Fanfic: Rainbow in the Dark | Tema: The Gazette
[Kouyou]
Eu sempre fui uma pessoa que não teve muita confiança nas pessoas. Até que houve um tempo que eu era aberto a relações, talvez quando era criança mas aos poucos as pessoas foram me decepcionando e acabei me fechando para o mundo.
O Yutaka foi uma pessoa que insistiu muito em se aproximar de mim ainda no colégio. Eu era aquele que sentava no fundo e fazia o possível para não ser notado mesmo que nem sempre funcionasse. Todos tinham a mania de me notar dizendo que eu era bonito demais para ser um fantasma passando despercebido pela vida das pessoas. Claro que nunca me liguei sobre isso.
Yutaka era bastante comunicativo e popular. Muito se devia ao fato de ser bonito e com um sorriso de covinhas que faziam todos suspirarem.
Não nego que a primeira vez que vi o achei sim bonito mas logo minha máscara de quem não se importava estava erguido outra vez e com ele as barreiras da comunicação.
Quanto menos pessoas para me relacionar, menor as chances de decepções. Era para ter funcionado com ele também mas não foi bem assim que as coisas aconteceram.
Yutaka sempre tentava puxar assunto comigo e de início o ignorava, contudo dava um jeito de me deter e eu acabava respondendo. Pelo menos para ver ele sair se sentindo vitorioso por ter conseguido fazer ouvir poucas palavras de minha boca.
Não sabia dizer porque Yutaka insistia em me seguir para todos os lados e todo mundo até achava que éramos melhores amigos. Eu tentava ignorar sua presença, as suas investidas e um dia. Aquele dia, porque ele fez isso?
- Ei, Pato-chan. Me espera – disse ele me segurando pelo ombro. Eu já estava farto dessa piada chata de ficar me chamando de pato para todo o lado e ficar me perseguindo.
Tentei soar o mais aterrorizante possível, se é que conseguiria já que nunca tive perfil para brigar com alguém.
- Dá para parar de me chamar assim? Para de me seguir. Eu não sou seu amigo, você também não...é – disse puxando ele pelo colarinho da camisa de uniforme mostrando toda a minha irritação, o olhando de muito perto até que senti suas mãos firmes na minha cintura de forma bastante possessiva e assim que minha boca formou aquele “O” de surpresa, Yutaka me beijou.
Eu travei. Não sabia o que fazer e muito menos o que dizer. Eu já tinha visto ele sair com várias garotas, afinal de contas, diferente de mim, Yutaka era popular então era compreensível ele ser assim. Mas me beijar?
Eu? Olha só para mim! Eu sou uma garoto alto demais para a minha idade, magro, de olhos amendoados diferente dos olhos negros que todos estão acostumados, de pele extremamente clara e eu odiava os meus lábios. Desde a creche alguns garotos me chamavam de pato e isso me irritava profundamente.
Como que alguém como eu poderia despertar algo no cara mais popular da escola? Não demorou para que a escola toda ficasse sabendo e do dia para noite viramos a sensação, ou melhor, o casal do ano.
Eu tentava fugir dele a todo custo mas até na minha casa ele ia. Eu tinha uma melhor amiga, a Reila. Ela era alguém que conheci ainda na pré escola porque nossas mães trabalhavam no mesmo lugar então foi impossível não nos relacionarmos e naquela época ainda deixava que se aproximassem de mim.
Quando me fechei para as pessoas até tentei afastar ela, porém a mesma não quis aceitar e então se tornou a única que deixei existir nesse caos e solidão chamada a minha vida.
O tempo se passou, anos na verdade. Assim que saímos do colegial seguimos para a universidade. Yutaka e eu quase não nos víamos por causa das aulas e do trabalho.
Ele estudava gastronomia enquanto que eu permanecia no mundo da literatura com os meus livros. O único momento que me sentia em paz era com os livros. Parecia que eu fazia parte de tudo aquilo contado neles, me sentia em casa.
Yutaka achou de péssimo gosto eu escolher fazer Literatura mas a Reila achou uma excelente ideia. Ela dizia que eu havia chegado nesse mundo cheirando a livros e era essa razão de me sentir acolhido quando sentava em uma poltrona passando horas vivendo as melhores aventuras presentes naquelas páginas.
Reila estava cursando Arquitetura e seu curso era na mesma faculdade de Yutaka enquanto que eu ficava excluído em uma faculdade pequena na região sul de Tóquio.
Durante um tempo eu havia aprendido a conviver com a presença do Yutaka e quando ele viu que por causa da nossa carga horária não nos víamos com muita frequência, fez a proposta que mudou as nossas vidas para sempre.
- Vamos morar juntos, pato? – perguntou ele me fazendo arquear a sobrancelha. Ele tinha mesmo que fazer isso e dessa forma?
- Porque você ainda me chama assim? Eu não gosto – argumentei o fazendo gargalhar.
- Ok..tudo bem! Estou em paz. Você sempre tão sensível, Kou-chan – disse ele – e então? Você aceita?
Antes que eu respondesse, Yukata me cercou com seus braços me trazendo mais para si. Ele era bonito e cada dia que passava ficava mais atraente.
De fato não estava dando valor ao tempo que passávamos juntos então devido ao tempo que já tínhamos juntos achei melhor aceitar a sua proposta.
Ele insistiu que por enquanto continuássemos no apartamento dele porque o valor era razoável. Eu concordei em ajudar com as despesas e até mencionei a possibilidade de que fossemos para um lugar maior mas não quis. Yutaka queria ficar naquele prédio por toda a lei e eu não entendia a razão.
Não podia acreditar íamos morar juntos. Eu acordaria ao lado do meu namorado bonito todos os dias, poderíamos fazer coisas que não tínhamos feito antes, até porque não tínhamos um lugar pra chamar de nosso lar.
Assim que levei as minhas coisas para lá, problemas começaram a surgir. Não havia espaço para a minha coleção de livros e ele não deixava que eu remanejasse as coisas do quarto da bateria que ele tinha lá para que coubesse uma estante de livros.
A verdade era que Yutaka não gostava de livros e insistia que não era nada inspirador tocar bateria olhando para uma estante de livros velhos. Segundo ele era broxante.
Como eu ainda via aquele lugar como sendo a casa dele deixei que meus livros ficassem guardados em caixas empilhadas no canto do quarto. Sempre que queria ler algo tinha que procurar entre tantos outros até achar.
Reila vendo toda a minha situação e como a história dos livros me afetava resolveu se mudar para o mesmo prédio que a gente, cedendo um dos quartos para que eu criasse uma biblioteca.
Com a ajuda dela conseguimos criar um ar harmonioso, com tapetes, cortinas e duas poltronas para chamar de nossas já que ela, assim como eu era fascinada por ler. Não os mesmo títulos mas já era alguma coisa.
A Reila até havia conseguido um trabalho na biblioteca municipal da cidade enquanto que eu servia café no quiosque da minha faculdade. Assim eu não precisava gastar com condução de sair de um lugar para outro durante a aula e o emprego de meio período.
Não era o melhor lugar para se trabalhar já que tenho muita dificuldade de socialização mas consegui empenhar o meu papel muito bem entre fazer lanches rápidos e servir pessoas. Pelo menos eu tinha um trabalho que me assegurava pagar as despesas e também pagar o curso que eu gostava.
O tempo foi passando e as coisas começaram a esfriar entre Yutaka e eu. Ele sempre dizia que estava cansado, chegava tarde alegando que tinha muito serviço no restaurante onde conseguira um emprego.
- Você? Reclamando que está se sentindo sozinho, Kou-chan? Essa é novidade – dizia Reila depois que cheguei no apartamento dela para colocar um livro que havia compro.
- Ele está estranho, sabe? Chega tarde. Às vezes a gente nem conversa e quando conversa é só sobre assuntos do trabalho dele. Não vejo Yutaka olhando para mim como era no início – respondi meio envergonhado. Nunca fui o tipo de pessoa que falava de sentimentos então era difícil para mim expor todas aquelas inseguranças.
Às vezes eu havia acostumado com ele sempre em cima de mim tentando fazer eu conversar mais, ou me obrigando a sorrir com alguma palhaçada. Era meu jeito ser assim mais sério mas isso não queria dizer que não gostava dele ou que queria longe de mim.
Pelo contrário, com todas as suas investidas acabou conseguindo um lugar no meu coração. Era compreensível me sentir inseguro outra vez. Será que ele encontrou outra pessoa no trabalho dele? Que tenha os mesmos gostos, a mesma paixão por música e culinária?
- Olha, Kou-chan, não fique assim tá bom? Eu sou amiga dos dois e vou sondá-lo na faculdade para ver o que está acontecendo, ok? Vai ver que a relação só caiu na rotina e agora que ambos estão trabalhando, estudando não é mais o mesmo ritmo de antes na época do colégio. Calma que vai dar tudo certo – disse Reila me acalmando. Não sei o que seria de mim se não tivesse ela para me ouvir. Eu já teria surtado.
-
Alguns dias haviam se passado desde aquela nossa conversa e ele se tornou mais distante me fazendo ficar até mais retraído do que de costume. Eu tentava achar uma razão para o qual tudo estava daquele jeito. Até me sentia culpado pelas coisas que aconteceram naquela época do colégio.
Quando descobriram que Yutaka estava interessado em mim e logo mais estávamos em um relacionamento, muitas pessoas viraram a cara para nós dois e ele deixou automaticamente de ser popular entre as garotas.
Os rapazes tinham uma cisma de que se ele se aproximasse era porque queria o corpo nu de algum deles, o que não passava de uma ideia sem sentido já que ser homossexual não faz de você a pessoa que vai desejar todos os homens do mundo todo. Não é assim que funciona e o preconceito das pessoas fazem criar teorias bizarras para desmerecer a opção do próximo.
Agora que não estávamos mais tão jovens assim e que ele havia conhecido ambientes, pessoas diferentes talvez essas decisões de antigamente estejam pesando agora.
Mais uma vez eu seria o problema, o fardo na vida das pessoas, o que eu não queria desde o início. Eu já estava questionando se foi uma boa ideia me relacionar com ele.
Porque antigamente era somente eu e assim ninguém sairia ferido, inclusive o meu coração.
Autor(a): zoraidapierre
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