Fanfics Brasil - VII - Ignávia Fugaz Filha do Mar

Fanfic: Filha do Mar | Tema: Percy Jackson


Capítulo: VII - Ignávia Fugaz

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Seis horas se passaram e Percy passava a ficar impaciente. Ele considerava todas as hipóteses mais assustadoras possíveis. Sabia que não era normal algo assim acontecer. Jamais vira nada parecido.


- Você precisa se manter calmo, Percy - Resmungou Nico, que estava sentado às escadas da enfermaria do Acampamento. Ele possuía olheiras profundas e carregava um olhar preocupado. - Você está deixando todos ensopados - concluiu apontando para si mesmo, que estava molhado como se estivesse em uma garoa fraca.


- Mas ela... - Percy sentou-se por fim, enfiando o rosto entre os joelhos dobrados.


- Tenha um pouco de dignidade, cria do mar - repreendeu Murilo, com sua expressão perfeitamente rígida e livre de qualquer sentimento. - Ela é muito forte, vai sobreviver - Suas palavras pareciam direcionadas mais a si mesmo do que ao garoto.


- Nico! - Quíron veio trotando. - Vim assim que pude. O que hou... - Ele notou a presença do Guardião e fez uma reverência. - O que houve, Guardião?


- Ela desmaiou apenas, pode entrar - sussurrou rudemente Murilo, aceitando a reverência.


- O que vocês estão fazendo aqui? - Mel desceu as escadas vagarosamente. - Achei que mandei todos para a Casa Grande, ou estou enganada? - ela se dirigiu ao Murilo.


- Sinto muito, milady, mas você parecia mal...


- Não quero desculpas! - cortou arrogante. - Vamos, antes que percamos mais tempo - Ela olhou para Nico, estendendo a mão. Este aceitou a ajuda e levantou-se. - Quíron - disse como num cumprimento. - Andem logo vocês três!


***


- Fiquem calmos, por favor. Eu apenas tive um momento de fraqueza - proclamou-se Melanie, adentrando a Casa Grande. - Dionísio - o deus fez uma reverência à garota e voltou a observar suas cartas. - Vamos começar a reunião.


Percy e Nico se sentaram em um canto ao fundo da sala, observando a organização que aqueles meio-sangues estranhos possuiam. Ele tinham auras e semblantes perfeitamente equilibrados. Os olhares pareciam velhos demais para seus corpos jovens, mas sua disposição combinava devidamente.


- Senhora, o que houve desta vez? - indagou uma garota que cobria o cabelo e parte do rosto com um véu roxo.


- Por enquanto, não sabemos. Reunirei uma pequena equipe para investigar mais a fundo - Ela se sentou na cadeira central, completamente ereta. - Deem-me seu relatório.


- Não há nada de novo ao Sul, mas existe uma grande comoção vinda do Submundo por lá. Os monstros tem escapado cada vez em maior escala do Tártaro, mas eles nunca ficam por muito tempo, eles costumam fugir pro Leste - Pronunciou-se um garoto moreno com aparência similar a dos egípcios.


- Os deuses têm se comunicado bastante conosco no oeste, como nota... Mas eles parecem estar com hesitações pouco usuais - Prosseguiu uma garota de um olho verde e outro cinzento.


- Ao norte não há revoltas, foram extinguidas, mas acho que muito facilmente - disse Nath, a semideusa com marcas pelos braços e rosto.


- Do noroeste ao nordeste há algumas comoções dos deuses menores, eles vêm ficando rebeldes com o tempo. Estão difíceis de controlar - disse uma garota que, peculiarmente, trajava uma capa de seda preta.


- O clima está ficando cada vez mais estático no leste. Temos recebido muitos monstros ultimamente, quase não conseguimos evitar acidentes com mortais - acrescentou a garota de cabelos brancos.


- Os monstros chegam e vão com muita frequência, realmente, mas algo está acontecendo com alguns mortais. Eles têm desaparecido e agido de maneira estranha - concluiu Izzy.


- Entendo... - Sussurrou Melanie, pensativa. Ela entendia o que precisava fazer, mas estava temerosa. "Se estes eventos estiverem conectados com os sumiços...", Pensou "Precisaremos agir logo". - Vocês retornarão logo, eu prometo. Murilo, envie uma mensagem para a comitiva de Caos e peça que substitua-os em seus postos por hora. Precisamos resolver um problema de cada vez... Quanto ao resto de vocês, por favor, aproveitem a hospitalidade dos campistas e reportem a mim possíveis recrutas. Vocês tem seis meses, dispensados. Comunicarei-me logo que conversar com Quíron.


Como um, todos os Guardiões se levantaram e saudaram sua líder com uma reverência uniforme, retirando-se conforme suas ordens, com excessão de Murilo.


- Senhora?


- Conversamos mais tarde, você pode ir fazer o que quiser - ele fez outra reverência e se retirou.


- Como vocês dois estão? Posso oferecer um chá? - ela sorriu para seus convidados.


- Claro, sinto falta da sua comida - brincou Nico, recebendo um olhar perplexo de Percy. - O quê? Ela morou com meu pai por um tempo e nós nos tornamos amigos...


- Não se preocupe, Nico. Ele não precisa saber de nada agora - disse Mel, enquanto terminava de despejar água quente em três canecas, banhando algumas especiarias com cheiro forte e adocicado. - Aqui, bebam.


Eles se juntaram à ela na mesa, enquanto Dionísio postava-se na outra ponta.


- O que é isso? Não sabia que os grandes Guardiões aceitavam ouvintes em suas reuniões - um brilho perigoso passou pelos olhos de Melanie com este comentário.


- Perdão? - ela o analisou, segurando sua caneca perto da boca. Por uma fração de segundos uma aura agourenta rodeou o deus sob olhar da semideusa, mas, tão logo que apareceu, sumiu. 


- Eu estou apenas curioso - respondeu o senhor D., sem nenhuma mudança em seu semblante.


- Hum... - Mel o encarou por mais meio segundo e tomou seu chá. - Eles são meus convidados, então não há problema.


- Claro, a grande poderosa líder tem todos seus desejos atendidos... - Ironia transbordava de suas palavras. - Por que não me faz um favor e me tira daqui?


- Você quer sua sentença reformulada por mim? - selvageria brilhava em seu olhos, e Percy observava boquiaberto, enquanto Nico apenas terminava seu chá, como se já tivesse presenciado cenas assim inúmeras vezes.


O diretor do Acampamento encolheu com a ameaça e retirou-se do recinto.


- Continua a mesma - riu baixo Nico.


- O que quer dizer com isso? - perguntou Mel, mais calorosamente agora.


- Sempre arranjando brigas grandes demais com seres importantes e tudo mais...


- Eu não sou assim, não - ela riu.


- Por que você só ri com ele? - interrompeu Percy.


- Como assim? - A garota o encarou, avaliando novamente as propriedades físicas de seu irmão e planejando novas rotinas de treinamento.


- Você só ri quando Nico está presente e ainda assim é fria.


- Hum... Tem razão - Ela o encarou e ele sentiu um arrepio em sua espinha, pensando que havia ultrapassado o limite novamente, tomou seu chá num gole só e desculpou-se


- Foi uma longa manhã, preciso ir para a Arena.


Melanie assentiu com a cabeça e ele se foi.


- Ele quer atenção, sabe? Se você continuar assim, vai perder todos da sua família - avisou Nico.


- Não que seja uma ideia ruim.


- É, se você diz - ele suspirou, cansado de repente da atitude dela. - Eu já vou também. Adeus - saiu sem esperar permissão.


- Você já pode sair, Quíron - Suspirou ela, recolhendo as canecas e lavando-as.


O centauro entrou na cozinha, que parecia pequena demais agora que ele estava lá. Ele encarou a garota, avaliando suas força e destreza. Ela parecia impecável e ele já não conhecia mais seus pontos fracos. Talvez já nem existissem mais, quem sabe, lá no fundo, estivessem reprimidos junto com a garota cheia de alegria de viver que conhecera.


- Sempre muito atenta aos detalhes, Mel.


- Nada menos do que o esperado de um comandante - respondeu com indiferença, enquanto examinava alguns pergaminhos que estavam em cima da mesa. - Temos alguns assuntos a tratar antes que eu me retire para o almoço - ela nem sequer olhava para Quíron.


- Claro - ele recostou-se como pôde na parede, atento às movimentações da garota. - Pode falar.


- Vamos começar pela profecia. Quero um grupo para ir comigo ao Submundo - ela sentou-se, tomando chá. - Não aceito um não como resposta, Quíron, não é um pedido.


- Como queira - respondeu impaciente.


- Não quero inimizades, mas sou autoridade e minha palavra é lei, então, compreenda-me. As vidas de todos estão em minhas mãos e não posso errar - Ela o encarou brevemente antes de prosseguir. - Meus semideuses tomarão postos de comando dentro do Acampamento, os quais determinarei e distribuirei. Você anunciará isso aos campistas. Dirá a eles, durante a fogueira, as novas regras de convivência que darei a você. Eles devem respeitar as normas ou serão punidos como elas preveem - Quíron assentiu, analítico. - Agora... Quanto aos sumiços e desistências, é exatamente disto que se trata toda essa movimentação dentro do acampamento. Precisamos ter certeza de nossas suspeitas antes de divulgá-la e tomarmos uma atitude. Em situações como esta, a pressa sempre acarreta em destruição em grandes escalas, e nós não queremos isto. 


- Tem certeza de que esta é a coisa certa?


- Quíron - agora ela o encarava com o olhar cansado, sua voz, carregada de todo o peso que sentia sobre si mesma. Não havia palavras que descrevessem a sombra crescente no fundo de sua alma. - Eu prometo que estou tentando fazer o que é melhor para todos. Contudo, com todos esses anos, nós dois sabemos que nada é certo. Jamais há uma escolha que não leve para coisas ruins. Todas são ruins, basta escolhermos a que não é tão ruim assim. Peço, como amiga, para que confie em mim.


- Eu confio - e confiava. De todo seu coração, confiava cegamente nesta garota imponente à sua frente. Ela a seguiria para o portão dos infernos, se preciso fosse. Ele só esperava que não chegasse a isso.


Ela se levantou e depositou a xícara na pia, encaminhando-se para a porta. No arco da saída, hesitou e sua mão agarrou a parede por um segundo.


- E mais uma coisa.


- Sim? - Quíron a olhou preocupado.


- A garota de Ares - ela levantou o olhar mais mortal que o centauro jamais vira. - Eu  punirei pela sua insolência. Os Guardiões não serão humilhados por uma garotinha fútil - após fuzilar com seu ódio os olhos pensativos de seu mentor, saiu quase que deslizando ao andar.


***


O almoço corria bem na mesa de Poseidon. Melanie sentou-se na ponta, como nos dias anteriores, e observava atentamente seus meio irmãos conversarem animadamente.


- Então você matou um leão com seu próprio dente?! - exclamou Percy.


- Sim! Dá pra acreditar? - respondeu animadamente Nath. - Eu quase morri e ganhei essa cicatriz aqui - ela puxou o cabelo para trás para revelar uma linha fina que acompanhava a curvatura da orelha, no limiar da raiz dos cabelos.


- Eles parecem se dar bem - comenta Murilo, que estava sentado à direita de Melanie.


- Parecem duas crianças - rebateu Mel. - Acho que é bom para eles.


- Como foi com Quíron?


- Em breve, Murilo. Permita-me terminar minha refeição - ela o fuzilou com o olhar, mostrado resquícios de ódio contido.


- Campistas e Guardiões! - pronunciou Dionísio. - Devo dizer a vocês que temos, para a tormenta de todos os meus dias, um anuncio de nossa queridíssima Malera! - Murilo levantou após Melanie e encaminhou-se em direção ao deus, junto da garota. Esta encarou friamente Dionísio, fazendo com que ele encolhesse um pouco ao sentar-se.


- É de conhecimento de todos presentes - começou ela. - que nós. Guardiões, temos bastante poder. Este poder não se resume no que podemos fazer, mas também abrange nossa posição hierárquica em nosso mundo - seu olhar curvou-se na direção de Dionísio. - Portanto, quando somos desrespeitados, os culpados devem sempre ser punidos. Na chegada dos meus guerreiros - ela começou a andar lentamente entre as mesas, com Murilo a alguns passos atrás, acompanhando-a. - houve um infeliz acidente, que ocasionou em machucados leves em um de meus pégasos. Compreende-se que todos aqui já passaram por situações de intrigas armadas recentemente, entretanto, devemos nos ater de que, em todas elas, houve autorização de fontes confiáveis - ela se curvou na direção de Quíron. -, o que não ocorreu desta vez. É realmente curioso quando nos questionamos o quanto queremos nos provar para nossos semelhantes. O quanto queremos dizer "Eu sou mais forte" ou "Eu sou um herói", concordam? - ela suspirou, demonstrando decepção. - Estes atos custam vidas. Sobretudo, vidas inocentes - ela apoiou a mão no encosto da cadeira de Clarisse. - Estes atos nos ofendem, senhorita La Rue. Você não pode esperar que eles fiquem impunes - Clarisse ficou vermelha e sua expressão, confusa.


- E-eu não sei do que está falando - sussurrou. - Meu pai jamais permitiria que você, uma cria imunda do mar, me punisse - resmungou levantando a voz e postando-se frente a frente com Melanie.


- Não seja insolente, Clarisse. Sua situação somente piorará - sussurrou suave e ameaçadoramente, Melanie, aproximando seu rosto da garota, de forma que somente ela escutasse. - Já que seu pai não permitiria que eu a punisse, um ser deplorável e desprovido de dotes, como você diz, senhorita La Rue, por que não o chamamos? - Clarisse riu baixo e Mel segurou com força colossal seu pulso. - Você se arrependerá, garota tola - cuspiu, puxando a garota em direção à praia, seguidas por todos os semideuses. - Eu, Melanie Saphyra Pérola Jackson, Comandante dos Guardiões Primordiais, convoco você, Ares, deus da guerra, filho de Zeus, deus dos deuses, e Hera, rainha do Olimpo!


O ar começou a crepitar e um vento violento balançou os cabelos de todos. O mar parecia ficar cada vez mais revoltado e escuro, refletindo os céus e toda a extensão que se podia fixar o olhar. Clarisse ficou assustada, mas manteve seu ar imponente, tentando fazer-se forte. Ela duvidava que aquela cria de Poseidon teria tamanho poder a ponto de convocar seu pai, um dos deuses mais fortes, senão o mais forte do Olimpo.


Aos poucos, tudo foi se acalmando, voltando a como estava antes. A areia fina que antes voava por todos os lugares, agora voltava a seu lugar no chão. Todos ouviram um apito ensurdecedor e tamparam os ouvidos, com exceção dos Guardiões. Quando o barulho cessou, lá estava Ares, parado em frente às duas garotas.


-Ora, ora, ora, se não é Melanie dos mares.


 



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Autor(a): beupaodequeijo

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- Ares - disse Melanie autoritariamente, enquanto este depositava um beijo em sua mão direita e fazia uma reverência. - A que devo esta honra? - os olhos do deus desviaram brevemente para Clarisse. - Sua filha passou dos limites - respondeu Murilo, postando-se ao lado de sua líder. - Ela precisa de disciplina. - Ora, como ousa dirigir-se a mim desta ma ...


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