Fanfics Brasil - can you heal me if i'm not sick? Munchausen

Fanfic: Munchausen | Tema: it, a coisa


Capítulo: can you heal me if i'm not sick?

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Em Derry, Maine, haviam apenas dois Kaspbrak. Mãe e filho.


A mãe, tinha apenas um problema que impedia seu sono de ser tranquilo. Seu filho estava doente. Ela sentia no âmago de seu estômago, desde que ele era apenas uma criancinha. Seu querido Eddie estava terrivelmente enfermo, e era sua obrigação fazer tudo que estava ao seu alcance para que ele se curasse. Se prometeu que o faria.


O filho, tinha seus próprios problemas para assombrar seus sonhos.


O primeiro que vem à sua mente tem nome e sobrenome: Richie Tozier. Ele era um problema pois o garoto era praticamente uma chaminé de tanto que fumava. Ele e Bev, mas não a considerava um problema pois Eddie poderia facilmente ficar longe dela, porque ele não sentia uma terrível vontade de estar ao lado dela, e se sentia inexplicavelmente vazio quando estavam longe. Bev era uma ótima amiga, e Eddie a amava muito, do jeito que gostava de todos os seus amigos. Exceto Richie. Por algum motivo, o modo como se sentia em relação ao garoto babaca de óculos era completamente diferente da maneira como se sentia com seus outros amigos.


Por exemplo, Eddie não tinha o costume de divagar sobre os cachos de Stan, mesmo ele tendo cachos. Porém, sua mente, de alguma maneira extremamente burra e irritante, porém, sempre notava como as pontas do cabelo de Richie enrolavam quando era um dia chuvoso, ou a maneira que ajeitava seus óculos e franzia o cenho quando estava concentrado, ou ainda se perguntava que sabor teriam seus lábios (provavelmente de nicotna, ele se respondia, e sentia uma confusão no peito por não achar totalmente nojento e anti-higiênico se provasse esse sabor – desde que visse dos lábios sempre avermelhados de Richie, pois Eddie também notava que ele sempre os mordia quando estava nervoso ou apreensivo).


Richie era o primeiro problema que surgia à mente de Eddie, pois ele fumava como se quisesse morrer. E cigarro fede. Então, Richie fedia, e Eddie, por estar sempre ao seu lado por simplesmente não conseguir não estar ao seu lado, também fedia às vezes.


Sonia Kaspbrak adotou o hábito de cheirar seu filho todas as vezes que ele voltava para casa, mesmo se ele tivesse apenas saído para levar o lixo para fora. Pois uma vez, seu querido filho voltou para casa fedendo a cigarros baratos, e ela ficou simplesmente devastada que seu filho não estava se ajudando. Ela já havia lhe dito múltiplas vezes que ele era doente e delicado, já havia lhe dito que tinha asma e que portanto morreria se corresse (imagine então se fumasse!), que precisava tomar suas medicações antes de qualquer refeição e que não poderia comer sem tê-las tomado. Chorou-lhe tantas vezes para que não saísse de casa com aqueles shorts curtos (ou que simplesmente não saísse de casa) pois o que ela faria quando ele morresse quando suas alergias atacassem?


Sonia havia avisado seu filho de tantas maneiras. Ainda assim, seu coração se partia toda vez que ele saía de casa, sabendo que havia falhado em mantê-lo seguro. E seu coração despedaçou-se quando seu tão querido e amado Eddie voltou para casa fedendo à cigarros mesmo quando ela já havia o avisado que sua asma era extremamente forte e que ele não deveria em nenhuma circunstância fumar qualquer coisa.


Sonia Kaspbrak prometeu à si mesma que faria tudo ao seu alcance para que seu filho ficasse bem.


Conhecia muito bem o famoso método para corrigir crianças desobedientes, mas seu coração nunca permitiu que ela o fizesse, seu filho sempre foi muito cuidadoso e educado, mesmo que Eddie não a escutasse todas as vezes, mas isso era normal. Ele era uma criança, e depois, um adolescente. Sonia sabe como eles são, já que ela mesma fora jovem um dia.


Mas seu filho nunca havia voltado para casa com aquele cheiro horrível antes.


Ela não se permitiria perder seu filho. Seu pobre e amado e doente filho.


Então, naquela tarde em que o segundo problema do filho apareceu, o grande e terrível problema da mãe pareceu se amenizar.


Perguntando, quase aos prantos, o porquê de seu filho não se importava, se ele queria matá-la, se ele não entendia que ela o amava e sabia o que era melhor para ele, a mãe fechou o seu punho pesado e o enfiou com força entre as costelas do seu leve e magro filho. Ela viu as lágrimas que desceram que se espalharam em suas bochechas, ouviu o surpreso suspiro de dor e notou o leve medo nos olhos castanhos de Eddie. Perguntou a ele porque ele fazia essas coisas consigo mesmo, e, chorando, questionou se ele não amava a própria mãe que fazia de tudo para que ele ficasse seguro. (Eddie-bear, tudo o que faço é me preocupar com você, entende? Eu sei o que é melhor pra ti, e sempre irei cuidar do meu filhinho. Mas não posso cuidar de você se eu morrer, é isso que você quer? Quer que eu morra de preocupação? Você não me ama? Não ama a sua própria mãe? Tudo o que eu faço, eu faço pensando em você e é assim que me retribui? Só quero que você fique bem, sabe disso. Amo tanto você, Eddie, então o que mais posso fazer senão cuidar de você quando você não se cuida? Sei o que é melhor para o meu filho.)


Mas ele nunca mais chegou em casa fedendo a cigarro. Então ela se perdoou por esse incidente, havia funcionado, afinal. E o faria novamente em situações (cujo ela determinava) extremas. Cuidaria de seu filho. De todas as maneiras que conseguisse.


Richie Tozier era o primeiro problema que surgia à mente de Eddie. Seus cigarros viam com ele, e com os cigarros, sua mãe horrorizada e socos muito bem dados em suas costelas.


Sonia Kaspbrak, a mãe, tinha um problema.


Eddie Kaspbrak, o filho, tinha quatro.


O primeiro sendo Richie Tozier e seus cigarros, o segundo sendo sua mãe e sua super-proteção, o terceiro era o fato de que se aqueles sentimentos não estivessem direcionados ao Boca-Suja, muito provavelmente estariam direcionados a outro garoto, e o quarto e último problema de Eddie Kaspbrak, o filho, eram seus placebos.


Os placebos tornaram-se um problema de verdade quando ele pararam de funcionar.


Eddie não se sentia mais seguro ao tomar seus comprimidos, nem mais tranquilo ao levar antialérgicos ou sua bombinha aos lugares.


Os placebos se tornaram hediondos quando Eddie não conseguia respirar, mesmo depois de ter inalado de sua bombinha cinco vezes. Seus pulmões doíam e seus olhos ardiam do seu esforço inútil para não chorar e respirar não deveria supostamente ser algo natural para o ser humano? Por que eu não consigo? Por que parece que estou no espaço, por que parece que não há nenhum ar à minha volta? Eu sou tão estúpido não quero chorar por que estou chorando por favor Richie não olha 'pra mim não quero que me veja assim, não me veja assim, não me veja assim, eu gosto tanto de você gosto de uma maneira que não deveria gostar talvez seja por isso que não consigo respirar talvez seja por isso que o ar se nega a entrar em meus pulmões talvez seja isso que minha mãe esteja falando o tempo todo ela diz que eu estou doente me diz que tenho asma e alergias mas ela mente e mente e mente mas no final diz à verdade ela sabe que estou doente só não tem coragem de dizer qual é a verdadeira doença que me aflige ela não tem coragem de encarar que é algo que não tem cura, oh Richie não se preocupe, por que você está tão perto eu consigo sentir seu cheiro de cigarros o que é confuso pois eu


não


consigo


respirar


então


por que é que


você


está


No momento em que os placebos de Eddie se tornaram hediondos, seu quinto e desconhecido problema surgiu.


por que é que


você


está


No dia em que o filho não conseguia respirar e seus olhos ardiam e ele sentia como se fosse afogar nas próprias lágrimas, nesse dia


por que é que


você


está


me beijando?


Nesse dia, seria a segunda vez que ele voltaria para casa cheirando a cigarros. E seria a primeira vez que ele não se importaria com o que sua mãe diria. Pois nesse dia ele voltou para casa não apenas com o cheiro de cigarros mas também com o gosto de Richie na boca, com o coração aquecido e os sentimentos mornos, a ansiedade abrandada.


Nesse dia, Eddie chegou com o cabelo bagunçado, os olhos inchados como se tivesse chorado, embora sorria como se estivesse apaixonado, com as bochechas coradas e os lábios rosados; como os lábios de jovens meninas ficavam depois de beijar jovens rapazes. Sonia sabia disso. Sonia notou.


Nesse dia, a mãe soube que seu filho havia sucumbido à sua angustiante doença. Ela já havia notado antes os olhares furtivos, tristes e afáveis que seu filho dava a aquele seu amigo (o mais terrível de todos). Também havia notado todas as vezes que o menino tocava por tempo demais o seu filho, ou quando sorria bobo o olhando quando achava que Eddie estava distraído. Sonia Kaspbrak sabia muito bem que o cheiro de cigarro barato vinha daquele menino.


Ela havia prometido a si mesma que faria de tudo para curar seu filho.


Afinal, ele estava assombrosamente doente.


E uma mãe não poderia permitir que qualquer doença (especialmente uma como aquela) tomasse conta de seu querido filho. A pessoa que ela mais amava no mundo.


Por isso, quando seu filho chegou em casa fedendo à cigarros pela segunda vez, feliz por ter sido beijado pelo garoto por quem era apaixonado por tempo demais, Sonia apenas lhe ofereceu um sorriso meigo. Parecendo finalmente lembrar-se de quem era filho, Eddie olhou assustado para sua mãe, confuso com o sorriso que ela lhe oferecia.


O jantar estava pronto e servido, Sonia se deu ao trabalho de encher o copo do filho de suco, e de empanturrar sua barriga com a sobremesa. Não conversaram enquanto comiam, mas quando foi juntando as louças para levá-las a pia, olhou para Eddie com intensidade, com aquele sorriso meigo nos lábios e lhe disse com seu tom de voz mais suave: "Eu só quero cuidar de você, meu bem. Eu te amo mais que tudo". Não esperou uma resposta, logo virou-se e foi lavar os pratos, dizendo por último que ele não precisava secar nada hoje, podia subir para seu quarto e descansar.


Antes de deitar na cama, tomou um banho demorado, passou fio dental, escovou os dentes e passou enxaguante bucal (infelizmente sua mãe sempre comprava os mais ardidos). No final de todo seu ritual de limpeza, Eddie notou que estava começando a ter uma enxaqueca e que, de repente, estava se sentindo fraco demais, como se sua pressão tivesse caído rápido demais. Seus músculos doíam e, no instante que conseguiu se olhar no espelho antes de desmaiar, achou que um fantasma o olhava de volta, com o rosto branco como papel, os lábios azulados e de olhos arregalados de horror, Eddie Kaspbrak caiu no chão, sem saber se levantaria.


Sonia Kaspbrak lavava a louça meticulosamente, alguns diriam com cuidado demais, já que ela fazia questão de lavar cada item pelo menos duas vezes. Estava quase terminando a segunda rodada quando ouviu o baque vindo do banheiro. Ela deu um suspiro e exclamou, baixinho: "Como meu filho é desastrado, Deus" e continuou a lavar a louça, com todo o cuidado do mundo. Depois de ter lavado tudo, se fez o favor de secar também, enquanto cantarolava uma de suas músicas favoritas (e se ela percebeu sons estranhos vindos do banheiro, como se algo estivesse batendo repetidas vezes no chão ou na parede — como uma convulsão —, não fez nada sobre, olhando com atenção para a louça, para ter certeza que não havia deixado um cantinho sequer sujo ou molhado).


Quando Sonia terminou seu serviço, decidiu que era hora de tomar um banho refrescante, Maine era realmente caloroso nos verões, e ela odiava o sentimento de suor nas suas roupas. Subiu calmamente ao banheiro e quando finalmente avistou seu filho no chão, com um resto de espuma na boca e um pouco de sangue por ter batido com tanta força no chão, apenas balançou a cabeça e alcançou no armário um pacote de lenços umedecidos. Enquanto dizia "Oh, Eddie-bear, olha a bagunça que você fez! Mas não se preocupe, querido, mamãe vai tomar conta de você" limpava a saliva e o sangue de seu filho, deu-lhe um beijo na testa e o levou-o para o quarto.


Percebendo o quão gelado o corpo de seu filho estava, assim que o colocou na cama, fez questão de cobri-lo com cobertores, para que não passasse frio a noite. O olhou, e naquele momento, teve certeza que nunca vira o filho tão sereno e tão seguro. Sabia que não precisava mais se preocupar com o cheiro de cigarros, com as alergias, com a asma, com as doenças, as infecções ou com o perigoso mundo lá fora. Pois seu filho estava em casa, protegido perfeitamente pela mãe.


Sonia sorriu. Um sorriso verdadeiro de alívio e amor. Abaixou-se para dar um beijo de boa noite no rosto (pálido e frio) do filho e foi dormir.


Ela já não tinha com o que se preocupar, seu problema estava resolvido.


Em Derry, Maine, haviam apenas dois Kaspbrak. Mãe e filho.


Talvez Sonia soubesse que havia colocado veneno de rato demais na comida do filho, ou talvez não.


Talvez, lá no fundo, ela soubesse que estava cuidando de um cadáver, que inchava e fedia mais a cada dia. E que seu filho nunca mais a beijaria no rosto e a chamaria de "mamãe" e certamente nunca diria "eu te amo" de novo.

Sonia não fazia a menor ideia que, numa noite em que seu sono estava pesado demais, Richie Tozier entraria na janela do quarto de seu filho, e destruiria toda a paz que ela havia construído. Não sabia que iria acordar com seus berros e também não sabia onde os policiais a levariam no dia seguinte.


Não iria ao funeral do filho, não reconheceria que ele estava morto. Só poderia encarar as paredes brancas e sentir falta.


Eddie não sabia que não veria outro dia, certamente não sabia que sua mãe faria tal coisa e nunca teve curiosidade em saber como era a morte. Mas sabia que sua mãe sempre se esquecia de verificar se a janela estava trancada, e sabia que Richie o visitaria.


Nunca poderia beijá-lo novamente, mas foi o gosto de Richie que sentiu em sua boca e a sensação de ser tocado por ele que apareceu antes de não sentir mais nada.



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Autor(a): milefolio

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