Fanfics Brasil - Céu Nublado Rainbow in the Dark

Fanfic: Rainbow in the Dark | Tema: The Gazette


Capítulo: Céu Nublado

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Acho que a Reila conversou com o Yutaka porque ele chegou mais cedo e tentou me agradar levando-me para dar uma volta e jantar. Ele parecia bastante agitado quando chegou do trabalho mas agora que estávamos indo para casa as coisas haviam mudado. Ele sequer me olhava e eu não entendia a razão para isso se não fiz nada, nem disse algo que o desmerecesse ou aborrecesse de alguma forma.


Deixei que Yutaka falasse da faculdade, dos pratos que havia aprendido, dos novos amigos que havia feito na turma, como estava contente de ser útil em um restaurante. Eu fiz minha parte em ouvir tudo com calma mostrando total concentração e interesse. 


Fiz alguns comentários para tentar entender tudo e em momento algum ele se mostrou satisfeito em saber como eram os meus dias ou as pessoas que eu interagia no trabalho já que a faculdade era um local com uma circulação grande de pessoas.


Eu até achei que se ele havia terminado de falar e já que estamos ali, Yutaka poderia se interessar em saber os novos gêneros literário que eu havia aprendido a gostar, das notas boas no curso, meu empenho a ser uma pessoa mais receptiva às pessoas no trabalho porém ele sequer estava prestando atenção.


Quando eu simplesmente olhei e percebi que não estava olhando para mim foi então que me calei. Yutaka sequer me perguntou porque parei ou que dizer que poderia continuar. Ele simplesmente se virou para mim depois de um tempo calado e perguntou se já podíamos ir. Afirmei que sim e seguimos para o carro.


Era estranho você está do lado de uma pessoa que parece não se importar com o que faz ou deixa de fazer. Como se você fosse sei lá, uma pessoa qualquer. Pode ser que isso não tenha se passado na cabeça dele mas foi como estava sentido.


Nem intimidade tínhamos mais um com o outro. Não conseguia me lembrar quando foi que tomamos banho juntos, nos pegamos no sofá da sala ou um chamego gostoso na nossa cama. Nossa. Parecia uma palavra pequena que tinha uma proporção grande de significados e nenhuma parecia definir o que eu ainda fazia naquele lugar.


Aquele dia eu sem dizer nada desci do carro, abri a porta do apartamento e segui para o quarto. Me desfiz das roupas no caminho, nem me importando delas estarem espalhadas pelo chão e somente de boxer eu deitei. Fiquei afogado em lágrimas até pegar no sono. Porque Yutaka sequer se deitou comigo aquela noite.


O que foi que eu fiz para que tudo ficasse assim entre nós? Eu me sinto insuficiente para fazer alguém feliz e isso inclui Yutaka. Eu só queria que ele me perdoasse por ser insuficiente.


Acordei com o rosto inchado, claramente eu havia chorado mesmo estando dormindo. Após sair do banheiro, segui em direção à cozinha e vi Yutaka dormindo no sofá. Ele tinha o rosto sério mesmo dormindo.


Rosto tão diferente de tempos atrás. Quando foi que mudamos tanto? Não o culpo por isso. Assim que segui os passos até a cozinha senti um perfume adocicado no local. Parecia como jasmim. Eu conhecia aquele cheiro que era tão aconchegante. Mas de onde?


No balcão da cozinha eu encontrei uma pequena cestinha com vários chocolates. Todos ao leite como ele gostava. Encontrei um cartão junto que dizia um simples pedido de desculpas e que havia comprado por saber que era o tipo de doce que eu mais gostava.


Yutaka, querido. Eu sei o quando você se esforçou em comprar esse presente para mim. Mesmo tendo se esquecido que sempre fui fã de coisas amargas. Café sem açúcar e chocolate amargo eram os meus favoritos. Mas o que vale é a intenção, não é mesmo?


Senti seus braços a me envolver, apoiando o queixo no meu ombro observando o embrulho intocado.


- Ohayo, Kou-chan. Você gostou da surpresa? – perguntou ele e eu assenti.


- Gostei sim. Muito obrigada Yuta-chan – respondi beijando sua bochecha fazendo ele sorrir levemente.


Aquele cheiro doce outra vez. Seu olhar vacilou e ele se afastou alegando que iria tomar um banho, logo se afastando.


Os dia se passaram rapidamente e a Reila vivia fora do apartamento. Como eu tinha uma cópia, sempre entrava lá para deixar um livro ou para pegar outro. Ela também tinha uma cópia da chave do nosso apartamento para caso precisasse de algo.


Eu queria falar com ela para contar que o plano de juntar novamente o Yutaka e eu havia fracassado. Queria até dar uns chocolates para ela já que não comeria aqueles tão doces mas não conseguimos mais nos encontrar.


Pensei em deixar os doces no quarto dela pois se mesmo ela chegando tarde e não passasse pela cozinha, ficaria sabendo que eles estavam ali a sua disposição.


O quarto dela sempre foi bastante organizando assim como o restante do apartamento. Tudo era em tons de rosa queimado, sua cor favorita e creme. Deixei os doces no criado e resolvi deixar também um bilhete. Como eu sempre deixava uma canetinha e um bloquinho no bolso para anotar o nome de algum livro, retirei o mesmo começando a escrever.


Assim que me sentei na cama para apoiar o bloquinho no joelho aquele cheiro doce voltou a invadir o meu olfato. Aquele cheiro era muito aconchegante, era estranhamente familiar.


Deixei o bilhete lá, peguei o livro que eu queria na biblioteca compartilhada e fui embora. Absolutamente eu não queria pensar em nada. Eu preciso de um tempo para mim e só posso ter esses momento comigo mesmo através dos livros.


Mais alguns dias se passaram e consegui encontrar minha amiga na porta do prédio. Reila parecia triste e tinha olheiras arroxeadas, fundas de quem a muito tempo não dormia.


Perguntei o que estava acontecendo, Reila me pediu desculpas dizendo que não tinha como contar agora porque era tudo muito confuso mas que estava estudando muito e não estava conseguindo conciliar tudo. Ela até cogitou sair do emprego de bibliotecária e me indicar como um candidato à vaga.


Eu conseguia ver um olhar fosco nos olhos dela. Reila não conseguia me encarar como de costume e aquilo me deixou com o estômago um pouco agitado. 


Eu já vi esse olhar antes. Dor e culpa andam lado a lado e era um dos dois. Eu não queria fazer ela sofrer, tinha consciência de que quando Reila quisesse me contar falaria porque nossa amizade era assim. Na base da sinceridade.


Disse que estava se precipitando e que não precisava sair do emprego pois com certeza estava mais difícil porque era final de semestre. Essa fase passaria logo, só precisava de um pouco de paciência.


- Você não está entendendo, Kou-chan. Eu vou sair do emprego e automaticamente vou me mudar porque não vou conseguir manter o curso e o apartamento. Me desculpe por acabar com o nosso cantinho especial mas não dá mais. Me perdoe, por favor – disse ela caindo em um choro descontrolado.


Reila me abraçou apoiando a cabeça no meu ombro. Sentia sendo observado mas sequer importei. Minha amiga era prioridade naquele momento e qualquer outra pessoa que não tem nada a ver conosco não tem o direito de nos atrapalhar.


Levei Reila para o apartamento e depois de tanto chorar, ela acabou dormindo. Percebi que o quarto estava diferente. Havia umas caixas ali me fazendo pensar que estava afim de se mudar já tinha alguns dias. De fato não era do dia para noite que havia pensado nisso e isso me preocupou. Porque ela queria sair daqui e tão rápido assim? Será que aconteceu alguma coisa?


Fui para a cozinha e fiz um caldo de cenoura com gengibre para que ela pudesse se alimentar de algo quentinho assim que acordasse. Sai do apartamento com todo o cuidado para não acordá-la pois Reila precisava de descanso.


Assim que fechei a porta do apartamento quase tive um ataque do coração ao dar de cara com Yutaka. Ele também parecia apavorado em me encontrar. Certamente pelo susto de me encontrar ali naquele horário.


- Kouyou! Você me assustou – disse ele colocando a mão no coração demonstrando ansiedade e espanto.


- Eu estava com a Reila. Ela está muito cansada e acabou dormindo. Demorei porque estava fazendo um caldo. E você? – perguntei porque não era normal ele estar dois andares acima do nosso.


- Estava te procurando. Como você demorou a chegar eu vim perguntar se a sua amiga sabia onde estava. Ela sempre sabe tudo sobre você – respondeu ele atropelando as palavras, o que me deixou um pouco assustado porque fazia tempo que ele não trocava mais de meia dúzia de palavras comigo e ainda mais estar me procurando.


Comecei a andar e Yutaka me acompanhou sem dizer nada. Chegamos no apartamento e achei melhor tomar um banho mas ele me impediu dizendo que queria ficar um pouco comigo sem forçar nada além de ter um ao outro.


Achei a colocação de palavras um tanto estranha mas concordei. Fazia bastante tempo que não tínhamos um momento como aquele onde tivéssemos somente nós dois.


Deitei na cama e logo estendi os braços para que ele se aconchegasse ali. Yutaka abriu um pouco a gola da camisa para se sentir mais confortável e se aninhou em mim.


Selei seus lábios na esperança de que ele aprofundasse o beijo e quem sabe um momento de intimidade pudesse reacender a chama do que um dia esse relacionamento foi mas Yutaka se afastou aninhando o rosto no meu pescoço. Talvez ele só quisesse um minuto de paz. Eu poderia dar isso a ele.


No mesmo instante senti Yutaka aspirando o ar, parecendo sentir aquele cheiro doce que estava em mim. Se ele perguntasse de quem é aquele cheiro diria que é da Reila mas para minha surpresa senti minha pele molhar.


Assim que me virei, Yutaka estava com os olhos fechados e fazia um esforço para não cair no choro contudo eu via que aquela umidade toda vinha dos seus olhos. Porque ele estava chorando?


Antes que as palavras saíssem da minha boca, Yutaka então se levantou ficando de costas para mim dizendo que precisava de um chá verde, perguntando com a voz embargada se eu também queria pois iria descer para comprar.


Respondi que não e então ele pegou a carteira em cima da mesinha e saiu porta a fora. O que será que está acontecendo com todos estão tão tristes assim? Parecia que eu tinha contaminado a todos com essa tristeza. Eu sentia que meus dias estavam se tornando nublados e nada poderia ser feito quanto a isso. 



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Autor(a): zoraidapierre

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