Fanfic: Novo Amor - Fanfic Harry Potter | Tema: Harry Potter
Dezembro de 2004 – São Paulo, Capital.
Lucy passou a noite de sábado lendo uma biografia não autorizada de Draco Malfoy que chegou pelo correio bruxo diretamente vindo de Londres. Seus olhos vibram enquanto analisa as inúmeras fotos espalhadas entre as cem páginas do livro verde e prateado que muito arremete à sua casa em Hogwarts. Numa dessas, o senhor Malfoy pousa com um jaleco branco predominante em seu corpo, um estetoscópio curiosamente polido envolto a seu pescoço e, atrás de si, um fundo amarelado cheio de leitos dispostos num cômodo apertado. O hospital Saint Mungus estava sob sua responsabilidade agora, mesmo ele tendo apenas 24 anos atualmente.
- Ele é rico, não é? – Anne comenta enquanto analisa a figura oponente do loiro de olhos azuis brilhantes após ler num canto abaixo de seu corpo como o nome de Malfoy fora cogitado para o cargo. - Pode ter seu próprio hospital, então porque trabalhar logo nesse?
Lucy encara a amiga com olhar de desdém. Ela jamais permitia qualquer pessoa à sua volta debochar de Draco Malfoy de qualquer maneira.
- Acredito que seja por mérito. - Ela rebate e parece realmente acreditar nisso. Mas era muito curioso o fato de um homem de apenas vinte e quatro anos receber a direção do hospital mais famoso no mundo bruxo em Londres por pura competência. Anne sabia que Malfoy era privilegiado, e mesmo tendo o conhecimento em poções e curandeirismo melhor do que muita gente, não era suficiente para ganhar um cargo tão alto sendo tão novo e inexperiente.
-Claro. - Concordou pura e simplesmente para não discutir com sua melhor amiga, guardando para si a sua impressão negativa que tinha sobre Malfoy.
Lucy é cegamente apaixonada por Draco. Ela o colocaria em um pedestal e o adoraria por um dia inteiro, se pudesse. Em seu quarto há um pôster com sua foto em tamanho real grudada no teto, pois gostava de contemplá-lo antes de dormir e inventar histórias entre os dois. Se considerava sua maior fã, e possivelmente era mesmo a pessoa que tinha mais coisas relacionadas a ele, pois guardava até o menor corte de jornal em que o nome e a presença de Malfoy estivessem expostos.
- Um dia, Aninha, darei um beijo nesses lábios! - Ela diz enquanto acaricia a folha de papel, imaginando dentro de si mais uma vez quando em sua vida teria tal oportunidade. - Nem que eu roube.
Anne ri da amiga e tenta abafar o som, mas em vão, recebendo um olhar desaprovador da mesma. Odiava saber que Lucy era completamente apaixonada por um ex comensal da morte que tanto conspirou contra a vida de Harry Potter e contribuiu para a ascensão de Voldemort, mas elas eram amigas desde sempre e nunca, jamais, iria ser contra os sonhos de Lucy. Entretanto, sabia que era exagero, e por vezes gostaria de lembra-la a colocar os pés no chão.
- Pode rir! Você verá que ele será o meu primeiro. – A loira comenta enquanto passa seu dedo indicador na página, acariciando o rosto de Malfoy como se fosse real.
- Primeiro? Primeiro o quê? – Confusa, a morena questiona. As vezes Lucy deixava coisa ou outra sair de seus lábios e quase nunca Anne entendia. Se ela tinha planos além de acariciar as páginas com fotos de Draco, ela deveria saber.
- Primeiro, Anne... você sabe do que estou falando! – Dispara, enviando um olhar exclamativo para a amiga por cinco longos segundos, esperando que ele se tornasse claro.
- E como, em nome de Merlin, você pretende fazer isso? – Surpresa e imaginando uma cena nada agradável entre sua melhor amiga e Draco Malfoy, ela pergunta, pensando o quão errado aquilo seria. Lucy tinha apenas quatorze anos e já se imaginava com Malfoy dessa maneira?
- É segredo. – A resposta nada agradou Anne, que lançou um olhar duro para a mesma.
Lucy tinha um jeito sonhador de viver. Sua cabeça estava sempre no mundo da lua arquitetando planos e mais planos para se dar bem nisso ou naquilo. Levava vantagem em algumas matérias na escola por causa dessa maneira de ser, mas passava dos limites na opinião de Anne. Não que ela fizesse do contrário. Entrementes, conseguia ser mais discreta e nunca revelava suas paixões ou sentimentos com facilidade assim como Lucy fazia.
- Você só pode estar brincando comigo! – Anne censura, sabendo que a amiga provavelmente já tinha algum plano de ação, pois ela sempre fazia jogo de mistério quando algo estava para se concretizar.
- Ah, mas não tenha inveja! Nesse dia você estará ao lado do seu digníssimo futuro namorado.
A morena havia entendido o que sua amiga dissera, contudo, não entendia como pretendia realizar o impossível. Por mais que Lucy amasse Draco Malfoy, ele estava a anos luz em sua frente com relação a amadurecimento. Como diabos achava que Draco olharia para ela com alguma intenção amorosa? Haviam tantos obstáculos para isso acontecer que era praticamente inalcançável.
- O que diabos você está planejando? Caramba, todos os dias você me aparece com uma ideia nova. – Disse Anne enquanto tentava retomar a atenção de Lucy e desviar seus olhos daquele maldito livro. Possivelmente, com ele, havia algum pó que confundia os sentidos das pessoas enquanto elas tocam naquilo, não tinha outra explicação
- O que tenho planejado há anos, ora essa. Um dia dará certo. Um dia terei ao meu alcance todas as coisas de que preciso para concretizar meu plano de namorar Draco Malfoy. E eu vou namorá-lo, escreve o que estou dizendo! – Um pouco mais animada do que antes ela afirma, tentando convencer sua amiga de que está certa e está para acontecer. – Ele será o meu primeiro namorado, - continuou com um suspiro, voltando seus olhos igualmente azuis para os dele na foto que se mexia num largo sorriso - e eu não vou descansar enquanto isso acontecer. Não tenho poderes à toa. Do que adianta ser uma bruxa se nem ao menos um sonho maluco eu posso concretizar? Há tantos meios disso acontecer e eu vou fazer dar certo.
Lucy tinha um plano. Complexo, mas plausível. Lera por muito tempo sobre um objeto muito cobiçado por bruxos que lhes dava a capacidade de voltar no tempo para realizar alguma tarefa e, desde então, não tira essa ideia da cabeça. Era perfeito, na verdade... ela só precisava conhecer Draco num momento em que ele estava solteiro e nada a pudesse impedir de amá-lo livremente, e de preferência quando ele ainda não estava no grupo de comensais da morte. Lucy sabia que seria capaz de ir em frente, caso conseguisse um. O problema era justamente que tais objetos eram vigiados pelo ministério por causa do seu poder em manipular o passado e, consequentemente, o futuro. Algumas pessoas dariam seu próprio sangue para ter um desses em suas mãos e matar Harry Potter quando ainda pequeno, e, agora que sua vida era totalmente exposta por diversos livros, biografias, fofocas e afins, seria ainda mais perigoso ter um desses andando por aí sem fiscalização.
Mas havia uma porta de entrada para tal peça logo à sua frente. Anne, ou melhor, sua mãe, Marie De’Lucca Loureto, tinha um em seu poder, guardado nas profundezas do ministério brasileiro, num cofre entre os milhões que lá existiam, pois era herança de seu avô.
Quando Alfrid De’Lucca ajudou a proteger o Brasil e seus países vizinhos contra os seguidores de você-sabe-quem, entendeu que um objeto como aquele seria passível de cobiça. Era tentador o seu uso contra as forças do mal, mas tudo o que estava acontecendo levara a um caminho, e voltar no tempo para consertar poderia trazer grandes consequências, geralmente para o pior. Apenas uma pequeniníssima parcela das pessoas que usavam o objeto conseguia ter sucesso, e isso por causa de um estudo inteligente do que fazer em sua posse, e quais seriam as alternativas a serem mudadas caso optassem pelo seu poder. Anne explicara para Lucy isso um milhão de vezes, mas ela não ouvia.
- Lá vem você de novo com esse papo de vira-tempo. Eu já disse que não sei onde ele está, mamãe sempre foi muito discreta com relação a essa parte de sua herança. E, além de tudo, guarda no ministério! Nós jamais conseguiríamos roubá-lo nem que voltássemos no mesmo segundo para devolvê-lo. – Anne relembra e ouve o suspiro de insatisfação de sua amiga. – Lucy, eu não acredito que você tenha esse plano em especifico como plausível! Ele é sem sentido em todos os aspectos.
- Tenho porque é minha única chance de conhecer um Malfoy vulnerável, Anne. – A loira solta com a voz esganiçada. – Eu quero conhecer Draco num momento em que é possível me aproximar sem parecer ridícula. E esse momento é lá, no passado.
- Está maluca! – Lançou, recebendo um olhar feroz de sua amiga. - Acho que não está raciocinando direito, então eu vou listar: - Tentou corrigir, acalmando sua voz para não parecer tão indelicada - não só teríamos que roubar um vira-tempo, mas também não moramos na Inglaterra, não temos passe livre para entrar em Hogwarts nem hoje, muito menos há nove anos atrás. Não temos dinheiro para fugir para lá, nem passaporte. Não nos basta um vira-tempo, precisamos de uma vida lá no passado. Como conseguiríamos isso?
Lucy fazia biquinho enquanto ouvia Anne. Era por isso que nunca comentava seus planos malucos para ela, porque sabia que seria censurada. Anne sempre fora super certinha e nunca arriscava nada de sua vida perfeita para fazer nem ao menos o que tinha curiosidade. Bufou, imaginando como aquela garota medrosa conseguiu entrar na casa dos corajosos na CasteloBruxo, a Jaguar.
- Só me responda... se conseguisse todos os recursos – todos eles, incluindo entrada em Hogwarts, identidades, dinheiro e todo o resto - você partiria nessa comigo? – Se esses eram os problemas, Lucy tinha plena certeza que a solução não era impossível de ser alcançada.
- Só para você transar com o Malfoy?
Lucy encarou Anne um pouco vermelha e crispou os lábios.
- Acha que eu não sei dos seus sentimentos por um certo auror? – Praticamente cuspiu tais palavras para a morena, deixando-a de olhos arregalados com a sua audácia. - Não paga de santa que eu a conheço muito bem. Não pode ver uma notícia do Harry Potter que já fica toda assanhada, só não admite: "Oh, Harry é tão inteligente. Harry é tão corajoso. Harry é tão lindo, amo os olhos de Harry!" - ela provoca e dessa vez Anne cora. – Pode dizer para os quatro ventos que é apenas uma mera fã dele, mas Anne, você conhece toda a história daquele garoto desde os seus anos vivendo no anonimato na rua dos Alfeneiros. Se a perguntarem o nome de todos os membros da família Potter, provavelmente saberia dizer, e isso não são sinais de uma pessoa normal que sente carinho pela outra, e sim de psicopatia.
- Credo, está bem! Como você é chata quando quer. – Anne se deu por vencida pura e simplesmente porque Lucy sabia de seus segredos, ou pelo menos de grande parte deles. Por mais que ela tentasse guardar dentro de si que amava Harry Potter, deixava transparecer as vezes para os outros sem querer, pois não conseguia simplesmente ficar calada quando o assunto era ele. Mas ela, ao contrário da amiga, jamais se aproximaria dele com segundas intenções. Tinha a expectativa de um dia conhece-lo, quem sabe trocar alguma experiência? Mas não passava disso, pois Harry já era casado e tinha filhos.
-Diz que está comigo nessa! – Lucy exige, botando a amiga contra a parede. – Pelos céus, Anne! O que somos nesta geração? A alguns anos um bando de alunos estavam lutando contra forças do mal, e nós temos medo de correr atrás de quem amamos? Ah não! Sigamos meu plano, e vamos começar já!
- E como pretende fazer isso? – Assustada, Anne pergunta desconfiada das intenções de sua amiga. Ela não estava disposta a colocar a sua reputação impecável apenas para ajudar Lucy a conhecer Draco Malfoy.
- Primeiramente, vamos nos inscrever para um intercâmbio em Hogwarts.
Janeiro de 2005
Era óbvio que aquilo não daria certo, mas Anne quis tentar. Afinal, só de pensar em estudar em Hogwarts a deixava com as expectativas lá em cima. Sonhava em passear pelos corredores do palácio e visitar lugares históricos, pois fora lá onde Voldemort fora derrotado. Queria sentir a presença e as lembranças de Harry Potter ali, e isso mais do que bastava para ela. Amava sua história e sua coragem, mas principalmente, aqueles olhos verdes – só não admitia para ninguém, mas Lucy percebera.
O clima em sua casa nesta época não estava muito bom. Desde o final de novembro, quando voltara da Castelobruxo, tem reparado as constantes brigas entre seus pais. O anúncio de divórcio seguiu poucas semanas depois, e desde então não sente vontade alguma pisar os pés lá. Ficava uns dias com Lucy, outros com sua avó, e assim passaram-se semanas e mais semanas afastada dos problemas domésticos. Não conseguia lidar com a separação deles naquele momento, e estava ansiosa para voltar a estudar para estar longe quando seu pai finalmente fosse embora de sua casa. Ele tinha planos de ir morar em Brasília, ela e sua mãe ficariam em São Paulo. Quando eles comunicaram seus planos, a vida de Anne parecia estar virando de cabeça para baixo, e ela odiava ter que lidar com aquilo naquele momento.
Então, quando pedira seus pais um favor especial, não fora julgada e nem questionada. Marie e Derell trabalhavam no Ministério: ela como diretora do departamento de objetos mágicos apreendidos, ele como secretário sênior do ministro, e conseguir um pedido especial de intercâmbio em Hogwarts para ela e sua amiga não era difícil. Marie pediu uma carta de indicação especial do diretor da Castelobruxo para ambas e Derell, uma assinatura do ministro da magia, requisitando a transferência. Mesmo sendo por motivos pessoais, o mesmo não mediu esforços quando conseguira além disso, contato direto com Minerva Mcgonagall, atual diretora da escola.
No dia 26 de janeiro, enquanto Anne dormia desesperançosa sobre o seu ingresso na tão estimada Hogwarts, a coruja adentrou sua janela tão rápida quanto uma rajada de vento e depositou em sua cômoda uma correspondência curiosamente embalada. Era uma carta. O brasão vermelho esculpido em cera chamava a atenção para as quatro casas da escola. O papel de pergaminho amarelo era grosso e estava um pouco amassado, mas intacto.
Quando Anne acordou e abriu seus olhos fora a primeira coisa que os acometeu. Com o coração saindo pela boca praticamente, correu a lê-la antes que a ansiedade tomasse conta de todo o seu ser. Não acreditava que tinha tomado coragem para tentar por causa de um plano bizarro de Lucy, mas estava feliz por ter ao menos recebido uma resposta, sendo ela positiva ou não.
Cruzou os dedos quando abriu o envelope, engoliu seco e desejou a si mesma boa sorte enquanto lia as seguintes palavras:
Escola de Magia e Bruxaria De Hogwarts
Diretor (a): Minerva Mcgonagall
Prezado(a) Anne Marie De’Lucca Loureto,
Temos o prazer de informar que V.Sa tem uma vaga na escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Estamos anexando uma lista dos livros e equipamentos necessários.
O ano letivo começa em 1° de setembro. Aguardamos sua coruja até o dia 31 de Julho, no mais tardar.
Atenciosamente,
Minerva Mcgonagall,
Diretora De Hogwarts
O grito veio assim que a assinatura de Minerva se revelou logo abaixo. Mal acreditando em sua sorte, começara a dar pulos em sua cama feliz com a carta em suas mãos. Era uma manhã de sábado, o dia estava começando a raiar ainda e o sol batia tímido em sua janela. Tinha tudo para ser um monótono e até mesmo triste fim de semana, contudo, ele havia começado muito bem.
- O que houve? – A passos agitados, sua mãe adentra seu quarto preocupada com o barulho anterior e se depara com sua filha descabelada e muito sorridente.
- Eu fui aceita! – Comunica, descendo num único pulo para perto de Marie, que exibia olheiras bem profundas por causa das diversas noites mal dormidas. Anne mostra a carta mais empolgada do que antes, sentindo o arrepio tomar conta a cada pensamento novo.
- Ora essa, e não estava crendo que seria? – Marie surpreendeu-se com a falta de confiança de sua filha. Ela e Derell haviam conseguido boas recomendações de bruxos importantíssimos, era claro que Anne faria o intercâmbio. Contudo, Marie tinha esperança de que sua filha fosse para outro país apenas aos dezessete anos, quando precisasse fazer os Niem’s, assim como ela e Derell fizeram. Marie havia estudado em Ilvermorny, nos Estados Unidos, pois tinha interesse em relações públicas e tal escola era perfeita para isso. Já Derell fora para Durmstrang em busca de aprender defesa contra as artes das trevas. Contudo, suas carreiras seguiram caminhos diferentes do que almejavam, mas decolaram para cargos importantíssimos.
- Hogwarts não é muito bem reconhecida por ter alunos fazendo intercâmbio, não é? Raramente aceitam alguém. – Anne disparou, pegando sua carta novamente das mãos de sua mãe, conferindo novamente a assinatura de Minerva e torcendo para que aquilo fosse real. – Seria bem comum se a resposta fosse não.
Hogwarts, sabia, era um castelo grande e muito confortável, mas não aceitava muitos alunos nela. Algumas pessoas dizem que era porque não havia tantos bruxos na Europa e era mais do que suficiente. Entretanto, a mesma não oferecia uma bolsa de intercâmbio concreta para quem tivesse interesse. As vezes abria exceções, as vezes convidava bruxos de famílias famosas para irem estudar lá e, as vezes procuravam alguns poucos perdidos por aí que ainda não tinha conhecimento sobre o seu sangue mestiço.
- Precisamos comunicar à Castelobruxo que fará o novo ano em outra escola. – Marie comunicou, satisfeita em saber que pelo menos Anne estava empolgada com algo. Os últimos meses tinham sido frustrantes e tristes para ela. – Penso que provavelmente não poderá ir para lá por agora, pois os métodos de ensino são super particulares e as notas não migram.
Antes que a mãe saísse do quarto, Anne agradeceu seu esforço. A primeira coisa que ele deveria fazer naquela manhã, antes mesmo de tomar seu café, era ligar para Lucy para saber como ela havia se saído.
Mais uma vez cruzou os dedos assim que o telefone tocou, perdida entre o desejo dela entre sua amiga ser aprovada ou não. Queria a sua felicidade, entretanto tinha medo dos seus planos seguintes.
- Alô. – Uma voz preguiçosa e manhosa indicava que Lucy ainda estava dormindo. Anne olhou para o seu relógio e viu que não eram nem seis e meia ainda.
- Lucy! – Exclamou, porém, tentou controlar a felicidade em sua voz assim que percebeu estar muito excitada com as novidades. – Você não recebeu correio hoje?
- Eu ainda estou dormindo. – Sem se tocar ela responde, xingando Anne mentalmente por despertá-la.
- Lucy, chegou a minha carta de Hogwarts.
Não deu tempo sequer de Anne terminar a frase. Lucy deu um salto em sua cama e sentou-se agitada, mal acreditando nas palavras de sua amiga.
- Chegou? – Desejando que aquilo não fosse um sonho ou uma pegadinha, ela questionou. Havia sonhado tantas vezes que recebia a sua aprovação que já estava acostumada a acordar e se decepcionar com a realidade.
- Sim, agora a pouco. A coruja entrou pela minha janela e deixou no criado perto da minha cabeceira. – Esclareceu, olhando para as outras folhas com as instruções que haviam junto com a carta de Minerva.
Lucy passou os olhos pelo quarto e notou que sua janela estava fechada. Não tinha como algum bicho entrar ali. Contudo, ao forçar um pouco mais a sua visão, percebeu que havia algo pardo grudado entre as grades, prestes a voar.
- Um segundo, Anne. – Pediu, deixando o telefone de lado e correndo para a janela antes que o objeto fugisse dali. Com muito cuidado, agarrou um envelope feito de pergaminho e selado com a cera vermelha. Tremeu os dedos quando viu o brasão ali, sua pupila dilatou quando encarou o símbolo da cobra e toda a sua pele se arrepiou.
Lucy voltou para sua cama, e assim como Anne, sentiu que o coração sairia pela garganta. Se Anne foi aceita, ela também poderia ser, não é? Apesar de não ser filha de pais tão importantes quanto ela, mas ainda assim... o plano de estudar lá esse ano e encorajar Anne a pedir intercâmbio partira dela e o destino não poderia pregar peças dessa maneira.
- A minha carta está aqui. – Ela comunicou, pegando o telefone novamente. – Anne, tem certeza que você foi aceita? Está escrito com todas as palavras?
- Sim. – Afirmou a morena, temendo que sua amiga tivesse tido uma decepção. – Você não?
- Não abri ainda. – Elucidou Lucy, percebendo seus dedos tremerem de ansiedade. – Vou fazer agora.
Lucy amava Anne e ficaria muito feliz se sua amiga tivesse sido aceita exclusivamente. Contudo, mesmo ela não sendo tão importante ou tão inteligente quanto, gostaria de ter uma oportunidade de ouro como aquela. Puxou com cuidado a cera e, posteriormente a primeira carta. Hora, se haviam mais de uma, possivelmente ela estava dentro. Lucy sabia que as outras serviam como instruções do que comprar para o novo ano, mas não ficara confiante enquanto não lera os dizeres “V.sa. tem uma vaga...”
Assim como Anne, deu um pulo de onde estava e gritou com todas as suas forças, liberando uma carga de felicidade que havia crescido dentro de si.
Era como ganhar na loteria para Lucy. E não era porque ela poderia conseguir um cargo alto em qualquer país que quisesse posteriormente se tirasse boas notas nos Niem’s, e sim porque a certeza de que iria conhecer Draco Malfoy cresceu dentro de si numa rajada de consciência. Ela estava um passo mais perto, e estaria dois quando tirasse o passaporte e fosse para Londres, coisa que era questão de tempo.
- Nós vamos para Hogwarts! – Bradou animada, deixando Anne um pouco assustada com a sua atitude.
- Sim, nós vamos. – Falou Anne, equilibrando sua voz. – Mas nós estamos indo para estudar apenas.
- Nada disso. – Lucy censurou sua amiga antes que ela começasse um discurso infeliz que tentava enterrar suas expectativas. – Você concordou comigo que iriamos agir para a nossa aventura.
- Lucy, nossa reputação estará em risco! – O maior medo de Anne era alguém descobrir e castigar sua vida acadêmica. Se ela fosse expulsa, possivelmente perderia a varinha, principalmente se tivesse em sua posse um vira-tempo.
- Nós teremos meses de planejamento, ninguém vai descobrir. – Tentou convencê-la mais uma vez, sabendo que uma hora ela simplesmente iria ceder. – A porta de entrada já temos.
- Nós não temos nada! Lucy, como entraríamos em Hogwarts em 1995? Mesmo que usemos o vira-tempo, seríamos indigentes lá.
- Eu tenho um plano. – Anne estava cansada de ouvir sempre a mesma coisa saindo da boca de Lucy. Suspirou nervosa, cansada de sempre tentar colocar juízo na cabeça da loira.
- Ah, é? Então me explique.
Lucy sabia que era assim que sempre conseguia convencer sua amiga a segui-la. Persuadir Anne era complicado, mas não impossível.
- Só escute, tudo bem? Perguntas depois. – Comunicou e aguardou o completo silêncio da morena para começar. Pegou seu diário dentro da gaveta e procurou entre as suas anotações o plano B de como conseguir conhecer Draco Malfoy. O A era simples, como por exemplo ir para Londres após se formar e trabalhar no mesmo lugar que ele, atraindo a sua atenção para si. Mas o B era impactante, trabalhoso, complicado e botaria sua vida e a de sua amiga em risco: e era esse mesmo que ela adorava. Trabalhou nele noites a fio, e não era à toa que sempre comprava notícias, artigos, livros e afins que tinha relação com Hogwarts e toda a história de seus alunos. Tinha a ajuda da internet, que possibilitava entrar em contato com qualquer pessoa e buscar mais informações, e com isso montara um cronograma detalhado do melhor plano de todos, de acordo com ela. – Primeiro conseguimos a aprovação da escola, assim podemos ir para lá sem problema nenhum. Tiramos o passaporte, viajamos e chegamos ao nosso destino finas e santas, sem nossos pais desconfiarem de alguma coisa. Certo?
Esperou Anne responder, mas lembrou-se de que pediu silêncio. Então continuou:
- Depois vem o mais complicado: conseguir o vira-tempo. E essa parte eu deixo com você. Você irá decidir se vamos ou não para lá, mas eu confio em que a resposta será sim, porque eu terei em minhas mãos tudo o que precisamos para entrar em Hogwarts em 1995. – Encarando dois pedaços de jornal velhos e rasgados colados nas folhas de seu diário, continuou. – Haviam algumas alunas naquele ano que se inscreveram para um intercâmbio. Gostariam de fazer os Nom’s por lá. Entretanto, os eventos passados do último ano foram decisivos para elas não irem. Se trata de Susan Barbaz e Lizza Meirelles, espanholas, filhas de dois importantíssimos ex comensais da morte que decidiram fugir em precaução quando souberam que Voldemort estava de volta. Suas filhas nunca puseram os pés em Hogwarts, mas seus nomes estavam lá, aguardando sua chegada. Morreram, infelizmente, dois anos depois, suas famílias inteiras dizimadas por deslealdade ao Lord das Trevas. Dizem que Voldemort matou pessoalmente o pai de Lizza.
Anne sentiu os pelos do corpo se eriçarem assim que ouviu tais palavras. Mas deixou que sua amiga continuasse com a sua história horrenda.
- Podemos fazer identidades falsas e tomar seus lugares sem ninguém saber. Já pesquisei, ninguém conhecia as duas porque ambas estudaram até então em Ilvermorny, nos Estados Unidos, mas tinham planos para passarem os últimos anos em Hogwarts. – Ela terminou, satisfeita com a sua explicação. – O que acha?
- Que está maluca, claro. – Anne respondeu e Lucy bufou enraivecida. – Quer que nos passemos por filhos de comensais? As coisas não estavam muito boas em 1995 para darmos o luxo de fazermos isso. Se elas fugiram era porque precisavam, não acha?
- Voldemort não sabia da existência das filhas desses dois, acredito eu. Só não foram porque seus pais precisavam fugir e elas não podiam perde-los de vista. – Lucy não se daria por vencida.
- Eu não sei, Lucy. Imagina você tomar o lugar de outra pessoa e simplesmente morrer?
- Anne, eu não sei como você pretende entrar na Grifinória com essa coragem de rato! – Provocou, sabendo exatamente o ponto fraco de sua amiga. Anne, apesar de ser um tanto medrosa, tinha medo de ser associada a essa característica pois, sua futura profissão necessitava de coragem.
Bufou, sabendo que Lucy tinha um ponto. Harry Potter não conseguira chegar onde chegou sendo covarde. Ela sabia que essa era a sua principal característica, e também era a que ele mais admirava nos outros: coragem. Harry tinha por perto pessoas não tinham medo do desconhecido e quebravam regras constantemente. E todos eles são fortemente bem sucedidos hoje em dia.
- Tudo bem. – Convencida de que precisava mesmo ter uma atitude mais radical do que o costume, aceitou. – Se você conseguir tudo o que precisamos eu vou com você. Eu só tenho uma condição, Lucy: esse plano não pode ter nenhuma falha até o dia primeiro de setembro.
Autor(a): america_singer
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Anne não estava nada feliz em ter aceitado o plano mirabolante de Lucy tão facilmente. Apenas alguns minutos de choro no telefone e alguma conversa fora suficiente para ela acatar sua ideia, ainda mais depois da provocação de sua amiga sobre Anne não ser nem um pouco corajosa. Lucy tinha conhecimento do medo da morena em ser pega no pulo fa ...
Próximo Capítulo