Fanfic: Como família - Ponny, Vondy, AyA, DyU | Tema: rebelde, rbd

Ucker rolou no chão, passando a ficar por cima de Dulce. Seu corpo estava um pouco dolorido pela queda, mas ele não se importou, tinha Dul em seus braços e aquela sensação era viciante.

Dulce mal conseguia pensar racionalmente com o corpo de Ucker sobre o dela. Sentia queimar por completo e não queria que aquela sensação acabasse. Os dois eram como fogo e gasolina e aquele sentimento entre eles era um vício, algo que nenhum dos dois pensava em largar. Mas Dul precisava parar. Por um minuto de sanidade, Dulce se lembrou de Eddy e sentiu culpa, aquilo não estava certo.

- NÃO! - ela precisou empurrá-lo com força para ter coragem de se afastar. Ucker cambaleou para trás com a força de Dulce, caindo sentado no chão.

- O que houve?

- Eu… Eu não posso, Ucker. - Dulce já estava sentada no chão. 

- Seu namorado, né?

- Também. - Ucker revirou os olhos ao ouvir Dulce. - Ucker… - ela puxou a mão dele, brincando com os dedos. - Eu estou aqui para te ouvir. Tem muita coisa acontecendo agora para você pensar nisso. - Dul apontou para ele e depois para ela.

- Não preciso de ninguém para ouvir.

- Qual é, Uckerzinho? Não desperdice meu surto de bondade, ok? Annie está louca pra falar com você e, quando isso acontecer, é melhor que você já tenha descarregado essa raiva em outra pessoa.

- Anahí… - Ucker passou a mão, impaciente, pelo cabelo. - Cara… Eu fiquei com você, Dulce.

- Ainda quer falar sobre isso? - Dul parecia confusa.

- Não... Quero dizer que eu fiquei com você. Mais de uma vez. E se tivesse sido com ela? E se eu me sentisse atraído… - ele não conseguiu terminar a frase.

- Eca, né?

- Sim. Você tem noção do quanto elas foram irresponsáveis? Eu sempre vi Annie como uma irmã, mas vivemos tanto tempo longe e eu…

- Poderia vê-la com outros olhos.  Tem razão. Nossas mães foram duas irresponsáveis.

- Minha mãe foi pior. Ela foi egoísta. Sua mãe estava defendendo a melhor amiga.

- É… Nem sei mais o que pensar da Dona Isabel. Mas… Me fala de você. Como você está com tudo isso?

- Não sei. - ele abaixou a cabeça como se procurasse a resposta. - Realmente, não sei, mas… Acho que estou aliviado por não ser filho daquele cara, mas, ao mesmo tempo… Eu sempre achei que fosse. E ele me levou ao futebol, me apresentou para os amigos dele como filho, durante uma fase da minha vida, até pareceu legal. Mas, depois… Eu odiei tanto aquele homem, sabe? Eu quis que ele morresse  e achava desesperador odiar tanto meu próprio pai, mas, no fim…

- Ele nem era seu pai.

- Isso. Eu tinha direito de saber. Direito de crescer sabendo que eu tinha um pai decente, bom, gentil, amoroso…

- Superprotetor… - Dulce riu.

- Isso. - Ucker sorriu. - Acho que até isso eu quis. 

- Claro. - Dulce acariciou a mão de Ucker. - E sobre a Tia Nádia? O que sente?

- No momento, raiva. Só raiva. Eu queria gritar com ela, berrar, esbravejar, mas não tenho coragem. Não posso ser violento com ela, não posso ser como ele.

- Você não é como ele. Não precisa ser. Não tem nada dele, nem o sangue.

- Mas fui criado com ele.

- E foi para bem longe assim que pôde. Você é filho do Tio Pedro, Ucker. E, conhecendo o meu tio como conheço, ele deve estar doido para encher você de presentes e passar uma tarde de conversa regada a chá e biscoitos.

- Será? - Ucker perguntou. - Eles não me pareceram animados.

- Ah, qual é… Dá um tempo pra eles, Ucker. Aliás, continuo te chamando de Ucker? Vai continuar usando o sobrenome da sua mãe ou vai virar Portillo?

- Dulce, não tem graça.

- Ah, qual é? Eu preciso fazer alguma graça. Que seja… Dê um tempo para o Tio Pedro e o Tio Jorge. Eles são maravilhosos, só estão chocados. Logo logo eles estarão sufocando você, como fazem com a Annie.

- Annie é minha irmã. - ele sorriu. - Eu tenho um pai decente, um padrasto e uma irmã. Uma irmã que mora comigo.

- E que sempre foi sua irmã, mesmo antes de ser.

- Sim. - ele sorriu.

- Agora diz.

- O quê?

- Descarrega tudo que você gostaria de dizer para sua mãe, antes de chegar perto da Annie ou do seu novo pai.

- Não começa, Dul.

- É sério. Só estamos nós dois aqui. E eu sou Hurricane Dulce, estou acostumada com explosões. Fecha os olhos, vai! Imagina sua mãe e coloca pra fora.

- Ai, Dulce!

Ucker respirou fundo e fechou os olhos. Tentou pensar na sua mãe e, automaticamente, sentiu a raiva tomar conta do seu corpo. Sentia mágoa, ira, revolta.

- Hipócrita! Você é uma hipócrita que tantas vezes me cobrou a verdade, quando, na verdade, escondia minha vida toda de mim. Eu odeio que você tenha me feito acreditar que era filho daquele homem. Eu odeio tudo o que eu tive que passar. Eu odeio ter vivido uma vida que não era minha. Eu odeio aquele homem. EU ODEIO VOCÊ! EU QUERIA DESCOBRIR QUE NÃO TENHO SÓ OUTRO PAI, MAS QUE TAMBÉM TENHO OUTRA MÃE.

Ucker abriu os olhos assustado com suas próprias palavras e olhou com a expressão assustada para Dulce.

- Eu…

- Você colocou pra fora. Tem todo o direito de sentir coisas ruins. 

- Eu não sei se realmente queria ter outra mãe, eu só…

- Você só colocou pra fora. Tudo bem. Na hora da raiva, dizemos besteira. Melhor dizer pra mim do que pra ela. - Dulce piscou para ele e levantou do chão. - Sente-se melhor?

- Incrivelmente, sim. - ele sorriu e também levantou do chão. - Obrigado!

- Nada. - ela levantou a mão para Ucker bater. - Você é irmão da minha melhor amiga.

- É. - ele bateu na mao dela, mas segurou puxando Dulce pra perto. - E você também tem uma quedinha por mim.

- Você é um imbecil. - Dulce se afastou dele. - Eu vou ver a Annie. Você vem.

- Estou logo atrás de você. - ele piscou para ela.