Fanfic: Omnitranil | Tema: Ben 10
Não estava em seus planos ativar a supertransformação. Na verdade, quis evitar a todo custo. Ele só queria entrar, pegar o que estava procurando e ir embora. Claro que haveria resistência, ele já sabia disso, mas esse maldito encanador não tinha o direito de humilhá-lo dessa maneira! Quem esse velhote pensa que é?
Albedo caminhava pelo corredor em direção à Max Tennyson.
Ele era Albedo, um galvaniano famoso por sua capacidade intelectual. Um dos principais cientistas do projeto de Azmuth. O único que foi capaz de ver o real potencial do Omnitrix e, por essa razão, foi descartado após defender seus ideais. Mas as coisas estavam prestes a mudar. Tudo isso ia mudar. E não era um humano patético metido a esperto que iria colocar tudo a perder.
***
Max ainda não era capaz de discernir o que era a criatura que se aproximava. Era algum outro alienígena de Albedo? Se sim, qual? Por estar com sua visão prejudicada pela escuridão, mais uma vez o Magistrado valorizou seus outros sentidos para avaliar a situação. O depósito cheirava a poeira e metal. Era possível se ouvir uma respiração profunda vindo da direção da criatura, mas nada de passos. Isso chamou a atenção de Max. Como uma criatura daquele tamanho não fazia som ao caminhar? Nem mesmo o chão vibrava com a sua aproximação...
― Albedo, pelo código de lei dos Encanadores eu ordeno que se entregue. ― disse o Magistrado. ― Não torne essa situação ainda pior para você.
Não houve resposta.
Não houve reclamação, discordância ou qualquer fala irônica vindo da criatura.
Albedo continuou apenas caminhando.
― Albedo, não me obrigue a atirar.
Nada.
Max apontou a pistola em direção ao chão, num local em que ele achou que seria próximo dos pés da criatura, e disparou um tiro de aviso.
― Vovô? Está tudo bem? ― perguntou Ben.
― Fique aí, Ben! ― Max mantinha-se atento à criatura que vinha pela escuridão. ― Eu estou avisando, Albedo...
A criatura parou.
Por alguns segundos, o silêncio no local era mais denso que a própria escuridão.
E então Albedo avançou.
A criatura seguiu em grande velocidade em direção ao Magistrado. Max, por sua vez, começou a disparar sucessivos tiros na criatura, ao mesmo tempo que tentava se afastar sem tirar os olhos do monstro que se aproximava. Os tiros atingiam a pelagem de Albedo, mas pareciam não causar dano.
De repente, Max notou que seu pé esquerdo não era mais capaz de sair do chão. Viu então que não só o esquerdo, mas ambos os pés se encontravam presos numa grande massa de teia, grudando-os no chão. Ele levantou o olhar, a criatura continuava se aproximando. Tirou de trás de si o rifle e sem definir bem para onde estava mirando, disparou um projétil laser em direção à criatura.
Da arma, uma bola luminosa saiu e percorreu o corredor iluminando as prateleiras, o chão e até mesmo o vilão quando o acertou no meio do peito, empurrando-o por alguns metros.
Max finalmente conseguiu ter um vislumbre da criatura em que Albedo se transformou. Era algo como um enorme gorila azul com gigantescas patas de aranha que mantinham seu enorme corpo no ar.
Ben também notou toda a luminosidade que se acendeu no corredor em sua frente. Não foi capaz de ver a criatura com clareza, mas foi possível notar que seu avô precisava de ajuda: Albedo se transformou em algo grande demais para o avô lidar sozinho.
― Vovô! Estou indo!
― Não, Ben, fique aí!
Max viu que a criatura voltou a avançar em sua direção. Preparou a arma novamente, mas o projétil de grande impacto resultava em menor cadência de tiros também. De mira a postos ele novamente atirou, só que, dessa vez, a criatura desviou e continuou avançando. Outro tiro? Não dava tempo. Max soltou a arma, que ficou pendente na cinta, e com os braços cruzados frente ao rosto aguardou o impacto.
E ele veio.
Ben seguia em direção ao início do corredor quando algo passou do seu lado e chocou-se na parede atrás dele.
O jovem virou-se e viu seu avô deslizar pela parede e cair sentado inconsciente no chão. O sangue escorrendo pelo rosto de Max mostrava que eram graves os seus ferimentos.
― V-vovô?
Ben não sabia como reagir. O que ele deveria fazer? Correr em direção ao avô? Chamar ajuda? Os Encanadores poderiam ajudar! Mas e o Albedo? Ele poderia escapar e... Albedo... Ele era o culpado de tudo isso!
O jovem olha em direção ao corredor escuro e observa a imagem do gorila-aranha saindo lentamente da escuridão. Havia um sorriso irônico no rosto da criatura. Ele ainda tinha a ousadia de rir!?
Ben toca no disco do relógio fazendo um holograma aparecer. Não importava qual alienígena fosse, ele iria acabar com a raça do Albedo. Em seguida, pressionou o disco.
Uma luz verde revestiu Ben indicando que a transformação se iniciava.
O Omnitrix mais uma vez perfurou os tecidos do braço de Ben, espalhando uma dor lancinante, e afundou abaixo da pele como um parasita, para surgir novamente no meio de seu peito.
De novo não! ― pensou.
Ben começou a sentir uma fortíssima dor de cabeça. Uma enorme pressão se espalhava por todo seu cérebro, fazendo sua visão embaçar e uma grande vontade de vomitar surgir. O jovem levou as mãos à cabeça e sentiu algo estranho. Ao olhar para suas mãos, viu tufos castanhos de... o que eram isso? Cabelo? Seu cabelo!?
O garoto se contorceu quando as vértebras de sua coluna começaram a se deformar, fazendo com que seu tórax e abdome se comprimissem como uma lata de refrigerante sendo amassada. Sua pele dobrava e algumas costelas se partiam com o processo.
Suas mãos começaram a se deformar, com seus dedos se fundindo numa enorme garra. Já em suas pernas, duas linhas paralelas surgiram por suas coxas até os pés, dividindo pele, musculatura e ossos e fazendo com que cada membro se tornasse três. Formando no final seis pernas finas que se apoiavam nas pontas dos pés.
Já inteiramente desprovido de cabelos, Ben sentia como se sua cabeça fosse explodir! Sua mandíbula fixou-se ao crânio e ele agora não era mais capaz de mexer a boca, de tal maneira que seus gritos eram gemidos guturais ou pensamentos de profunda dor.
Seu corpo começava a adquirir uma tonalidade alaranjada e sua pele endurecia com a deposição de quitina, formando um exoesqueleto articulado revestindo todo a superfície de Ben.
Seu crânio crescia mais e mais, até o instante em que o espaço entre os ossos parietais se romperam, abrindo como portas de um armário e expondo um cérebro gigantesco a céu aberto. Incapaz de gritar, sua dor e agonia passava agora a ser projetada aos arredores através de sua telepatia.
Oi.
Licença.
Desculpe interromper a sua leitura, mas preciso pontuar algo antes de continuarmos.
Existe um boato na ficção que diz que nós humanos não somos capazes de usar 100% de nosso cérebro. Isso é mentira. Nosso cérebro é incrivelmente organizado e usa cada parte dele segundo a necessidade. Se precisamos mover a perna, uma parte mais ao centro se ativa. Se precisamos enxergar, a região do lobo occipital se ativa. E assim vai funcionando. Não existe a necessidade de se usar ele todo de uma vez. Só existe uma situação em que usamos 100% do nosso cérebro: quando estamos tendo uma convulsão. Como a do Artrópode nesse momento.
Assim que a luz da transformação se apagou, o depósito de equipamentos se encontrou imerso em um completo pandemônio. A telecinese do Artrópode levantou estantes, caixotes, equipamentos e tudo mais que poderia se encontrar no local e começou a girar e arremessar em todas as direções. Raios psiônicos oriundos do cérebro extremamente evoluído do alienígena eram disparados em mil direções, como uma enorme tempestade.
Albedo fincou suas patas no chão do depósito e tentava não ser arrastando pelo turbilhão de objetos e ondas telecinéticas que eram emanadas por Ben Tennyson. Com os braços, tentava se proteger de um motor ou caixote que vez ou outra o acertava de todas as direções. Ele sentia que, a qualquer momento, poderia perder a consciência, pois a pressão telepática sobre seu cérebro era insuportável, ele não conseguia pensar com clareza. Em alguns momentos, sentia até que seu corpo não o obedecia mais, como se uma nova ordem fosse imposta aos seus neurônios.
Albedo não conseguia compreender o que estava acontecendo. Ele via o cerebrocrustaceano no epicentro do turbilhão, com suas patas esticadas e suas garras dobradas sobre o tórax, com a calota craniana aberta, claramente sem controle de seus poderes. Ele estava inconsciente? Isso não importava, não era problema dele. Ele precisava sair dali.
O vilão procurou uma forma de chegar até a saída, mas não tinha ideia de como passar pelo Tennyson que se encontrava entre ele e a porta. Cada tentativa de passo ficava mais impossível com as ondas o empurrando mais e mais. De repente, uma enorme prateleira veio em sua direção, acertando-o e mantendo sua trajetória até atingir a parede de concreto do depósito.
O corpo “goriliforme” de Albedo atravessou a parede do depósito e chocou-se com um dos caminhões dos encanadores que se encontravam estacionados na parte de trás do Setor de Energia. Mesmo com um corpo resistente como o dele, o impacto foi doloroso o suficiente para obrigá-lo a se destransformar.
Desorientado e com o corpo dolorido, Albedo, em sua forma humana, saiu de cima dos escombros do caminhão e procurou se esconder até encontrar uma forma de conseguir escapar dali. Se transformar novamente não seria possível. Não tão cedo. Lhe restava apenas esperar e torcer pra que o descontrole de Tennyson ficasse contido dentro do depósito.
No interior a situação tendia a piorar ainda mais. As paredes e colunas que compunham a estrutura do prédio começavam a trincar. Em alguns pontos, partes do telhado começaram a cair e a se juntar no turbilhão que levitava, girava, destruía e arremessava tudo que tivesse ao alcance do Artrópode.
Ben era como uma casca vazia de destruição. No centro do furacão, a única coisa que era capaz de fazer era sofrer.
Dor
Agonia
Medo
Arrependimento
Dor
Medo
Dor
Dor
Dor
Um projétil luminoso acerta o cerebrocrustaceano, obrigando Ben a voltar a sua forma humana e pondo um fim ao caos. Os objetos antes no ar, começam a cair pela gravidade, formando uma chuva de destroços.
Junto a porta, Max abaixa seu rifle.
Uma lágrima corta seu rosto.
Autor(a): tarryloesinne
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Todos os presentes no quarto mantinham-se em silêncio, ouvindo o médico com atenção. ― Infelizmente ainda é cedo para se dizer o quanto a crise convulsiva pode tê-lo machucado. Ele pode sim acabar ficando com alguma sequela, mas também pode sair ileso dessa condição. Cada vez que o médico parava de f ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo