Fanfic: A Luz de Khiva | Tema: Destiny
Havíamos feito progresso em nossa luta contra a Colmeia. Não somente o esquadrão, mas toda a Cidade e a atual geração de Guardiões. Já havia patrulhas a serem feitas na Lua. E cada vez mais nos aprofundávamos nas misteriosas façanhas que fizeram em tanto tempo. De volta à Torre, eu e Fantasma circulamos pela Praça, com calma, a fim de descansar do último confronto. No Correio, Kadi recebeu uma nova arma para mim, um manto. Desbotado, mas ainda assim bonito com seu tom violeta. Sua bainha estava desgastada, porém com bom comprimento. Tratei logo de trocar.
Satisfeita, fui para a beirada observar um pouco a Cidade, pois o dia estava lindo. O céu se encontrava nas mesmas cores do dia que em cheguei pela primeira vez, o dia em que renasci. Em minha perspectiva, avistei uma figura corajosa sentada na beira de um mastro horizontal, já fora dos limites da área. Se lhe faltasse equilíbrio, seria uma queda e tanto. Para minha surpresa, quando olhei com mais atenção, percebi que era Ashra.
— Pensando em se matar? — perguntei, me sentando ao seu lado.
— Já tentei. — disse ela, sem nenhum humor.
— Está falando sério?
— Sim. Eu pulei, morri. E logo depois eu estava de volta.
— Por quê?
— Curiosidade. Às vezes testo meus limites, já que não tenho nada a perder. — explicou, olhando sempre a frente.
— Não faça isso de novo.
— Tudo bem. E qual o seu motivo de vir para a beirada?
— Gosto desse lugar. Parece familiar, e a paisagem é linda.
— Têm razão.
E trazendo todo o barulho do mundo, Tyler aterrissa ao meu lado feito um meteoro.
— I-A-Ê! — soletrou ele com seu sorriso gigante.
— Oi, grandão. Quais as novas? — perguntei a ele, sorrindo de volta.
— Ah, nada demais. Fui no Correio, entreguei uns contratos… O de sempre. Agora estou aqui com vocês! O que estão fazendo de bom?
— Olhando a paisagem. Relaxar um pouco. — informei.
— Relaxar? — Era como se ele não soubesse o que é isso.
— Sim, relaxar. Parar às vezes e lembrar como se respira. — expliquei, segurando o riso.
— Interessante. Vou tentar.
E assim o improvável esquadrão se dispôs apenas a aproveitar aquele simples momento, em pleno silêncio, por cinco minutos.
— Até quando pretende relaxar?
Eu só pude rir.
— Acho que vou me matar. — sugeriu Ash.
— Pular? — perguntou Tyler.
— Sim, agora mesmo. Vamos?
— Demorou!
Eles se olharam entre si, e depois pra mim, ali, bem no meio deles.
— Não… — Ash agarrou meu braço — Não… — Tyler também. — Não!
Eles pularam, e me levaram junto. O que posso dizer que apenas fechei os olhos quando vi o chão ficando cada vez maior. Lembro de uma dor aguda seguida de pura escuridão. E de repente, eu estava de volta ao centro da Praça.
— Vocês são loucos! — talvez fosse gosto pelo perigo ou a morte em si, mas Ashra ria aos montes — Engraçadinha.
Tyler apenas se contorcia no chão, rindo como uma hiena, chamando a atenção até do Viajante.
— Ai, ai. Isso sim é relaxar.
— Eu não vi graça nenhuma. — comentou Fantasma, indignado. — Sabiam que já temos uma tarefa a cumprir?
— Já? — perguntei. Até que eu estava… relaxada.
— Sim, eu andei lendo os registros do Criptoarque em busca de algo sobre o Templo de Crota. Escuta essa:
“Há muito tempo, a Lua caiu para Crota. Ele empunhava uma espada tão sombria que drenava qualquer luz que tocava. Agora, Crota dorme, mas a espada não. Os Arcanos acreditam que a espada esteja numa câmara, guardada pelos Príncipes do Enxame. Se você os enfrentar e roubar a espada, poderemos garantir que ela nunca mais seja empunhada.”
— A Espada de Crota? Ouvi algumas vezes sobre ele. — comentei.
— Ele é só o deus-cavaleiro colossal que andou no regolito sob um céu de fogo verde e dizimou o melhor exército de Guardiões já reunido. — explicou Tyler. — Digo só uma coisa. Quando ele acordar, eu serei o Guardião que o fará dormir para sempre.
— Vamos pegar essa espada então — sugeri — Só para garantir.
Partimos para Lua, pela terceira vez. E com certeza ainda haveriam muitas empreitadas nesse lugar.
— O único jeito de destruir a espada é matando os seus forjadores, os Príncipes do Enxame. São lendas terríveis. Foi sua vontade que forjou a Espada de Crota, uma arma feita para destruir mundos: a Grande Destruidora da Luz; a Lâmina Mais Negra. Eles têm aguardado pelo retorno de seu mestre nas sombras da Boca do Inferno, guardando a Espada e saciando sua fome voraz com a Luz de Guardiões que se atreveram a desafiá-los. Diz-se que um deles guarda um local ritualístico perto da Boca do Inferno. Vamos desafiá-lo primeiro.
Montamos em nossos Pardais, saindo da Linha do Arqueiro e seguindo para oeste.
— Corrida até o inferno? — desafio Tyler.
— Porque eu teria pressa de chegar lá? — perguntei rindo.
— Eu topo. — Ashra já estava pronta.
— Ok. No três. Três! — e o Titã foi o primeiro a largar.
Nessa hora eu lembrei que meu Pardal era o básico do mais básico. Eu vi meu esquadrão sumir aos poucos, e eu ficando para trás. Ali decidi que encontraria um veículo no mínimo decente.
Era uma área diferente. Serpenteamos as estradas brancas da Lua até cruzar uma passagem mais estreita, e se deparar com uma ampla visão, da Boca do Inferno. Um buraco gigante feito com a engenharia peculiar da Colmeia.
— O local do ritual é adiante. — informou Fantasma.
Ash e Tyler estavam logo abaixo, me esperando. Eles me olharam como se estivessem há uma vida ali.
— Sem comentários. — minhas únicas palavras. Já não bastava minha armadura, agora meu Pardal era algo a se envergonhar.
Demos a volta naquela cratera horrenda, pelo flanco direito, onde encontramos mais abaixo uma espécie de poste luminoso, com colunas irregulares em volta, formando um perfeito círculo ritualístico.
— É aqui que o encontraremos. — indicou Fantasma.
— Estamos prontos. — declarei.
Acólitos saíram de um dos milhares de buracos que a Lua tinha, seguidos de um dos Príncipes.
— É ele. Banuk, Príncipe de Ur. — informou Fantasma.
Uma longa rajada de tiros caiu sobre ele. Banuk andava para todos os lados e revidava com tiros pesados do seu Ferrão.
— Arma boa essa que ele tem! — disse Tyler, quase levando um tiro em cheio. — Quero uma!
— Dizem que esta devastadora arma de arco contém um fragmento de algum corpo celestial morto. Ela arremessa tiros de estrelas ígneas apodrecidas e é tanto uma arma tática ruinosa como um instrumento de cerco. — explicou Fantasma.
— Ok. Não quero mais!
E o primeiro Príncipe finalmente caiu nas terras esbranquiçadas da Lua.
— Um a menos, eu nos levo aos demais.
— Ok, Fantasma. Pessoal, vamos indo. — chamei a todos e já saí com o Pardal, para que não ficasse para trás novamente.
Agora entraríamos nas profundezas novamente, e um novo local. A câmara onde estaria a espada do temido Crota, Príncipes do Enxame e tudo mais que poderia estar com eles.
Logo na entrada Acólitos guardavam perímetro. Nossa passagem era guardada por colunas e barricadas, que só seriam ultrapassadas após um pequeno confronto. Adentramos o que poderíamos chamar de edifício subterrâneo. Deparamos com dois Cavaleiros ao descer algumas escadas, deixando cada vez mais claro a proteção daquele lugar. Em certos momentos me pegava pensando o quão maior era o número da Colmeia diante de nós, Guardiões.
—Não quero perturbar ninguém, mas estou rastreando a Espada pela Luz dos Guardiões que ela matou. Está logo mais abaixo. Estamos entrando na Sala dos Portões.
— Ok, vamos indo. — orientei.
Mais baixas ocorreram até descermos até a câmara onde o objetivo estava. Um mundo inteiro se escondia na escuridão lunar.
— A Espada está por perto. Posso sentir seu poder.
Notaram nossa presença logo quando cruzamos a última porta. Escravos comuns e Amaldiçoados vieram aos montes. Acólitos atiravam de trás. Todos ao redor do centro da Câmara, e lá estava ela.
— Está ali! Vamos limpar a área! — dizia Tyler, atirando para todos os lados.
Mais próximo da relíquia, haviam Feiticeiras de prontidão. Ashra eliminou uma, e eu, outra. Tudo limpo. Nos reunimos em volta da espada. Ela flutuava a alguns centímetros do chão, em posição vertical, irradiando uma luz estranha, que facilmente mostrava o quanto era poderosa. Seu formato era de uma espada, mas era deformada, como se fosse feita de ossos. Com uma lâmina bruta, buracos em pontos aleatórios, e tinha um tamanho desproporcional ao seu punho, como se tivesse o peso do universo.
— Vamos pegar a espada. Isso deve atraí-los. — sugeriu Fantasma.
— Tyler… — olhei para o nosso Titã. — Quer fazer as honras?
Ele olhou pra mim, e podia jurar que os olhos dele brilhavam. Olhou pra Ashra e ela só estendeu a mão como quem diz “vai logo”. Se aproximou com calma, estendeu a mão, e a pegou.
— Uau. — disse ele — E é mais leve do que aparenta.
— Cuidado. O poder é sombrio. — informou Fantasma. Uma névoa obscura ainda saía da espada, mesmo em suas mãos.
— Ok.
Os gritos da Colmeia voltavam a tomar conta do lugar.
— Tyler, cuide dos Príncipes. Nós cuidamos do restante.
Nos posicionamos, e esperamos a primeira onda de inimigos.
— Muito movimento ao nosso redor! Os Príncipes do Enxame estão vindo pela Espada. — Fantasma parecia apreensivo.
Eu e Ashra cobrimos os lados de Tyler, e quando o primeiro chegou, ele foi ao encontro dele, bater de frente. Ele pulou, colocou a espada acima da cabeça com as duas mãos, e a desceu com todas as forças. Uma onda de poder percorreu o chão até chegar no Príncipe, que recebeu um golpe quase que fatal.
— Eu devia ter pego — resmungou Ash, arrependida por perder essa oportunidade.
— Não antes de mim! — retruquei. Um dia eu teria uma espada, ainda mais poderosa que esta.
E com um golpe de uma mão, Garok, Príncipe de Xol, caiu.
— Quem é o próximo? — Tyler estava radiante.
A nova leva de inimigos foi maior dessa vez. Estávamos fazendo muito barulho. Tentávamos manter a arena segura para o combate principal. O segundo foi Dakoor, Príncipe de Yul. Tyler não poupou esforços para derrotá-lo rapidamente. Uma aura vermelha emanava deles quando pareciam estar fracos, ou enfurecidos, o que os faziam tentar avançar sobre ele, talvez por ira, ou último recurso. Mas nada era páreo para a Espada de Crota. Nem mesmo Guardiões foram.
E por último, mas não menos importante, veio Merok, Príncipe de Eir. Fantasma que veio me contar esses nomes depois. Se eu ouvisse esses nomes sem nunca vê-los, diria até que eram de uma realeza culta e apresentável. O restante dos inimigos já haviam sido eliminados, então eu e Ashra assistimos esse combate de camarote.
Dando-se conta de era invencível, naquele caso, Tyler praticamente fazia Merok o perseguir, como o predador e sua presa. Mas nessa história, a presa era o bicho maior.
— Acaba logo com isso, Tyler! — Ash já estava impaciente.
Eu sentei.
— Tá bom, sua invejosa. — e num corte da cabeça aos pés, o último Príncipe do Enxame foi desintegrado pelos ares, pela própria Espada que protegia, e ela mesma deu seu último golpe. Após uma reverência de um gladiador para o seu público, Tyler pôs os punhos na cintura, como Lorde Shaxx.
— A Espada… ela já era. Nós matamos todos eles. Dizem que foi uma das armas mais poderosas que a Colmeia já empunhou contra nós. Os Criptoarques não vão acreditar. — comentou Fantasma, satisfeito.
— Um passo mais perto da vitória. — joguei uma indireta para Ashra.
— Guardiões. — Ikora no comunicador. Por que isso não parecia bom? — Vocês estão bem?
— Sim Ikora! Estamos — relatou Fantasma — A terrível Espada de Crota foi destruída.
— Fico feliz em saber, porém sinto em dizer que nossa luta está longe do fim. Preciso que venham reabastecer forças e munições, pois há uma outra arma da Colmeia, uma criatura abominável que precisamos eliminar, antes que seja lançada sobre nós.
— Estamos a caminho. — respondeu Fantasma, sua satisfação se fora.
O silêncio pesou sobre nós.
— O que dizia mesmo? Sobre uma vitória mais próxima? — Ashra cruzou os braços, me perguntando com o tom mais sarcástico que tinha, quase que fazendo uma piada.
— Ela está mais perto, só não parece agora. — não dei o braço a torcer.
— Tranquilo gente. Esse monstro não vai ser pior do que essa Espada vai? — Tyler ainda era otimista.
— Acontece... — comentei — ...que a Espada não estava sendo empunhada. Essa arma é viva, e estará esperando por nós.
Tyler abaixou a cabeça, pensativo, e em uma tensão que não era esperada, nos retiramos e voltamos à Torre para nossa próxima batalha, de uma guerra que parecia não ter fim.
Autor(a): spotplay
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
As idas e vindas da Torre costumavam ser cheias de energia e otimismo. Talvez fosse por Tyler sempre estar por perto saltitando, contando suas façanhas, e agora, ele estava se arrastando. — A realidade não cai bem pra ele. — comentou Ash. — Esse nível de humor é seu. — observei, rindo. — Exatamente. — ...
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