Fanfic: we don't need spells | Tema: Voltron
Ele sabe sim ser discreto com sua magia, obrigado. Tudo bem, talvez ele tenha criado uma pequena poça no chão do corredor para ver Lotor escorregar, mas, hey, choveu ontem, foi culpa da goteira. E aquele cara é um babaca.
O cubano amava sua magia. Ele conseguia manipular e invocar água, também conseguia respirar debaixo desta e se ele se concentrasse com muito afinco pode viajar onde há grandes quantidades de água. (Ele totalmente não ficou preso no encanamento quando estava praticando semana passada.)
Sua família inteira possuía poderes, mas ele sempre admirou os da sua mãe. Ela consegue ver a aura das pessoas (ela sempre diz que a de Lance era de um lindo azul cristalino) e é empática, então ela sempre sabe quando alguém está triste ou magoado. Sua abuela lhe disse que empatas são raros e os únicos que são mais raros do que eles são os curadores.
Os curadores, porém, muitos anos atrás, quando a magia não era escondida dentre os normais, eram sequestrados por estes e obrigados a curar. O problema é que ninguém pode curar tudo. Muitos foram mortos por normais enfurecidos pela perda de ente queridos, enforcados, queimados, torturados e todos os tipos de coisas horríveis aconteciam com algum curador que não conseguia salvar alguém. Eles já eram poucos, e depois de tudo isso, eles começaram a se esconder, e por anos nunca ninguém nunca mais viu nenhum curador. Bem tecnicamente, depois de centenas de portadores de magia serem queimados na fogueiras, ninguém viu magia nenhuma, e a grande maioria dos normais nem em magia acredita. Mas mesmo entre os portadores de magia não se ouviu falar sobre um curador, então ninguém sabe se eles ainda existem.
A irmã gêmea de Lance, Rachel, tem um tipo de magia de alquimia. Ela consegue transformar madeira em ferro, tecido em terra, e coisas do tipo. Como eles são gêmeos, todo mundo esperava que eles tivessem magias parecidas, mas quando Lance fazia pequenos tornados de água para espirrar na irmã e ela os devolvia como areia, sua família viu que não foi o que aconteceu.
Até os dez anos, o cubano não havia conhecida uma pessoa que não fosse da sua família que tinha magia até testemunhar Hunk ficando ansioso de verdade pela primeira vez. Sua mãe estava no hospital fazendo uma cirurgia (ela teve apendicite) e o samoano, sem perceber, começou a criar pequenos terremotos e Lance teve uns bons dois minutos tentando processar o que estava acontecendo até notar que os terremotos estavam saindo dos pés de Hunk. Então ele o levou para um canto (é difícil correr com o chão tremendo aos seus pés, mas Lance não se deixou abalar) e o acalmou contando uma história com figuras de água, igual ele sempre fazia sempre que seus sobrinhos tinha pesadelos.
Fez duas lontras nadando felizes no lago, e contou sobre como se amavam, e que, um dia, uma dessas lontras ficou doente, mas a outra a levou para a beira do lago, cuidou dela, e no outro dia, ela já estava melhor. Contou sobre como elas se apoiavam e que tudo sempre ficava bem depois de um pouco de amor e carinho. E que sua mãe também ficaria bem, porque Hunk não poupava amor nem carinho para ela. O samoano sorriu, os terremotos pararam, e então tudo ficou bem. Por uns vinte segundos. O tempo para Hunk realizar que Lance tinha magia e que provavelmente havia notado a sua. Daí eles conversaram, e tudo ficou bem de novo.
E então Lance tinha mais uma pessoa para conversar sobre magia. Um amigo. Ele sinceramente não aguentava mais se segurar para não falar besteira perto de um normal, mas, com Hunk ao seu lado, as coisas ficaram um milhão de vezes mais fáceis. E eles se tornaram melhores amigos com o tempo, então eles conversavam sobre tudo e não apenas desabafos sobre mágica.
Três anos depois, quando estava no oitavo ano escolar, Lance conheceu Pidge. No início ele achava que Pidge era um cara, mas foi-se revelado o contrário depois de algum tempo (quando ela parou de achar graça do erro de Lance e começou a incomodá-la). Ela tinha apenas onze anos, mas ela tinha pulado a segunda e a sétima série. Hunk e ele achavam que, apesar de sua incrível inteligência, Pidge fosse uma normal. Isso até o dia em que o abuelo de Lance faleceu, e ele não conseguia se concentrar em nada e o encanamento da escola começou a vazar e de repente só se via água por todos os lados. No meio da confusão, Pidge segurou o braço do cubano e apertou a mão de Hunk e os teleportou para outro lugar para que Lance pudesse se acalmar.
Depois que ele conseguiu ficar tranquilo, e de muitas lágrimas e soluços e confusões porque "Você tem magia!?" ninguém ficou muito surpreso pelo fato de Pidge já saber que eles eram portadores de magia.
Depois disso, o latino ficou se perguntando se ter magia era tão raro quanto ele pensava que fosse. Quantos normais ele conhecia que na verdade eram portadores? Mais do que ele achava, com certeza.
Até então, tudo estava normal na medida do possível para alguém que vivia rodeado de magia. Lance chegou a ter uma namorada, até! Ela era normal, porém, então Lance nunca chegou a contar para ela sobre seus poderes (e talvez outro motivo seja porque o namoro durou meio mês). Mas então, quando ele estava no primeiro ano do ensino médio, Lance conheceu Keith.
Keith, que tinha hálito de limão e machucados demais por baixo das blusas. Que era quente e tinha um piercing na língua. Que cheirava a sabonete barato e tinha lábios estranhamente convidativos.
Achava que Keith era um normal. Mas ele era o normal mais estranho de todos. Ele sabia as constelações na ponta da língua, mas não acreditava em astrologia, socou James na cara quando este chamou Lance de mexicano fedido (foi assim que se tornaram amigos, o ódio mútuo por um mesmo indivíduo supera qualquer rivalidade que Lance inventasse). Ele era destemido e burro. Burro porque não sabia a hora de não dar uma surra em alguém. Destemido porque ele sempre dá uma surra em algum idiota.
Ah, o primeiro ano do ensino médio. Nunca é uma experiência agradável ser um calouro. Tudo é novo, e pronto para completar quinze anos, os hormônios de Lance estavam a mil. Antes eram garotas, garotas, garotas, e então, num baque demorado para ser reconhecido, era Keith, Keith, Keith.
Keith e a irritante mania de ser bom em tudo.
Keith e seu cabelo cafona.
Keith e suas luvas sem dedos ridículas.
Keith e seus olhos adoráveis.
Keith e sua pele macia.
Keith e sua risada melodiosa.
Lance não percebeu quando essas mudanças de Keith & alguma coisa haviam mudado tão drasticamente. (Mas com certeza tinha a ver com suas mãos se tocando discretamente em todas as oportunidades possíveis.)
Mas ele certamente percebeu quando seus pensamentos mudaram de "quero ser melhor que ele" para "quero beijá-lo até morrer".
Sanou toda sua curiosidade ao saber que, sim, o cabelo cafona do menor era ridiculamente macio e surpreendentemente bem cuidado. Suas mãos por baixo das luvas carregavam algumas cicatrizes (socos mal dados, cortes de garrafas de cerveja quebradas no chão, arranhões de gato) que o cubano amava. Porque ele provavelmente amava cada pedacinho de Keith. E isso já não o assustava mais.
Então, quando estavam deitados na caminhonete do pai adotivo de Keith, enquanto este lhe ensinava a ler o céu nas estrelas, Lance tomou coragem e o beijou. E descobriu e amava limão e que jamais queria que o outro tirasse o piercing.
Era como se estivesse pegando fogo. Beijar Keith era quente.
E viciante.
Beijando Keith, Lance aprendeu que amava o fogo. Completamente. Os pequenos incêndios causado em seu coração pelo moreno eram simplesmente indispensáveis a esse ponto. Lance queria queimar nos beijos de Keith para toda a eternidade.
Estava tão inerte no ósculo, que nem notou que estavam cercados de água cristalina, como se para lhes dar privacidade. Ela brilhava a luz da lua, e se movimentava rapidamente, como que para combinar com os batimentos cardíacos do latino. Quase um redemoinho os cobrindo.
Quando Keith notou a água, não hesitou nem por um instante em aproveitar a oportunidade e tocá-la, fazendo com que aquela parte evaporasse, criando uma névoa sobre eles, cercados de suas próprias magias. A água inteira estava morna, mas era como se seus sentimentos estivessem pegando fogo.
O coreano disse que Lance era a constelação mais linda que ele já vira em toda a sua vida, e ele apenas corou furiosamente, fazendo a água oscilar um pouco, e o beijou novamente, fazendo com que a redoma aumentasse e explodisse, os molhando.
Encharcados e felizes, ali ficaram.
Mornos, queimando e presos um no outro.
Autor(a): milefolio
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