Fanfic: Seguirás Em Mim - Vondy | Tema: Vondy

– Amor, eu preciso que você se concentre na minha voz, por favor, faça isso por mim, não me deixe.

Eu podia sentir o desespero nas palavras de Christopher, o tormento que vinha dele me deixava ainda mais agitada, sentia meu corpo convulsionar, o estômago dar voltas e lutava para continuar respirando enquanto buscava por uma saída, mas simplesmente não conseguia encontrá-lo em meio a todas aquelas imagens invadindo meus pensamentos, não havia como saber se ele estava perto ou longe, tudo parecia um grande vazio.

– Não deixe que ele machuque o nosso bebê...

Paco continuava se aproximando, com olhos assustadoramente frios e sem vida, mesmo de longe sentia suas mãos tocando meus cabelos, marcando minha pele, manchando meu corpo e minha alma com todas as suas sujeiras, eu tentava me livrar de seu toque, debatendo-me com toda a rapidez que meu corpo cansado conseguia, mas seu aperto ficava cada vez mais intenso, embora ele não estivesse me machucando, aquele toque estava minando minhas forças, ele precisava me soltar antes que eu não suportasse mais.

– Me larga! Me larga! Socorro!

– Dulce, meu amor, sou eu – A voz de Christopher soou mais firme. – Você precisa se acalmar.

– Chris, tire-o de cima de mim, por favor, ele está me tocando... Eu não suporto... Paco... Ele está...

– Está tudo bem. – Christopher disse com suavidade, mas ainda estava angustiado. – Está tudo bem, Dulce.

O ar me faltou e as mãos de Paco me soltaram imediatamente, eu tentava controlar a respiração tomando grandes lufadas de ar, mas o nó na garganta impedia que eu respirasse direito.

Cristina apareceu, segurando um pequeno embrulho branco, um bebê.

Meu bebê.

– Não, não, não, não!

Outro bebê surgiu nos braços sujos de Paco.

– Por favor, por favor, não os machuque...

Cristina sorriu enquanto acomodava o bebê numa grande caixa de madeira, ajeitando sua roupinha branca com pequenos bordados cor de rosa, era uma linda menininha. Minha filhinha. Minha linda filhinha.

– Era uma menininha, Chris. Nossa filha era uma menina.

 O soluço ficou preso na minha garganta quando ela pegou o outro bebê das mãos de Paco, os cabelos loiros escapando do cobertor branco. Era um menino, um mini Christopher!

– Por favor, não, não, não.

– Dulce. Dulce. – Senti o corpo sacudir com força, como se tivesse sido arrancada de onde estava, mas eu continuava ali, vendo minha vida ser enterrada diante dos meus olhos. – Dulce. Merda! Volta pra mim!

– Eles o pegaram, Chris, o nosso menino. – sussurrei.

– Ninguém pegou nosso bebê, ele está seguro.

Christopher falou tão alto que as imagens ao meu redor ficaram borradas.

– Não, eles vão levá-lo! Por favor, devolva-o, por favor, meus filhos.

Cristina posicionou meu bebê ao lado de sua irmã e se afastou.

Eu precisava chegar até eles, protegê-los, mas Paco agarrou a caixa antes que eu pudesse alcançá-la, eu tentei gritar, mas alguma coisa estava me impedindo... Lábios. Eu estava sendo beijada, meu rosto estava molhado e uma canção tocava em algum lugar muito distante dali.

– Chris...

– Dulce, você precisa lutar, por favor, amor. Lute pelo nosso bebê.

Eu podia sentir o seu toque suave como uma pluma em minha boca, suas palavras embargadas indicavam que ele estava chorando, mas meus pés caminhavam em círculos e então voltava para a estaca zero. Não havia uma maneira de atravessar a porta de volta para ele, eu não conseguia mais lutar, estava cansada demais.

– Eu amo vocês. 

Doía para respirar. Falar era uma penitência. Eu estava no meu limite. Completamente exausta.

Eu tinha perdido uma garotinha. Eu desperdicei momentos precisoso ao lado de quem sempre amei. Eu depositei minhas esperanças na mão de um homem que nunca me amou. Eu fui traída e roubada enquanto fazia o que mais amava. Eu fui gravada fazendo sexo com um homem que acreditei ser bom para mim. Eu fui vítima de um relacionamento abusivo.

Eu estava totalmente quebrada.