Fanfic: A Dor que Habita em Mim | Tema: Vondy

Desde sempre minhas noites de sono tem sido péssimas, mas depois que conheci Dulce, tudo parecia ainda pior.
Eu detestava os domingos.
Eram chatos e silenciosos demais para uma pessoa tão atormentada quanto eu.
Passo o dia inteiro trancado no quarto, aguardando que mais uma semana começasse.
- Eai, cara? - Christian me olha maliciosamente, assim que chego ao colégio, em plena segunda-feira.
Eu não estava com saco para isso. Só queria esquecer o final desastroso do meu encontro com Dulce.
- Comeu? - Pablo vai direto ao ponto, sem disfarçar sua curiosidade. - Te liguei milhares de vezes ontem e nada de você atender.
Nego com a cabeça, suspirando.
Só de lembrar do desespero dela, minha vontade era de chorar.
- Foi uma merda. - admito, derrotado. - Deu tudo errado.
Decido omitir a parte do desabafo, ninguém precisava saber.
Aquele momento seria apenas meu e de Dulce para sempre.
- Ela não me deu brecha alguma e por muito pouco eu não perdi a cabeça.
Mesmo com as palavras reconfortantes de Dulce, eu ainda me sentia um lixo.
- Você bateu nela? - Christian se atreve a perguntar.
A voz baixa não é capaz de amenizar o meu choque ao ouvir aquilo.
Viro meu olhar para ele no mesmo instante, enquanto meu coração erra um batida.
- Que caralho você disse? - questiono, em um breve sussurro.
Ele engole em seco e o silêncio de Pablo demonstra que teve o mesmo pensamento.
- Todo mundo sabe que você não consegue se controlar. - dá de ombros, como se aquilo explicasse tudo.
Filho da puta.
Ando até ele lentamente, sentindo o sangue ferver em minhas veias, querendo matar.
- Relaxa, Christopher. - Pablo me toca no braço, tentando me acalmar.
- Eu jamais bateria em uma mulher.
Minha afirmação ecoa como um rosnado, dura e cortante.
Depois daquela situação de merda, não falei mais com garotos o dia todo.
Dulce tinha faltado, constato após procurar por ela na biblioteca e no refeitório.
Perfeito. Será que dava para piorar?
- Christopher? - ouço uma voz feminina me chamando.
É claro que dava.
Reviro os olhos, sem paciência nenhuma para fingir ser simpático.
Paro de andar, mas não me viro.
- É verdade que está saindo com aquela garota? - Anahí pergunta, se posicionando em minha frente.
Só podia ser brincadeira.
Fecho os olhos e respiro fundo, indignado com a cara de pau.
- Não é da sua conta.
Minha paciência estava por um fio.
- Aquele dia no refeitório, achei que estivesse brincando. - ela solta um riso nervoso.
- É só isso, Anahí?
- Por que não me ligou mais? - franze a testa, aguardando minha resposta.
O questionamento me faz refletir automaticamente.
A última vez tinha sido dois dias antes de conhecer Dulce e depois disso, Anahí nunca mais esteve no meu pensamento.
Depois de Dulce nenhuma parecia boa o suficiente.
Soube disso no momento em que me fez ir até sua casa por um único encontro.
Talvez fossem seus olhos, tão lindos, sofridos e ao mesmo tempo familiares. Ou a forma com que me desperta e mexe com a minha cabeça.
Sem contar nosso momento no carro, absurdamente surreal e onde pude sentir meu coração em perigo.
- Christopher? - Anahí estala os dedos em frente aos meus olhos.
- O que? - nego com a cabeça, saindo dos meus próprios questionamentos.
Por que eu ainda estava conversando com ela, meu Deus?
- Eu preciso ir.
Dou a volta nela e continuo meu caminho, sem me importar com sua reação.
Tinha que encontrar com Dulce o quanto antes, só assim para poder consertar a nossa situação.