Fanfic: Garotos ao sul do Mason Dixon - Vondy(finalizada/adaptada) | Tema: Vondy, HOT

DULCE ESPINOZA

O relógio na parede finalmente disse que era hora do almoço. Ao meio dia, o salão fechou por uma hora. Todo mundo estava livre para passar sua pausa onde quisesse. Os outros funcionários geralmente usavam as macas de bronzeamento durante esse período ou se faziam os cabelos uns dos outros. Eu ocasionalmente levava e cortava meu cabelo, mas na maioria das vezes, acabava lendo um livro e comendo um sanduíche.

Hoje, no entanto, eu tinha outros planos. Eu tinha decidido que a recepção precisava de um pouco de enfeite. Um bom pote de flores serviria e eu sabia exatamente onde buscá-los. Não foi o que Christopher e eu concordamos na noite passada, mas eu queria vê-lo. Talvez dizer olá. Não era como se eu fosse almoçar e fazer uma cena para a cidade falar.

Eu gritei para deixá-los saber que eu estava saindo para a minha pausa e depois passei pela porta, certificando-me de colocar a placa na porta antes de trancá-la. Este era o único salão em Malroy e sempre fechava para o almoço. Os clientes esperavam isso. Mas nós ainda virávamos essa placa no caso de que alguém esquecesse.

Pela primeira vez em três anos, eu abri meus olhos naquela manhã e um sorriso se espalhou pelo meu rosto. Um de verdade. Era tão grande, tinha machucado minhas bochechas e adorei cada segundo. Esse sentimento de alegria, entusiasmo, esperança era tudo novo para mim agora. Era uma maravilha que eu tinha ido dormir a noite passada. Eu não poderia ter sonhado uma noite melhor se eu tivesse tentado. Quando eu era mais jovem, eu tinha imaginado algo assim diariamente. Mas ao longo do tempo começou a doer demais para sequer pensar sobre isso, então eu me obriguei a pensar em outras coisas apenas para parar a dor e as lágrimas enquanto eu fechava os olhos à noite.

Essas lágrimas eram uma parte da pessoa que eu me tornei agora, mas eu não sentiria falta delas ou o vazio dentro do meu peito. Christopher não me prometeu nada, mas o que ele disse era tudo que eu precisava ouvir por enquanto. Ele me amava. Ele queria me encontrar lá novamente esta noite. E novamente na noite seguinte.

Corri rapidamente pela rua. O Feed and Seed de Denver estava a apenas meia milha do salão e caminhando, era mais rápido do que dirigir porque havia três sinais entre as duas lojas.

Os móveis de madeira que eu tinha certeza de que todos nesta cidade possuíam de alguma forma em seu quintal e em suas varandas, estavam exibidos na frente. Girassóis amarelos brilhantes decoravam bem o espaço e eu tinha que admitir que me deu vontade de sentar lá e desfrutar de uma limonada. Era muito acolhedor. Me perguntei se Christopher tinha descarregado tudo isso. Provavelmente. Isso só me fez sorrir ainda mais. Eu não me importava de quão pateta eu deveria estar parecendo sorrindo sozinha enquanto caminhava pela calçada.

Virando para o estacionamento de cascalho, eu examinei as flores em exibição para algo acessível desde que eu estava comprando essas coisas do meu próprio bolso. Enquanto eu olhava, meus olhos também procuraram por Christopher. Eu não queria ser óbvia, mas sabia que ele saberia imediatamente por que eu estava aqui.

Eu fiz o meu caminho para o lado do prédio onde a entrada da loja estava. Assim que pisei na sombra da entrada, ouvi uma voz feminina que me fez parar.

— Hora do almoço, Christopher. Eu pedi pra você aquele assado com o molho escuro que você gosta. Comi algumas das suas batatas fritas, no entanto. — a voz pertencia a Hannah e era cheia de flerte. Ela parecia estar muito familiarizada com o que Christopher gostava. Eu não sabia se eu deveria continuar andando em sua direção.

— Você comprou chá pra mim? — ele perguntou e eu o vi andando. Sua camiseta sem manga estava suja e se agarrava à sua pele suada. Ele estava usando seu chapéu de cowboy e sombreava seus olhos. Eu não conseguia ver o rosto dele, mas seu tom era amigável. E ele parecia satisfeito.

— Claro. Oh, oi, Dulce, posso ajudá-la com alguma coisa? — Hannah perguntou e eu mudei meu foco para ela. Ela estava me dando um sorriso falso. Era muito brilhante e não encontrava seus olhos.

— Eu, uh, não, eu sou só, eu, — parei de gaguejar e apontei para uma parede de enxadas e pás, então me apressei em direção a elas.

— Dulce, — a voz de Christopher me chamou. Eu não iria me virar. Ela me pegou desprevenida. Eu não estava preparada para falar ainda. Não, quando eu ainda estava processando o que eu tinha testemunhado.

Talvez eles fossem apenas amigos. Ele disse antes que eram amigos e eu acreditava nele. Mas o jeito que ela falou com ele, o tom em sua voz... Dizia outra coisa.

— Dulce, espere, — ele estava se aproximando de mim. Eu poderia começar a correr, mas então seria ridículo e chamaria ainda mais atenção. Isso, é claro, faria de Christopher e eu o assunto da conversa no jantar de todos essa noite. Incluindo a minha própria família. Estremecendo, parei de andar e apenas esperei que ele me alcançasse.

Seus dedos enrolaram minha parte superior do braço e eu deixei ele me virar. — Por que você saiu? — ele parecia completamente confuso.

— Eu não sei, — eu menti. Eu sabia que estava exagerando.

Ele franziu a testa e olhou ao redor. — Vá para a minha caminhonete. 

Senti olhos em mim. Eu estava quase certa de que pertenciam a Hannah, mas não chequei. Eu não me importava. Eu só me preocupava em estar sozinha com Christopher.

— Tudo bem, — concordei e deixei ele me levar. Uma vez que demos a volta nas caixas de armazenamento, sua caminhonete apareceu. Quando estávamos no lado oposto dela, escondidos da vista, ele me apoiou contra ela e colocou as mãos em ambos os lados de mim. Suas palmas pousaram na porta atrás.

— Diga-me o que aconteceu. 

Suspirando, fechei meus olhos porque isso era embaraçoso. — Eu vim buscar flores para o salão na esperança de te ver. Então eu escutei você e Hannah conversando. Eram tão amigáveis. Ela estava flertando com você.

Christopher colocou um dedo no meu queixo e inclinou minha cabeça para trás. — Abra seus olhos, Dul, — ele pareceu divertido. Abri lentamente e pisquei contra o sol.

— Hannah é minha amiga. Nós trabalhamos juntos.

Eu assenti.

Ele apenas sorriu e apertou um beijo nos meus lábios. — Eu gosto de você com ciúmes. Eu tenho que admitir isso.

— Eu não, — eu disse baixinho.

Ele riu, mas depois afastou as mãos da caminhonete atrás de mim e se levantou reto. — Eu tenho que almoçar, você precisa pegar as flores, e se eu continuar aqui com você, eu vou começar a beijar você do jeito que eu quero. Ainda não podemos fazer isso. Não em público.

Por causa de Steel.

— Tudo bem, — respondi, desejando que as coisas fossem diferentes. Mas entendi.

— Vamos, — ele disse com um suave puxão da minha mão, dando a volta na caminhonete. Eu não estava mais envergonhada, então quando meus olhos encontraram Hannah olhando para nós, eu sorri. Eu não queria saber o que ela pensava de mim. Eu tinha sido boba e, se ela queria pensar que eu era louca, não podia culpá-la.

— Eu compartilharia metade do meu sanduíche com você se não faria as pessoas falarem, — disse ele.

— Vou comer no salão. 

— Eu não vou desfrutar da minha companhia de almoço. Eu prometo.

Eu ri daquilo. Ele rapidamente apertou minha mão, depois se afastou.

Não foi até levantar os olhos para começar a procurar as flores que o vi. Steel. Ele estava parado ao lado de sua caminhonete nos observando. Seu olhar irritado fez com que minha respiração se engatasse, fazendo Christopher seguir meu olhar. Ele ficou tenso e imediatamente colocou distância entre nós.

— Vamos. Hora de comer. Obrigada por ajudar Dulce com isso. Eu não tinha ideia de onde encontrá-lo, — Hannah disse vivamente enquanto caminhava entre nós e puxou o braço de Christopher.

— O que- — Christopher começou a dizer, mas depois assentiu. — Sim. Sem problemas.

Hannah estava salvando-o de Steel. Eu entendi isso, mas ainda não era bom vê-la abraçando ele. — Oh, ei, Steel! — ela gritou, acenando e afastando Christopher de mim. Ela olhou de volta para mim. — Apenas pegue o que você precisa. Nora irá verificar você. Agora estamos almoçando. — ao olhar para mim, houve um desafio no seu olhar. Então ela me deu um sorriso lento, subiu os dedos dos pés e apertou um beijo no rosto de Christopher. — Ele é tão doce. 

Esperei vê-lo afastá-la. Dizer a ela para parar. Para questionar por que ela achou que poderia fazer isso. Mas ele não fez nenhuma dessas coisas. Ele a deixou continuar a se agarrar a ele. Eu não queria mais assistir. Meu estômago se revirou enquanto caminhava, voltando para a rua. Longe de Steel, longe de Christopher, e longe de Hannah. Eu não queria fingir mais. Eu fingia há anos. Fingi que estava bem. Que eu não sofria todos os dias. Que eu não estava perdida. Eu estava farta de tudo isso.

Na noite passada, eu me permiti esperar que talvez em breve, Christopher também quereria lutar por mim. Que depois do sexo, ele iria querer mais. Que ele iria querer voltar o que tínhamos tirado de nós. Mas o que acabara de testemunhar não era isso. Era fingimento. Era apenas mais uma mentira para aumentar a crescente pilha entre todos nós.