, que tanto gostariam de tê-lo em suas camas.
E, pior que tudo: encontraria a solteirona frígida chamada Dulce Savigñon. De todos aqueles que não gostaria de ver, ela encabeçava a lista. Afinal,era sobretudo por causa dela que metade da população do mundo,a metade feminina,pusera-se contra ele. Dulce era a responsável pela péssima reputação que adquirira, e que o rotulava de machão e preconceituoso.
Um pouco antes, na festa, Christopher vira uma mulher vestida com um conjunto de corte masculino, alta e muito magra, com os cabelos grisalhos presos num coque, e logo suspeitara que fosse Dulce Savingñon.
Peguntara a Cristian, um amigo casual e companheiro de trabalho, para confirmar se era mesmo sua inimiga.
Cristian sorrira, batendo nas costas de Christopher.

- Como você consegue? Como pode entrar numa sala,olhar para uma pessoa, e de imediato saber quem ela é?

- Quer dizer que acertei? - Christopher ficara um tanto decepcionado ao pensar que ela era mesmo a mulher com quem compartilharia as homenagens da festa.

Cristian apenas dera de ombros,erguendo as mãos num gesto de desamparo.

- O que posso dizer? Você é mesmo um mestre da dedução.Creio que vou cumprimentar Dulce.Mas não se preocupe, Christopher.Não a deixarei saber que a descobriu com tanta facilidade.

Então,o editor-júnior se afastou, deixando Christopher especulando sobre a pessoa que fizera de sua vida um inferno nos últimos meses.Os dois receberiam prêmios por terem aumentado as vendas das revistas para as quais trabalhavam.

- Este brinde é para você,Dulce Savingñon - disse, acomodando-se na espreguiçadeira. - Quem sabe tem sorte hoje e encontra algum coitado que não enxerga bem, faz amor com ele e pára de me perturbar...

Ao levar à boca a garrafa de cerveja, Christopher viu que a porta de entrada se abria na semi-escuridão.Esperando não ser descoberto, abaixou-se no assento,desejando que o intruso se fosse. Mas não teve sorte. A pessoa,ele podia ver que era uma mulher,entrou e fechou a porta atrás de si. Encostou-se na madeira,e Christopher imaginou vê-la suspirar, talvez aliviada por ter escapado do evento. Tinham isso em comum, pensou,vendo-a caminhar até o local iluminado perto da esteira. Era ruiva e perfeita.Tudo o que um homem podia desejar, como se um sonho erótico se tornasse realidade.Dos cabelos vermelhos,que desciam abaixo dos ombros, passando pelo pescoço delicado e pelos ombros revelados pelo vestido preto justo, até o corpo de curvas magníficas, era pura tentação.
De repente, Christopher percebeu que estava ficando dificil respirar,e que tinha a garganta seca.
A moça atirou no chão a bolsa minúscula e inclinou-se para soltar as tiras dos sapatos de salto muito alto.Ao inclinar-se,o que parecia quase impossivel com um traje tão justo, o tecido pareceu colar-se ainda mais aos quadris bem-feitos.
Christopher se remexeu.E, quando ela ergueu uma perna e apoiou o pé num banco para soltar a tira com mais facilidade, o vestido subiu até as coxas cobertas pela meia-calça preta.

- Acho que caí na piscina, me afoguei, e agora estou no céu - murmurou ele.

E quando a garota andou até a cama elástica e subiu,teve certeza de que era isso mesmo o que havia acontecido.

Dulce podia ter sentado numa das espreguiçadeiras, á beira da piscina.Mas de certo modo a cama elástica a atraíra.
Imaginava que ninguém estaria por ali.Se algum convidado curioso estivesse vagando pela mansão de Pedro na certa se refugiaria num dos quartos luxuosos. Aquele lugar enorme e silencioso era só dela.Tudo o que desejava eram alguns momentos de sossego para descobrir um modo de voltar ao escritório na segunda-feira e encarar os colegas, sabendo que eles a veriam como uma traidora depois da revelação de Pedro.
Deitou-se de costas, fitando o teto e imaginando a reação de PH, se entrasse e a visse, deitada na cama elástica, usando o elegante vestido preto. Com cuidado, ergueu bem o vestido sabendo que ninguém veria o elástico que prendia a meia-calça na cintura.
Nem a renda da calcinha minúscula, especial para usar com roupas justas, pois não deixava marcas.
De repente,lembrou-se do rapaz bonito que vira no bar, e imaginou quem seria.De algum modo ele a afetara e distraíra de uma noite que prometia ser terrível.
Num gesto de rebeldia, suspendeu a roupa ainda mais.Não que a tivesse puxado acima dos quadris, mas a cada movimento que fazia, o tecido subia, e podia sentir o ar fresco do ginásio tocando-lhe as coxas.
Sentia-se ousada,perigosa e rebelde. E estava adorando! Começou a pular, cada vez mais alto, girando no ar,sem se importar com os cabelos, que voavam ao redor do rosto, nem com o suor que lhe cobria a pele. Quem se importava?
Era bom sentir-se perigosa. E não estava mais aborrecida, embora estivesse totalmente sozinha.
Pelo menos foi o que pensou, até ouvir o grito,seguido do barulho da água.