Fanfic: Uma Rainha Para Nadezhda - Vondy | Tema: Adaptada

Depois de conversar com a princesa, ainda consegui dar um pouco mais da matéria, mas logo o nosso tempo acabou e eu saí de seu quarto para deixá-la se preparar para suas outras atividades.

Como tenho feito todos os dias depois das minhas duas horas diárias com a Lara, sigo para a cozinha, onde encontro a Maite.

Maite  é uma das cozinheiras do castelo e uma das minhas melhores amigas aqui, então eu normalmente passo meu tempo livre com ela.

– Disseram que você andou correndo descalça pelo palácio. – É a primeira coisa que ela fala quando me vê.

É claro que todo o castelo já ficou sabendo da minha falta de decoro.

Se tem uma coisa que percebi nesse meu tempo aqui é que não importa o quanto você acha que está sozinho, sempre tem um par de olhos focado em você. E eu nunca vi a fofoca correr tão solta quanto dentro das paredes desse castelo.

– Ahghr. – Resmungo, me sentando em uma das cadeiras da cozinha. – É só questão de tempo antes da Sra. Braun vir brigar comigo.

Hannah Braun é a governanta do castelo, mas, para mim, ela é como um cão de guarda.

A mulher não contradiz nenhuma crença popular de que os alemães são sérios e mal humorados. Eu nunca a vi sorrir. Foi ela quem me deu as aulas de etiqueta e eu sei que não vai ficar feliz comigo quando souber o que aconteceu hoje.

– Sem dúvidas. – Maite ri da minha desgraça e continua a bater a massa que ela está fazendo. – Mas eu aposto que foi culpa da princesa.

– Eu definitivamente não teria saído correndo descalça se ela tivesse ficado na sala e tido a aula comigo. – Minha fala faz com que minha amiga abra um sorriso.

– Aquela menina não nasceu pra ser princesa. Ela tem um espírito indomável.

– Eu não sei… Talvez eu também quisesse me rebelar se cada segundo do meu dia fosse controlado por outras pessoas.

– Eu não tenho dúvidas que você também não faria uma boa princesa. – Ela gargalha e eu a olho feio.

– O que quer dizer com isso?

– Dulce, você saiu correndo descalça pelo palácio hoje.

– Mas eu só fiz isso por cau–

– A senhorita não vai colocar a culpa pelo seu comportamento repreensível na princesa, não é mesmo, Srta. Saviñon? – A voz da Sra. Braun vem da porta da cozinha e eu instantaneamente me empertigo na cadeira.

– Não senhora. – Minha cara é pura inocência, como uma boa criança, pega fazendo besteira.

A Maite quase não consegue segurar a risada.

– Que bom, porque nós nunca devemos acusar o príncipe ou a princesa de nada, Srta. Saviñon. Isso seria uma falta de respeito e um erro ainda maior do que correr como um pivete pelos corredores do castelo.

– É claro, Sra. Braun. – Abaixo a cabeça e olho para o chão. Se alguém me pintasse, seria a figura perfeita da submissão.

Ela não tem como saber que eu culpo, sim, a princesa, nem que eu não acho que seja um desrespeito acusar as pessoas quando a acusação é verdadeira, independente do título que a pessoa carrega.

Ou eu achava que ela não tinha como saber, mas o olhar que ela me dá faz parecer que ela consegue ouvir exatamente o que se passa na minha cabeça. E ela definitivamente não aprova.

– Acho bom que esteja claro mesmo, Srta. Saviñon, ou teremos que revisar as aulas de etiqueta.

Se tem uma coisa que eu não quero, é voltar às aulas de etiqueta. Foi um mês e meio que eu sequer via o lado de fora do castelo, tendo que acordar às cinco e meia e tendo aulas até às dez da noite. E eu realmente aprendi tudo, ou tudo que se é possível aprender em tão pouco tempo.

Mas eu não sou uma nobre e a única nobre com quem eu tenho contato é uma criança de sete anos que sabe menos de etiqueta do que eu, então está tudo bem.

Minha mente tenta me falar que ela não é a única nobre com quem eu tive contato, mas não é como se eu fosse ficar topando com o príncipe de agora pra frente. A única razão pra eu ter conhecido o homem pessoalmente foi porque a princesa me levou diretamente até ele, mas isso não vai acontecer de novo. Ou eu espero que não.

E, mesmo que eu tope com ele outras vezes, se ele não me chamou a atenção por estar descalça, descabelada e correndo por aí, duvido que eu vá fazer algo que vá fazer com que ele me repreenda.

Bem que ele podia me repreender, me curvando sobre uma mesa e me dando umas boas palmadas.

O pensamento vem tão sorrateiro que eu chega engasgo com a minha própria saliva. Eu definitivamente não deveria imaginar isso, mas a cena é tão nítida que sinto meu rosto esquentar. Eu nunca pensei esse tipo de coisa antes. Eu nunca nem levei tapas no sexo pra saber se eu gosto disso, então de onde eu tirei essa ideia?!

E, sem dúvidas, eu deveria imaginar isso com qualquer pessoa, menos com o príncipe. E, de preferência, dentro do meu quarto, não no meio da cozinha.

– Srta. Saviñon? – A voz da Sra. Braun me faz olhar para ela e eu sinto meu rosto em chamas. Eu realmente espero que ela não possa ler mentes.

– Desculpe. – Minha voz sai meio rouca por causa da minha tosse e eu tenho que me concentrar em fazer cara de paisagem e não entregar meus pensamentos sórdidos.

– Estamos entendidas? – Estamos? Eu não tenho ideia.

Eu nem tinha reparado que ela estava falando alguma coisa. Eu estava ocupada demais fantasiando com o príncipe nu, me pegando por trás e metendo em mim enquanto meus peitos são espremidos pela mesa do seu escritório…

– Grmgrm. – Ela limpa a garganta e levanta as sobrancelhas, ainda esperando a minha resposta.

– Claro. Cem por cento entendidas. – Falo me controlando para não abanar o rosto. – Com licença, acho que vou me deitar um pouco, não estou me sentindo muito bem.

Praticamente corro para o meu quarto e, assim que fecho a porta, me escoro nela e rezo para esses pensamentos loucos saírem da minha cabeça.

3 capítulos para vocês   :)

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Beijocas