Fanfic: Rainbow in the Dark | Tema: The Gazette
Eu não conseguia perceber qual era o problema daqueles dois mas precisava tomar alguma atitude. Eu sempre fui do tipo bastante calado e na minha então era impossível que viesse de mim a ideia de sair, ainda mais a noite.
Pensei que poderia chamá-los para sair, fazer algo que não fazíamos a muito tempo, os três, até porque no início do namoro era comum a Reila fazer parte dos nossos encontros e Kai nunca se opôs contra isso. O que era ótimo porque seria quase o apocalipse pensar que ele não gostava da companhia da minha única amiga.
Tentei conversar com Kai sobre essa saída noturna e ele me disse que os amigos do trabalho sempre o chamavam para a balada mas que por mim sempre dispensava. Eu nunca tinha ido à uma balada. Sequer passei na porta de uma e pensei, porque não? Não era tarde para coisas diferentes, era?
Concordei que iríamos à essa balada e só precisa convencer Reila de ir com a gente.
- Vamos amiga, vai ser bom para nós passar um tempo juntos fazendo algo diferente do que estamos habituados. E outra, a gente nunca foi em uma balada e estou curioso para saber como é lá. Você também não está? - perguntei tentando manter aquele clima agradável entre nós dois. Ela ainda parecia muito triste então eu precisava animá-la de qualquer maneira.
- Ahh Kou, eu não sei. Não parece ser um lugar de gente legal. E outra, ouvi dizer que lá as pessoas passam dos limites, bebem muito e até usam drogas - respondeu ela tentando me convencer a esquecer o assunto mas não posso me dar por vencido. Essa era a nossa chance.
- Reila...isso é papo furado e outra. A gente pode beber alguma coisa mas ninguém é obrigado a usar o que não quer. Ninguém pode te obrigar a nada. Vamos, o Kai que era o mais difícil de convencer já aceitou, porque você não faz o mesmo?
Percebi que ela não queria ir mas estava disposta a aceitar por mim. Queria fazer essa noite muito importante para que ela reconhecesse que ficar longe da gente não era a solução e fazer o Kai melhorar um pouco a relação comigo. Na minha cabeça essa chance era ótima.
-
Kai usava uma calça de couro preta, uma camisa preta com uns arabescos bordados em branco e vários acessórios. Seus cabelos já um pouco compridos estavam presos em um rabo de cavalo, o que na minha concepção o deixava bastante bonito.
Eu coloquei um blusa de moletom branco, optei por uma calça preta com uma abertura em uma das pernas ligando-as por cinta liga, mostrado um pouco da pele leitosa que Kai tanto gostava. Ele sempre dizia que eu tinha coxas fartas e por mais que não gostasse dessas palavras, eu precisava chamar atenção dele de alguma forma, não é mesmo?
Deixei os cabelos cor de mel soltos em camadas e fiz uma maquiagem mais elaborada, destacando meus lábios com um lip balm de cereja para os deixar hidratados por mais tempo.
Assim que chegamos no local já me senti meio perdido. A música eletrônica era bem alta, tinha muita gente falando alto demais, era bebida e fumaça para todos os lados. Kai nos puxou para um lado da boate onde estavam os amigos dele que eu sequer conhecia.
Reila segurou minha mão dizendo que queria beber alguma coisa então fomos até o bar. Não era porque era minha amiga mas ela estava muito bonita. Usava um vestido tubinho negro, salto alto da mesma cor, cabelos soltos no meio das costas, um batom vermelho que destacava a boca pequena e desenhada.
Todos pareciam hipnotizados pela beleza dela o que me deixava muito feliz porque seria a chance dela conhecer alguém legal. Parando para pensar ela nunca teve um namoro sério.
Sempre dizia que não tinha sorte no amor. Eu ria dizendo que ela era boba por pensar assim mas algo dentro de mim estremecia em perceber o quanto entendia aquelas palavras porque mesmo que eu estivesse a tantos anos com o Kai, as vezes me sentia muito solitário. Como se faltasse algo. Será que ela também se sentia assim?
Voltamos para a mesa onde estavam os rapazes e algo não me cheirava bem. Kai parecia bastante aborrecido e o restante encarava Reila sem discrição alguma. Logo que terminamos as bebidas, os rapazes se dirigiram para a pista de dança brigando entre si para ver quem dançaria com minha amiga. Eu achava engraçado porque Reila sempre se sentia inferior às outras mulheres e agora estava sendo provado que ela era tão linda quanto as outras.
Fui para a pista junto com o Kai que não me parecia nada satisfeito em ter a minha companhia. Pensei que algum dos amigos tivessem falado algo sobre a gente quando estávamos pegando bebidas e por essa razão ele se sentia assim mas em algum momento Kai cederia. Não tem como alguém continuar com esse humor em um lugar de festa.
A cada vez que a música mudava ela mudava de par. Eu me sentia deslocado naquele lugar. Nunca fui bom em dança então logo pedi licença ao Kai que nem manifestou vontade de me seguir e sentei para tentar recuperar as forças.
A música mudou novamente para algo mais romântico e então os amigos do Kai voltaram para a mesa conversando entre eles. Procurei Kai e Reila por entre a multidão até que os vi muito próximos dançando conforme o ritmo da canção.
- Ela é tão bonita, pena que não deu chance para nenhum de nós – disse um rapaz com cabelos longos aloirados que me lembrei de ouvir chamá-los de Die.
- Eles até que formariam um casal bonito se o Kai não fosse tão sistemático – disse um baixinho tatuado bebendo Sake na mesa.
- Kyo, para de falar essas coisas. Não percebe que não estamos sozinhos? – perguntou Die olhando para mim sorrindo timidamente pedindo desculpas e depois olhando para o baixinho ao lado, o repreendendo.
O falatório daqueles caras ali na mesa me deixava um pouco desconfortável. Kai era muito bonito, inteligente e reservado. Vai ver ele sequer tivesse comentado com os amigos do trabalho que eu era seu companheiro. Falaria com ele sobre isso para tentar compreender melhor a situação.
Me sentia sufocar naquele ambiente que não era para mim. Era informação demais para a minha cabeça então decidi dar uma volta. Saí da boate e comecei a perambular pelas ruas com as mãos nos bolsos. Não sei se era o clima que estava tão quente naquele lugar mas aqui fora estava fazendo bastante frio.
Depois de cerca de dez minutos de caminhada a chuva começou a cair e eu corri para procurar um lugar para me esconder, entrando no primeiro estabelecimento que encontrei. Era um restaurante pequeno, simples porém muito limpo e organizado.
O local começou a ficar cheio porque outras pessoas tiveram a mesma ideia de se esconder ali por conta da chuva e eu fui ficando cada vez mais longe da porta principal.
Como tive que correr e não era do meu feitio praticar qualquer atividade física, fiquei um pouco tonto devido à falta de ar e me sentei no primeiro assento disponível.
Só depois de tentar me recompor que percebi que estava sendo observado. Nem tinha percebido que ao meu lado havia uma criança sentada. O garoto riu antes de colocar os talheres na mesa.
- Você usa maquiagem igual ao papai – disse ele me pegando de surpresa. Eu caprichei na maquiagem hoje porque era pra ser um dia especial mas ninguém sequer havia percebido e agora vem um garoto que nem conheço me comparar ao seu pai.
Me senti um pouco estranho porque nunca tive que lidar com crianças então não fazia ideia de como agir. Notei que ele usava uma bermuda preta e uma camiseta branca com uma estampa divertida.
- Esse personagem que tem na sua camiseta é de que livro? - perguntei sem nem pensar nas consequências de onde estava me metendo. Quem sem importa? Eu não pareço um bicho de sete cabeças, não é?
A criança achou graça da minha pergunta me respondendo que era o Mario, personagem de um jogo de videogame. Eu tive pouco contato com videogames já que minha praia sempre foram os livros então não fazia ideia de onde havia visto aquele mesmo personagem estampada em sua camiseta.
Ele puxou o celular da mesa, me mostrou uma foto da galeria. Era um parque com o tema daquele jogo engraçado. Eu já vi esse parque antes, mas onde?
- Será que eles me deixam entrar nesse parque também? – perguntei tentando manter um diálogo com o pequeno. Estava me sentindo um idiota por tentar falar com uma criança que não conheço, em um local que cheguei por acaso e dialogando sobre jogo sendo que nem jogo videogame.
A criança riu gostosamente balançando a cabeça em negação respondendo à pergunta.
- Desculpa o incomodo. Eu não tinha com quem deixá-lo. Meu nome é Shiroyama Yuu e esse é o Jun – disse um moreno muito bonito que se aproximou da mesa me encarando com olhos negros de ônix. Ele tinha uma pele olivácea, os cabelos repicados na altura dos ombros e uma boca carnuda e bem desenhada que faria qualquer ser humano suspirar sem ao menos perceber.
Consegui me concentrar ao máximo para responder o pai do garoto, me levantando apertando sua mão que já estava estendida diante de mim.
- Não é incomodo algum, eu que sou o invasor aqui. É bem fofo...o seu filho. Eu sou Takashima Kouyou – respondi correspondendo ao seu sorriso bonito.
Esse homem é tão bonito que eu podia jurar que ele tinha saído de uma das páginas dos livros que eu adoro ler. Ele é real?
Autor(a): zoraidapierre
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