Fanfic: A Dor que Habita em Mim | Tema: Vondy

Ergo a mão, desejando tocar em seu rosto e é nesse exato momento que ela resolve se afastar.
- Te encontro na lanchonete às 19:00. - avisa, se virando para entrar.
Franzo a testa, tendo a leve impressão de ouvir sua voz embargada.
Faço menção de segurar seu braço e como se soubesse disso, Dulce o puxa com rapidez, em estado de choque.
- Não me toque. - quase grita.
- Por que não posso te buscar aqui? - revido no mesmo tom.
Novamente sinto a raiva querendo me dominar. Merda.
Sem me lançar mais nenhum olhar, ela alcança a maçaneta e abre a porta.
- Só faça o que estou te pedindo. - declara. - Boa tarde, Christopher.
Vou acabar enlouquecendo.
Me viro na cama dezenas de vezes, até chegar a conclusão de que não conseguiria dormir.
Dulce não saia da minha cabeça e nosso encontro também não. A cada segundo que se passava, minha ansiedade aumentava.
Pego meu celular, cagando para o horário e no sexto toque sou atendido.
- Mas que porra, cara. - Pablo rosna. - São duas e meia da manhã.
Decido ignorar seu mal humor, indo direto ao assunto.
- Eu consegui.
- Conseguiu o que, filho da puta?
- Dulce aceitou sair comigo amanhã.
Sorrio, constatando o quanto era bom dizer isso.
Uma longa pausa ocorre e em seguida um xingamento.
- Hoje seu arrombado. - me corrige, ainda com raiva.
Acabo rindo de sua fala, achando graça.
- Sim, Pablo. Hoje.
- Ótimo. Agora que já me contou sobre seu tão esperado encontro. - faz voz de menininha. - Me deixa dormir, caralho.
Gargalho alto, desligando o telefone.
- Agora sim, eu posso dormir.
Pela primeira vez em muitos anos, acordo me sentindo animado.
Talvez o fato de não ter precisado tomar os remédios para dormir, tenha colaborado.
- Bom dia, Sara. - digo.
Entro na cozinha com um sorriso no rosto, indo direto para a geladeira.
- Bom dia, Christopher.
Ela me olha sem disfarçar a surpresa pelo meu bom humor.
Sara era nossa cozinheira a pouco mais de um ano. Não que fizesse diferença.
Victor trocava de empregada sempre que algo não lhe agradava.
Pego um copo de suco, indo me sentar a mesa.
- Você está bem? - questiona.
Me inclino sobre a mesa para pegar um torrada e simplesmente dou de ombros.
- Por que não estaria?
Passo um pouco de geleia sobre a torrada, tomando um gole de suco.
- Por nada.
- Tenho companhia para hoje a noite. - aviso, sorridente. - Prepare algo leve e gostoso, por favor.
- Os garotos? - pergunta com curiosidade.
- Uma garota, apenas. - dou de ombros. - A garota.