Fanfics Brasil - Estiagem II Rainbow in the Dark

Fanfic: Rainbow in the Dark | Tema: The Gazette


Capítulo: Estiagem II

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Acordei com o sol entrando pela fresta da janela me avisando que já era de manhã. Me levantei e destranquei a porta, voltando a me deitar logo em seguida. Eu sabia que o Yutaka precisava de suas roupas e eu não podia o impedir de ir trabalhar arrumado. Não queria arrumar mais nenhum problema.


Yutaka entrou sorrateiramente no quarto e pelo cheiro de frescor, havia tomado banho no banheiro social. Ele foi até o guarda-roupa, vestiu suas roupas enquanto eu continuava deitado fingindo estar dormindo. 


Eu estava magoado demais para ter uma discussão logo pela manhã. Me sentia cansado demais para tentar algo mais nessa relação pois achei melhor deixar as coisas como estavam. Acredito que seria o melhor para nós dois.


Yutaka se aproximou da cama e meu coração disparou pensando se ele me abraçaria, beijaria ou algo do gênero. Eu não queria mais nada disso, me sinto esgotado nessa relação. Senti seus dedos gélidos pela minha bochecha e franzi o cenho como forma de protesto. Ele sabia que eu já estava desperto e logicamente queria conversar.


- Me perdoa por tudo. Eu sabe...Não queria. Aconteceu as coisas rápido demais. Espero que um dia você me perdoe. Sei que você tem um coração grande e logo vai me perdoar. A gente tem muito para viver pela frente ainda -  Disse ele. Eu não queria ouvir mais nada daquilo. Sentia que nada verdadeiro vinha dele. Será que eu estava errado por pensar assim?


Me virei bruscamente para o outro lado dando por encerrado aquela conversa. Sentir as lágrimas molhando o meu rosto mas preferia continuar como estava. Eu queria que ele sumisse da minha frente logo, antes que eu perdesse o controle e fizesse ou falasse algo que pudesse me arrepender. A distância seria melhor para nós dois.


Yutaka saiu para o trabalho e depois teria aula na Faculdade. Esse seria o momento ideal para resolver tudo por aqui antes de trabalhar. No momento que ouvi a porta bater e ser trancada, levantei indo até o banheiro fazendo a higiene matinal e pensando o que faria dali em diante. Eu precisava de um lar, não podia mais ficar aqui e logicamente não procuraria abrigo no apartamento da Reila.


Durante o banho eu só conseguia pensar no que levar e para onde ir. O aluguel na região não era nada barato e com trabalho de meio período que conseguira na cantina não dava para suprir todas as despesas. Eu tinha um pouco guardado pois era reserva que usava para comprar os livros e eu teria que usá-los agora mas não para essa finalidade.


Coloquei minhas roupas que não eram muitas em uma mala que ficava esquecida em cima do guarda-roupa. Fui até o banheiro em busca dos produtos de pele que tinha o costume de usar e coloquei todos na mala. 


Não podia ir embora sem dizer nada então faria da melhor maneira que eu sabia, escrevendo. Peguei o pequeno caderno de anotações que vivia comigo em meu bolso e comecei a escrever as palavras que me doíam muito agora apesar disso sabia que essa dor uma hora se acalmaria e viveria solitário como era antes então nem tanta coisa mudaria assim.


"Yutaka, 


Obrigado por tudo que fez com aqueles ser solitário da época do colégio. Eu evolui muito daqueles tempos para cá. Eu nunca sequer havia imaginado naquela época que nossa relação duraria tanto e foram longos anos ao seu lado. Eu deveria ter feito melhor? Tentado mais? Talvez sim, talvez não. Não dá pra saber, não é? O destino ele é… difícil de entender.


Não vou dizer que estou bravo, nem xingar ou te mandar para o inferno como as pessoas traídas fazem em um fim de relacionamento. Você sabe que não sou esse tipo de pessoa então acredito que seja melhor assim, cada um seguindo sua vida da melhor maneira possível. 


Diferente do que você disse ontem sem sequer saber que eu ouvia atentamente, eu cresci, amadureci e vou conseguir andar com minhas próprias pernas. 


Sei que no início haverá altos e baixos ainda assim vou enfrentar todos os obstáculos que me forem postos durante o percurso. 


Espero do fundo da minha alma que fique bem e que você seja feliz. Não guardo raiva de você. No momento estou apenas magoado mas sei que logo vai passar porque não sou o tipo de pessoa que guarda mágoa de ninguém, você sabe então fique bem.


Ass: Takashima Kouyou "


Deixei a carta em cima da cama agora arrumada e segui para a cozinha, me sentando a mesa pensando no que dizer a Reila.  Eu precisava passar por lá e pegar meus livros. Ela iria se mudar daqui e parecia que era eu que estava retardando esse momento visto que minhas coisas ainda estavam lá dentro. Suspirei pesadamente antes de começar, senti a garganta queimar mas não choraria mais, não por esse motivo.


"Reila, 


Obrigado pelos bons momentos que passamos juntos, pelos bons conselhos e por ter ajudado durante todos esses anos. Sua amizade foi fundamental para o meu crescimento e o que me tornei hoje agradeço a você. 


Como eu disse ao Yutaka, estou muito magoado agora para conversar e sei que esse sentimento logo passará pois você me conhece, conhece meu coração e sabe que não tenho raiva nem de uma abelha da qual sou alérgico.


No momento seguiremos caminhos separados para o bem de todos nós. Passei aqui para pegar minhas coisas e me despedir. Sei que havia dito que voltaria para casa dos seus pais mas acho melhor você cuidar do Yutaka pois sei o quão desorientado ficará com a minha partida. 


Quero que saiba que não estou com raiva de vocês dois. Eu que pedi para que você se aproximasse dele então não sei se podemos mudar o coração não é mesmo? É essas coisas que os livros de romance que tanto gostamos trata, no coração não se manda, tudo simplesmente acontece. Isso não é um adeus definitivo.


Ass: Takashima Kouyou "


Consegui algumas caixas com o zelador do prédio e encaixotei meus livros. Peguei a mala e rumei para o saguão de entrada pedindo ao porteiro que chamasse um táxi e entreguei as chaves de ambos os apartamentos para que devolvesse aos respectivos donos.


Como eu precisava ir para faculdade trabalhar pensei que para economizar com condução o melhor a se fazer seria alugar um quarto nos dormitórios da faculdade. Sei que não sobra nada do meu salário só com esse gasto mas eu pensaria em outra coisa para fazer durante o período da noite que me ajudaria nos gastos extras.


Conforme conversei com a pessoa responsável pelos dormitórios, conseguir colocar minhas coisas em um canto e descer para não me atrasar para o trabalho. Eu já havia perdido a aula de hoje, não podia perder o turno que me traria o sustento dali em diante. 


Assim que sair do quarto, avistei um baixinho que chegava aparentemente afobado dizendo para eu não trancar a porta entrando no mesmo como um furacão jogando livros em cima da cama e pegando outros na mesinha do computador saindo logo em seguida não antes de me olhar de cima abaixo.


- Você deve ser meu novo colega de quarto. Eu sou Matsumoto Takanori e olha, você é bem bonito, pena que já tenho namorado - disse ele rindo me deixando constrangido.


- Me chamo Takashima Kouyou. Por favor cuide de mim - respondi fazendo uma reverência.


- Muito prazer! Preciso ir pois tenho uma prova agora, até mais tarde então - disse ele saindo correndo e eu só conseguia ver a cabeleira desfiada despontada para todos os lados enquanto se afastava. Que sujeito engraçado esse Takanori-san. Agora sim eu preciso trancar a porta porque preciso trabalhar.


Trabalhei normalmente mas não sei porque me sentia tão esgotado. Deveria ser a mudança ou porque não tinha dormido bem durante a noite. 


Tomei um banho e fui arrumar as minhas coisas do meu lado do quarto. Lógico que não teria espaço para todos os meus livros apesar de que não seria a primeira vez que eles estariam encaixotados em um cantinho. 


Logo que coloquei as poucas roupas no guarda-roupa de solteiro, Takanori apareceu, agora menos agitado e com ar cansado. Ele parecia derrotado.


- Tá tudo bem? Você parece meio... - perguntei e ele sorriu de lado dizendo que teve uma prova prática hoje e que o deixou muito esgotado porém que gostava do curso e dessas aventuras.


Ele cursava moda e fazer uma roupa do zero dentro de pouco tempo para um desfile era trabalhoso demais mas que era muito satisfatório ver o resultado final. Quem diria? Eu sequer imaginava que ele cursava moda.


Mesmo com corte de cabelo diferente e com roupas com designer que não se encontraria em qualquer lugar, era difícil saber o que ele fazia. 


Takanori foi tomar um banho e então peguei o celular e vi centenas de mensagens, ligações tanto de Yutaka quanto de Reila. Achei melhor por fim desligar o aparelho. Não estava com cabeça para falar com eles. O melhor no momento era a distância, cada no seu canto seguindo a sua vida.


Muitos dias se passaram desde que me mudei para o dormitório da faculdade. Não foi fácil no início, ainda mais você dividir quarto com desconhecido mas ao mesmo tempo era legal. 


Takanori Era do tipo organizado assim como eu contudo com acréscimo de mania de limpeza. Estava sempre chateado com alguma coisa e extremamente mal-humorado quando passavam mais de três dias sem ver o namorado. Eu sabia que ele se chamava Suzuki Akira e era dono de uma empresa. Takanori me mostrou uma foto dos dois e ele parecia bonito mesmo com uma faixa tampando o nariz, o que no meu ponto de vista parecia tão peculiar.


Era diferente e ao mesmo tempo engraçado a diferença de tamanho dos dois apesar disso o modo como se encaixavam, como um quebra-cabeça faziam deles um casal bonito. 


Takanori me contou que saiu de sua cidade natal para fazer a faculdade dos seus sonhos e foi em um desfile de moda promovido pela faculdade que conheceu Suzuki Akira. O mesmo estava ali para dar uma palestra sobre empreendedorismo em outro curso quando acabaram ficando presos no elevador do local.


Como Takanori é muito agitado, ficou com medo de ficar preso ali naquele espaço metálico por muito tempo e foi acalmado por um loiro alto que vestia um terno negro muito bonito destacando a pele bonita do homem, os cabelos descoloridos bem penteados.


Eles trocaram os números de telefone pois o maior insistia em saber como ele estava e foi daí em diante que não se largaram mais. Tinha vezes que eles ficavam até uma semana sem se ver porque o irmão do namorado às vezes precisava se ausentar da cidade e ele então tinha que ficar cuidando do sobrinho. Às vezes eles saíam juntos para tomar sorvete ou para comer alguma coisa mas não era sempre que isso ocorria. 


O garoto gostava mais de ficar em casa jogando vídeo game do que saindo por aí, o que irritava o baixinho aqui que era agitado demais para ficar em frente à TV com coisas coloridas piscando na tela.


- Eu preciso arrumar alguma coisa pra fazer no turno da noite – disse ao meu colega de quarto. Ela importante que eu conseguisse um pouco de dinheiro para caso precisasse de uma emergência. O que eu tinha guardado não duraria muito, sabia disso.


_ O que você sabe fazer? O que pensa a respeito? – perguntou Takanori que estava em cima da cama escolhendo alguns pedaços de tecido que certamente usaria amanhã durante a sua aula prática.


- Eu não sei bem. Eu curso literatura e gosto de ler livros e escrever algumas ideias. Um dia quem sabe eu não consigo publicar um livro? – respondi. Quem sabe ele tivesse alguma ideia do que fazer sobre o meu problema financeiro.


- Porque você não dá aulas particulares de letramento e escrita? Seria uma maneira boa de fazer seus horários e ganhar um dinheirinho extra – respondeu ele animado a me olhar – eu costumo fazer roupas para uns amigos que tocam na noite pra conseguir comprar as coisas que gosto. Não gosto de pegar dinheiro com meu namorado, mesmo ele não aceitando o meu não como resposta, o Akira sempre dá um jeito de me ajudar mas ainda sim prefiro a independência.


Até que não era uma má ideia. Mas quais serão os tipos de alunos que poderei conseguir? Não é todo mundo que tem gosto pela leitura e escrita. Não vai ser fácil mas ei de conseguir. Tudo dará certo daqui em diante. Vida nova me aguarda.



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Autor(a): zoraidapierre

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Alguns dias se passaram, a correria era grande entre as provas finais do semestre e trabalhando na cantina logo em seguida. O meu celular tocava tanto que resolvi deixá-lo já direto no quarto. Não queria falar com o Yutaka, muito menos com a Reila naquele momento. Não queria transparecer mas estava um pouco magoado sobre como tudo aconteceu entre ...


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