Fanfic: Omnitranil | Tema: Ben 10
Todos os presentes no quarto mantinham-se em silêncio, ouvindo o médico com atenção.
― Infelizmente ainda é cedo para se dizer o quanto a crise convulsiva pode tê-lo machucado. Ele pode sim acabar ficando com alguma sequela, mas também pode sair ileso dessa condição.
Cada vez que o médico parava de falar, o silêncio cobria o ambiente. Os únicos sons eram os dos aparelhos ligados a Ben.
― E quando vamos saber se ele está com algum grau de sequela? ― Perguntou Gwen. De pé ao lado da cama do primo, seus braços cruzados eram uma tentativa de conter a ansiedade e se sentir ao mesmo tempo abraçada.
― Isso só conseguiremos dizer quando ele acordar.
Sim...
Acordar.
Benjamin Tennyson se encontrava em coma.
Após o descontrole da transformação do Artrópode, Ben foi socorrido pela equipe médica e trazido à base dos Encanadores. Vô Max também recebeu os primeiros socorros, mas seus ferimentos físicos eram menos graves do que se pensavam.
― Alguma ideia de quando isso pode acontecer? ― perguntou Kevin. Encostado na parede do quarto, ele evitava olhar para o amigo ferido.
― Não sabemos. Alguns pacientes retornam do coma em questão de horas, outros podem levar dias. ― Respondeu o médico. ― Infelizmente há relatos de pacientes que só retornaram depois de anos. Isso muda de paciente para paciente.
O médico se esforçava para confortar Gwen, Kevin e Vô Max. Mas também sabia que era preciso os familiares terem plena noção do atual estado de saúde de Ben, por isso, mesmo que fosse sofrido, a verdade acabava sendo muito mais reconfortante do que uma esperança infundada.
― Manteremos ele em constante observação de nossa equipe. Qualquer novidade informaremos a família.
― Obrigada, doutor Lünderg ― agradeceu, Gwen.
― Qualquer dúvida é só me chamarem. Deixarei vocês sozinhos por agora. Com licença ― e fechou a porta do quarto atrás de si.
Novamente, os únicos que se dispuseram a conversar entre si eram os aparelhos médicos com seus bipes e vuuucks.
― ...
― ...
― ...
Bip ― fez o monitor cardíaco.
― ...
― ...
― ...
Bip.
― ...
― ...
― ...
Bip.
― A culpa foi minha ― começou Kevin.
― Kevin, não diga isso, ninguém de nós têm culpa... ― rebateu Gwen.
― O Tennyson não sabe se cuidar sem a porcaria do relógio dele, Gwen, você sabe disso!
― Isso não importa, Kevin! ― uma lágrima teimava em querer sair ― O que aconteceu, aconteceu. Agora a gente tem é que tentar descobrir uma forma de ajudá-lo.
― Como!?
― A-a gente...
― Você sabe operar o cérebro de alguém!?
― Eu p-posso...
― Consertar neurônios!?
― N-nã-
― Como é que a gente vai ajudar ele então, Gwen, vai me diga!
― Eu não sei!!! ― a lágrima escapou.
A lágrima de Kevin escapou também.
― ...
― ...
Sentado na poltrona do acompanhante, com uma faixa rodeando sua testa, Max se mantinha em constante diálogo com seus pensamentos. Vez ou outra o diálogo se transformava numa enorme discussão, com direito a palavras de baixo calão e ofensas que fariam até o mais pacífico dos monges se ofender. Mas por fora. Sua expressão era serena e séria.
Ele então se levantou e seguiu em direção à porta.
― Vovô, onde o senhor vai? ― disse Gwen.
― Vou procurar Azmuth ― respondeu sem se virar.
― Um de nós vai com o senh-
― Não.
― Mas vovô...
Max olhou para a neta. Ele não disse nenhuma palavra. Esperou a inteligência dela compreender todas as palavras não ditas e que ele não seria capaz de dizer.
Gwen entendeu.
― Tome cuidado, por favor ― ela disse por fim.
― Tomarei. Cuidem do Ben e qualquer novidade... Já sabem.
― Avisaremos.
Durante o diálogo do avô e neta, foi a vez de Kevin se manter em silêncio com seus pensamentos. Assim que Max Tennyson saiu pela porta, Kevin também decidiu enfim o que iria fazer:
― Estou saindo.
― Para onde você vai?
― Atrás do Albedo.
― Não seja estúpido, Kevin!
― Relaxa, Gwen!
― Como assim, relaxa!?
― Eu não vou enfrentá-lo... Vou tentar descobrir o que ele está planejando.
Alguns segundos de silêncio antes de Gwen retomar a fala:
― Me promete.
― ...
― Kevin, eu te conheço o suficiente pra saber que você vai partir pra cima do Albedo no primeiro instante que você encontrá-lo, então nã-
― Eu prometo.
― ...
― ...
― Vamos pegá-lo. Juntos ― disse Gwen.
― Por que não vamos agora?
― Preciso tentar uma coisa.
― Ok...
― ...
― ...
― ...
― Tome cuidado ― disse Kevin.
― Você também.
Antes de fechar a porta, Kevin olhou para Bem por pouquíssimos segundos. Acenou uma negativa com a cabeça e saiu do quarto, seguindo em direção à garagem da base.
Gwen ficou alguns minutos olhando para Ben. Ao seu redor, os aparelhos continuavam a sua sinfonia rigidamente obedecida. A jovem descruzou os braços e segurou uma das mãos do primo e disse:
― Você vai sair dessa, Ben. Eu sei disso. E eu vou fazer de tudo pra te ajudar...
Gwen se afastou da cama e se sentou na poltrona de acompanhante. Cruzou suas pernas e posicionou suas mãos em posição de meditação. Fechou os olhos por alguns instantes antes de abri-los com uma luz rósea os preenchendo.
Sua mente já não se encontrava mais no quarto.
Viajava através do espaço.
Através do tempo.
De dimensões.
Percorria caminhos inimagináveis pela mente humana.
De repente.
Parou.
Gwen se viu num corredor entre estantes de livros. O local apresentava um teto alto, com uma bela abóbada adornada. Ela caminhou pelo corredor até chegar numa área larga, elevada, bem iluminada, com apenas uma mesa e uma cadeira, já ocupados.
Então disse:
― Oi, Encantriz.
Autor(a): tarryloesinne
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Gwen não decidiu isso por impulso. Ela analisou tudo com o máximo de cuidado que o tempo lhe permitia, mas infelizmente não tinha jeito. Se havia alguma coisa além das fronteiras da ciência que poderia ajudar o Ben, essa coisa estaria na biblioteca. ― Oi, Encantriz. Gwen aguardou alguma resposta de sua arqui-inimiga. No entanto, Enca ...
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