Fanfic: A Luz de Khiva | Tema: Destiny
Um novo planeta, uma nova raça, um novo inimigo. Bom, tudo isso era novo, pelo menos pra mim que renasci há pouco tempo sem lembrar ou saber de nada a respeito da causa pela qual luto. Acordar e descobrir que você está no meio de uma guerra deve ser muito comum hoje em dia. Eu circulava pela Torre às vezes e pensava o que se passava na vida de cada Guardião ali presente. Será que lutam cegamente sem questionar nada? Será que eles sentem medo? Será que para alguns deles tudo se trata apenas de descobrir quem é o mais forte? Será que alguns deles já pensaram em… mudar de lado?
— Todos muito diferentes, não? — pulei com Fantasma do meu lado. — Não se acostumou ainda? Eu sempre estou aqui.
— Estava distraída pensando. — continuava olhando em volta. São todos muitos distintos mesmo. Apesar de estarem com armaduras e tarefas diferentes, acredito que seja pelo mesmo propósito.
— Espero que sim.
— E tem como não ser?
— Livre arbítrio. Todos esses Guardiões ressuscitaram e podem fazer o que bem entenderem de suas vidas. Até mesmo os Fantasmas podem.
— Isso já aconteceu?
— O quê?
— Deixarem o Viajante?
Fantasma baixou o olhar e silêncio o perfurou.
— Sim. Há muito tempo.
— O que houve?
— A ambição, Khiva, é uma arma mortal em qualquer era. Vingança e tantos outros sentimentos sombrios. Uma dose a mais, e tudo pode estar perdido. Eu prefiro… não falar sobre isso aqui tão perto do Viajante. Digamos que ele também não se agrada disso. — Fantasma parecia se encolher de desconforto, se é que isso era possível.
Ambição com certeza seria por mais poder. Vingança… do que um Guardião se vingaria que não fosse pelo Viajante e a última Cidade? O que seria tão macabro que não poderia ser citado em sua presença?
— Temos que voltar à Baía Meridiana, na Cidade Enterrada. — disse Fantasma, mudando de assunto, e ainda em tom preocupante. Fez um som como se limpasse a garganta. — O Porta-Voz está agradecido pela nossa conquista na Zona de Exclusão. Recebi mais um de seus recados:
“Romper a Zona de Exclusão nos traz um passo mais perto do Jardim e nos dá acesso à Liberpole, um triunfo da civilização da Era Dourada. Mas devo alertar-lhe novamente sobre as táticas dos Despertos. Eles veem a todos nós como brinquedos de alguma piada cósmica.”
— E parece que os Criptoarques estão bem curiosos sobre essa área de Marte. Escuta só:
“Por anos, os Criptoarques têm esperado para atravessar a Zona de Exclusão e descobrir o que resta naquela cidade enterrada. Dizem que Liberpole foi o local de nascimento de maravilhas tecnológicas. Não podemos deixar os Cabais destruírem-na. Eu queria poder caminhar nos corredores de Clovis Bray. Perder as máquinas para Rasputin foi algo infeliz, mas ainda temos acesso a tanta coisa que pensamos ter perdido. Este é o amanhecer de uma nova era para nós.”
— Vindo diretamente de Mestre Rahool. — completou Fantasma.
— Esses Criptoarques não gostam de sujar as mãos, né? — resmungava Tyler, chegando na conversa, fazendo gesto de limpeza com as mãos.
— São nerds. A diferença deles para os Arcanos é só a nerdice feita em campo. — explicou Ashra, dando um risinho diretamente pra mim.
— Sei. —levantei uma sobrancelha. Não posso discordar já que estou louca para encher Fantasma de perguntas. — Estamos de saída então?
— Fazer o que né? — disse o Titã — Vamos voltar àquele planeta esquisito. — Ele começou a andar em direção ao Hangar. — Aliás, quando tudo isso acabar, vamos competir em uma partida de Crisol.
— Isso foi um convite? — perguntei.
— Foi uma intimação. Já nos inscrevi, ha ha! — ele gargalhava — E Shaxx não gosta de desistentes. Vamos nós três juntinhos!
Enquanto Tyler discursava, notei um grupo passando por perto. Um deles, um Titã vestido em uma armadura bruta e escura com panos em trapos no pescoço e cintura, passou o encarando de uma tal forma como se o odiasse plenamente. Era um Exo. Seu rosto era negro como sua armadura, e seus olhos, assim como sua pintura de guerra em sua face, eram vermelhos. Ele não me viu o observando.
— Vejo que tem muitos fãs. — Ashra também o notou.
Tyler se virou e cumprimentou o Guardião.
— E aí, Syron?
O semblante do Exo que havíamos visto se transformou na criatura mais simpática do universo, o que me deu um frio na espinha.
— Tyler, o demolidor! — eles fizeram um cumprimento único com as mãos como se fossem amigos a tempos. Eu e Ashra trocamos olhares. — como vai essa força?
— Sempre ótima! Pronto para a próxima partida?
— Tô indo pra uma agora. Vou sentir sua falta lá! Vê se aparece! — ele lhe deu um tapa no ombro e saiu com o seu esquadrão, que já estava longe.
— Quem é esse? — perguntei.
— Syron? Ah a gente vive brigando no Crisol. Ele é bem forte e determinado também assim como eu! Mas a diferença é que eu sempre ganho. — voltou a rir como sempre.
— Imagino que ele não deva gostar de perder tanto. — Ashra cruzou os braços. Nos olhamos como se conversássemos sobre algo que Tyler talvez fosse muito ingênuo para entender.
— Gente… — explicou ele — … No Crisol não há espaço para rancor. Não é nada pessoal. É time contra time e, depois que termina, todos são amigos novamente. O objetivo lá antes de tudo é superar a si mesmo.
— Espero que ele também pense assim. — outro calafrio me correu quando lembrei das palavras de Fantasma sobre ambição e vingança… Que não seja dessa vez. — Vamos nessa.
Tentei esquecer aquele momento um instante. De preferência pelo resto da missão. Enfrentaríamos os Cabais novamente e agora eles sabiam sobre o primeiro confronto que causamos.
No Deserto, as arestas das dunas se desfaziam aos poucos com o vento. Bem ao longe notava-se movimentação, mas por enquanto ali no posto estava tudo bem.
— Os Cabais poderiam ter destruído a cidade inteira. Se não a derrubaram, devem ter encontrado algo de valor. Devemos seguí-los. Vamos ver o que estão procurando. — disse Fantasma.
Todo esquadrão partiu em Pardais em direção a cidade, indo a noroeste pela estrada vermelha de Marte. Ela atravessou ruínas em uma descida íngreme, tanto que chegamos em um lugar chamado de “A Cova”. A baixada de Marte repleta de prédios abandonados, assim como no Cosmódromo foram tomados por Decaídos, agora eram visitados por Cabais.
— Vou procurar por transmissões Cabais. — já havia alguns guardando instalações próximas, como se protegessem um tesouro. — Consegui algo. Está dentro do prédio 5.
E era nesse mesmo local onde estavam os inimigos. Conforme avançávamos e subíamos largas levas de escada, derrubávamos vários grupos de Legionários. E adentrando o prédios, os inimigos subiam de patente. Falanges e seus escudos quase, apenas quase impenetráveis. Até um Centurião imperial cruzou nosso caminho. Estávamos chegando perto.
— Tem uma transmissão ativa com a base deles aqui. Deixe-me ouvir. — Tyler deu uma joelhada no Centurião que chegou a jogá-lo longe, e Ashra o finalizou com um tiro de lança-foguetes. Uma conversa muito curta. Me aproximei de um aparelho semelhante ao do posto na Zona de Exclusão, e acionei o Fantasma. — Hm. Parece que os Cabais têm uma equipe de reconhecimento no alto do outro arranha-céu aqui. Devem ter encontrado algo interessante. Vamos dar uma olhada.
Dali mesmo planamos para a entrada do prédio ao lado, e começamos a descer antes de subir.
— Clovis Bray. Um centro de avanço científico. Defesa interplanetária, desenvolvimento de IA, pesquisas sobre o Viajante. Esse lugar pode ser uma mina de ouro. — comentava Fantasma.
Após atravessar estreitos e empoeirados corredores chegamos ao centro do edifício, para começar a subir. O lugar era chamado de Palácio das Areias. Talvez por ter um arranha-céu em Marte no meio das dunas mais vermelhas que se pode imaginar? Em sua época de funcionamento pleno, esse lugar devia mesmo ter sido incrível. Mesmo sendo tão alto, havia escada que desciam mais andares. Os corredores laterais abertos que davam passagem para outras salas. Imaginei por segundos aquele lugar cheio de estudiosos e descobertas. Entendo sem dúvidas o interesse dos Criptoarques. Imagino que os Cabais assim como todos os nossos inimigos estejam tentando estudar possíveis fraquezas do Viajante. Talvez até dominá-lo e usar a sua Luz para intenções nada nobres. Todos no universo sempre querem controlá-lo, não é mesmo?
— Por ali — disse Ashra. Iríamos para uma outra área para conseguir subir mais andares. Aquilo parecia ainda maior vendo de dentro.
Outro detalhe interessante é que, talvez pelo mesmo motivo, os Vex também estavam lá. Estavam guerreando entre si, como de costume. Por alguns passamos despercebidos, por outros tivemos de nos meter e derrubar os dois lados da batalha. E assim começamos a subir pela larga escadaria. Para alcançar alguns locais tivemos de saltar, pois pelo tempo e por possíveis confrontos, partes da construção se perderam. Um grupo de Psiônicos se posicionou no próximo andar. Eram muito bons em se esconder mas, Ashra não tinha muita paciência pra essa brincadeira.
— Querem brincar, não é? — ela sumiu em sua invisibilidade e apareceu atrás deles. Deixou que se virassem e a vissem, e só então ela deu um tiro na cabeça de cada um com seu canhão de mão.
— Uhuuul! — Tyler batia palmas como criança — Mandou bem! Agora me dá licença que aquele Centurião é meu.
O grande Cabal descia pelas escadas a qual íamos subir, deixando claro que teríamos que passar por ele antes. Tyler correu em sua direção com tanta determinação que parecia que ia lhe dar uma cabeçada, mas ao invés disso sacou sua escopeta, escorregou por entre as pernas do oponente e atirou. Imagino que isso deva ser tão ruim quanto. Já às costas dele, o Titã ainda o cutucou como se pra avisar sua posição, e quando seu inimigo voltou para encará-lo, levou um soco em cheio. Deu pra ver faíscas de arco serpenteando sua cabeça antes de cair.
— Prontinho! Podemos ir.
— Exibido. — bufou Ashra.
Continuamos a escalada.
— Estou recebendo atividades estranhas. Não são Cabais. Vamos continuar. — informou Fantasma. O que será agora?
Entrávamos então agora no Observatório Superior. Como grande parte do prédio ele tinha grandes vidro nas janelas. Todos com uma visão avermelhada da paisagem lá de forma. Estavam imundo, mas por incrível que pareça, inteiros.
— Olha… — Tyler reclamou — Ainda bem que não sou sedentário. Nunca vi tanto degrau num lugar só!
— Acho que estamos chegando! — incentivei — Só mais um pouco.
Fora o que ele mencionou ainda tinham mais Falanges no caminho, e um Cabal altamente armado que ainda não havíamos visto.
— Um Colosso. — Fantasma começou a explicar — O Colosso é o maior de todos os Cabais, equipado com armas pesadas e armadura praticamente impenetrável. Ele é a unidade de infantaria pesada mais devastadora da ordem de batalha da força Cabal.
Até suas ombreiras possuíam escamas reforçadas, e em suas mãos havia uma metralhadora proporcional ao seu tamanho. Penso se sua munição seguiria essa medida. Dei a cara a tapa para tentar o primeiro ataque. Atirei o quanto pude em sua cabeça, e ele devolveu o gesto. Mas ao que parece, a minha dor foi muito maior. Os tiros, mesmo sendo poucos, pareciam me atravessar. Se não fosse Tyler me puxar teria morrido ali mesmo.
— Arrumem cobertura. — aconselhei, tentando me recuperar — Mirem na cabeça e fiquem por perto.
Ashra se escondeu e preparou seu rifle. Tyler e eu nos dispersamos para outros locais. Ao primeiro tiro da Caçadora, a atenção do Cabal em nós dois foi perdida, e assim nos preparamos para atacar. Tyler foi para o meio do lugar bem de cara com o inimigo e lhe lançou um foguete. Ficou ali parado esperando bons resultados porém, após um leve cambaleio, o Colosso apontou uma das mãos para cima e não um, mas três foguetes teleguiados saíram de suas costas.
— Ops! — Tyler tentou correr para a cobertura mais próxima, mas um a um os foguetes lhe atingiram, e no último, ele caiu.
Mesmo sabendo que seriam ressuscitados, doía vê-los morrer. Algo em mim ardia com medo achando que aquela poderia ser a última morte deles. Uma sensação que espero que poucos sintam. Tivemos de deixá-lo ali mais um pouco, para eliminar o Cabal antes. Sua arma era verdadeiramente forte e sua carta secreta nas costa era ainda mais fatal. Eu e Ashra revezamos os tiros e a mira dele, até conseguir matá-lo. Os golpes que levamos, mesmo de raspão, coletavam gemidos agonizantes de dor.
— Ei, grandão? — enfim o acordamos.
— Quero uma arma daquela. — então sim, ele estava bem. Levantou e deu leves pulinhos para sacudir a poeira. — Vão precisar de muitos desses para me matar de vez! — e antes que falássemos qualquer coisa ele saiu correndo com um fuzil na mão.
— A energia dele me cansa. — comentou Ashra, rindo.
— Vamos tentar acompanhá-lo! — desafiei.
Quando o fizemos, ele já havia iniciado um combate com outro grupo de Cabais. Mas no meio deles estava um ainda mais poderoso que o Colosso.
— Aquele é Bracus Tha’aurn — dizia Fantasma — Parece notável entre comandantes Cabais por seu interesse nas glórias da Era Dourada. Ele só foi enfrentado na companhia dos Psiônicos, e por isso a Vanguarda tem razão para crer que ele mantém algum tipo de comando sobre eles.
— Tyler! — chamei. Ele me olhou e eu apenas afirmei com a cabeça, e ele já sabia do que se tratava. Podia até imaginar seus olhos brilhando.
Junto com Bracus haviam Falanges, Psiônicos, Legionários… Mas após o Punho do Caos de Tyler, não sobrou mais ninguém.
— Essa máquina… — Fantasma apontava para o centro do local. — Ela ainda está ativa! Deixe-me analisá-la. Vamos ver o que é. — eu o acionei na máquina ancestral. Então era isso a causa de todo esse alvoroço. — Essa IA já foi conectada à Inteligência Bélica de Marte… — O núcleo da máquina agora estava exposto para Fantasma analisar. — Rasputin. Ele a controla. Não consigo entrar. Os Cabais também não. Rasputin está por toda parte agora. Temos que encontrá-lo.
Tyler deitou no chão.
— Ah… Adoro concluir uma missão. Me sinto tão relaxado…
— Mesmo depois de morrer? — perguntou Ashra.
— Eu morri? Ah é mesmo. Depois que eu volto eu nem percebo mais que estive morto. Bola pra frente! — ele abria os braços e pernas como se tentasse fazer um anjo na poeira vermelha de Marte.
Resolvi sentar um pouco.
— Estamos quase lá, pessoal — comentei. E por alguns minutos respiramos fundo em silêncio para descansar antes da nossa viagem pra casa.
Autor(a): spotplay
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).