Fanfic: Uma Rainha Para Nadezhda - Vondy | Tema: Adaptada

Demorei para conseguir a voltar a me concentrar depois que a Lara saiu do meu escritório. Principalmente depois que o Edgars me avisou que ela estava se renegando a sair debaixo da própria cama.

Eu sei que ela é pequena, mas ela tem que aprender a se portar como uma dama. Apesar de ter sete anos, ela não é apenas uma criança, também é uma princesa.

A questão é que não sei o que fazer ou como agir. Eu sei que muito desse comportamento é por causa da morte dos pais, mas sei também que não é só isso. Ela nunca gostou das regras que circundam nossas vidas.

A Irina era ótima em conversar com a Lara. Eu não sei qual a magia que minha madrasta fazia, mas minha irmã era menos resistente. O problema é que eu não sou a Irina, ou meu pai. Eu sou só o irmão dela. O irmão ausente, que passava a maior parte do ano em outros lugares do mundo achando que estava crescendo intelectualmente e que esses conhecimentos o ajudariam na hora de governar o país.

Mas eu achava que teria pelo menos mais uns vinte anos antes de ter que assumir a coroa. E eu nunca cogitei ficar responsável pela minha irmã. Meu pai era um dos homens mais saudáveis que eu conheci e eu tenho certeza que só me faria assumir o poder quando já estivesse com vontade de se aposentar, ou talvez nem mesmo assim. Não tinha como prever que o helicóptero dele ia cair.

Até hoje não temos uma conclusão se o piloto poderia ou não ter evitado a tempestade de gelo, mas o fato é que ele não evitou e todos ali presentes morreram no acidente.

Talvez, além de tentar me preparar para o trono, eu devesse ter me preparado para a responsabilidade de criar um herdeiro. Mesmo sem ser o guardião da minha irmã, ter esse tipo de conhecimento seria bom se um dia eu viesse a ter filhos. Infelizmente, não sei se existem cursos de “como criar uma criança” da mesma forma que existem os de Administração e Economia.

– Vossa Alteza? – A voz da Hulda me traz de volta para o meu escritório e me tira dos meus próprios pensamentos

– Desculpe. Você pode repetir a pergunta?

– Eu perguntei se posso marcar com a Duquesa de Klein amanhã às quinze horas.

A Duquesa de Klein… Ela vai ser meu primeiro encontro com uma das minhas pretendentes e, querendo colocar à prova a teoria da minha irmã e da Srta. Dulce, pedi a Hulda que marcasse o encontro em uma das nossas casas de apoio para os menos afortunados.

Normalmente, ir à esses lugares me abala profundamente. Ver que alguns têm tão pouco enquanto pessoas como eu tem tanto não é fácil, mas eu sei que Nadezhda faz o possível para dar o básico à todos os seus habitantes. Infelizmente, alguns simplesmente não conseguem lidar com o dinheiro de tal forma que ele não vá todo embora.

Como nosso país é pequeno e possui uma excelente exportação de produtos de alta tecnologia, a pobreza não é um dos males que nos assola. Mas é impossível encontrar um lugar no mundo onde toda a sociedade viva com um nível de vida confortável.

E, por mais que tentemos ajudar a todos, não tem como impedir alguns de se afundarem e a casa de apoio que irei visitar amanhã é a prova disso.

– Acho que prefiro por volta das dezessete horas, Hulda. Quero participar do jantar.

– A Vossa Alteza está mesmo levando em consideração a opinião de uma criança e uma criada? – Ela não parece muito feliz com a ideia de que eu não estou achando que ela só escolheu candidatas maravilhosas.

Ela pode até ser a especialista em casamentos reais, mas eu não vou me casar com qualquer uma. Levando em consideração que eu vou ter que passar o resto da minha vida ao lado da pessoa, tem algumas características que são imprescindíveis.

Preciso de alguém que tenha um cérebro dentro da cabeça e que me atraia o suficiente para eu poder abrir minhas calças, mas mais que isso, preciso de alguém que possa ser um exemplo para a população. Isso sem falar em me ajudar com a criação da Lara.

E, se a mulher não se compadecer com a situação daqueles menos afortunados, então acho difícil ter qualquer tipo de futuro com ela.

Esse teste de levar a minha pretendente para um lugar que vai exigir empatia é uma ótima ideia. Inclusive estou pensando em usar essa tática com todas. É um jeito rápido de eliminar aquelas que não tem empatia ou que não sabem lidar com esse tipo de situação.

Infelizmente para a mulher que aceitar se casar comigo, ela não vai apenas ser uma esposa. Ela deverá ser alguém que sabe lidar com as situações mais difíceis, deverá lidar com as questões do castelo e, se depender de mim, vai atuar em causas que beneficiem nossa população.

Talvez eu esteja em busca de uma mulher que não existe: que me atraia psicológica e fisicamente e que consiga atuar como uma princesa, mas o fato é que eu não vou desistir até o dia vinte e seis de dezembro. Talvez antes um pouco, já que essa é a data limite do casamento, mas, por enquanto, vou buscar esse unicórnio entre as mulheres, uma candidata por vez.

– Sim, Hulda. Inclusive, você pode marcar todos os meus primeiros encontros em lugares semelhantes.

– Como desejar, Vossa Alteza.

A Hulda não me pareceu muito feliz em marcar todos os meus primeiros encontros em lugares como a casa de apoio, mas uma vantagem de ser o príncipe é que a última palavra é minha.

No momento, temos vinte candidatas e dois encontros por dia pelos próximos dez dias. Eu realmente espero que uma delas seja o meu unicórnio.