Fanfic: Rainbow in the Dark | Tema: The Gazette
Era muito estranho tentar manter um diálogo com uma criança e agora temos o pai da criança para fazer companhia enquanto o mundo quase acabava lá fora de tanta chuva. Parecia que eu nunca iria mais embora para casa.
Parando para pensar, nem sei se no fundo eu queria de fato voltar. Aqui parecia outra realidade e eu poderia pelo menos por algum tempo não pensar na minha vida e fugir de tudo que me deixava triste, mesmo que isso fosse um pouco estranho de se pensar. Poderia dar certo já que eles pareciam pessoas legais.
O pai do garoto me perguntou se eu tinha o costume de frequentar aquele lugar já que nunca havia sequer me visto antes. Não podia mentir então disse que tinha saído da boate para refrescar a cabeça e a chuva acabou me pegando e lá estava eu, sentado na mesa de desconhecidos interagindo como se nos conhecêssemos a anos.
Talvez para uma pessoa de fora, um adulto pensaria que não tinha ideia ou princípios nenhum mas quem se importa afinal? Eu tenho algo a perder?
- Pai, acredita que ele nem sabia quem era o Mario da minha camiseta? - perguntou o menino me fazendo corar o rosto de vergonha. Não dava para conhecer tudo do mundo não é?
O homem bonito sorriu para o garoto antes de se dirigir a mim pedindo desculpas novamente. Esse garoto é muito inteligente.
- O que você faz da vida, Takashima-san? - perguntou ele. Agora que eu percebi como os dois se vestiam. Ele usava uma calça jeans apertada destacando as curvas e uma camiseta preta do hide with Spread Beaver. Então ele também curtia jrock? Interessante.
- Pode me chamar apenas de Kou. Eu estudo literatura e trabalho na lanchonete da faculdade - respondi sorrindo nervosamente. Eu parecia alguém que fazia essas coisas? - e você, Yuu?
Ele sorriu retribuindo o meu sorriso que pelo que bem me conheço pode ter soado como uma careta. Ele tem um sorriso tão bonito. Kamisama! O que estou pensando?
- Meu pai faz desenhos - disse o garoto e o pai riu da resposta do mesmo. Ele fazia desenhista então?
- Não é bem assim, filho. Eu sou designer de games e adoro jogar nas horas vagas. O Jun acabou aprendendo cedo a gostar dessas coisas também. Você gosta de jogar?
Então ele era designer de games e eu sequer sei jogar. Éramos o opostos mesmo. Mas também...ele não tem cara que gosta de literatura clássica.
- Na verdade o meu forte é a leitura. Eu não sei muito sobre esse universo de jogos - respondi sinceramente. Era a verdade. Se ele me perguntasse sobre algo referente só passaria vergonha.
O local já estava bem vazio visto que a chuva já havia passado o que de certo modo era bom. Me levantei assim que percebi eles também se levantarem.
- A chuva passou pelo jeito. Eu já vou indo. Foi um prazer conhecer os dois - respondi. Foi bom esquecer dos problemas por algum tempo.
- Você está sozinho aqui não é? Pode chover de novo a qualquer momento. Posso te dar uma carona se quiser, Kou - disse Yuu e eu fiquei pensando se seria uma boa ideia.
Não conhecia ele mas também não tinha cara de ladrão e que mexia com coisas erradas. E bem, tínhamos um garotinho junto. Ele não me faria mal na frente dele não é?
Respondi que aceitava a carona se não fosse nenhum incômodo. Disse onde morava e ele seguiu calado enquanto o Jun me fazia companhia no banco de trás falando sobre os jogos que gostava e como era cheio de bonecos o quarto dele.
Era legal pensar que ele tão novo colecionava bonecos enquanto que eu na idade dele já iniciava uma pequena coleção de livros. Nós conseguimos manter um bom diálogo na volta pra casa e era até estranho me dar bem com uma criança já que nunca tive contato por ser filho único.
- Você podia ir um dia lá pra casa pra gente jogar, tio Kou. Ia ser muito bom! - disse o baixinho alegremente fazendo o pai gargalhar no banco do motorista.
- Jun, não é assim que se faz. Você precisa perguntar se a pessoa gostaria de ir e jogar com você. Primeiro a gente convida, filho - disse ele estacionando o carro.
Fiquei pasmo com o quanto ele era doce com a criança. Por isso o garoto era tão educado e comportado. Duas coisas que eu apreciava muito em uma pessoa.
- Você gostaria de ir na minha casa, Kou? - perguntou o baixinho e respondi que claro que sim. Não podia deixar de responder o garoto. Eu precisava saldar a minha dívida com eles pela carona.
- Claro que sim, Jun. Qualquer dia desses. O que acha? - perguntei passando a mão pelos fios do garoto que sorriu com aquele gesto.
- Se você tiver algum número de telefone que a gente consiga se falar, podemos marcar um dia então, Kou - disse Yuu e então passei o número do meu celular. Eu sabia que ele havia pedido somente para fazer o garoto se aquietar um pouco sobre essa visita. Afinal de contas ele também não me conhecia.
- Muito obrigado pela carona, Yuu. Foi muito bom te conhecer Jun. Vocês são muito legais - respondi agradecendo a carona e descendo do carro.
Yuu e Jun acenaram antes que eu entrasse no prédio. Entrei no apartamento e o Kai estava lá andando de um lado para o outro parecendo bastante preocupado.
- Kou, onde você estava? O Die disse que te viu sair mas eu cheguei e você não estava, não atendia o telefone - disse ele se aproximando de mim percebendo que eu não estava molhado da chuva.
- Eu estava voltando pra casa mas a chuva me pegou no caminho mas já estou em casa. Não precisa se preocupar - respondi andando em direção ao quarto - vou tomar um banho e me deitar porque estou muito cansado.
- A gente precisa conversar, Kou. Eu preciso… - nem deixei que ele continuasse pois respondi um boa noite e fechei a porta atrás de mim deixando um moreno na sala.
Não me demorei a deitar e aquela noite eu não consegui pensar em mais nada a não ser no pai e no filho que havia conhecido aquela noite.
Será que foi o destino ou foi apenas como uma nuvem passageira? Pela manhã ninguém lembraria de si e a vida continuaria como estava sendo desde sempre.
Autor(a): zoraidapierre
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