Fanfic: Omnitranil | Tema: Ben 10
O depósito de equipamentos se encontrava imerso numa escuridão palpável. A única fonte de luz que vinha pela porta atrás de Ben e Max Tennyson desenhava um trapézio luminoso no chão. De rifles apontados para a escuridão, os dois mantinham-se atentos a qualquer movimento.
Ben sentia como se devesse já ter se transformado há pelo menos quinze minutos. Seria muito mais fácil de resolver toda aquela situação.
Já Max, vez ou outra, olhava para o Encanador caído junto aos seus pés. Não podia se aproximar, então tinha que avaliar se ele ainda estava vivo apenas de longe. Qualquer movimento brusco poderia ser a abertura que a criatura nas trevas precisava para atacá-lo.
― Ben?
― Sim, vovô.
― Por acaso quando você separou o equipamento, se lembrou de trazer lanternas?
― Eu tinha que lembrar?
Max não respondeu. Apenas inspirou profundamente, depois deixou o ar sair dos pulmões livremente. Ele também não lembrou das lanternas.
― Me diga, Tennyson, qual a razão dessa visita inesperada? ― perguntou a voz na escuridão.
― Não seja ridículo, Albedo ― respondeu Ben ― viemos te capturar e você sabe disso.
― E como pretendem fazer isso?
― Nós...
― Pois se não me engano, vocês falharam miseravelmente na noite passada.
Ben percebeu um vulto se mover por cima das estantes mal iluminadas.
― O que faz pensar ― a voz havia mudado de lugar ― que dessa vez será diferente?
― Você nos pegou desprevenidos daquela vez. Não vai acontecer de novo.
Novamente o vulto se moveu para outra parte do depósito.
― Gosto da sua confiança, Tennyson.
― Mesmo? ― Bem se permitia um sorriso no rosto.
― Claro! Pois assim a sensação de vitória quando acabo contigo é muito mais gratificante! ― O vulto se aproximou correndo em direção ao Ben.
O jovem apontou a arma em direção ao vilão prestes a disparar, no entanto, Albedo não se encontrava mais no chão. Ele agora estava no ar, saltando por cima de Ben.
Um tiro de rifle acerta Albedo no meio de sua trajetória, jogando-o para um dos lados do depósito. Devido a escuridão, apenas se ouvia o som de algo se chocando contra várias caixas de madeira, ecoando sons de equipamentos e peças vindo ao chão.
― Ben, não deixe a conversa dele te distrair –um zumbido leve do rifle do avô indicava que o próximo tiro já estava preparado. ― Se Albedo ainda está aqui, significa que essa é a única saída desse depósito.
― Desgraçado... ― grunhiu Albedo.
― Se entregue, Albedo ― disse Max. ― Não queremos te machucar, mas se for preciso-
― Se for preciso o quê, Encanador! ― Albedo gritava e movia-se com rapidez pelo local, fazendo sua voz ressoar pelo enorme depósito e dificultando saber de onde vinha o som. ― Vai me ferir? Me matar?
Um caixote veio em direção a cabeça de Max, que se agachou no último segundo, ficando numa postura desfavorável que dificultava mirar. Um tranco em sua arma lhe fez perceber que seu rifle estava preso, amarrado por um feixe de fios brancos entrelaçados ― como uma teia de aranha ― que puxava sua arma, tentando desarmá-lo.
Ben seguiu a teia com sua mira em direção a escuridão e começou a disparar. Um, dois, três tiros, mesmo assim a teia não parava de ser tensionada.
Ou Albedo está conseguindo desviar ― pensou ― ou minha mira continua péssima...
Max ficou de pé e puxou o rifle com força, trazendo consigo a teia e Albedo que ainda a segurava. O objetivo de Max era simples: puxar e lançar o vilão na parede mais próxima. No entanto, a destreza de Albedo lhe permitiu aparar a trajetória e grudar na parede com suas seis patas de Aracnachimp, como um gato que cai de pé.
Ben mudou o seu sistema de tiro para o modo de Tiro Rápido, permitindo uma maior frequência de tiros, embora de menor impacto. Apontando para a sua cópia-de-Macaco-aranha, ele disparou vários tiros em sequência. Seu alvo corria pela parede em direção ao teto, desviando dos lasers e deixando atrás de si uma trilha de sinais de combustão no concreto da estrutura. O alienígena saltou e seguiu fazendo suas acrobacias até se esconder novamente na escuridão.
― Sua mira é realmente horrível, Tennyson ― uma respiração ofegante era possível de se ouvir em meio ao breu. ― Deveria ter treinado mais antes de vir me enfrentar.
― Ah, é? ― respondeu Ben, colocando o rifle no suporte em suas costas ― Vamos ver se você ainda vai achar isso quando eu usar o... ― Ben apoiou a mão no disco do Omnitrix, fazendo-o se ativar.
Max segurou o braço do neto e disse com uma voz baixa e firme:
― Ben, você prometeu não usar o relógio.
― Mas, vovô...
O avô não podia encarar o neto pois sua atenção precisava ser mantida no vilão, mas sua expressão séria fez o neto entender que isso não era uma questão a ser discutida. Ainda mais naquele momento.
Ben estava irritado. Tudo poderia ser resolvido mais fácil se ele pudesse usar o relógio. Mas não podia. Não devia. Ele então pegou o rifle de suas costas e voltou a apontar para a escuridão.
― O que foi, Ben? ― o tom de voz do vilão extravasava provocação. ― Desistiu de se transformar?
― Não preciso do Omnitrix para acabar com você!
― Não seja contraditório, Tennyson ― a voz de Albedo mudava continuamente de lugar. ― Você mesmo sabe que um humano patético como você não tem a menor chance contra mim.
― ...
― Você não é nada sem seus bichinhos e você sabe disso!
― Ben, se acalme ― disse o avô.
― Você é um fraco! Um inútil! ― ficava cada vez mais difícil saber de onde vinha a voz com ele se movendo com tamanha destreza ― Se não fosse pelo Omnitrix você seria apenas um nada!
Cada fala, cada provocação fazia crescer dentro de Ben um único desejo: o de ser capaz de acertar o Albedo. Ele tentava prever movimentos, perceber para onde os vultos iriam, compreender de onde viria a voz.
De repente um pedaço de silhueta se destacou na parede à direita.
― Te peguei! ― Ben disparou.
Um grito se ouviu no instante em que o tiro acertou o braço do Encanador.
Ben e Max então perceberam o erro. O corpo caído do encanador já não se encontrava mais no chão. Em um dos movimentos de Albedo, o vilão agarrou o ferido e o prendeu na parede com teia.
― Não... E-eu... ― lamentou Ben.
― Que feio, Tennyson. O herói da Terra atacando um dos seus.
Ben apontou o rifle para a direção de onde a voz vinha, mas não era capaz de atirar. E se ele acertasse outro refém? Não era possível saber com toda essa escuridão. A mão de Ben tremia.
Max lamentou pelo neto. Ferir um dos seus é um arrependimento que é capaz de atormentar uma pessoa para o resto da vida.
― Ben, fique para trás. Eu cuido disso.
Max colocou o rifle nas costas e sacou a pistola laser. Era mais fácil de se locomover e mirar com uma arma mais portátil.
― Agora é a vez do velhote?
― Está com medo do velhote aqui acabar contigo?
― Vejo que essa confiança estúpida é mesmo um problema de família! ― Albedo saltava pelas estantes e teto, procurando uma abertura em Max que pudesse aproveitar.
Max disparava ao menor ruído que o aracnachimp fazia ao se mover, errando por uma questão de poucos centímetros.
Albedo por sua vez, sentia-se cada vez com mais dificuldade de se desviar. Os tiros estavam ficando cada vez mais certeiros. Era preciso desarmá-lo! Lançou uma teia de sua cauda em direção à pistola laser. Assim que sentiu que a teia havia se prendido, puxou-a de volta. No entanto, com a teia se aproximando, percebeu que não era a pistola laser que vinha na sua direção, mas sim, uma granada de atordoamento. O velhote trocou os objetos na mão no último segundo. E mais, de mira preparada, o encanador atirou na granada que explodiu há poucos centímetros do aracnachimp, explodindo numa onda de choque que fez Albedo ser lançado no fundo do depósito.
Ainda com a arma em mira, Max começou a se aproximar lentamente do local em que Albedo forçadamente pousou.
― Vovô! Está tudo bem? ― Ben mantinha-se parado junto à porta.
― Fique aí, Ben. ― respondeu o avô.
O garoto não discordou. Sentia que precisava daquela luz que vinha do corredor. Sem ela, não tinha certeza se seria capaz de dar mais um tiro se quer.
A figura de Max começava a desaparecer na escuridão. No fundo do corredor entre as estantes, se ouviam sons de difícil interpretação. Eram objetos sendo movidos? Metal caindo no chão? Um dos sons parecia uma caixa de parafusos que acabou de cair no chão. Os sons começaram a se intensificar... Seja onde for que Albedo caiu, dessa vez, ele não queria ser sutil e esconder a sua presença. Parecia como se ele estivesse movendo uma montanha de peças de metal, madeira e aço de cima de si.
A escuridão dificultava enxergar, mas aos poucos, a visão de Max começava a se acostumar com a baixa luminosidade e algumas coisas ficavam possíveis de se identificar. De cada lado, dispositivos e peças descansavam em prateleiras que pareciam se estender ao infinito. Atrás dele, seu neto mantinha-se de guarda na única saída daquele lugar. Na sua frente, uma enorme criatura que se movia lentamente em sua direção.
Autor(a): tarryloesinne
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Não estava em seus planos ativar a supertransformação. Na verdade, quis evitar a todo custo. Ele só queria entrar, pegar o que estava procurando e ir embora. Claro que haveria resistência, ele já sabia disso, mas esse maldito encanador não tinha o direito de humilhá-lo dessa maneira! Quem esse velhote pensa que é? ...
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