Fanfic: Como família - Ponny, Vondy, AyA, DyU | Tema: rebelde, rbd

- Uckerzinho, querido, pode deixar isso.

Isabel entrou na cozinha e lá estava Ucker lavando toda a louça. Desde que começou a se hospedar na casa dos pais de Dulce, ele não parou de fazer todas as tarefas possíveis para ajudar na casa.

- Claro que não, tia. É o mínimo que posso fazer por estar cuidando tão bem da minha mãe e do meu irmão.

- Mas, como assim? Sua mãe e eu somos irmãs, Christopher. Tenho certeza que faria o mesmo pela minha Dulce ou pela Anahí.

- Eu entendo. Sinto como se Annie fosse minha irmã, mesmo que ela não queira me olhar.

- Isso passa, querido. - Ela afagou os cabelos de Ucker.

- Assim espero. - Ele secou as mãos no pano de prato.

- Vou levar uma fatia de bolo com café para ela. Espero que ela coma.

- Ela não almoçou direito.

- Eu sei. Estou preocupada. Já passam três dias desde que chegaram e ela mal se alimenta.

- Eu vou conversar com ela, tia. Sério. Eu já não aguento mais tudo isso. Tantas vezes eu quis matar aquele homem, eu quis tirar a minha mãe daquele lugar, livrar meu irmão daquilo tudo!

Isabel viu a ira nos olhos de Christopher e não soube o que fazer. Sabia como ele ficava quando saía do sério e sabia que Nádia não podia aguentar um dos rompantes do filho.

- Me deixe falar com ela, querido. Por favor! Não a pressione antes de me dar uma chance de fazê-la reagir. Enquanto isso, você prepara um achocolatado para o seu irmão. O que acha?

- Ok. Mais uma tentativa apenas. 

- Obrigada, querido. E você? Como está? - Isabel colocou o bolo sobre a mesa e parou para olhar para Ucker com atenção.

- Eu? Eu estou bem, tia. Estou com ódio. Eu queria matá-lo. E ela repete que preciso querer bem a ele, que é meu pai. Ela é louca!

- Querido, você não precisa gostar de quem te faz mal. Seja quem for. Ele te machucou, machucou sua mãe, não precisa gostar dele.

- Pode explicar isso a ela? - Ele riu.

- Sua mãe está confusa, Ucker. Isso tudo vai se acertar, querido.

- Eu sinto raiva às vezes, tia, muita raiva. Falo bobagens, faço bobagens. E se eu for como ele? E se estiver no meu sangue ser como ele.

Isabel ouviu os temores do sobrinho e engoliu a seco. Não era justo que ele se sentisse assim.

- Nunca mais diga isso! - Isabel levantou e caminhou até Ucker. - Você é nosso Uckerzinho. Já se meteu em poucas e boas, já nos deixou de cabelo em pé, mas é um bom rapaz, sempre foi. Sempre tratou minhas meninas com todo o carinho e, além  do mais, sempre defendeu Anahí com unhas e dentes, como um santo protetor. Nunca se compare com aquele homem, menino, nunca mais!

- Certo. - Ele sorriu. - Obrigado, tia. Por tudo.

- Por nada, meu menino. - Isabel acariciou os cabelos de Ucker. - Ela não quis falar sobre o assunto, mas eu queria saber. Quanto tempo faz que isso acontece, Ucker? Desde quando ele bate nela?

- Eu não sei dizer com certeza, tia. - Ele caminhou até a mesa e sentou-se na cadeira. - Mas acho que desde que nos mudamos pra Minas. 

- Nossa! - Isabel ficou sem saber o que dizer. - Meu Deus! Isso…

- Isso faz muito tempo. Eu sei. Diego nem era nascido. No começo, eu não entendia ao certo o que era. Eu ouvia a gritaria, sentia o clima estranho, mas estava acostumado com um pai bravo. Achava que era só discussão. A primeira vez que vi algo, foi um empurrão. Eu corri e gritei com ele, mas ele também me empurrou. Eu tinha 12 anos. Eu lembro porque torci meu pulso e não pude agarrar no último jogo do campeonato.

- Querido… - os olhos de Isabel se encheram de lágrimas.

- Depois, a coisa foi só piorando. Na minha adolescência, comecei a ver cenas piores. Tentei fugir de casa, consegui um emprego, virei um adolescente problema. Mas, então, eu vi que aquilo só maltratava a minha mãe e ele permanecia igual. Então, eu voltei, por ela, tentava fazer o possível para protegê-la. Mas um dia nós brigamos feio e ela me repreendeu, disse que eu não precisava de meter. Então, em um outro dia, eu não o enfrentei, mas chamei a polícia. Logo depois, ela retirou a queixa contra ele. Eu não sabia mais o que fazer. Agora, era Diego que começava a sofrer com tudo aquilo também. Então, decidi sair de casa e estudar. Quem sabe, com dinheiro e uma casa eu possa, pelo menos, cuidar do Diego.

- Eu acho lindo que pense tanto no seu irmão, querido! Mas preocupe-se mais com você também. Aliás, eu sou ou não sou a sua dinda e do Diego? Pode deixar que eu cuido dele e da sua mãe. - Ela beijou o topo da cabeça de Ucker.

- Obrigado, tia. Mas eu não posso deixar de pensar nisso.

- Está certo. De qualquer forma, agora estão todos bem, seguros, em um lugar de muito amor e tudo vai ficar bem. - Isabel levantou-se e colocou o bolo em um prato. Depois, serviu o café em um xícara, repousando os dois em uma bandeja.

- Espero que fique mesmo tudo bem.

- Vai ficar. Chega de sofrimento! - Ela pegou a bandeja nas mãos. - Agora, eu vou ter uma conversinha com a sua mãe e pedir pro Dieguinho descer.

- Ok, tia. Obrigado.