Fanfic: A Dor que Habita em Mim | Tema: Vondy

Ele parecia transtornado do lado de fora do carro.
Antes que eu consiga assimilar a cena a minha frente, seu irmão se inclina e tenta abrir a porta.
- Eu mandei sair. - repete, em um rosnado nada agradável.
Dulce estava aterrorizada, simplesmente em pânico.
- Destrave a porta, Christopher. - exige, quase gritando.
Céus. Ela estava tremendo.
- Se acalme. - peço.
Tudo estava embaralhado na minha cabeça. Muitas emoções para um curto período de tempo e eu não conseguia mais raciocinar.
Destravo a porta e antes que eu possa respirar, seu irmão a abre, bufando de raiva.
Qual era o problema daquele cara?
- Eu devia te matar. - afirma, apontando o dedo na direção dela. - Devia matar vocês dois.
Mas que porra era essa?
Minha ficha só caiu realmente, quando observei ele esticar as mãos e agarrar o braço dela, a puxando para fora do carro.
- Alfonso, por favor. - Dulce tenta amenizar sua fúria. - Não estávamos fazendo nada. Eu juro.
Pela primeira vez, sinto o terror em sua voz. Ela chorava e soluçava sem parar, morrendo de medo.
Merda. Será que ele batia nela? Mas nem fodendo.
Abro a porta ao meu lado e saio, pronto para enfrentar aquele filho da puta.
- Não que seja da sua conta, mas ela está dizendo a verdade. - declaro, me aproximando ainda mais. - E pode acreditar, estou tão puto quanto você.
Quando estou frente a frente com ele, não me restam mais dúvidas de que os medos de Dulce não eram infundados.
Se minha mente não estivesse tão fodida agora, eu poderia acreditar que tudo isso se tratava de um namorado surtado de ciúmes.
Alfonso me olha pronto para me atacar, com uma fúria intensa transbordando de seus olhos.
Um alerta ecoa na minha cabeça.
Não quero deixá-la sozinha com ele.
- Me espere lá dentro. - ordena.
Vejo Dulce vacilar e entrar em conflito se deve ir ou não, mas estava com muito medo para discutir.
- Eu sinto muito, Christopher. - suspira, desolada. - Adeus.
Me lançando um último olhar triste e cheio de lágrimas, ela se vira e começa sua caminhada até a casa.
Faço questão de encarar cada passo seu, como se fosse a última vez.
Puta que pariu. Eu não podia deixar que fosse a última vez. De jeito nenhum.
- Vou deixar uma coisa bem clara. - o escuto dizer e volto a encarar seu rosto. - E esse será meu último aviso.
Dando um passo a frente e me peitando descaradamente, sua voz sai controlada e possessiva.
- Vou passar por cima de qualquer um que cruzar o meu caminho.
Dessa vez, havia sido uma ameaça.
Fico em estado de choque, apenas vendo o irmão de Dulce me dando as costas.
Uma sensação horrível invade meu peito assim que uma hipótese nojenta surge na minha cabeça.
Não podia ser. Não mesmo.