Fanfic: Garotos ao sul do Mason Dixon - Vondy(finalizada/adaptada) | Tema: Vondy, HOT

DULCE ESPINOZA

Eu encontrei papai no telefone, fazendo seu pedido na Watson's Feed and Seed. Ele não sabia que Christopher provavelmente estaria entregando o pedido por eles. Eu sim. Eu sabia que seria ele. Quando mamãe disse que o almoço estava pronto, eu disse a ele para ir e comer com ela, que eu iria para o celeiro no caso de a entrega chegar. Curiosamente, ele pareceu bem com isso. Eu esperava que fosse mais difícil. Ele confiava em mim, mas ele era suspeito, como todos os bons pais eram.

As costas de Christopher ainda estavam para mim. Ele não se virou. Ele esperava meu pai e estava obviamente surpreso quando eu estava lá esperando. Fiquei aliviada. Hannah Watson não veio com ele. Eu não tinha certeza de qual seria meu plano se ela estivesse lá com ele. Eu só estava focada em Christopher, em falar com ele sozinho, embora eu soubesse que isso era errado. Mesmo que ele tenha dito que acabou entre nós, eu queria ouvir sua voz novamente. Ver se foi realmente superou tudo isso entre nós.

— Papai está almoçando, — eu disse, esperando que ele me olhasse.

Seus ombros caíram e eu me senti um pouco culpada. Os dois últimos dias foram difíceis para ele. Ter Scarlet separando Bray e Brent tinha sido difícil para todos eles. Ele lentamente se virou para mim, — Eu estou tendo dificuldade em acreditar que seu pai te deixou aqui para receber essa entrega de mim. 

Com indiferença, levantei meu ombro esquerdo. — Ele talvez não saiba que você trabalha para Denver. 

Christopher sacudiu a cabeça e virou o olhar para a casa. — Melhor eu descarregar isso e ir embora. 

Ele não queria olhar para mim. Eu sabia. Odiei isso ainda mais. Ele sentiu o desespero na minha voz? Ele achou que depois da outra noite eu esperava mais? Que o fato de ele mostrar como ele se sentia batendo no rosto de Bray me confundiria. Bem, sim. Mas também me mostrou que Christopher nunca iria machucar Steel. Eu tinha outros planos. Outra ideia.

— Nós fomos amigos uma vez, — eu disse, sabendo que nunca poderíamos ser amigos. Isso já não era possível.

— Não, Dul, não fomos. Eu sempre quis você. Nunca pensei em você como uma amiga.

Eu queria sorrir para isso. Era algo. Mas eu não sorri. Não o deixei ver o quanto eu gostava de ouvir porque ele simplesmente descarregava e corria. Eu tinha que manter algum tipo de parede, uma barreira entre nós para mantê-lo aqui, falando comigo.

— Eu vi você com Hannah. Vocês estão namorando? — eu não tinha certeza do que tinha dado em mim, mas não consegui calar a boca, tinha que dizer tudo o que estava pensando. Ciúme estava me matando.

— Você também me viu com Amber. Você não perguntou sobre ela.

— Eu sei que você nunca sentiria nada por Amber. Hannah é diferente. Você poderia amá-la. 

— Eu trabalho com ela. Ela é uma amiga.

Eles trabalham juntos. Ela o via todos os dias. Eventualmente, isso poderia levar a mais. — Ela é muito bonita, — respondi. As palavras continuaram a espreitar da minha boca.

— Sim, ela é, — disse ele.

Tendo ele concordando comigo, não era bom. Eu continuei com as perguntas estúpidas: — Ela gosta de você? — soou como uma pergunta, mas eu quis dizer isso como uma declaração.

Ele encolheu os ombros. — Isso é importante, Dul? Por que você está fazendo isso?

Tudo sobre ele era importante para mim. Vital, até. O fato de que meu coração doía por ele todos os dias e eu me sentia vazia por dentro importava porque era assim que minha vida se tornara. Eu respondi antes que eu pudesse me impedir: — Porque, Christopher... Eu te amo.

Ele fechou os olhos com firmeza, as mãos cruzadas nos lados. — Dulce, pelo amor de Deus, pare. Eu não posso fazer isso com você. Não posso ouvir isso nem fazer nada sobre isso. Se eu pudesse, você não entendeu o que eu quero?

A dor gravada em seu rosto, em seus olhos, me disse que também estava doendo. E eu só piorava. — Eu não posso ficar com Steel. Não está certo. Parece... Errado fingir. Continuo fingindo amá-lo quando estou apaixonada por outra pessoa. Sempre fui.

Christopher suspirou, sua respiração pesada agora. Ele estava procurando por uma resposta. — Mesmo se você não ficar com Steel, Dulce, eu simplesmente não posso. Ele é meu irmão. Você viu o que aconteceu com Bray e Brent.

Eu já sabia disso. Mas algo dentro de mim tinha que tentar mais uma vez. Era errado e cruel da minha parte, mas eu tinha que tentar. Eu sabia que nossa situação era diferente. Bray e Scarlet tinham jogado com as emoções de Brent ao usá-lo para fazer ciúme no outro. Eu nunca fiz isso com Steel. Eu nunca faria. Eu só era culpada de amar Christopher demais. Mas meu coração sabia o que queria. Isso me fazia uma pessoa ruim? Não conseguia deixar de amá-lo. Meu coração se recusou a deixá-lo ir.

— Eu posso ajudar a descarregar, — eu disse novamente. Não havia mais nada a dizer. Eu o ajudaria. Suportaria a dor de tê-lo perto e não ser dele, mas ele estaria perto. Isso seria suficiente.

— Por que você não deixa seu pai saber que estou aqui? Vou descarregar e depois ir embora. — ele disse sem olhar na minha direção. O sol do verão fez com que seu cabelo parecesse mais leve do que era, destacando suas costas grossas. Sua pele estava bronzeada e eu sabia que, durante o verão, passaria a ficar mais escura com o tempo. Os ombros largos que faziam o tecido de sua camisa se agarrar à sua pele já haviam sido meus pra segurar, mas agora não eram meus para tocar mais. Nada mais sobre Christopher Uckermann pertencia a mim. Tudo o que eu tinha deixado eram minhas lembranças. Cada olhar, cada toque, cada beijo, tudo o que ele me disse. Você poderia me colocar em uma caixa, jogar fora a chave, alimentando-me o suficiente apenas para me manter viva, e mesmo depois de anos, eu teria reconhecido sua voz em qualquer lugar.

— Tudo bem, — respondi e fiz o que eu tinha que fazer naquele momento. Eu me afastei do menino que eu amava e do homem que eu não conseguia esquecer.

Parte de mim esperava que ele me impedisse, gritasse para mim, pedindo-me para voltar. Mas eu sabia melhor. Onde eu era fraca e egoísta, Christopher era forte e desinteressado, mantendo sua palavra, independentemente de como ele se sentia. Ele colocaria seu irmão primeiro, antes de qualquer outra coisa que ele quisesse. Eu não podia odiá-lo por isso. Ele estava sendo o cara bom. E eu estava me comportando como o vilão.

Escalando os poucos degraus no meu alpendre, inalei profundamente, encarando bravamente a grande porta de madeira fechada na minha frente. Eu tinha que entrar e agir como se o meu coração não estivesse em pedaços. Deixar meu pai saber que a entrega chegou, então dar alguma desculpa para ignorar o almoço e ir diretamente para meu quarto me esconder.

Uma vez, Christopher tinha me beijado nesses degraus. Inúmeras noites eu me sentei aqui e esperei que ele viesse. Em noites ainda mais solitárias, esperei que sua caminhonete passasse, perguntando por que ele não queria mais e o que eu fiz para o perder.

Esta varanda, esses degraus continham mais lembranças do que eu podia contar. Caminhei até a porta, e coloquei um sorriso bravo no meu rosto, um que eu não sentia e não senti realmente em muito tempo. Eu sabia que meus pais estariam na cozinha. Eu poderia ter gritado, mascarado a dor na minha voz, e continuado caminhando para o meu quarto. Mas eu tinha que enfrentar meus medos.

— A entrega chegou. Está tudo certo. — eu esperava que não houvesse perguntas.

— Foi descarregado? — perguntou papai.

— Sim senhor.

— Ótimo. Obrigado.

— De nada, — respondi, movendo-se rapidamente para as escadas, quase escapando da próxima pergunta.

— Você vai comer? — perguntou mamãe. — Está na mesa, querida. 

Eu esperava isso. Sabia que estava chegando. Eu respondi: — Não estou com fome. Tomei café da manhã muito tarde. Eu vou ler. — hoje era meu dia de folga do salão de cabelo onde eu trabalhava. Eu era a recepcionista e eu lavava todas as toalhas também. Ser preguiçosa em torno da casa em meus dias de folga era mais aceitável agora desde que comecei a trabalhar cinco dias por semana. O salão estava fechado aos domingos, então não trabalhava, passando esses dias lendo o quanto podia. Eu tentava, embora Steel tenha aproveitado o meu tempo livre. Eu sabia que não teria me sentido assim se eu realmente o amasse.

Uma vez que eu estava em segurança dentro do meu quarto, afundei na cama e cai para trás. Olhando para o teto, enfrentei a realidade do que eu tinha que fazer. Eu tinha que terminar com Steel. Não porque isso mudaria qualquer coisa com Christopher, porque não mudaria, isso tinha acabado, mas porque eu simplesmente não podia mais fazer isso com Steel. Ele era um cara bom, um cara ótimo, e ele merecia uma garota que o amaria pelo incrível homem que ele era. Essa não era eu. Nunca seria. Eu já tinha deixado isso ir longe demais.

Eu não estava orgulhosa de mim mesma ou de minhas ações. Mas isso não significava que eu não pudesse mudá-las. Eu tinha que fazer a coisa certa e ser forte o suficiente para seguir em frente. Encontrar uma vida fora desta cidade, uma sem um menino Uckermann ao meu lado. Christopher estava certo sobre uma coisa. Eu não era para um menino Uckermann.