Fanfic: Como família - Ponny, Vondy, AyA, DyU | Tema: rebelde, rbd

- Eu não quero falar sobre nada disso, Isabel.

- Mas nós precisamos falar. O Ucker tem medo de ser como o pai, Nádia. De ter herdado o jeito dele. Ele acha que tem a mesma origem genética que esse homem.

- Isabel, o que você quer que eu faça? 

- Que diga a verdade?

- Dizer a verdade? Como assim dizer a verdade?

- É, Nádia. Você precisa reagir, sair dessa cama, falar com seus filhos e dizer ao Ucker que ele não tem com o que se preocupar, que ele vai herdar nada desse homem, porque não é filho dele. - Isabel alterou um pouco a voz e Anahí ouvia a tudo, do outro lado da porta, incrédula.

- Fala baixo, Isabel! Pelo amor de Deus! - Nádia estava desesperada. - O que você quer que eu diga? - Às lágrimas começavam a rolar do seu rosto. - Como eu vou dizer, de repente, ao Ucker que ele é filho do Pedro? Como eu digo isso ao Pedro? E ao Jorge?

Anahí mal teve tempo de processar a informação e seu celular começou a tocar. Correu para o banheiro, antes que o som ficasse mais alto e ela fosse descoberta.

- Você ouviu isso, Isabel? Será que alguém ouviu algo?

Isabel correu até a porta, mas não havia ninguém.

- Não há ninguém na porta, mas ouvi a voz da minha filha vindo do primeiro andar. - Isabel abriu um grande sorriso. - Acho que elas vieram.

- Ai, que bom! Pelo menos distraem os meninos e fazer companhia a eles.

- E a você também, Nádia. Trate de levantar e nos acompanhar no café da tarde. Não se esqueça de tudo o que já falei. Seus filhos precisam de você.

- Eu já sei. - Nádia secou os olhos com o dorso da mão. 

- Vou ver se são elas e venho te buscar.

- Certo.

***

- Isso é hora de você me ligar, Poncho? - Anahí sussurrou ao telefone.

- Ué. Só queria saber se chegou bem aí? Liguei numa hora ruim?

- Na verdade… Eu não sei… Poncho… Eu acho que tô louca.

- Como assim? Respira e me conta o que houve.

- Eu acabei de ouvir uma coisa, Poncho. Uma coisa tão absurda que se não fosse a minha família tão louca, eu acharia que estou variando.

- Tão grave assim?

- Sim. E, na verdade, eu não sei o que fazer com isso. Preciso do meu amigo.

- Dá pra ver você fazer beicinho daqui. - disse Poncho rindo. - Eu estou aqui pra te ouvir. Por mais terrível que seja o que você ouviu, respira fundo e fala de uma vez só, como quem tira um curativo.

- Certo. - Annie respirou fundo. - Ouvi minhas tias dizerem que o Ucker não é filho do pai dele, mas que é filho do meu pai. - Annie disse tudo de uma vez só, sem parar.

- O quê? Qual pai?

- E isso importa?

- Sei lá…

- Pedro. O primo da mãe da Dulce. E eu não posso nem contar pra Dulce, não sei como ela vai reagir, já não está bem com a mãe...

- Uau! Quanta confusão! Como você está? Isso tudo é muita loucura, Annie. Eu disse que sua vida parecia roteiro de novela, mas isso já é demais.

- Eu não sei como eu estou, Poncho. - Annie começou a chorar. Ela queria se controlar, mas era impossível. - Isso tudo é demais. Eu não suporto todos esses segredos de família, eu não quero ficar no meio disso tudo. Eles mentiram para nós a vida toda.

- Calma, fadinha, você nem sabe se o seu pai sabe disso. Você disse que ele sempre foi louco para ter filhos, não acho que ele abriria mão do Ucker se soubesse.

- É… Eu já não sei de mais nada. Mas eu não posso guardar tudo isso pra mim. Eu não quero partilhar desse segredo. Como o Ucker ficaria com isso? Meu Deus, Poncho! Ele é meu irmão?

- Eu não sei, fadinha. Espera um instante. 

Poncho ficou em silêncio por um tempo e Annie não acreditou que ele pudesse fazer deixá-la falando sozinha num momento como aquele. Ela já ia desligar o telefone, quando ouviu a voz dele novamente.

- Antes das oito da noite.

- O que é antes das oito?

- Acabei de ver aqui. Se eu pegar o próximo ônibus, chego aí antes das oito da noite.

- Poncho, não precisa… Não seja doido.

- Annie, você está passando por tanto, não deveria passar por nada disso sozinha. E eu posso muito bem ir hoje e voltar amanhã à noite. Peço ao Eddy pra me cobrir. Na verdade, ele me deve.

- Poncho, eu não…

- Vou atrapalhar se eu for? Eu nem preciso ficar aí, vejo uma pousadinha perto ou…

- Não, não é isso. É claro que você não vai atrapalhar.

- Então, lave seu rosto, respire e não fale com ninguém sobre o que ouviu ainda. Arrume uma desculpa, não sei. Eu já estou chegando. - ele desligou o telefone antes que Annie pudesse dizer qualquer coisa.