Fanfic: Garotos ao sul do Mason Dixon - Vondy(finalizada/adaptada) | Tema: Vondy, HOT

DULCE ESPINOZA

Enquanto olhava pela janela da cozinha, eu me servi de uma terceira xícara de café. O sono não havia vindo ontem à noite. Nem mesmo alguns segundos. Minha culpa me manteve bem acordada. Eu não estava sendo justa com Steel. Eu sabia disso antes, mas o deixara me convencer de ficar com ele porque ele achava honestamente que eu poderia esquecer Christopher um dia. Ele pensou que tínhamos uma chance. Eu tinha que parar de deixá-lo pensar assim. Eu me importava com ele, queria que ele fosse amado do jeito que ele amava outras pessoas, completamente, sem hesitação. Ele era um cara bom e deveria ter tudo. Eu estava muito fraturada, muito quebrada para ele. Mesmo que ele se recusasse a ver isso.

Dizer a ele tudo isso não seria fácil. Eu sabia disso, não importava o quão preparada eu estivesse, ele iria tentar me parar. Convencer-me a não fazer isso. Eu tinha que ser forte ou eu continuaria machucando-o para sempre. Ele me odiaria, todos os Uckermanns fariam, especialmente agora, com o que aconteceu com Bray e Scarlet, mas não consegui encontrar razões para esperar. Eu tinha que fazer isso agora. Eu tinha que acabar com isso para que ele pudesse seguir em frente.

Três longos goles e terminei o copo. Eu nem gostava disso. Eu bebia pela cafeína e o foco mental que eu precisava para a tarefa à frente. O que eu tinha que fazer não mudaria nada com Christopher. Depois de ontem, eu sabia disso. Ele havia decidido que ele nunca poderia estar comigo, e saber que ele não me amava da maneira que eu o amava sempre doeria profundamente.

— Você acordou cedo. Você não precisa estar no trabalho até daqui a duas horas, — disse mamãe, bocejando. Ela procurou meu rosto. Eram seis da manhã, e eu estava tomando café desde as cinco.

— Não consegui dormir, — respondi, embora soubesse que ela sabia disso.

Ela veio atrás de mim, envolvendo seus braços ao redor da minha cintura e descansando o queixo no meu ombro. — Não é fácil fazer o que é certo. Mas você já sabe disso.

Sem eu mesmo contar a ela, ela sabia. Ela viu tudo e leu meu coração. As lágrimas me picaram os olhos porque minha mãe esperava que eu fizesse o certo. Que deixasse Steel ir, que eu fosse sincera sobre tudo, e ela estava esperando o tempo todo que eu fizesse isso.

— Um dia, haverá outro homem. Christopher Uckermann se tornará uma memória. Você nunca o esquecerá, mas você vai se curar e seguir em frente. É assim que o mundo funciona, querida. Embora eu saiba que é difícil ver isso agora.

A ideia de amar mais alguém além de Christopher parecia tão dolorosa quanto impossível de aceitar agora. — Eu não sei sobre isso, — respondi sombriamente.

Mais uma vez, mamãe me apertou. — Você é jovem, a vida raramente é decidida aos dezoito anos de idade. Não damos nossos corações aos quinze anos, para nunca mais amarmos novamente. 

Era aí que ela estava errada. Eu respondi: — Treze. Eu dei aos treze anos.

Com um suspiro, ela beijou minha testa, — Oh, Dulce, há um grande mundo lá fora. Um que você ainda precisa explorar. Há tantas experiências bonitas que ainda estão à sua frente. Confie em mim, querida, se Christopher Uckermann fosse o seu único amor, então teria acontecido assim. 

Fechei os olhos. Combati as lágrimas. — Eu não quero pensar que acabou. 

— O futuro é engraçado. Isso pode levá-lo ao redor do mundo e trazê-lo de volta para onde você começou.

Afastei uma única lágrima que escapara. — Steel não vai aceitar fácil. Ele vai lutar contra isso. Vai tentar me parar.

Mamãe passou a mão pelo meu cabelo, tirando-o do meu rosto. — Isso é porque você é linda e inteligente, amorosa e gentil. Ninguém vai querer deixar isso, não sem lutar. 

Christopher sim. Ele me deixou sem lutar.

Eu não disse as palavras em voz alta. Embora estivessem lá, sempre estariam. Seria difícil realmente confiar o suficiente para amar novamente, da maneira que eu amava Christopher. Se isso fosse possível. Se minha mãe estivesse certa e outra pessoa viesse um dia, meu coração estaria inteiro até lá? Eu não achava que isso poderia acontecer.

— Deixe-me alimentá-la antes de você ir, — disse ela, acariciando meu braço e soltando-a.

Eu não podia comer. Meu estômago estava em nós. — Não, não estou com fome. Tenho que fazer isso agora... Antes de eu voltar. Isso tem que ser parado.

— Você vai trabalhar o dia todo. Você precisa de algo no seu estômago, — argumentou.

— Vou comprar algo durante a hora do almoço. 

Ela não parecia convencida. — Eu vou te trazer almoço quando eu for para o Harrods comprar minhas vitaminas. 

Argumentar com ela era inútil. Eu assenti com a cabeça e pensei em outra xícara de café, mas o revirar no meu estômago me parou. Baixei o copo e dei um abraço na mamãe. — Obrigada. Eu amo você, — eu disse.

Ela esfregou minhas costas, — Eu amo você mais. Nunca esqueça disso. — eu sabia que ela era alguém que ficaria, faria meu pai feliz, desde a primeira vez que ela me disse aquelas palavras quando eu era criança. Ela nos tornou uma família novamente. Ela nos fez inteiro.

Peguei minha bolsa e fui para a porta. — Aqui, pelo menos, pegue esta barra de proteínas, — disse mamãe, seguindo atrás de mim e segurando uma barra de manteiga de amendoim na mão.

Peguei e agradeci a ela, na esperança de ter apetite mais tarde. Ela mais uma vez beijou minha bochecha. Eu podia ver o amor e a preocupação por mim no seu rosto. A preocupação brilhava em seus olhos.

Quando cheguei lá fora, respirei fundo. Isso seria difícil, mas eu poderia fazer isso. Steel estaria no celeiro com a primeira xícara de café por agora. Eu não tinha certeza de quando Christopher ia trabalhar, embora isso pudesse complicar as coisas. Mas eu sabia que ele me evitaria a todo custo, e hoje eu precisava disso.

A viagem até a sua casa era curta, mas eu a usei para me preparar para cada argumento que Steel iria jogar em minha direção. Feri-lo era a última coisa que eu queria fazer, mas continuar o fazendo acreditar que teríamos uma chance era errado e egoísta. Eu não gostava de ser o vilão, mas fiz a minha cama. Agora eu só precisava me deitar nela.

Eu estacionei no celeiro. Não passei por sua casa. Isso era estressante o suficiente sem que os outros meninos Uckermann se envolvessem nisso. Fechei a porta suavemente, no caso de que alguém ainda estivesse dormindo, a curta distância do meu carro até o celeiro coberto em questão de segundos. Ainda parecia como a caminhada mais longa da minha vida.

Steel estava lá, como eu sabia que ele estaria. Ele era bom no que ele fazia, confiável, trabalhador, ficando o tempo que era necessário, e muitas vezes permanecia depois que todos os outros saíam. Ele merecia muito mais do que eu jamais seria capaz de dar. Entrei e ele se virou imediatamente, a porta do celeiro pesada rangendo com a minha entrada. A xícara de café em sua mão era uma visão familiar. Ele estava exatamente como eu o tinha imaginado lá, vestido para trabalhar duro, sabendo o que ele tinha que fazer, seu cabelo bagunçado pelo sono.

— Bem, bom dia, — disse ele, com um lento sorriso. Ele ainda não estava completamente acordado. Não havia cafeína suficiente.

— Ei, — eu respondi, odiando todas as palavras antes mesmo de dizer.

De imediato, ele sentiu meu humor. Ele era inteligente, observador. Eu tinha que agir rápido, — Steel, deixe-me falar primeiro. Por favor? Quero falar sem interrupção. Eu não vim aqui para discutir.

Ele pensou sobre isso. Queria dizer mais. Tudo estava lá do jeito que ele estava olhando para mim, mas Steel permaneceu em silêncio porque eu pedi. Outro motivo para amá-lo. Outra razão para deixá-lo ir. Eu falei novamente, — Eu não posso continuar fazendo isso. É injusto para você. Eu amarei ele até o dia em que eu morrer. Eu aceito isso. Você é um homem maravilhoso. Alguém que deveria ter uma garota que o ama tão profundamente como você a ama... Mas nunca serei essa garota... Estou danificada... Preciso que você entenda isso... Steel, você tem que me deixar ir.

Eu planejei dizer mais, minhas divagações me fizeram perder meu pensamento e esquecer o que eu queria dizer. Mas eu falei a verdade. Eu disse os fatos, e agora eu tinha que dar tempo a Steel para responder. Seus olhos continham o desapontamento e a dor que eu sabia que viria disso. Eu esperava isso, mas ver isso era difícil testemunhar. Sabendo que ele estava feliz quando entrei e que eu era responsável por tirar isso dele.

Ele baixou o copo em uma prateleira. Ficou olhando o chão aos seus pés. Esperei um pouco mais, imaginando o que ele estava pensando. Ele lutaria contra isso? Eu deveria ter dito mais? Continuei a questionar tudo o que tinha dito, pensando que poderia ter dito melhor.

De repente, ele respondeu: — É isso, então. Eu tentei. Eu dei o meu melhor, mas nunca consegui o mesmo de você. Sabia disso. Te perdoei por isso várias vezes. Mas esperei que as coisas mudassem. Se eu estivesse lá para você, te amasse o suficiente, me tornasse o que você precisava... Que seria suficiente. Que eu seria o suficiente. Mas você está estragada, quer o que não pode ter. O que eu ofereci nunca teria sido bom o suficiente... E isso não faz com que você não seja o suficiente para mim. Eu quero mais, quero uma mulher que conheça sua própria mente, que pode encontrar sua própria felicidade sem a ajuda de um homem... E isso nunca será você. Então continue, Dulce, vá embora e não volte. Você quer Christopher, mas ele nunca vai querer você em troca. Ele continuou com sua vida. Agora vá desperdiçar o resto da sua em um sonho inútil e vazio.

Embora eu visse Steel Uckermann de pé diante de mim e tenha ouvido as palavras que veio de sua boca, eu estava tendo dificuldade em acreditar que ele estava falando coisas tão cruéis e dolorosas para mim, não importava o quanto eu merecesse.

— Não fique aí aparada toda ferida e ofendida. O que você esperava de mim? Lágrimas? Inferno não, Dulce! Estou farto de tentar fazer você me amar. Se é isso que você quer, então é o que você vai ter. Eu apenas vou te pedir uma coisa. Deixe o anel de diamante que eu dei. Era para uma mulher que valesse a pena e merecesse usá-la. Essa não é você.

Eu tinha o anel no meu bolso. Era o que eu planejaria fazer. Mas não imaginei que acontecesse assim. Eu o puxei para fora, assim quando Steel deu um passo em minha direção e estendeu a mão entre nós, a palma da mão pra cima e os dedos se mexendo com impaciência. O brilho nos seus olhos era tão estranho para mim. O Steel que eu conheci foi embora e um homem cruel e sem coração tomou seu lugar. E aquele homem estava querendo seu anel. Coloquei em sua mão, seus dedos se fechando rapidamente, como se eu fosse levá-lo de volta e correr. Ele então disse: — Você pode ir agora. 

Essas quatro palavras foram preenchidas com tanto ódio e desdém, que minhas pernas quase desistiram de mim. Eu tropecei, mas me forcei a atrair força de dentro, afastando-me, e correndo do celeiro e do monstro que eu criei.