Fanfic: Omnitranil | Tema: Ben 10
― Pronto, Gwen? ― perguntou Kevin.
― Ainda não.
Gwen e Kevin voltaram para as proximidades da estação de energia de Bayside, no exato local em que Albedo pousou após saltar em sua forma apopplexiana. No centro da cratera que havia se formado, estava Gwen utilizando de seu conhecimento mágico para procurar rastros do vilão. Já Kevin mantinha-se encostado em seu carro, impaciente.
― E agora?
― Ainda não.
Dois minutos depois.
― Qualé, Gwen, isso vai demorar quanto tempo ainda?
― Se você me deixar trabalhar talvez eu consiga terminar antes.
Kevin olhava para a paisagem ao redor. Em um extremo da estrada se via a estação de energia com suas torres de eletricidade agrupadas por detrás do muro. No outro extremo se via a entrada da parte comercial da cidade, com seus prédios e outdoors. No meio de todo esse caminho, a floresta de clima temperado que preenche boa parte do terreno desocupado de Bayside. No céu, a mesma lua crescente de outrora.
― Consegui ― disse Gwen.
― Finalmente! Já não aguentava mais esperar.
Por entre as mãos de Gwen, três esferas de tonalidades róseas, orbitavam entre si. As esferas se afastaram uma das outras e rodeando Gwen desceram até tocar o chão onde havia a cratera. Gwen se afastou e saiu de dentro do buraco. Um conjunto de pegadas semelhante a de um felino gigante se iluminou no centro do local.
― E agora? ― perguntou Kevin.
― A gente espera.
― A gente já sabe que ele caiu aí ― disse apontando.
― Kevin, por favor, só fica quieto e espera!
― Tá bom! Tá bom...
Uma trilha de pegadas iluminadas começou a sair de dentro da cratera, indo em direção à estrada.
― Para o carro, vamos!
― Agora você está falando minha língua.
A trilha de pegadas felinas chegou na estrada e continuou em direção à cidade. Kevin seguia dirigindo logo atrás do caminho que se iluminava em cor rosa.
― Gostei do GPS ― disse Kevin ― além de literalmente mostrar o caminho, não tem nenhuma voz chata mandando ir pra lá e pra cá. O que foi que você fez?
― É um feitiço de rastreamento ― respondeu Gwen ― Em qualquer lugar que Albedo tenha pisado ou tocado vai acender e denunciar por onde ele esteve.
― Devo dizer que é bastante útil.
― E fofo também.
O carro seguia logo atrás à trilha que se acendia e apagava, como se estivessem seguindo uma criatura invisível com as patas sujas de tinta fluorescente.
Depois de cerca de 5 minutos, o silêncio dentro do carro começava a ficar incômodo. Gwen ora olhava para a paisagem pelo vidro do passageiro, ora olhava para a trilha. Kevin mantinha-se atento a estrada, não desviava o olhar nem para verificar os retrovisores.
― O que vamos fazer se encontrarmos ele? ― Kevin quebrou o silêncio.
― Eu não sei.
― Da última vez-
― Eu sei ― cortou Gwen.
― Da última vez ― Kevin insistiu ― ele acabou com a gente.
― Eu sei, Kevin.
Mais silêncio...
― Você está com medo? ― Gwen perguntou.
― Não sei dizer...
― Como assim não sabe dizer?
― Estou em dúvida sobre isso.
― Está em dúvida se está ou não com medo?
― Estou em dúvida se devo parecer forte perto de você para tentar te impressionar ou se devo confessar que estou absurdamente apavorado.
Gwen riu.
― O que foi? ― ele perguntou sorrindo.
― Só mesmo você pra me fazer rir numa situação tensa dessa.
― Humor não é muito meu forte, mas eu tento.
― Agora é sério ― disse Gwen ― o que vamos fazer quando o encontrarmos?
― Abordagem agressiva talvez não funcione.
― Kevin Levin não optando por violência ― disse com um falso ar de impressionada ― essa é nova.
― Ainda estou dolorido da surra que levei ― disse girando o ombro direito. ― Além de que ambos concordamos que nosso objetivo principal é descobrir o que o Albedo fez com o Ben.
Gwen voltou o olhar, com tristeza, para a trilha de patas. O grito do primo ressoou em sua memória.
As pegadas felinas na trilha mudaram de forma e adquiriram um aspecto de marca de tênis desenhada pelo asfalto.
― Acho que foi aqui que Albedo voltou ao normal ― disse Gwen apontando para as marcas que começava a se aproximar dos primeiros prédios da cidade.
― Que tal pararmos o carro por aqui por perto e seguirmos a pé?
― Acho uma boa ideia. Talvez assim conseguimos nos aproximar dele sem chamar muita atenção.
Kevin parou o carro na primeira rua à esquerda que encontrou. Os dois saíram do carro e seguiam as pegadas de tênis rosas que se acendiam pelas calçadas da cidade.
Seguiram dois quarteirões em linha reta, depois atravessaram uma rua e seguiram à direita, outra curva para a esquerda e já estavam na metade de um quarteirão quando ouviram o som de latas de lixo agindo como obstáculos no beco mais próximo.
Gwen e Kevin correram em direção ao som e antes de entrarem no beco, se esconderam para olhar o que poderia ter causado o som. Pois pense bem: poderia muito bem ser um gato revirando latas; ou o Albedo que tentava se esconder no escuro; ou algum bêbado que mal conseguia caminhar e caiu; poderia ser qualquer coisa, até mesmo duas pequenas naves piramidais cinzas e verdes que emitam feixes de escaneamento em meio as latas de lixo.
― O que são eles? ― Gwen cochichou.
― Sei lá ― Kevin cochichava também. ― Não reconheço o estilo das naves de nenhum lugar.
― E o Albedo? Está vendo-o em algum lugar?
― Não. Tem certeza que ele veio para cá?
― Tenho sim, olha para o chão, as pegadas estão entrando no beco.
Kevin e Gwen seguiam com o olhar as pegadas que se iluminavam beco adentro e seus olhares só pararam quando encontraram os visores das naves que também estavam curiosos sobre as pegadas que acendiam.
― Droga! ― disse Kevin, se afastando da entrada do beco, junto com Gwen.
― Parados! ― uma voz metalizada gritou de dentro de uma das naves.
Obviamente a ordem não foi seguida e os dois corriam pelas ruas comerciais vazias.
― E agora, o que a gente faz? ― perguntou Kevin.
Ao virarem uma esquina, acabaram dando de frente a uma das naves que flutuava em meio ao ar. Pelas costas, as outras duas naves se aproximavam e então eles se viram encurralados num semicírculo, com apenas a parede de um prédio em suas costas.
― Identifiquem-se ― disse outra voz metalizada.
― Identifiquem-se vocês! ― reclamou Kevin ― Quem são vocês e o que estão fazendo na Terra?
― Kevin, o que você está fazendo? ― Gwen perguntou baixinho
― Não sei. ― respondeu baixinho também. ― Ganhando tempo.
As naves flutuavam silenciosas. Os únicos sons que se ouviam era os dos motores e propulsores que mantinham a naves numa leve oscilação no ar.
― E então!? ― questionou novamente, Kevin. ― Quem são vocês?
O mesmo feixe de escaneamento de outrora agora passeava pelo corpo de Gwen e Kevin analisando cada centímetro dos dois.
― Identificados traços de energia Omni em ambos os seres derivados de carbono. ― disse uma das naves.
― Segundo o artigo 876-KFL900.000000.0 ― continuou outra nave ― 0.111BN100.00.0045JGFF vocês estão presos.
― O quê!!! ― disseram ao mesmo tempo.
Uma argola metálica foi disparada em direção à Gwen, travando seus braços junto ao corpo e empurrando-a contra a parede do prédio.
― Gwen! ― Kevin gritou segundos antes de também ser preso por uma argola.
Kevin tocou a parede de concreto atrás de si e sua natureza osmosiana lhe permitiu absorver a composição do prédio. Em questão de instantes, sua pele adquiriu uma tonalidade acinzentada, de textura seca. Seu corpo era puro concreto. Kevin então forçou abrir os braços contra a argola metálica fazendo-a ranger e abrir como um anel de latão.
― Você está legal? ― ele perguntou sem tirar o olhos das naves.
― Estou sim ― respondeu ela já com os olhos emanando uma luminosidade rósea. ― Pode indo na frente.
― Você é que manda! ― ele respondeu já partindo em direção a nave que prendeu Gwen, lançando com um soco o veículo alienígena no prédio do outro lado da rua.
Já a jovem adquiriu uma tonalidade rosa ao formar um escudo por todo seu corpo entre sua pele e o metal da argola. Essa silhueta rígida começou então a se expandir e abrir a prisão circular. Assim que se viu livre, Gwen estilhaçou a sua silhueta mágica e começou a disparar discos de mana nos visores das naves, afastando-os a cada impacto de disco.
Das laterais das naves surgiram cilindros de armamentos, um de cada lado, que disparavam lasers em direção a Gwen e Kevin.
Ela procurava se defender com uma barreira circular em uma das mãos e, com a outra, tentava acertar os sistemas de armas das naves, no entanto, era difícil mirar enquanto era obrigada a também se defender.
Já ele aproveitou que sua pele concretada lhe garantia uma certa resistência e optou pelo ataque bruto como forma de defesa. Kevin fez suas mãos crescerem como dois enormes blocos e como um boxeador, dava ganchos e socos que soavam como metal chocando-se com um poste, acompanhado de uma fumaça de concreto sendo espatifado.
Uma nave foi presa dentro de uma bolha mágica de Gwen e arremessada em direção a um carro que estava estacionado nas proximidades, amassando boa parte da lataria e fazendo disparar o alarme do veículo no meio da noite. O som era bastante incômodo, mas não o suficiente pra fazer alguém vir conferir o carro.
― Não será tolerada nenhuma forma de resistência ― disse uma das naves. ― Entreguem-se!
― Tá bom que a gente vai se entregar ― respondeu Kevin, arrancando um poste de semáforo do chão e rebatendo a nave como uma bola de beisebol.
A nave caiu rolando pela rua e só parou quando se chocou com uma banca de jornal na calçada. O barulho ecoou pelas ruas junto com o alarme do carro que continuava apitando insistentemente.
A única nave remanescente encarava Gwen Tennyson como num duelo de faroeste. As duas mantinham-se atentas para quem faria o primeiro movimento. Do armamento direito da nave, um feixe laser foi disparado em direção ao coração de Gwen. A jovem girou seu corpo para trás e para direita desviando do laser, ao mesmo tempo em que projetava uma enorme mão de mana que estapeou na lateral da nave e a arremessou contra uma loja de eletrônicos. O som de vidro, metal e produtos tecnológicos sendo estraçalhados era de fazer qualquer nerdtech se afogar em lágrimas. E o alarme do carro continuava a berrar.
― Boa, Gwen! ― Kevin corria em direção a jovem.
― Mas o que eram essas coisas?
― Eu sei lá... ― Ele olhava para os arredores e para o rastro de destruição que a luta gerou. ― Já faz um tempo que eu não saio do planeta então não sei dizer. Mas daqui com certeza não é, isso é tecnologia de nível quatro pra cima.
― A gente tem que contar isso para o Vô Max.
― Boa ideia. No carro eu tenho um comunicador, aliás... Percebeu que o alarme chato parou?
Realmente não se ouvia mais barulho nenhum. Gwen e Kevin se viraram em direção à fonte do alarme e percebeu que um líquido negro e brilhoso, com pequenos feixes esverdeados, como circuitos, escorria das laterais da nave e recobria as ferragens do veículo. Aos poucos, a lataria, volante, motor, eixo de pneus eram retorcidos e incorporado à nave. O que antes era uma nave triangular pequena, agora se tornava uma máquina bípede de cerca de dois metros e meio de altura. Uma nave-carro-robô, diria Ben, se ele tivesse lá assistindo.
― Incorporação de tecnologia? ― perguntou Kevin.
― Eu já vi isso antes ― disse Gwen ― Parece com o que Chip faz.
― Chip?
― O “cachorro” da Julie, Kevin!
― Tá, tá, lembrei. Mas assim, acho que temos problemas ainda maiores ― Kevin olhava em direção à loja de eletrônicos.
De dentro da loja, ouvia-se um chiado elétrico, acompanhado de flashs de luz que acendiam e apagavam, como se monitores e televisores fossem momentaneamente ligados e desligados. Ouviu-se um som de aspirador e, de novo, mais chiados.
― Para o carro! ― gritou Kevin.
Os dois seguiram pelas ruas, fazendo o caminho inverso à da trilha de pegadas, em busca do carro de Kevin. Atrás deles, a nave-robô-carro corria e disparava grossos feixes de lasers de onde seriam os faróis do automóvel. Kevin e Gwen procuravam se desviar dos tiros que levantavam fumaça e detritos quando atingiam o asfalto e a paisagem ao redor.
Gwen vê a poucos metros um hidrante na calçada e grita para Kevin:
― Vá buscar o carro, vou tentar atrasá-lo!
― O que você vai fazer?
― Eu tenho um plano, agora vai!
Kevin acelerou ainda mais a corrida enquanto Gwen diminuía o ritmo e concentrava em suas mãos uma quantidade considerável de magia. Ela passou pelo hidrante e, depois de alguns metros, virou-se e disparou um forte raio de mana na calçada na base do objeto avermelhado, fazendo sua estrutura enfraquecer o suficiente para não aguentar a pressão e disparar um forte jato de água para o céu.
O carro-nave-robô parou de correr assim que viu o hidrante se romper e conseguiu evitar que a água o atingisse.
― Ah, qual é! ― reclamou, Gwen. Sendo em seguida obrigada a se desviar de outro feixe de laser que vinha em sua direção por detrás da água que chovia do hidrante.
Ela então se lembrou de um fenômeno comum entre água e talheres e decidiu adicionar um novo passo ao seu plano. Usando mais uma vez de magia, ela projetou uma forma circular ― como um de seus escudos, mas com uma curvatura interna que lembrava uma grande colher ― por sobre o jato do hidrante, fazendo a água ser desviada em direção ao robô-carro-nave-carro-robô-, ah! Esquece. Vocês entenderam.
A nave alienígena começou a sofrer com a sua circuitaria em curto e se debatia chocando-se contra os prédios, lançando faíscas e fumaça de seu interior.
― Gwen! ― gritou Kevin de dentro do carro, que em um drift, já oferecia o lado do passageiro para ela.
― Por que demorou tanto?
― Tá brincando, né? ― disse já arrancando o carro em direção à estrada.
Gwen passava as mãos pela roupa que estava cheia de respingos.
― Conseguiu avisar o Vô Max?
― Tentei, mas parece que o comunicador dele está desligado.
― O Vovô nunca desliga o comunicador dele.
― Dessa vez ele desligou.
― Estranho. Vou tentar de novo.
― Tenta daqui a pouco ― Kevin olhava no retrovisor central ― agora a gente tem outros problemas pra se preocupar.
Gwen olhou para trás e viu um aglomerado bípede preto metálico, feito de monitores, notebooks, geladeiras, aspiradores e umidificador de ar, intercalado por fios e cabeamentos, com uma nave triangular servindo de cabeça, virando uma das esquinas e seguindo correndo atrás do carro deles.
Parece que a madrugada ia demorar pra acabar.
Autor(a): tarryloesinne
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Estamos de volta na estação de energia de Bellwood. Ben, Gwen e Kevin cercavam Albedo em sua aparência apopplexiana modificada. ― Não tem como fugir, Albedo! ― disse Ben ainda humano. O vilão rangia os dentes e procurava uma forma de escapar do cerco. Sua musculatura tensa sinalizava que ele iria atacar a qualquer momento. ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo