Fanfic: Uma Rainha Para Nadezhda - Vondy | Tema: Adaptada
A Srta. Dulce parece desconfortável. Ela está tentando ajeitar o vestido discretamente, para que sua barra fique abaixo dos joelhos, mas eu não me importaria de empurrá-la mais para cima. O que é um pensamento inapropriado para se ter a respeito de uma das minhas funcionárias.
A analisando bem, acredito que seu nervosismo se dê ao fato de estar falando com “o Príncipe”, pela primeira vez, estando descabelada e descalça. Não que eu a esteja julgando. Tenho quase certeza de que está assim porque veio correndo atrás da minha irmã, já que os sapatos estão em sua mão e está ofegante.
Me esforço para não imaginá-la em outras situações que a deixariam descabelada e ofegante e foco em vê-la como uma profissional. Eu imagino que ela não saiba o que fazer e não é qualquer pessoa que manteria as costas erguidas nessa situação. Tenho que lhe dar crédito por estar se mantendo firme e me olhando nos olhos.
Eu sei que ela é a professora de Inglês e Português da Triz porque eu mesmo aprovei seu currículo, mas nós nunca havíamos nos encontrado. O Edgars que cuidou de tudo, como ele costuma fazer, sendo meu braço direito. Então a única nobre com quem ela tinha se deparado era a Triz, mas ela não carrega o mesmo peso que eu. Ela ainda é muito nova.
– Hum, quero saber como foi depois. – Minha irmã continua a conversa, ainda em inglês e eu sorrio, voltando minha atenção para ela.
Desde que nosso pai e sua mãe morreram, a Triz não fala Nadezhlico, nossa língua materna. A Irina mesmo era a professora de inglês da Triz e começou a ensinar desde que minha irmã era muito pequena, então é a língua que ela tem mais facilidade, tirando a nossa, e eu imagino que seja por isso que ela a escolheu.
O psicólogo que tem acompanhado a minha irmã desde janeiro disse que essa pode ser uma forma dela lidar com o luto, guardando a língua materna por ter perdido os pais, mas eu não sei até que ponto ele está certo. Eu acho que essa é uma forma dela não lidar com o luto, mas eu não sou formado nisso para ter certeza.
O fato é que ela só fala em inglês agora e isso me tranquiliza e me aflige ao mesmo tempo. Me tranquiliza porque ela não parou de falar completamente, mas me aflige porque eu não sei se algum dia ela vai voltar a falar a nossa língua.
– Pode deixar. Depois eu conto para você e para a Srta. Dulce. – Respondo sorrindo e alternando meu olhar entre as duas. – Agora, Triz, – continuo, focando na minha irmã – sei que eu disse que você não precisa agir de acordo com a etiqueta quando estiver comigo, mas, pelo que eu percebi da sua chegada, você não está agindo como uma dama perto da Srta. Dulce.
Ela olha para o chão e responde baixo:
– Eu queria vir falar com você…
– E você pediu permissão para a sua professora?
– Não… – Eu sei que estou caminhando em uma linha tênue entre ela admitir o erro e se rebelar. Infelizmente, eu não era o irmão mais presente em sua vida, então eu nunca sei exatamente como lidar com ela, mas tento mesmo assim:
– Então agora eu gostaria que você se desculpasse com a Srta. Dulce por não ter se portado como uma dama. – Eu sei que falei a coisa errada assim que ela ergue o queixo e me olha nos olhos.
– Ela também não está sendo uma dama! – Triz exclama exaltada. – Ela tá até sem sapato!
Consigo notar o desconforto da Srta. Dulce por ter sido colocada como o foco da atenção, mas, como eu disse, eu nunca sei exatamente como agir com a minha irmã.
Eu sou mais de vinte anos mais velho que ela, então nem tem como eu ter sido muito mais próximo, mas se eu não tivesse passado tanto tempo fora, talvez eu soubesse mais sobre como lidar com essas situações.
Eu sempre soube que a Triz era extremamente cabeça dura e difícil de manejar, mas eu também nunca tinha tido muito problema com esse lado dela, já que normalmente estávamos juntos na hora da diversão. Assumir o papel de guardião legal me deu uma responsabilidade que eu não tinha antes: a de educar.
– Triz, eu entendo que você não veja sentido em se desculpar pelos seus modos, já que a Srta. Dulce também não está dentro das normas da etiqueta nesse momento, – com minha visão periférica, noto que a mulher se mexe, desconfortável e olha para o chão, mas eu não tenho como tranquilizá-la e chamar atenção da minha irmã ao mesmo tempo. – A questão é que você não deveria ter saído da aula sem a permissão da professora, independente dela estar agindo de acordo com a etiqueta ou não. Ela é a responsável por você em sala de aula e você deve respeitá-la.
– Eu que sou a princesa, então ela que deveria pedir desculpas por não estar vestida direito. – Minha irmã insiste e eu me obrigo a segurar meu suspiro.
– Você ser princesa não te dá o direito de ser desrespeitosa com os outros, Lara. – Uso seu primeiro nome, ao invés do apelido, para ela entender que eu estou falando sério.
– Você disse que eu podia vir falar com você sempre que eu quisesse, independente do que você estivesse fazendo. – Ela começa a ficar chorosa e eu simplesmente não sei o que fazer.
Eu sei que eu tenho que recriminá-la por não estar respeitando a professora, mas eu continuo a bronca com ela chorando e precisando de carinho? Eu quero mostrar pra ela que eu estarei sempre aqui para ela, que pode contar comigo para ser seu porto seguro agora que é órfã, mas eu também preciso mostrar que ela não manda em tudo e em todos. Eu tenho que impor limites, mas até que ponto eu vou?
Tento lembrar de como o meu pai e a Irina agiam, de como eles lidavam com esse tipo de comportamento, mas não consigo chegar a nenhuma conclusão. Por fim, sem saber se ela está realmente precisando de carinho ou se está tentando me manipular, decido que preciso ser firme nesse momento e não deixo seu olhar desolado me abalar.
– Lara, peça desculpas à sua professora agora e volte para a sala com ela. – Minha voz sai ainda mais firme do que eu gostaria e minha irmã sai do meu colo como se estivesse em chamas, saindo correndo e empurrando a professora enquanto grita:
– Você não manda em mim! Você não é meu pai!
A Srta. Dulce parece querer ir atrás da minha irmã e acho que ela só não foi ainda porque “o Príncipe” não lhe deu permissão, então falo:
– A senhorita pode ir. – Minha voz ainda está firme demais. Detesto essa sensação de que não agi corretamente.
Ela curva a cabeça, fecha a porta e se retira sem me olhar nos olhos.
Antes de voltar a olhar as fotos, mando uma mensagem para o Edgars para que ele garanta que a Triz está segura e não fazendo nada muito preocupante.
Autor(a): wermelinnger
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 50
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sabinavondyrbd15 Postado em 09/05/2020 - 00:55:21
Continua
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sabinavondyrbd15 Postado em 09/05/2020 - 00:55:02
Continua more
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sabinavondyrbd15 Postado em 09/05/2020 - 00:54:36
Continuaaa
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sabinavondyrbd15 Postado em 09/05/2020 - 00:54:13
Continuaa
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sabinavondyrbd15 Postado em 09/05/2020 - 00:53:58
Continuaaaa
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sabinavondyrbd15 Postado em 09/05/2020 - 00:53:39
Continuaa
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sabinavondyrbd15 Postado em 09/05/2020 - 00:53:22
Continuaaa
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sabinavondyrbd15 Postado em 09/05/2020 - 00:53:09
Continuaaaaaaa
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sabinavondyrbd15 Postado em 09/05/2020 - 00:52:50
Continuaa
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sabinavondyrbd15 Postado em 09/05/2020 - 00:52:10
Continuaaa