Fanfic: Uma Rainha Para Nadezhda - Vondy | Tema: Adaptada

  Considerei uma vitória eu ter me controlado o suficiente para não ir resolver aliviar meu te*são no banheiro depois do meu encontro com a Srta. Saviñon na biblioteca, mas não consegui me concentrar no meu livro e dormir foi praticamente impossível.

Acordei tendo fechado os olhos por menos de quatro horas e já comecei a minha rotina que é praticamente a mesma de durante a semana. Saio da cama, como, faço meus exercícios físicos, tomo banho e sigo para o trabalho.

Costumo ter menos coisas para fazer no domingo, principalmente porque o restante das pessoas está de folga e não posso resolver questões que não dependem apenas de mim, mas ainda assim costumo trabalhar pelo menos um pouco.

Meu pai não fazia o mesmo que eu. Ele era a favor de fazermos o que pregamos e, se ele exigia que seus súditos tivessem um descanso semanal, ele também tinha que ter. Mas eu não sou o meu pai.

Eu não sei como ele era capaz de se organizar de tal forma que conseguisse fazer tudo o que precisava até sexta-feira e, depois disso, só voltava na segunda. Tudo bem que tenho conseguido trabalhar cada vez menos no final de semana, mas ainda assim não cheguei no mesmo nível que ele.

Espero atingir o nível do meu pai um dia. Eu gostaria de poder passar o fim de semana inteiro com a minha irmã, como ele fazia, mas, no momento, isso ainda é um plano futuro.

Cheguei no escritório antes das nove da manhã e ali fiquei até as três da tarde, quando tive que sair para o meu encontro com a Condessa de Cheremetev.

A Hulda realmente marcou um encontro por dia para mim e hoje vou levar a condessa para visitar os pacientes do hospital de base.

Como a família da condessa é uma das mais antigas da nobreza, imagino que ela nunca nem tenha colocado os pés em um hospital público. Essa é uma excelente oportunidade de ver como ela se comporta com os menos afortunados e, não somente isso, com aqueles que estão passando por tratamentos que, muitas vezes, são só paliativos para as doenças.

Minha ideia de levar a duquesa na casa de apoio ontem me pareceu boa para testar sua empatia, mas depois de ver onde a Hulda marcou o encontro de hoje, acho que fui muito bonzinho. No meu próximo encontro com a duquesa, vou pedir para a Hulda marcar em algum lugar como o hospital. Isso, claro, se a condessa não for o meu unicórnio, mas não estou contando com isso. A esperança é a última que morre, mas isso não significa que eu vou criar expectativas demais em um único encontro.

* * * 

Quando chego no hospital, me surpreendo com o fato de a condessa já estar lá dentro, conversando com uma das pacientes terminais de câncer. Um dos funcionários do hospital me leva até ela, mas eu paro na porta do quarto da UTI e observo o que está acontecendo.

– Não, Eni, hoje sou só eu. – A mulher que reconheço ser a condessa fala com a paciente do hospital.

– Que pena… Você sabe como sinto falta da sua irmã. – A voz da paciente é fraca, mas ela mantém um sorriso no rosto enquanto fala com a condessa.

A cena que presencio é completamente inesperada. Pelo que estou entendendo, a condessa conhece essa mulher.

– Eu sei, mas hoje eu vim à pedido do príncipe. É por isso que ela não me acompanhou.

– À pedido do príncipe?! – É nítida a empolgação no rosto da mulher, mas não posso dizer o mesmo da condessa. – Isso significa que você é uma das pretendentes, não é?

Infelizmente, minha condição atual de estar procurando uma esposa para poder me tornar rei é conhecida por todos. A Hulda inclusive me perguntou se eu gostaria de olhar os currículos que me foram enviados para isso, mas eu neguei.

Se eu já contratei uma especialista em casamentos reais, não tem por que eu ficar olhando currículos de quem está desesperada para se casar com ‘O Príncipe’. Se a própria Hulda não selecionou a mulher em questão, por que eu olharia um currículo que me foi enviado? Isso sem falar que você mandar um currículo para ‘concorrer’ à vaga de esposa do ‘Príncipe’ faz você parecer tudo, menos uma candidata em potencial.

– É… – A resposta da condessa me faz franzir a testa.

Tudo bem que eu não acho que me mandar o currículo seja a melhor das opções, mas eu imaginei que qualquer uma das minhas ‘candidatas’ ficaria feliz em se casar comigo.

A cara da condessa, no entanto, me faz repensar isso. Ela não parece animada com a perspectiva de se casar comigo.

– Que cara é essa, menina? – A mulher faz a mesma pergunta que estava se passando pela minha cabeça.

– Não é nada, Eni. Eu só… – Ela solta um suspiro e deixa os ombros caírem por dois segundos antes de voltar a se sentar com a postura impecável. – Eu nunca nem falei com ele, Eni. Não é exatamente o que eu esperava para o meu casamento.

A resposta dela me agrada. Eu também nunca tinha me imaginado buscando um casamento nessas condições, conhecendo mulheres novas para tentar achar uma noiva no meio delas.

O fato de que a condessa não está empolgada com a perspectiva de se casar com um desconhecido me agrada porque mostra que ela não liga para o meu título.

– Eu não esperava precisar de uma noiva em tão pouco tempo. – Me manifesto e as duas mulheres me olham de olhos arregalados, mas eu sorrio, tentando tranquilizá-las. – Mas não pretendo me casar com alguém de quem não gosto, por isso achei interessante marcar esse encontro para começar a nos conhecermos. Posso lhe garantir que, se eu chegar a te pedir em casamento, não vai ser hoje.

A condessa parece em dúvida se me leva na brincadeira ou não, mas a paciente, que percebi que se chama Eni, sorri para mim e fala:

– Vossa Alteza, que honra!

– Eni, não é mesmo? – Me dirijo à mulher, deixando a condessa absorver o fato de que eu a ouvi. Imagino que ela não tivesse isso como objetivo.

– Isso. Isso mesmo. – Ela sorri cada vez mais, o que me faz sorrir também.

– É um prazer conhecê-la.

– Oh! – Ela fica vermelha e meu sorriso aumenta ainda mais. – Eu… O prazer é meu, Vossa Alteza.

– Então a senhora conhece a condessa? – Me permito olhar para a mulher em questão, que parece já ter se recuperado.

– Sim, sim. Eu fui babá dela e da irmã. São meninas de ouro. A Vossa Alteza não poderia escolher noiva melhor que a minha Natasha.

– Eni! – A condessa ruboriza, mas permanece de costas erguidas. – Desculpe a audácia da Eni, Vossa Alteza. Ela sabe que não sou sua noiva.

– Ainda! – A mulher coloca, o que faz com que eu ria e que a condessa balance a cabeça e fique ainda mais vermelha.

– Já que a senhora parece à favor da minha união com a condessa, por favor, me conte mais sobre ela. – Me sento em uma das cadeiras de plástico que tem no quarto e fico confortável.

A condessa começa a se acostumar comigo depois de alguns minutos e, quando finalmente saímos do quarto da Eni para visitar os demais pacientes.

Me sinto mais confortável ao lado da Natasha do que eu jamais esperei me sentir. E, se eu consegui ler bem as nossas interações, acho que ela se sentiu da mesma forma.