Fanfic: Garotos ao sul do Mason Dixon - Vondy(finalizada/adaptada) | Tema: Vondy, HOT

CHRISTOPHER UCKERMANN

Esta manhã as sete eu estava sentado na minha caminhonete estacionado atrás do campo de futebol, quando recebi uma mensagem de Dulce. Ela me perguntou onde eu estava. Olhei meu telefone por dez minutos antes de responder. Ela não precisava me perguntar por que eu estava aqui porque ela sabia. Aqui, eu me sentia seguro. O lugar estava deserto, com a escola de férias, e era o único lugar onde eu poderia pensar, onde eu poderia estacionar e ficar sozinho.

Meia hora depois, o lado do passageiro da minha caminhonete se abriu e Dulce entrou. Ela não bateu, mas eu estava esperando por ela. Eu sabia que ela viria, eu conhecia Dulce melhor do que qualquer outra pessoa. Melhor ainda do que Steel.

Steel.

Eu o amava, mas não podia confiar em estar ao seu redor agora.

— Você esteve aqui a noite toda? — perguntou Dulce.

— Sim, — murmurei.

— Você dormiu?

— Não. Nem uma piscadela.

Eu não tinha conseguido fechar os olhos. Eu queria, precisando da fuga, mesmo por momentos mais breves, mas não pude, não quando tudo o que via quando fechava os olhos era Dulce soluçando nos braços de Bray. Então eu tive que lutar contra o impulso de ir até Steel e surrá-lo por fazer isso com ela.

— Bray chegou tarde na noite passada. Ele estava procurando por você.

Eu ignorei todos as mensagens e ligações. Meu telefone estava no silencioso porque eu estava querendo ficar aqui sozinho e pensar, sabendo que de outro modo não encontraria a paz. Eles queriam ter certeza de que eu estava bem porque eles se preocupavam comigo, mas eu não estava bem.

— Eu estava com raiva de você ontem. Eu odiei você por um momento. Por não me contar. Por esconder isso comigo. — sua voz suave caiu através de mim. Eu sabia que ela me odiava e tinha razões. Mas ouvir isso de seus lábios não era fácil.

— Eu sei, — consegui falar através da emoção entupindo minha garganta.

— Eu entendi. Eu pensei sobre isso a noite toda. Eu entendo, eu entendo, — ela disse, então sua mão tocou a minha e eu me encolhi, o contato perturbador, confuso.

— Só queria te proteger, — respondi, precisando que Dulce soubesse que não pretendia machucá-la e eu faria qualquer coisa para não machucá-la novamente.

— Eu sei disso agora... Tudo... Eu me lembro de tudo. Coisas que eu bloqueava porque era muito doloroso, lembrei-me de tudo a noite passada. Como você costumava estar comigo... Como costumávamos estar juntos... Quão certa eu estava que você me amaria para sempre. Então você se afastou sem dizer uma palavra. Eu nunca entendi como você poderia fazer isso comigo. Me assombrou. Eu te amei... Eu te amei tanto... Mas você também me amava. É por isso que você fez isso. Entendi. Eu entendo agora.

Porra, isso era difícil, já passou um tempo, mas ainda assim, era brutal. O cheiro familiar de coco e mel encheu a caminhonete. Fazia tanto tempo que eu estava perto o suficiente para sentir o cheiro de Dulce. Isso me lembrou o quão bom era senti-la em meus braços, quão suave era sua pele, como cetim, cetim quente. E como quando eu afundava nela, moldada em seu corpo, nada tinha sido tão perfeito. O prazer em seu rosto tinha feito meu coração bater apenas para possuí-la. Ela era minha. Naquela época, toda minha.

— Não posso fazer isso com... Você... Preciso que você vá embora. Por favor. Estando perto assim... Não estou pronto para isso. Eu não sei se um dia estarei. Meu coração não parece entender, eu não posso ter você... Que é impossível. Por favor, Dulce. — eu soei desesperado. Eu não podia olhar para ela. Eu precisava que ela fosse embora.

Dulce se moveu, mas não abriu a porta. Em vez disso, ela se aproximou de mim, seu cheiro me deixando bêbado. Porra, ela tinha que ir.

— Dul, — avisei, segurando o volante.

— Eu vou embora, mas primeiro, você me abraçaria?

Como eu podia dizer não? E como eu a deixaria ir se eu me permitisse tocá-la novamente?

— Por favor, Ucker? Me abrace uma vez. Eu preciso disso.

Aprendi há muito tempo que eu faria qualquer coisa, venderia minha alma para essa garota, se necessário. Agora ela era uma mulher e não era diferente, então libertei meu controle de morte no volante e apoiei meu braço no assento. Dulce me abraçou, então pousou a cabeça no meu peito. Fechando meus braços ao redor dela, inalei profundamente, deixando seu calor encher meus sentidos uma última vez. Nós não nos despedimos. Não tivemos um adeus. Ela estava certa, esse era o fim, um que precisávamos naquela época, mas não estava preparado para dar a ela.

— Eu acho que sempre vou te amar. Não posso evitar isso, — disse ela calmamente.

Eu sabia que sempre a amaria, mas dizer isso agora iria machucá-la mais. Dulce teve que seguir em frente e encontrar aquele raio de sol na vida dela, aquele em quem sabia que pertencia. Um homem que a amaria incondicionalmente, lhe daria um lar, felicidade e filhos. Ele faria seus sonhos se tornarem realidade. Ele a trataria como uma princesa e, se não o fizesse, eu o faria desejar que ele nunca tivesse nascido.

Eu nunca teria uma esposa. Eu não poderia fazer isso com alguém. Meu coração pertencia à mesma garota desde os dezesseis anos de idade. Nenhuma quantidade de mentiras e pecado poderia tirar isso de mim. O que eu sentia por Dulce era puro. Verdadeiro, uma coisa que eu não queria mudar. Queria vê-la viver sua vida de longe e ter certeza de que era tudo o que ela queria, tudo que Dulce merecia.

Quando não respondi, ela não disse mais nada. Ficamos sentados lá por uma hora, eu a segurei nos meus braços uma última vez e tentei memorizar cada momento. Eu fiz planos na minha cabeça para ter certeza de que eu corrigisse todos os erros feitos para ela. Era a única coisa que me mantinha são.

O som dos pneus no cascalho e o motor diesel de Bray de repente nos separou. Dulce se moveu, abriu a porta da caminhonete e saiu sem dizer uma palavra. Nós dissemos tudo o que havia a dizer. Eu a observei caminhar até seu Jeep. Ela não olhou para Bray. Em vez disso, ela entrou e foi embora.

Esperava que Bray viesse até mim. Obviamente, ele me encontrou. Fiquei surpreso que ele demorou tanto tempo para pensar sobre esse lugar, mas fiquei agradecido por ter demorado algum tempo. Quando o vi se aproximando da minha porta, baixei a janela e expirei.

— Vocês falaram sobre isso? — perguntou Bray com uma careta.

— Ela teve seu fechamento, — eu disse, franzindo a testa como ele.

— Estávamos procurando por sua bunda toda a manhã e também a maior parte da noite passada. Mamãe fez um grande café da manhã.

Eu liguei a caminhonete. — Não tenho certeza se estou pronto para ver Steel. 

Bray suspirou. — Ele achou que ela entenderia. Talvez ela tenha mesmo. A menina nunca seguiu em frente. A maneira como você deixou isso não foi um fim para ela. Ela não estava se curando. A ferida ainda estava aberta.

— Ela estava noiva de Steel, — lembrei a ele. Dulce seguira em frente. Deixando-me atrás dela. Ia casar com meu irmão.

— Merda. Ela nem tinha dito sim. Eu não acho que ela teria sido capaz até que te visse de novo. Não há motivo para discutir isso agora. Nós nunca saberemos. 

Dulce iria ficar bem. Seu pai a tranquilizaria. Encontraria um homem para amá-la. Eu tinha que acreditar nisso.

— Vamos para casa e vamos comer antes que mamãe venha nos buscar. 

Com um aceno, eu disse: — Vejo você lá, — e saí com a caminhonete primeiro.