Fanfics Brasil - | Parte Um | Mais Uma Cinderela - Vondy (Finalizada)

Fanfic: Mais Uma Cinderela - Vondy (Finalizada) | Tema: Vondy


Capítulo: | Parte Um |

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Dulce María 


A professora mal havia terminado de nos dispensar e eu já corria como louca pela faculdade. Eu não poderia nem sonhar em perder o ônibus, se eu chegasse atrasada hoje dona Sophia faria picadinho de mim. Meu Deus, como eu queria sumir daquela casa e nunca mais olhar para trás. Esperei uns dez minutos e minha carona amarela e desajeitada chegou e eu entrei rapidinho, dando “bom dia” ao motorista e ao cobrador, antes de me acomodar em um banco.


Durante a próxima uma hora eu fiquei passando e repassando tudo eu tinha que fazer no dia de hoje, começando por preparar o almoço fit de dona Sophia e suas filhas, depois teria de passar e fazer os últimos ajustes nos vestidos de cada uma, dar brilhos aos seus sapatos de gala organizar – pela segunda vez no dia – seus quartos e isso era o que tinha que ser feito antes das cinco horas, quando as três voltariam no spa


Assim que cheguei em frente a minha casa – uma enorme mansão, localizada em uma das regiões mais caras de Curitiba – entrei pela porta dos fundos depois de verificar se nem uma delas estava em casa e já fui prendendo os cabelos, trocando meus tênis surrados por um par de chinelos que eu deixava propositalmente em um cantinho escondido da cozinha. Na meia hora seguinte era crucial que eu estivesse concentrada e fizesse tudo com precisão, caso contrário eu já podia esperar ouvir as reclamações de minha madrasta e suas filhas. 


Eu até hoje não tinha conseguido entender onde as coisas deram erradas.  Nós poderíamos ter sido uma família tão feliz.


Meu pai tinha casado com Sophia Magalhães quando eu tinha dez anos, depois de ficar cinco anos de luto, após a súbita e prematura morte de minha mãe. Quando ele conheceu Sophia ela parecia ser legal, me dava alguns presentes e era sempre bem educada e carinhosa quando nos encontrávamos quando ela e meu pai começaram a se conhecer melhor e eu em toda a minha inocência infantil acreditei que ela podia ser como uma  mãe – ainda que eu jamais a colocasse no lugar de minha verdadeira mãe – por isso e por ver a felicidade de meu pai eu apoiei o relacionamento e todas as noites pedia ao papai do céu para que eles dessem certo.


Porém depois que eles firmaram noivado, a coisa começou a mudar de figura. Eu conheci Belinda e Paola, ambas filhas do antigo casamento de Sophia, elas tinham a mesma idade que eu mas ao contrário do que eu esperava, elas não eram legais. Não brincavam comigo e eram maldosas sem motivo e para piorar, Sophia que outrora fora quase uma mãe para mim, passara a ser cruel comigo. Só que há essa altura era tarde para eu convencer papai a mudar de ideia, sempre que tentei falar com ele, Sophia ou as filhas apareciam do nada e me impediam de falar com ele ou o convenciam de que eu só estava com ciúmes das minhas novas “irmãs”.


— Mãe, você não vai acreditar no que aconteceu. — De repente ouvi a voz de Belinda, seguida de bateres de salto e sacolas. 


— Acredita que a Marília Espinhosa acusou a gente de estar usando uma Chanel falsa. — A voz de Paola atrapalhou a da irmã.


— É Esttinhozá, sua retardada. — Implicou Belinda e eu tive que conter uma risada.


Apesar de não gostar muito delas, gostava de ouvir suas discussões e as inevitáveis pérolas que Paola acabava soltando. Eu nunca consegui entender esse problema que ela tem com certas palavras, ela simplesmente esquece a pronúncia ou troca por alguma coisa nada a ver.


— Ai, meninas não sei por que vocês falam com aquela invejosa. Ela fala isso só porque a família dela está falida e ela não deve poder nem comprar uma Gucci da coleção passada. — Você também não, pensei. Sophia as consolava como se nós mesmas não estivéssemos falidas. — Dulce! — Ela gritou do nada. — Dulce! 


— Ai, estou morrendo de fome, onde está essa garota? — Belinda comentou logo em seguida, sem nem me dar tempo de falar qualquer coisa.


Pegando uma travessa com atum branco assado, eu segui para sala a fim de encontrá-las e parar o griteiro. Assim que entrei no cômodo, quase chorei, como elas tinham feito tanta bagunça em tão pouco tempo?


— O almoço está servido, senhoritas. — Falei com um sorrisinho e elas me olharam sem muito interesse.


— Ah, finalmente! — Sophia falou dramaticamente.  


Sem me dar outro olhar as três seguiram para a sala de jantar onde eu as servi e permaneci como uma estátua no cantinho, só observando e pensando com meus botões. Desde que meu pai morreu – há quatro anos atrás – as coisas mudaram na vida de nós quatro mudaram bastante. 


Depois do casamento, papai começou a viajar muito à trabalho, afinal ele tinha uma empresa e alguém que cuidasse de sua casa e filhas e foi na volta de uma delas que o avião em que ele estava acabou sofrendo um acidente, acabando por matar centenas de pessoas, entre elas a última pessoa que me amava verdadeiramente. Só que com sua morte eu não só o perdi, como também perdi o pouco respeito que Sophia e suas filhas tinham por mim.


Assim que assumiu minha guarda definitivamente, Sophia me mudou de quarto já que em suas palavras “você está muito mal acostumada e ocupando um dos melhores quartos da casa”, jogando-me em um quarto afastado dos demais e deixou as filhas duelarem por minha antiga acomodação. Depois começou a mandar-me a ajudar os empregados – o que não foi tão ruim, considerando que a maioria era muito amigável e paciente comigo – e de pouquinho em pouquinho foi me transformando em uma funcionária da minha própria casa, além de ameaçar tirar-me do colégio que eu frequentava desde pequena e a maldita quase deixou de pagar meu cursinho de vestibular, mas por intervenção divina ou pura sorte ela não o fez.


Desde meus dezesseis anos eu tinha tomado consciência de que estudar e arrumar um bom emprego, era o único meio de eu me livrar delas. Eu não tinha podido – e na época nem queria – estar na leitura do testamento, mas de acordo com Sophia meu pai tinha deixado tudo para ela administrar, claro que eu não acreditava nela, mas essa não era uma briga que valesse eu comprar. Até porque, se meu pai deixou algo para mim, já tornou-se dívidas, considerando que sua fortuna – fruto do esforço de toda sua vida – esfumou-se em poucos anos depois dos gastos desmedidos de Sophia e suas filhas.


Graças à nossa falência, eu agora trabalhava praticamente sozinha aqui – tínhamos mais uma diarista que vinha uma vez por semana para me ajudar a limpar a casa –  sem receber nada em troca, Sophia deve uma boa quantia ao banco para poder pagar a caríssima faculdade das meninas – na qual Paola já se atrasou em dois semestres – e para manter as aparências.


— Dulce, como bem sabe, essa noite temos o baile dos Uckermann para ir e sabe que minhas filhas e eu precisaremos de sua ajuda para nos arrumarmos, então espero que tudo esteja pronto quando voltarmos, necessitamos da sua exclusividade. — Sophia informou pela enésima vez desde que recebeu o convite.


— Hoje será maravilhoso! Christopher vai me pedir em casamento assim que me ver. — Paola falou confiante. — Pena que você não vai poder ir, né Dulcinha? — Falou olhando para mim com deboche.


— Fique tranquila, Paola. Eu realmente não me incomodo em não ir. — Respondi o mais natural que pude, tentando disfarçar o quanto aquilo me magoava.


— Ai, Paola, cale a boca. O Christopher só terá olhos para mim. — Belinda falou quase junto comigo. — E Dulce, não precisa dissimular, sabemos que você adoraria estar conosco e ver os Uckermann mais uma vez. Me dá até uma peninha de você. — Belinda falou maldosa me olhando provocadora.


— Parem com isso meninas. — A mãe delas pediu, mas eu sabia que era só para também poder me humilhar. — Sabe Dulce, eu até considerei levá-la conosco mas você não é exatamente o tipo de pessoa que deve estar em um ambiente tão requintado como aquele. — Ela falou com uma cara de nojo enquanto me olhava de baixo e cima. Ela veio em minha direção e segurou meu queixo de modo doloroso, obrigando-me a olhá-la nos olhos. — Além do mais o você é nada — Ela pausou propositalmente, deixando-me saber o que eu era para ela. — para os Uckermann, eles nem devem lembrar de você. Assim como sua mãe, você é mais uma insignificante. — A maldade de suas palavras me atingia profundamente, não importava quantas vezes eu as ouvisse. Eu não ia defender mamãe, ainda que me sentisse uma covarde por isso, hoje eu não poderia me dar ao luxo de estar com uma marca de mão em meu rosto. — Você entende por que não pode ir, não é Dulce? — Eu humilhantemente acenei com a cabeça e ela abriu um enorme sorriso, antes de soltar bruscamente meu queixo. — Ótimo. Vamos meninas, estamos em cima da hora.


Elas pegaram suas bolsas e saíram sem olhar para trás, mas eu só respirei aliviada quando ouvi o portão fechando.


~***~


O tempo passou em um piscar de olhos e de repente o trio entrou fazendo barulho. As três estavam muito bem maquiadas com cabelos presos em intrincados penteados, mas não perderam tempo me comprimentando, simplesmente correram para seus quartos. E no instante seguinte eu comecei a correr de um lado para o outro.


As horas seguintes quase me levaram à loucura. Um dos cachos de Paola despencou do penteado e eu fui culpada por isso – com certeza o fato de ela mexer no celular enquanto eu passava o vestido por sua cabeça não tinha nada a ver com esse fato – e tive que dar um jeito de arrumar, mesmo tendo zero habilidade para tal. Depois o vestido apertadissimo de Sophia descosturou na parte do quadril – as coxinhas que ela comia às escondidas finalmente tinham cobrado seu preço – e para piorar só um pouquinho mais, os sapatos que Belinda tinha escolhido estragaram, um salto partiu ao meio e o outro par simplesmente sumiu em meio à bagunça refeita em seu quarto. Ah, também queimei minha mão enquanto passava pela terceira vez o babyliss nos cabelos de Belinda,  não posso esquecer o tapão que Sophia me deu enquanto eu costurava o rasgo de seu vestido e da tesoura que voou em minha direção quando precisei dizer à Paola que seu colar estava com o fecho quebrado.


Depois de quase ter morrido eu finalmente estava me despedindo das espalhafatosas irmãs e sua mãe, que com aquele vestido dourado brilhante parecia um sol.


— Voltaremos à uma da manhã, Dulce, portanto esteja pronta para nos ajudar. Não esqueça de preparar nossos banhos e biscoitos de gengibre para as meninas. — Sophia informou antes de entrar na enorme limosine rosa que tinha alugado para a ocasião especial.


Sem perder um segundo eu corri para meu quarto. Apesar de ser consideravelmente menor que os outros, ele acomodava muito bem minhas coisas e ainda tinha um banheiro próprio. Tomei banho, escovei os dentes e me perfumei com o que restava das poucas loções e perfumes que eu tinha e depois, só com a roupa debaixo fui para meu quarto para terminar de me arrumar. 


O que eu faria era arriscado, mas essa poderia ser a última chance de eu vê-lo de perto. 


Tirei com todo cuidado o vestido de tecido preto de dentro do fundo do guarda-roupas e depois o precioso par de sapatos que ganhei do meu pai quando fiz quinze anos. Com cuidado vesti o delicado vestido que outrora foi de minha mãe. Ele era feito com tule preto com bolinhas da mesma cor, tinha um zíper invisível atrás e era forrado com tecido bege meio rosado, a parte do sutiã era preta e três faixas levemente imitavam um corpete na parte do tronco e terminavam em uma tira que marcava a cintura, mas o verdadeiro charme dele ficava por conta das alças com laços em cima dos ombros e um longo babado no fim do vestido. Não chegava nem perto do requinte que eu iria encontrar na festa, mas ainda assim, me parecia a mais maravilhosa vestimenta.


Meus sapatos eram um detalhe à parte. Não combinavam muito com o vestido, mas como tudo nessa noite estava sendo feito na base do improviso e da economia, eu não estava muito preocupada com isso. O sapato de cetim rosado tinha vários adornos em 3D em formato de flores delicadas que se espalhavam por todo sapato, mas se concentravam de forma artística no topo do do salto fino. Eram um presente feito sob encomenda, especialmente com as medidas dos meus pés e eu só os usara uma vez, na última festa de gala que meu pai foi convidado.


Verifiquei a hora no celular que estava carregando e comecei a me apressar, eu tinha guardado dinheiro para pegar um uber na volta, mas para chegar até a festa precisaria do bom e velho ônibus. Como últimos adereços coloquei um par de luvas que terminavam sobre os ossinhos do pulso e feitas do mesmo tule do vestido e finalmente, o motivo que permitia que eu fosse de fato à essa festa, a máscara de veludo preto com orelhas de gatinho que cobria a metade de cima da minha cabeça.


Dei uma última olhado no espelho, ajeitei meus cabelos escuros e levemente úmidos que secavam naturalmente de modo ondulado, guardei o celular, meu dinheiro e a chave de casa dentro do sutiã e finalizei com a única maquiagem que usaria, um gloss rosado.


Saí apressada de casa, correndo pelo caminho até o ponto que ficava na rua de cima, tropeçando vez o outra por causa do salto e do pouco costume que tinha de usar eles. O ônibus chegou pouco depois, para minha sorte já que o lugar estava escuro e deserto. Durante todo o caminho eu recebi alguns olhares curiosos, mas não prestei muita atenção, meu corpo tremia, oscilando entre a euforia e o medo de ser descoberta, mas era tarde demais para desistir. 


~***~


Uma hora e três ônibus depois eu finalmente estava na frente da enorme mansão Uckermann, a propriedade era enorme e ficava afastada do barulho e agitação da cidade, por isso tinham uma grande área verde ao seu redor, embora tivesse uma fachada impressionantemente grande.


Para começar tinham enormes portões na entrada com dois guardas, um em cada lado das grades de ferro preto, depois havia um caminho de pedras que levava à uma larga escadaria que dava em uma espécie de pátio e bem no meio dele havia uma abertura circular cercada por uma balaústre que deixava ver um andar abaixo e só depois tinham as escadas que levavam à entrada e davam acesso ao hall de entrada da casa.


Estava do lado de fora dos muros, escondendo-me nas sombras à espera do momento em que muitos carros entrassem e eu pudesse passar despercebida pelos guardas. Eu era uma antiga conhecida da família mas fazia mais de seis anos que eu não via nem um deles, além do mais, eu precisaria de um convite para poder entrar e como minha madrasta estava com ele e ninguém me reconheceria mesmo que eu falasse meu sobrenome, o jeito seria entrar escondida.


Por diversos motivos era estranho para mim fazer esse tipo de coisa, mas o principal com certeza era o estar entrando em um lugar que foi como uma segunda casa para mim durante os primeiros seis anos da minha vida. Meu pai e o patriarca Uckermann foram amigos de infância e depois na vida adulta, por isso, quando eu era criança vim muitas vezes aqui brincar com os três Uckermanns mais jovens. 


Anahí era a filha mais velha, hoje já estava com vinte e sete anos mas conservava os brincalhões olhos castanhos e o sorriso matador e comandava sua própria marca de roupas. Depois tinha Maite com vinte e seis anos, era cópia fiel da mãe, com cabelos negros e incríveis olhos azuis, era uma beldade que desfilava para as maiores marcas nacionais e internacionais. E por último vinha meu sonho de consumo, meu principe azul. Christopher Alexander de vinte e cinco anos, a perfeita mistura dos pais. Cabelos castanho escuro – como sua mãe – brilhantes olhos azuis – presentes de seu pai, mas o que me fazia suspirar mesmo era seu sorriso, sempre brilhante e sensual.


Quando criança, Anahí e Maite eram minhas melhores amigas e Christopher era o garoto por quem eu me apaixonei quando tinha sete anos e machuquei o joelho, ele veio correndo para me ajudar e depois de fazer um curativo e deu um beijinho para “sarar”. Desde esse dia eu não podia vê-lo que já estava sonhando com nosso casamento e como ele diria que me amava sob uma noite estrelada. Porém nossa amizade e contato foi cortada aos poucos depois que Sophia tornou-se minha madrasta. Ela foi deixando de me levar aos encontros entre as famílias – aqueles mais informais, onde o foco eram as crianças e que ocorriam quase sempre quando meu pai estava viajando – dando desculpas para apenas as suas filhas estarem presentes, depois quando eu finalmente podia ir junto com elas, Anahí e Maite começaram a me tratar diferentes, ficaram mais frias e distantes. 


Assim quando fiz treze anos desisti de vez dessas visitas, até porque os convites também começaram a rarear e esse era mais um motivo para além de ficar surpresa que tenham convidado-nos para essa festa, também não desperdiçar a chance de vê-los mais uma vez e quem sabe, roubar um beijo do meu amor platônico.


Uma leva de carros entrou e deles saíram várias moças, todas com vestidos bufantes e máscaras cobrindo seus rostos. Quando os guardas começaram a olhar os convites eu entrei discretamente, passei para o lado do jardim colado aos muros e dei uma volta por trás da guarita da esquerda e aguardei até o bando de garotas se afastar rindo e na maior cara dura me enfiei no meio delas, fingindo ter chegado junto com elas.


Subir aqueles degraus depois de tantos anos fazia um friozinho surgir na minha barriga e dava vontade de rir, meio de nervoso, meio de alegria por estar ali de novo. Quando cheguei no fim da primeira escadaria me aproximei do balaústre e olhei para baixo. O chafariz ainda existia e fazia um bonito desenho e tinha flores boiando em sua água límpida, dali também podia ver um pedaço das janelas do andar debaixo que lançavam um brilho amarelo e romântico ao lugar, depois disso tomei um fôlego e continuei a subir.


Quando cheguei à entrada fui recebida por uma música alta e uma luz azulada, além do som de conversas incompreensíveis. O hall tinha algumas pessoas, a maioria de meia idade conversando em alguns grupinhos, ao lado esquerdo e direito tinha duas salas com mais pessoas, mas a verdadeira festa ocorria lá em cima. Duas escadas, centradas bem ao meio do hall levavam para um enorme salão no segundo andar onde muita gente dançava sob luzes estroboscópicas que mudavam de cor constantemente.


Determinada subi os lances de escada e quando cheguei lá passei meus olhos pelo salão em busca dele. Em um canto vi Belinda e Paola dançando loucamente e me esquivei mais para o lado oposto, misturando-me aos outros convidados – que em sua maioria eram mulheres – em outro ponto vi as inconfundíveis Anahí e Maite conversando entre si enquanto dançavam mais lentamente. Olhei mais atentamente e encontrei a figura alta de Christopher dançando com uma garota vestida de branco com uma mascara rendada da mesma cor. Ótimo, eu já localizado ele, mas meu plano acabava aqui. Para não ficar igual idiota no meio da pista de dança, comecei a me mexer no ritmo da música me dando mais um momento insano nessa noite. Eu nunca tinha dançado em público.


Algumas músicas depois uma música lenta começou a tocar e eu já ia me retirando da pista quando alguém me puxou e eu acabei dando uma rodadinha, dando de cara com um peitoral masculino. Eu não ficaria mais chocada se o coelhinho da páscoa me tirasse para dançar. Era ele. Sem dizer nada ele me deu um sorriso que quase me fez derreter e colocou ambas as mãos em minha cintura, começando a guiar-me em uma dança que apesar de lenta me parecia muito sensual.


— Posso saber como se chama tão bela dançarina? — Christopher perguntou durante a segunda música que dançávamos juntos.


Eu abri um sorriso lento e olhei com com encanto, desejando que essa noite fosse um começo e não um fim. Aproveitando um acorde da canção para girar e me esquivar da pergunta, quando estava de frente para ele de novo eu apenas dei um sorriso que esperava ser sedutor e neguei levemente com a cabeça, o que o fez me olhar surpreendido.


— Misteriosa… — Disse em um tom brincalhão que me fez sorrir amplo. Ter sua atenção totalmente voltada para mim, fazia meu corpo aquecer com algo mais que apenas felicidade. — Posso supor que você sabe quem eu sou? — Eu apenas sorri e assenti. — E você, adorável dançarina, pode falar? — Ele mais uma vez tentou me arrancar uma palavra, mas só para provocar eu acenei com a cabeça de novo.


De repente a música mudou de novo para alguma eletrônica, mas ao contrário que eu esperava, ao invés de senti-lo se afastando de mim, simplesmente fui virada e minhas costas passou a estar colada à sua frente. A dança mudou completamente de ritmo, se antes eu tinha achado sensual, agora começou a parecer quase indecente. Nossos corpos estavam bem colados, suas mãos trilhavam caminhos perigosos sobre meu corpo, descendo até meus quadris e subindo lentamente, quase tocando a base dos meus seios. E como aquilo era bom, eu sentia um frenesi que nunca tinha sentido antes e notei que algumas partes muito particulares minhas estavam ganhando vida pela primeira vez.


Quando a música mudou novamente, dessa vez para uma que eu conhecia, ele me virou de frente para ele e juntou nossos, abaixando o rosto para o meu para beijar-me e quando ele quase juntava nossos lábios eu aproveitei a batida da música para provocá-lo me afastando e dançando sensualmente sem nunca deixar de olhar em seus profundos olhos azuis. Eu sorria provocativa quando ele me puxou novamente para perto, dessa vez cantando junto com a música.


Mostre-me um pedaço do seu coração, um pedaço do seu amor — Ele cantou, mais uma vez me pondo de costas para ele. — Estou te chamando para descer, descer, descer — Sussurrou em meu ouvido, fazendo-me arrepiar enquanto descíamos e subíamos com os corpos colados sensualmente.


A maneira como tocamos nunca é suficiente — Cantarolei quando voltamos a nos olhar e imediatamente senti minhas bochechas avermelharem mais.


Apesar de toda a provocação eu nunca tinha flertado assim e nem tinha tanta experiência nesse tipo de coisa. Eu havia beijado só duas vezes na minha vida, ambas quando eu tinha dezesseis, desde então eu estava como um templo perdido nas areias de um deserto, intocada.


Mostre-me o que você quer…  Mostre-me um pedaço de você — Ele cantarolou mas seu olhar parecia implorar para que eu dissesse algo. — Mostre-me uma parte de você.


Eu serei o que você quiser — Sussurrei como resposta e ele sorriu balançando a cabeça de leve em negação.


Depois disso nós terminamos a música dançando abraçadinhos, mas não mais no ritmo devasso. 


— Venha comigo. — Ele pediu em meu ouvido quando o último acorde tocou.


Eu o olhei por um instante ante de assentir com a cabeça. No momento seguinte ele segurou minha mão e nós saímos correndo pelo meio da pista de dança, atropelando várias pessoas. Passamos por um corredor um pouco menos iluminado, entramos numa espécie de alcova que tinha sofás, mas descemos um lance de escadas caracol que tinha na parede oposta. 


Quando chegamos ao fim da escada, fomos recebidos por uma cortina de folhas e assim que a atravessamos, foi como se passássemos de um mundo à outro.  As paredes e o teto eram feitos de pedra, havia muitas árvores floridas, o chão era forrado com cascalhos a parede direita era totalmente de janelas que estavam cobertas com cortinas brancas e emanavam uma luz amarelada aconchegante e no centro do ambiente estava o chafariz que eu havia visto quando cheguei. A música chegava abafada ali embaixo e eu fiquei sem fala com o que estava vendo, tanto que Christopher acariciou minha mão de leve antes de perguntar:


— Você está bem? — Eu  me virei para ele notando que estávamos realmente próximos.


— Ahn… Sim, só fiquei sem fôlego pela vista. — Falei me afastando um pouco dele. — E então, senhor Uckermann… Quais são suas intenções trazendo-me aqui? — Provoquei dando uma volta no chafariz e o olhando de longe.


— Posso lhe garantir que são as melhores possíveis, senhorita… — Instigou-me, andando em minha direção.


— Boa tentativa, Uckermann. — Parabenizei abaixando-me para pegar uma florzinha caída na beira do chafariz.


— Posso presumir que vai me torturar a noite inteira sem dizer seu nome? — Ele chegou mais perto de mim, mas antes que pudesse me alcançar eu me afastei.


— Não. Não o direi, senhor Uckermann. Mas não se zangue, por favor. Já nos conhecemos há anos, você só nunca tinha me olhado dessa maneira. — Afirmei brincando com a flor em minha mão.


Ele me olhou surpreso e por um momento parou nossa dança. Conversamos rodando ao redor do chafariz, mas sem nunca tirar os olhos um do outro. Até esse momento eu não havia mentido, só estava fazendo um mistério. Sei que ele não sente o mesmo por mim, afinal nem se lembra de quem eu sou, por isso não faz sentido eu me apresentar à ele, melhor que eu fique apenas como uma lembrança misteriosa em sua mente.


— Não brinque com isso, senhorita Mistério. Estamos falando do meu pobre coração, que está batendo aflito por você. A maior parte dos convidados são conhecidos meus, dê-me uma dica mais precisa. — Pediu parecendo realmente desesperado.


— Certo… Acho que posso conceder isso. — Falei depois de fingir avaliar a situação. — Vejamos… Brincávamos nós quatro quando crianças, você, eu e suas irmãs. — Olhei em seus olhos, meio que esperando uma fagulha de reconhecimento passar por suas íris azuis, mas nada além de confusão passou por ali.


— Ok, isso reduz consideravelmente minhas opções, mas ainda assim me deixa no escuro.


— Não se preocupe com isso, querido, pois é só no escuro que tenho coragem de dizer em voz alta o que sinto e fazer o quero desde que descobri que meninos podem ser mais do que viciados em futebol. — Minha analogia era infantil, mas real. Foi no instante em que passei a gostar de Christopher que percebi que os meninos não eram limitados e condenados a serem chatos eternamente.


Ele caminhou lentamente até mim, para então segurar delicadamente minha mão enluvada.


— E o que seriam tais coisas que necessitam que o manto da noite dê cobertura para que aconteçam? — Perguntou enquanto tirava lentamente a luva de minha mão, para em seguida beijar delicadamente a palma avermelhada por causa do babyliss de horas atrás.


— Pelo bem de ambos prefiro não dizer o que sinto… — Disse quando cheguei perto o suficiente para acariciar sua bochecha, sempre sob seu olhar atento. — Mas por minha sanidade farei o que desejo há muito tempo. —  Falei com o lábios a centímetros dos seus.


Mal terminei de falar e grudei nossos lábios, antes que ficassem envergonhada demais e perdesse a coragem. Por um momento ele ficou surpreso demais para corresponder, mas no instante seguinte sua boca passou a guiar o beijo. Sua língua pediu passagem que eu prontamente cedi e dei ao máximo para acompanhar seus movimentos, que ainda que fossem lentos eram muito mais experientes que os meus. O beijo mesmo que lento e delicado era cheio de sentimento – pelo menos de minha parte – e nós juntamos nossos corpos, como se estivéssemos muito distantes um do outro, mesmo meus braços estando apertados em seu pescoço e os seus em torno da minha cintura.


Quebramos o beijo por uma fração de segundos para recuperar o ar, mas logo depois de um olhar cúmplice voltamos a nos beijar, dessa vez com um pouco mais de volúpia. Quando o ar nos faltou novamente terminamos o beijo com um selinho demorado e já estávamos prontos para um novo selar de lábios quando o alarme do meu celular tocou desesperadamente dentro do meu sutiã. Se eu já não estivesse vermelha do beijo teria ficado nessa hora. Desajeitadamente tirei o celular do esconderijo e constatei que era hora de ir. 


— Meia-Noite, Cinderela? — Ele brincou sorrindo, sem saber o quanto aquilo era verdade.


— Tenho que ir antes que a carruagem vire abóbora. — Ou antes que a madrasta me veja aqui. — Tenho que ir, sinto muito. Foi maravilhoso revê-lo. — Me despedi já me afastando, enquanto ele ainda percebia que eu não estava brincando.


— Espera… o quê? — Perguntou estendendo a mão para segurar meu braço, mas me afastei e comecei a correr. — Espera, me diga seu nome pelo menos! — Ele pediu começando a correr atrás de mim.


Subi as escadas que davam à alcova o mais rápido possível, passei correndo entre a multidão que a princípio me xingava por ter atropelado uns e outros, mas depois eu o ouvi pedindo para eu esperar e como não o fiz pediu para alguém o fazê-lo. Assim que ouvi isso corri mais rápido, quase torcendo o tornozelo quando cheguei ao hall de entrada, olhei para trás desesperada e vi que ele ainda estava chegando ao topo da escada e as pessoas ainda não tinham entendido o que estava acontecendo, aproveitei esse momento para tomar fôlego e tirar meus sapatos. No instante seguinte eu corria como louca de novo.


Quando eu estava no topo da última escadaria na frente da casa ouvi a voz de alguém gritando para me segurarem, no desespero minhas mãos suavam tanto que um dos pares do sapato caiu no chão e eu quase parei para pegá-lo, não fosse Christopher estar à alguns degraus de distância de mim. Em pânico eu corri desesperada, dois seguranças vieram em minha direção quando eu estava nos últimos três degraus, sem pensar muito pulei deles para o gramado e passei a correr por ele mesmo, agora fugindo não só de Christopher como de vários guardas e até alguns convidados.


Corri até ficar sem fôlego e atravessei os portões quando eles estavam em sua última greta antes de fechar completamente. Só parei de correr quando cheguei ao ponto de ônibus da outra esquina e fiquei aflita durante os cinco minutos de espera pelo uber.


~***~


Meia hora depois eu estava em casa, entrei pelos fundo corri como desesperada de novo para meu quarto. Tirei as roupas em tempo recorde, guardei o vestido, a máscara, a luva e o sapato restante dentro de um saco de lixo preto bem dobrado e guardado novamente dentro do meu guarda-roupas de modo que ninguém desconfiasse da existência deles. Tomei banho em tempo recorde e troquei de roupa, tirando qualquer perfume e maquiagem que pudesse denunciar que eu saí de casa.


Depois corri encher as banheiras de Sophia e suas filhas, aqueci os biscoitos de gengibre e coloquei um prato em cada quarto junto com um copo de leite. À uma hora em ponto e eu ajudei cada uma a se desmontar, enquanto as ouvi lamuriar sobre a convidada misteriosa que arruinou suas chances com Christopher e causou uma comoção que levou ao fim prematuro da festa.


Eu fiquei séria até a hora que fui deitar, mas assim que eu deitei na cama um enorme sorriso surgiu em meu rosto. Eu o amava e ainda que ele nunca soubesse disso eu teria essa noite para sempre em minha memória. Pouco depois eu caí em um sono profundo cheio de sonhos bonitos.


~***~


A principio é isso, se quiserem mais, por favor me avisem, se não, até amanhã!


Comentem y Fvoritem!


Besos y Besos, Lindezas!!!😘😘😘



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Autor(a): Srta.Talia

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Christopher Uckermann  — Espera… o quê?  Assim que eu percebi que ela estava indo embora comecei a correr atrás dela. Ela não podia ir embora assim, não sem me dizer seu nome antes. Ela corria impressionantemente rápido para alguém que usava saltos. Quando chegamos ao salão achei que seria minha chance ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



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  • thayna_chagas Postado em 01/05/2021 - 15:55:47

    Amei essa mini fic, mesmo sendo uma história curtinha conseguiu me deixar apaixonada com cada detalhe S2

  • ttm Postado em 22/04/2020 - 22:02:52

    gostaria siiim, continua sz

  • ttm Postado em 21/04/2020 - 20:00:31

    continuaaa sz

  • lariiidevonne Postado em 20/04/2020 - 19:58:18

    Contínua! Que fic maravilhosa :)

  • ttm Postado em 20/04/2020 - 19:26:23

    continua


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