Fanfics Brasil - O entardecer Rainbow in the Dark

Fanfic: Rainbow in the Dark | Tema: The Gazette


Capítulo: O entardecer

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Alguns dias se passaram, a correria era grande entre as provas finais do semestre e trabalhando na cantina logo em seguida. O meu celular tocava tanto que resolvi deixá-lo já direto no quarto. Não queria falar com o Yutaka, muito menos com a Reila naquele momento.


Não queria transparecer mas estava um pouco magoado sobre como tudo aconteceu entre a gente. Eu não queria culpá-los por isso mas ainda sim me fazia infeliz. Era mentira dizer que não sentia falta dele, foram anos juntos e do dia pra noite dormir sozinho, em um lugar diferente e ainda com um colega de quarto que conversa sozinho durante a noite era completamente novidade para mim.


Às vezes o modo que me sentia fraco e sozinho era aterrorizante. Eu tinha medo de falhar e isso me deixava muito ansioso, sem condições até de manter uma boa noite de sono resultando em olheiras fundas.


Assim que cheguei no quarto, totalmente exausto pelo trabalho já que me ofereci para ficar um pouco mais tarde lá em troca de hora extra. Takanori estava na mesinha cortando alguns panos, o que parecia ser uma camisa e uma calça.


- Que bom que você chegou, Kouyou. Esse celular não para de tocar hora nenhuma. Eu já estava quase o jogando pela janela – disse ele impaciente. Imagino que o toque o tenha atrapalhado nos últimos dias. Yutaka e Reila não cansavam de ligar e perguntar onde eu estava por mensagem porém não me senti na obrigação de responder, pelo contrário. No fundo queria que essas ligações acabassem e os dois me deixassem em paz. Que vivessem sozinho os dois pois não tinha mais o eu para atrapalhar o casal.


- Desculpe por isso. Eu não levei ele pra faculdade porque não para de tocar e eu não quero atender – respondi triste depositando minha bolsa em cima da cama. Ele me olhava questionador e continuei – é o meu ex que não deixa de me ligar mas não quero nada com ele. Só que aparentemente ele não entende.


- Entendi. Se levarmos em conta o tempo que você está aqui, ele é bem insistente – respondeu ele se voltando para o tecido em cima da mesa ao lado da cama dele – o que você resolveu sobre dar as aulas particulares?


Sem dúvidas, o Yutaka estava mesmo bastante insistente. Chega a ser um pouco irônico ele estar assim já que quando estávamos juntos, nos últimos tempos mal trocavamos uma palavra e do dia para noite parecia ter muito o que dizer sobre a gente. ah sobre a gente. Acho que por muito tempo deixou de ser no plural para ser somente ele e eu, dois seres individuais habitando o mesmo teto.


- Eu quero sim. Pensei em colocar uns panfletos pela faculdade, só estava esperando essas ligações cessaram um pouco para que eu possa levar meu celulares para todos os lugares e então receber as ligações dos alunos – respondi me sentando na beirada da cama para me livrar do calçado. Precisava de um banho urgente. As vezes dava tempo de ler uns dois capítulos de um livro antes de pegar no sono, isso quando conseguia dormir.


- Você sabe que pode trocar de número, não é? Não seria mais prático? Assim você já começa de imediato com as orientações em literatura. Vou falar com uns conhecidos e as vezes consigo um empurrãozinho - respondeu ele.


Porque não tinha pensado nisso antes? Trocar de numero me livraria do passado e poderei enfim começar do zero. E agora com um bom amigo tudo ia ficar bem, nem me sinto tão sozinho assim com o Takanori parecendo se importar com meu bem estar.


No dia seguinte troquei de número, jogando o chip na lixeira mais próxima. Suspirei me sentando em um banco de cimento pensando que agora sim tudo estava feito. A minha nova vida começava dali em diante, eu precisava ser forte para as adversidades e os obstáculos que seriam imposto ao longo da minha trajetória escolar. Faltava pouco mas ainda assim era um tempo considerável ainda na faculdade.


A primeira pessoa que adicionei nos contatos além dos meus pais foi o Takanori. Liguei para ele avisando sobre a troca de número e ele se alegrou ao saber que estava dando uma chance para eu mesmo, o que me deixou bem mais calmo. Eu não estava sozinho nessa.


Consegui fazer os panfletos e deixei espalhados pelos murais dos vários cursos da faculdade. Quando cheguei no apartamento, dois alunos já haviam ligado com interesse no meu trabalho então já deixei agendado. Contei para o Taka-chan que ficou contente que já estava dando certo.


Mais alguns dias se passaram e tudo estava indo bem, aos poucos outros alunos entravam em contato e eu precisei de uma agenda para não me perder com os horários de todos. De segunda a sexta eu já tinha horários definidos, o que me renderia uma quantidade considerável para pagar as minhas contas.


Lógico que o valor não era exorbitante, até porque universitário normalmente já se mantém com pouco dinheiro então não podia arriscar cobrar um valor alto e ficar sem alunos.


Cheguei no quarto e Taka-chan praticamente pulou da cama para vir até meu encontro. Ele tinha um sorriso estranho nos lábios o que me deixou um pouco envergonhado. Ainda não havia me acostumado com todos esses lados desse baixinho aparentemente encrenqueiro.


- Kou! Que bom que você chegou! Eu tenho duas novidades pra te contar – disse ele dando pulinhos e isso já me deixou desconfortável. O que será que ele tinha para me contar? Não sei mas não me parecia algo bom de se ouvir mas vamos lá. Custa nada perguntar.


- O que é tão importante, Taka-chan? – perguntei tomando lugar na minha cama retirando a blusa de frio e as botas.


- A primeira é que vai ter um desfile de moda aqui na faculdade e nossa turma é que vai criar os looks para esse desfile. Vai ser tão importante quanto um trabalho de conclusão de curso – disse ele animado. Ótimo que ia ter um desfile valendo ponto para ele mas o que eu tinha com essa história? Eu não curso o mesmo que ele. Será que precisa de alguém para estar presente com ele? O que era de certo modo estranho porque Taka-chan já tinha namorado então ele que o acompanhasse.


- Ótimo para vocês! E a segunda novidade, qual é? – respondi colocando dois livros na mesinha de cabeceira que pegara na biblioteca do colégio para entender algumas matérias para ensinar à uma aluna de pedagogia que estava aprendendo noções de redação dissertativa e argumentativo.


- Aí que vem a parte boa. Eu inscrevi você para desfilar os meus looks – respondeu Taka cruzando os braços em frente a si, olhando as minhas caretas. Como assim ele tinha me colocado para desfilar? Eu sequer sou modelo ou me preparei para isso um dia. Só podia ser brincadeira dele já que tem o costume de ser engraçado de vez em quando.


- Isso é brincadeira né, Takanori? Você não pode estar falando sério. Eu sequer sem andar direito sem tropeçar e você quer me ver desfilar? – respondi mas ele balançando a cabeça me olhou com os olhos brilhantes, pedintes o que me respondia não ser parte de qualquer pegadinha. Ele falava sério e isso me deixava de cabelo em pé – Olha bem pra mim. Eu sou tão comum, não tem nada que chame atenção. Como me quer na passarela?


Taka riu quase gargalhando das minhas palavras, correu e segurando meu braço, o mesmo me puxou para que eu ficasse de pé me colocando de frente a um único espelho existente naquele quarto.


- Você só pode ser cego, Kou-chan! Olha para você! Pele bonita e leitosa, cabelos bonitos e bem cuidado, corpo esguio e uma altura boa para passarelas. Vou fingir que você está sendo apenas modesto que tá tudo certo pra mim – respondeu já pegando a fita métrica e com um caderno em mãos começou a tirar as medidas.


- Ei, Takanori! Eu não disse que aceitava – respondi um pouco descontente. Eu e minha mania de não conseguir responder não para as pessoas. Coisa que sempre Yutaka reclamava. Ahh, olha só no que estou pensando. Naquele que não teve sequer um pouco de respeito pelo nosso compromisso de anos. A ideia era ter uma vida nova e cheia de oportunidades de crescimento então é minha chance de fazer algo diferente. Vai ser bom pra mim e vou ajudar outra pessoa, que no caso é meu colega de quarto. Não deve ser tão ruim assim, não é?


- Você tem que ser mais aberto às oportunidades, Kou-chan. Outras pessoas vão ver você, conhecer o seu trabalho como modelo de passarela e também pode dar um bum no seu trabalho como monitor de literatura. Pensa que estou lhe fazendo um favor – respondeu ele se abaixando tirando as medidas da minha parte inferior me fazendo corar instantaneamente. Mesmo que essa não seja o caso, nenhum outro homem havia me tocado antes e isso me deixou um pouco ansioso.


- Tudo bem, Taka-chan. Me convenceu. Eu aceito a sua proposta porque vida nova merece alguns riscos de vez em quando, não é? – respondi e ele riu quase dando pulinhos. Às vezes o tamanho dele me fazia lembrar como se parecia como uma criança – e quando será esse desfile?


- No fim do mês. Já tenho vários desenhos. Você vai me ajudar a escolher os looks e vamos ver as cores que mais combinam com seu tom de pele que para mim são todos – respondeu ele se afastando um pouco para contemplar o tom da minha pele – vamos arrasar e graças a você, vou tirar a nota máxima.


Taka não parava quieto de tão contente que estava e isso me fazia rir. Como um ato pode transformar tantas pessoas? Para ele é novidade fazer roupas para um desfile e era novo pra mim desfilar. Estou com um pressentimento bom de que esse desfile vai me render bons frutos.


Já passou da hora das coisas começarem a darem certo pra mim.



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Autor(a): zoraidapierre

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