Fanfic: Rainbow in the Dark | Tema: The Gazette
O mês passou quase que voando com tantos afazeres. No período da manhã eu assistia às aulas, a tarde eu trabalhava na faculdade e a noite ainda dava aula. O dia que alguém faltava ao reforço em literatura e gramática ou eu conseguia chegar mais cedo, Takanori estava sempre disposto a me ensinar a modelar.
Ele já havia terminado algumas roupas e de uma certeza até agora eu tinha, Taka-chan era muito bom com designer e costura. As roupas estavam ficando perfeitas. Aos poucos estava pegando um pouco de prática ao usar coturnos com salto e afins. Ele conseguira alguns calçados do seu namorado pois nós dois calçamos o mesmo número então me senti mais confortável em saber que estava aprendendo a andar com os calçados que usaria no dia da apresentação. Isso me deitava aliviado porque já entrava em pânico só de me imaginar caindo no meio de muitas pessoas.
Parecia que as horas passavam mais rápidas quando se aproximava do tal dia do desfile. Aquela ansiedade, o frio na barriga...tudo parecia contribuir para ter péssimas noite de sono. Eu passava noites em claro vendo como o baixinho se virava de um lado para o outro resmungando ou outra hora chamando Rei-chan. Achei até engraçado porque Takanori aparentava sempre ser super sério e focado nas coisas mas dormia como uma criança mimada.
Um dia não aguentei e perguntei o que era Rei-chan que ele chamava tanto dormindo. Takanori demorou um tempo para responder porque suas bochechas foram de um leve rosado para um vermelho vivo em um espaço curto de tempo. Ele abria a boca e fechava várias vezes parecendo tentar achar as palavras até que respondeu que se tratava do namorado. Ele havia dado esse apelido a ele assim que começaram a namorar.
Achei engraçado ele ficar todo assim por eu ter dito que falava dormindo mas depois parei para pensar. E se esse for o nome que ele chama o namorado quando estão a sós? Que tipo de sonhos esse cara tem durante a noite? Uhgh...Era melhor nem pensar nisso. Credo! Não quero nem imaginar meu pequeno colega de quarto transando com seu namorado loiro.
Chegado o dia da apresentação, que seria a noite então desmarquei todas as aulas daquele dia para me dedicar exclusivamente à apresentação de Takanori. Ele estava eufórico e com razão. A faculdade com ajuda de algumas parcerias havia conseguido fazer milagres, enfeitando o salão com flores, iluminação, candelabros e uma passarela grande com um tapete ao meio.
Taka-chan parecia não caber dentro de si tamanha era sua felicidade. Ele tinha me falado, para não dizer que ele avisou todo mundo da faculdade que conhecia, que seu namorado e cunhado estariam no desfile.
Eu já tinha tido o prazer de conhecer o Akira e parecia ser um homem muito honesto, trabalhador, bonito e gostava muito do meu pequeno amigo de quarto. Eles eram tão diferentes mas ao mesmo tempo tão parecidos, faziam parte do mesmo quebra-cabeça, mesmo tendo encaixes diferente.
Esse pensamento me fez sorrir como um bobo. Eu sempre pensei que o amor era assim, diferente ao mesmo tempo tão bom. O sentimento que tira a gente da órbita, que nos faz suspirar de tempos em tempos, sentir saudades de uma hora para outra e uma vontade avassaladora de se estar com essa pessoa. Tudo isso parecia incrível se eu não estivesse sozinho e de coração partido.
Não digo que meu coração cicatrizou as feridas do relacionamento anterior mas sentia que já era caminho andado. Eu não dar de cara sempre com o Yutaka, viver em um lugar diferente do que vivia e com pessoas diferentes fazia tudo parecer mais fácil.
Concordo que não era só pelo dinheiro que eu me sujeitava a ir de um lado para o outro durante o dia e a noite, intercalando entre aulas, trabalho e reforço. Eu precisava de algo que me deixasse longe dos pensamentos e das lembranças antigas. Precisava abastecer minhas horas de trabalhos para que ficasse cansado o suficiente para deitar a cabeça no travesseiro e dormir sem precisar pensar na vida.
Era a minha maneira de fugir dos problemas, da realidade, da dor. Não era o ideal pois já sou adulto e deveria encarar tudo isso de frente mas essa foi a melhor forma que consegui encontrar para melhorar o meu coração.
Fazia exatos quarenta minutos que eu estava naquela cadeira em um camarim improvisado da faculdade. Eu já tinha usado maquiagem algumas vezes mas nada se comparava a obra de arte que haviam feito no meu rosto. Uma maquiagem escura com tons de cinza e preto combinavam com as roupas que eu usaria ali naquela noite.
Takanori me fez colocar uma lente branca que segundo ele realçaria o formato dos meus olhos, saindo um pouco da mesmice da cor dos olhos padrão. Como se o tom amendoado deles já não fosse diferente o bastante.
Ele escolheu o batom preto para os meus lábios dizendo que aquela cor era o certo a se usar pois combinava com meu tom de pele leitosa. Eu nunca sequer tinha imaginado usar batom preto. Nunca gostei do formato dos meus lábios e fazia o impossível para não destacá-los mas dizer isso ao Taka-chan não foi o suficiente.
- Larga de ser chato, Uruha. Você está lindo, não percebe? – perguntou ele ajeitando o meu cabelo que estava dois tons mais escuros que o normal graças à tinta spray de cabelo.
- Uruha? – perguntei meio sem saber o que dizer. As vezes ele tinha esquecido e me chamado por outro nome. É claro que era isso. Eu? Uruha? Quem me dera ser tão bonito a ponto de usar um nome como esse.
- Sim, Uruha. Esse foi o nome de modelo que eu arrumei para você e antes que reclame de qualquer coisa, pois eu sei que esse momento vai chegar, não adianta dizer que não pois o nome já está registrado na ficha de inscrição então todas as vezes que chamaram Uruha no palco, é sua vez de entrar e brilhar com a minha linda coleção – disse Takanori batendo palmas todo empolgado e eu só conseguia encarar o espelho já me questionando se foi uma boa ideia aceitar fazer parte de tudo aquilo.
Tivemos cinco minutos para vestir a primeira roupa e lá estava eu atrás do palco juntamente com outras pessoas que também participariam do desfile. Me aproximei da cortina e eu jurava que não devia quase ninguém porque a faculdade era bem longe do centro da cidade e também pelo horário entretanto me enganei porque o salão estava lotado.
Era difícil enxergar a cara de todos ali quando se tinha muitas luzes e também flashes de foto piscando por todos os lados. Depois dos agradecimentos da direção acadêmica do curso de moda, começou o desfile. O desfile era por ordem alfabética então esperei impacientemente a minha vez de pisar naquele palco pela primeira vez.
A minha cabeça parecia girar com tantas luzes, tantos flashes. Achei melhor encarar um ponto fixo. Fazia sempre assim quando estava ensaiando e funcionava, assim eu ia no automático e não me esforçaria para esborrachar no chão, atrapalhando a nota do meu amigo de quarto.
Quase que em minha frente, reconheci o namorado do Takanori pois era inconfundível o terno muito bem alinhado em seu corpo forte, os cabelos repicados e aquela faixa tampando o nariz que fazia todos se questionarem do motivo pelo qual sempre a usava.
Ao seu lado percebi ter um homem moreno, aparentemente mais velho que o Akira e parecia nada satisfeito em estar ali. Ele estava sentado mas com uma carranca de que sequer estava prestando atenção naquele tanto de fotógrafos ou alguém desfilando.
Para a minha surpresa, assim que meus pensamentos se voltaram para o mais velho, ele levantou o rosto fazendo nossos olhos se cruzarem. Ele era tão bonito naquele terno negro, os cabelos presos. Bonito era uma palavra pequena demais para descrever aquele homem.
Sei que foram poucos segundo naquele palco mas parecia ter se passado horas porque eu consegui até segurar o ar no momento que ele me encarava. Voltei para trás do palco, já trocando de roupa com a ajuda do Takanori e também de uma amiga dele de sala.
Ele me perguntou se eu havia visto seu namorado e concordei que sim o fazendo dar pulinhos de felicidade. Será mesmo que o Taka-chan já era adulto? Às vezes eu tinha minhas dúvidas.
- Ele veio com o irmão mais velho. O Aoi não queria vir, preferia ficar em casa na frente da tv comendo besteira do que estar aqui vendo gente bonita como você – dizia ele pouco se importando dos outros estarem ouvindo – tenho certeza que está de cara emburrada lá fora.
E isso era impossível de questionar. A carranca, os braços cruzados, o olhar indiferente parecia a resposta para todas aquelas coisas que o Taka dizia. Seu cunhado estava ali por livre e espontânea pressão familiar e nada poderia mudar isso.
Meu coração parecia bater mais e mais rápido quando chegava a minha vez de desfilar outro modelito. Para a minha surpresa, sempre que entrava no palco o Aoi, ou melhor dizendo, o cunhado do Taka-chan parecia mais interessado na apresentação.
Ele olhava fixamente para mim. Seus lábios eram tão bonitos e bem delineados mas o que me fazia quase pisar em nuvens eram o par de ônix que me encarava sem piscar.
Na quarta e última vez que desfilei o mesmo sorriu para mim e eu quase congelei no lugar. Eu já havia visto aquele sorriso antes mas onde? Nada parecia vir a minha mente. Às vezes eu o estava confundindo com outra pessoa. Só podia ser isso.
Eu fiquei perdido com tantas felicitações e fotos quando foi anunciado que o vencedor era o Takanori e eu. Até colocaram uma faixa em mim me fazendo desfilar uma última vez. Fiquei muito sem graça pois não concordava de ter ganhado um desfile sendo que tinham outras pessoas melhores que naquele palco.
Todos levantaram batendo enquanto eu passava agradecendo a todos e o Aoi também se levantou batendo palmas assim como os outros. Meu coração falhou uma batida quando ele soltou os cabelos caindo em cascata por seu rosto e ele sorriu bonito para mim.
Como que aquele homem tão bonito estava sorrindo e batendo palmas para mim? Será que ele havia feito isso com os outros que também desfilaram? Não tenho certeza porque seus olhos pareciam brilhar como pedras preciosas quando me encaravam e eu não conseguia conter a vontade de sorrir.
Ele era tão bonito e parecia tão diferente ter alguém me encarando como se eu fosse importante. Eu não era importante porque quem ganhou esse desfile foi o Uruha e era para ele que o Aoi estava olhando neste momento.
Autor(a): zoraidapierre
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