Fanfics Brasil - Você vai ter que agir! Novo Amor - Fanfic Harry Potter

Fanfic: Novo Amor - Fanfic Harry Potter | Tema: Harry Potter


Capítulo: Você vai ter que agir!

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Anne não estava nada feliz em ter aceitado o plano mirabolante de Lucy tão facilmente. Apenas alguns minutos de choro no telefone e alguma conversa fora suficiente para ela acatar sua ideia, ainda mais depois da provocação de sua amiga sobre Anne não ser nem um pouco corajosa. Lucy tinha conhecimento do medo da morena em ser pega no pulo fazendo coisas que poderiam prejudicar a sua imagem, mas também sabia que ela imaginava que uma garota tão certinha jamais conseguiria chamar a atenção de Harry Potter. Não que Anne achasse que algum dia fosse ao menos chegar perto dele, mas tinha a esperança de conseguir. Entretanto, se achava uma garota com o brilho apagado justamente por nunca arriscar nada. Notas perfeitas só chamavam a atenção de professores, nunca dos garotos populares da escola, que pareciam sempre ter um gosto peculiar para a quebra de regras.


Passou o resto do mês de janeiro imaginando que em algum momento Lucy iria se tocar de que aquilo não daria nem um pouco certo. Ela tinha a expectativa de que até no dia primeiro de setembro todas as coisas estariam prontas para elas embarcarem nessa jornada ao passado. Lera tudo o que estava ao seu alcance noites a fio sobre como Hogwarts era há dez anos atrás antes de ser destruída por Voldemort: suas roupas, seus costumes, seus alunos, seus professores, suas casas e tudo o que tinha ao seu alcance com tanta alegria que mal conseguia dormir. Anne imaginara que, se ela continuasse assim, provavelmente chegaria em setembro com cara de zumbi.


Mas Lucy não se dava conta de que o tempo já estava passando lá fora. Trancafiava-se no quarto com a desculpa de matar o tempo estudando inglês para aprimorar o idioma antes de partir e caia no mundo dos livros, revistas, jornais e internet em busca de tapar os buracos do seu plano perfeito. E ela estava conseguindo, para desespero de Anne.


O primeiro de fevereiro chegou e o trem que iria para Castelobruxo partiu sem duas de suas estudantes. Por mais que Anne achasse que não era popular, seu nome fora dito por todas as bocas que ali estavam, contando sobre a proeza dela de ter o privilégio de fazer os Nom’s em Hogwarts naquele ano. Alguns invejaram o fato de não serem seus amigos íntimos, pois Lucy só havia conseguido o mesmo por sua causa. Mal sabendo eles sobre seus planos, Lucy e Anne nunca mais foram vistas naquele castelo novamente como simples alunas. 


– Como já havia dito, já tinha os nomes delas há algum tempo. Susan Barbaz e Lizza Meirelez, nacionalidade espanhola, residentes em Madrid. - Lucy esclareceu juntando todas as informações novas que tinha - Vi isso no "arquivo Hogwarts" que contém os nomes de todos que estudaram lá ou que foram ao menos convocados, e ao contrário do que pensamos intercâmbio é comum sim para aqueles que tem interesse e boas recomendações. – Continuou enquanto folheava cuidadosamente algumas páginas. Eram muitas, de um trabalho cuidadoso e caprichado vindo de sua parte. Se dedicasse daquela maneira aos estudos na Castelobruxo seria facilmente sua melhor aluna.


– Certo. – Anne tentou não demonstrar frustração e o resquício de medo de ua amiga estar enlouquecendo enquanto avaliava os papeis que ia recebendo de suas mãos. - Vamos ver. Se você realmente conseguir a identidade dessas duas perfeitamente como eram naquela época, eu prometo a você penso numa maneira de pegar o vira-tempo. Mas eu quero todos as informações sobre elas também. O nome de todos da família, a aparência, os costumes, e principalmente se alguém em Hogwarts as conheciam, pois não podemos descartar essa possibilidade apenas porque elas nunca colocaram os pés lá. Teremos de saber espanhol, nem que seja pra disfarçar.


– Isso é o mais difícil de conseguir. – Lucy bufou, imaginando o quanto de esforço ela deveria fazer para chegar o último pedido de Anne.


– Sim, mas problema é seu. – A morena rebateu. Qualquer que fosse a dificuldade, Anne não se responsabilizaria e nem moveria um dedo para ajuda-la.


– Tudo bem. – Um pouco desanimada, mas muito obstinada, Lucy concordou. O plano era dela e dissera à Anne que faria tudo em troca do vira-tempo, e assim seria. - Prometo conseguir tudo, até setembro estaremos mais do que preparadas!


O agito da conquista de Hogwarts tinha passado e a euforia que antes deixava o coração de Anne quentinho desaparecia aos poucos. Seus pais ainda moravam na mesma casa, mas em pouco tempo Derell se mudaria para Brasília e isso nada agradava sua filha. Anne tinha medo do que estava por vir. Seus pais nunca falavam exatamente o que estava acontecendo, por isso mil e uma teorias pairavam sua mente noites a fio. Como era filha única, não queria que seu pai arrumasse outra família e tivesse outro filho enquanto ela ainda dependesse deles. Aliás, Anne não desejava que seus pais tivessem outros companheiros ou outras famílias, porque ela seria a parte excluída, a que não era 100% da família. Com quem deveria ficar quando isso acontecesse? Será que algum deles ainda a amaria como antes, sendo que veria nela a parte da contribuição de seu ex parceiro vindo como carga genética? Será que sentiria repulsa de Anne quando sua mãe, por exemplo, reparasse na cor de seus cabelos ou a cor de sua pele, que eram exatamente iguais às de seu pai? Ou será que Derell passasse a odiar quando ouvisse a sua voz exatamente irritantemente aguda quando gritava exatamente igual a de sua mãe? Ela não sabia responder, e também não gostaria de pergunta-los.


O dia 26 de fevereiro era o seu aniversário, e por um dia inteiro eles fingiram que estava tudo bem. Não houveram brigas, nem discussões, nem trocas de farpas vindas dos dois. Anne comemorou a vinda de seus quinze anos com a sua família e a única amiga que restava, Lucy Rodrigues, pois os demais estavam na Castelobruxo. Contudo, a felicidade era momentânea, pois logo no dia dois de maço, seu pai estava de malas prontas para ir para outro estado.


- É melhor assim. – Tentou não chorar enquanto ouvia a voz dele se despedindo, sabendo que provavelmente era mesmo. Não aguentava mais dividir a casa com aqueles dois prestes a jogar um feitiço no outro no meio de uma briga sem pé nem cabeça. Mas se sentia mal, porque achava que ela não era completa sem seus pais juntos e por perto.


E então, no final de março, a casa em que vivia parecia silenciosa demais. Sem Derell para fazer piadas sem graça sobre trouxas a todo o momento e sem a voz de sua mãe rindo delas enquanto cozinhava deliciosas tortinhas de abóbora, as coisas não pareciam estar dando mesmo certo, afinal. Achava que ambos eram perfeitos um para o outro e desde a infância os admirava por sempre estarem demonstrando afeto um pelo outro, mas soube que se enganara ao perceber que nenhum tinha mais vontade de lutar por esse amor.


Foi então que Anne decidiu que, se Lucy conseguisse tudo, ela tentaria pegar o vira-tempo. Harry Potter era o único rapaz pelo qual ela já se interessou algum dia, era o seu primeiro amor, e se ela tivesse que dar o primeiro passo para tentar ao menos conhecê-lo, mesmo que por um segundo, ela iria lutar por isso. Estava cansada de ser covarde e iria contra todas as regras para ir de encontro com a sua coragem. Prometeu a si mesmo, porém, que jamais iria deixar seus sentimentos por ele atrapalharem a sua vida e história. Harry já tinha seu destino escrito e traçado, e Anne não gostaria de ser a pedra em seu caminho.


Era final de abril quando Lucy deu uma grande notícia. Nesses meses, ela passara a estudar inglês e espanhol também, buscando aprimorar a sua personagem e tapar todos os buracos que a condenariam.


- Nomes completos, idades, trabalhos, onde se conheceram, onde já moraram, onde se esconderam do Lord das Trevas e mais uma infinidade de coisas da família Barbaz e Meirellez. – Lucy comunicou, mostrando inclusive passaporte das meninas, suas identidades americanas e espanholas, registros na Ilvermorny e mais um monte coisas, inúteis também que ela havia impresso.


– Eu ainda não consigo acreditar que você fez tudo isso. – Anne dizia para Lucy enquanto ela retirava de uma sacola uniformes exatamente iguais da época de Hogwarts.


– Essa parte foi fácil, só pedi pra uma costureira fazer a partir de fotos. – Esclareceu ao ver os olhos da morena estacionarem em suas mãos.


As roupas de Lucy tinham o brasão da Sonserina em quase todas as peças.


– Mas você está muito confiante que vai entrar na Sonserina, não é? – Provocou, sabendo que ela não só tinha confiança de que isso aconteceria, como também planejara toda a sua vida dentro daquele castelo como aluna da casa verde e prata.


– Eu sim, já você pode entrar na Corvinal por causa desse seu medo absurdo de quebrar regras, então eu mandei fazerem dois brasões, um da Grifinória e outro da Corvinal. Não sei como funcionavam as coisas lá naquela época e preferi me prevenir, mas provavelmente eles mesmos arrumam suas roupas.


– E se você não entrar na Sonserina? Não é sangue-puro, e pode ser mandada para Lufa-Lufa ou a Grifinória.


Lucy fez careta para Anne só de pensar em ter que entrar numa casa em que Draco Malfoy não fazia parte.


– Posso não ser sangue-puro, mas sou muito ambiciosa para as outras casas e sei que minhas habilidades batem perfeitamente com ela. – Comunicou orgulhosa de si. – Severo Snape e Voldemort também não eram e pertenceram à casa. Além do mais, pertenço à Caiçara. O sangue de cobra peçonhenta corre por minhas veias.


– Sei...


– Boa sorte em entrar na Grifinória, já que você é sangue-puro. - Ela rebateu e Anne quase pode se ver sendo escolhida para entrar em qualquer outra que não fosse a Grifinória. Com a sorte que tinha, era bem possível daquilo acontecer.


– Os Weasleys são sangue-puro também. Acho que não é o sangue que determina para qual casa você vai, e sim como você se encaixaria nela.


– Eles são tradição, não é? E a casa de seu pai aqui no Brasil é a Caiçara e bate exatamente com as características da Sonserina, e mesmo que a Jaguar seja como a Grifinória há um risco, já que você tem bastante de seu pai em você. – Elucidou, praticamente fazendo cálculos acima da personalidade de sua melhor amiga. Era fato, ela poderia pertencer a qualquer uma das quatro casas de Hogwarts.


Anne se sentiu um pouco insegura imaginando-a na Sonserina. Não gostaria de ter seu nome associado àquela casa apesar de adorar sua melhor amiga e amar o seu pai, que estudou na polêmica Durmstrang, inclusive. Achava que mesmo depois de Snape provar que nem todo Sonserino é um filho da puta sem coração, a casa continuava sendo não tão bem falada e nem um pouco bem vista.


- Você pode implorar para o chapéu, como Harry disse que fez naquela entrevista, lembra? – A loira recordou, retomando a atenção de Anne novamente. – Se ele parecer confuso, afirme veemente o que o seu coração desesperadamente deseja: entrar para a casa dos heróis.


Anne notou o tom de deboche de Lucy, mas decidiu não refutar sobre aquilo porque realmente achava que a Grifinória era a melhor casa de Hogwarts, assim como a Jaguar era de Castelobruxo. Entretanto, tinha pleno conhecimento de que a maioria dos alunos de ambas as casas eram bem presunçosos com relação à fama de suas casas. Se achavam demais, para falar a verdade.


- Preparada? - ela chamou a atenção outra vez enquanto Anne começa a imaginar Harry Potter a odiando pura e simplesmente porque ela pertencia à Sonserina.


– Preparada para o que? – Questionou um pouco confusa.


– O vira-tempo... ainda está no Ministério, você vai ter que agir! – Lucy esclareceu empolgada, sentindo a adrenalina tomar conta de suas veias. Não via a hora de colocar seu plano em ação e ver que deu certo.


– Ainda preciso descobrir como. Mamãe o guarda longe dos olhos de qualquer pessoa. Apesar de ter uma ideia de onde está, eu preciso confirmar primeiramente, só então elaborar um plano de ação. – Ao ouvir sua amiga dizer, Lucy sentiu-se aliviada ao perceber que Anne ao menos estava disposta a continuar ao lado dela nisso. Tinha medo de preparar tudo nos mínimos detalhes e ela desistir posteriormente por medo.


– E quando pretende ir ao ministério?


A morena suspirou insatisfeita antes de falar. Sabia que passaria mais dias no ministério da magia do Brasil mais do que gostaria, porque ela estava ficando sozinha em casa e sua mãe não gostava muito disso. Apesar de ter alguns parentes por perto, Anne não estava disposta a ficar perto deles por muito tempo, pois achava que estava incomodando. Queria muito ir para a escola, se distrair dos problemas de seus pais, conhecer um lugar novo e arrumar novos amigos.


– Vou semana que vem com mamãe - Sentiu uma pontada angustiante em seu peito. – Ela quer que eu fique um pouco com ela antes de ir para Londres. Então, terei tempo suficiente para descobrir onde guarda aquele objeto.


Com isso em mente, no mês de maio fora para Anne descobrir coisas relacionadas ao vira-tempo. Curiosa, a garota procurava por toda a sala de sua mãe algum cofre escondido, ou pistas de onde ele poderia estar. Contudo, não haviam vestígios de ter em sua posse algo tão poderoso, e parecia que a história de ter um na família era mito. Mas Anne sabia que não, pois sua avó fazia questão de sempre contar inúmeras vezes as histórias antigas sobre como seu falecido marido driblava o tempo para conseguir ir namorar ela nas noites de sábado e jogar quadribol ao mesmo tempo.


Notou, porém, numa monótona manhã de quarta feira que as fotos de casamento dos seus pais já não pousavam sobre a mesa de madeira. Em caixas, algumas delas estavam postas delicadamente, aguardando o seu novo destino. Anne logo imaginou que Marie tivesse a intenção de joga-las fora, mas foi quando desceram nas profundezas do ministério, no último andar do subsolo bem abaixo da linha do metrô bruxo, que ela descobriu o destino daquelas fotografias.


- Aguarde mais uns minutos. – Pediu Marie checando o relógio. – Ainda faltam 2 para a porta aparecer.


Anne nunca estivera ali antes. Era um corredor escuro e bolorento, sem nenhum atrativo. Espirrou quando sentiu o fedor de mofo, e imaginou que atrás daquela parede apareceria uma porta para o submundo.


Viu sua mãe, entretanto, fechar os olhos segundos antes de dar duas horas da tarde. Quando o relógio apitou no exato primeiro segundo, uma porta de madeira simples aparecera em suas frentes.


Para sua surpresa, uma enorme sala cheia de cofres estava à sua espera. Eram tantos, que toda a comunidade bruxa do Brasil provavelmente poderia requisitar um apenas para si.


- Que lugar é esse? – Tentando parecer menos curiosa e excitada do que estava, perguntou. – Quantos cofres!


- Aqui ficam os objetos considerados perigosos, apreendidos pelo ministério.  Há também cofres de segurança máxima para riquezas passíveis de cobiça. – Sua mãe esclareceu sem dar muita importância ao fato de passar uma informação tão sigilosa quanto aquela para sua filha.


- Ah, sim. – Fingiu naturalidade e continuou: - E porque tivemos que esperar a porta aparecer?


- Ela só aparece para bruxos que necessitam e desejam entrar. – Respondeu, indo em direção a um cofre de tamanho médio. Pegou uma chave comum, de trouxas, e enfiou no buraco dele. Após isso, fora pedido a senha e Anne notara que a mesma era a junção dos aniversários de sua mãe, seu pai e dela mesma. – Ah sim, a porta só aparece em horários pares. Nos ímpares ela desaparece e não é possível sair daqui até que passe para outra hora.


Enquanto sua mãe falava, ela guardava todas as informações dentro de si. Marie gostaria de jogar aqueles porta retratos no lixo, mas decidiu apenas guarda-los longe de sua visão por enquanto. Atenta ao que tinha dentro do cofre, Anne tentou identificar algo que pudesse se parecer com um vira-tempo.


Não estava exposto, mas havia um saquinho marrom discreto bem ao fundo, ao lado de algumas moedas antiguíssimas que seu avô colecionava. Mais algumas joias, papéis e escrituras de casas e um pouco de dinheiro atual, pois a maioria da fortuna de sua família era guardada no banco.  


Saíram de lá em poucos minutos, Anne satisfeita com suas novas informações e curiosa sobre o que tinha naquele saquinho. Fez um mapa mental de como chegar lá depois, quando tivesse a oportunidade e o passou para o papel mais tarde para não esquecer nenhum detalhe. Lucy ficaria feliz ao ouvir as novidades.


Junho chegou e junto, no dia 1°, o aniversário dos tão sonhados 15 anos de Lucy. Estava ansiosa por isso pois estava cada vez mais próxima de tornar seu sonho de conhecer Malfoy realidade. O único presente que gostaria de ter naquele dia, no entanto, era o vira-tempo nas mãos de Anne e a notícia de que tudo estava na mais perfeita ordem para elas seguirem com o plano.


Apesar de não ter o objeto em suas mãos, a morena chegara em sua casa com a notícia de que finalmente tinha uma ideia de onde ele estava e conseguir pegá-lo não seria tão difícil, afinal. Enquanto ouvia os gritos de felicidade da amiga, tentou não deixá-la tão confiante enquanto não estivesse com ele em mãos, pois, havia uma chance dele não estar lá.


Lucy ficara desesperada quando ouviu de sua boca que ele tentaria pegar o objeto mágico apenas lá pelo final de agosto, antes de partirem. Anne não queria ter problemas caso sua mãe descobrisse que estava com ela. Sabia que não mexia nele, contudo era melhor levá-lo apenas quando estivesse de partida.


- E se o artefato não estiver por lá? – Lucy questiona sentindo o sangue ferver ansiosa, prestes a desabar angustiada.


- Se não estiver, então não há a menor chance de conseguir descobrir onde está. E se estiver no banco, por exemplo, você tem alguma ideia de como rouba-lo de lá? Porque eu não. – Colocando as expectativas de Lucy um pouco mais para baixo, Anne elucidou. – É a nossa única chance de consegui-lo, caso contrário terá de arrumar outro plano para se aproximar de Malfoy.


Lucy nada pode fazer senão aguardar. Fez Anne jurar que procuraria saber mais sobre o vira-tempo de alguma maneira, mas a morena tinha conhecimento que sua mãe não comentaria nada sobre essa herança. Possivelmente nunca em toda a sua vida teria ousado sequer experimenta-lo, nem que fosse de maneira tão sutil. Não, Marie não era do tipo de pessoa que era tão curiosa a ponto de colocar a vida em risco apenas para testar a funcionalidade do vira-tempo.


Agosto chegou arrastado. Desde que Lucy disse que a parte dela estava toda pronta, os dias pareceram ter dobrado o seu tempo. Colocaram as cartas na mesa e praticaram suas identidades falsas dia após dia, noite após noite, aprimorando-as a ponto de acreditarem que realmente eram filhas de ex comensais.


Lucy tentava manter a expectativa de Anne sempre elevada para que a mesma não desistisse, e estava dando certo. Cada vez se sentindo mais sozinha, a morena passava maior parte do seu tempo pensando sobre a sua estadia em Hogwarts. Queria aquilo, e ansiava por fazer algo que tomasse sua atenção completamente e a fizesse feliz por pelo menos um curto intervalo. Estava também ansiosa pela chegada de setembro, e mesmo que essa ideia maluca de voltar no tempo não desse certo, tinha certeza que encontraria alguma felicidade entre os muros da escola inglesa enquanto preparava um futuro brilhante para si.


No dia 23 de agosto, as malas de Anne já estavam prontas. As de Lucy foram preparadas um mês antes disso, e todos os dias ela chegava para ver se não faltava alguma coisa. Elas ainda precisavam comprar os livros atuais e os antigos, mas isso ficaria para quando fossem ao beco diagonal.


Ao se deparar com as malas da filha perfeitamente alinhadas numa pilha gigante, Marie não pode deixar de se emocionar. Ficaria sozinha por algum tempo, mas sabia que era para o próprio bem de Anne. No mesmo dia, carregou ela consigo mais uma vez para o ministério, afim de deixá-la se despedir das pessoas que tiveram contato naquele ano.


- Qual casa acha que vai Anne? – Mirtes, a subsecretária de Marie, questiona enquanto saboreia um dos muffins trazidos pela sua chefe.


– Eu, se pudesse escolher, entraria na Grifinória. – Responde ela, ansiosa por um momento a sós. Sabia que a mãe teria uma reunião importante em alguns minutos, então poderia colocar o seu plano em ação.


– Aninha é fã do Harry Potter. – Marie diz, sorrindo para a filha. - Lembro-me que quando tinha seis anos, ela viu uma foto dele no jornal e disse queria namorá-lo. Acho que ele estava sendo procurado naquela época e o ministério inglês estava o caos. Ela é fã dele e sua turma grifinória desde então.


Anne corou sob essa confissão, e se tocou por um segundo que não se lembrava de quando começou a se apaixonar de fato por ele. Decerto era mesmo tão nova que a lembrança se esvaiu.


– Ah sim, mas as outras casas também têm bruxos famosíssimos. Newt Scamander, Draco Malfoy, Severo Snape, todos muito bem lembrados atualmente.


– Sei. Mas acho que pela descrição eu me encaixaria na Grifinória, fora que minha casa na Castelobruxo é equivalente. -  A morena esclareceu, ainda absorvendo a informação de que gostava de Harry Potter desde criança e nunca se deu conta.


– Prometa que assim que for escolhida, mandará notícias para nós. Estaremos torcendo por você. – Mirtes pediu, visivelmente feliz pela filha de Marie.


– Prometo, e qual seja a casa que entrar, terei orgulho dela.


Depois das congratulações e muitos bolinhos, Marie levou Anne para sua sala. O vira-tempo estava num cofre a sete andares abaixo, numa sala precisa que aparecia em horas pares exclusivamente. Pediu para ela que a aguardasse ali até a reunião terminar, jurando que não demoraria muito.


Para sua sorte, estava prestes a dar duas horas da tarde. Marie saíra apressadamente depois de dar algumas sugestões para Anne do que fazer enquanto ela estaria trancafiada numa sala junto com o ministro e mais alguns chefes de departamentos. Anne, ao ver a figura de sua mãe desaparecer no elevador, aguardou mais cinco minutos para ter certeza de que era seguro.


O corredor estava vazio, e o elevador parado em seu andar aguardando alguém chamar. Não demorou muito, estava ela sete andares abaixo, segurando o espirro por causa do mofo das paredes bolorentas. Algumas portas desapareciam e apareciam no segundo depois, mas a que ela queria precisava ser chamada como um tom de súplica interna. As salas precisas só apareciam quando alguém sabia exatamente do que precisava, mas Anne tinha tanta certeza e uma memória extraordinária de como ela era que não demorou três segundos para aparecer.


Tentou suspirar, mas sua garganta estava ficando fechada. As mãos trêmulas denunciavam o medo que começa a apoderar seu corpo. Sentiu um calafrio percorrer sua espinha no exato momento que colocara seus pés para dentro da sala dos cofres.


Forçou a visão ao se deparar com o local um pouco menos iluminado do que se lembrava, mas as luzes foram de acendendo aos poucos, deixando o ambiente confortável. Ali não fedia a mofo e era seco. Os cofres, milhares deles, eram de diferentes tamanhos e formatos, o que a ajudou bastante a procurar pelo que ela queria. O corredor em questão era de número 13, mas em casa um deles parecia que haviam pelo menos uma mim cofres. Cansou seus pés andando um pouco mais rápido, quase correndo contra o tempo. A porta se fecharia às três da tarde, e ela só poderia sair de lá às quatro se não se apressasse.


O cofre de Marie parecia ser o mais simples dali. Era quase como cofre de trouxas, na verdade. Não tinha nenhum feitiço complicado que impedisse alguém de abri-lo, e Anne achou muito imprudente de sua parte. Quando estava frente a ele, pegou a chave que sua mãe guardava ao lado de sua cama, numa caixinha de música que havia ganho de seu até então marido anos atrás.


Destrancou-o e, logo após, digitou número por número a senha. O cofre se abriu sem problemas, revelando o mesmo conteúdo que Anne tinha visto meses atrás.


O pequeno embrulho de cor marrom era o suficiente para caber um colar vira-tempo. Agarrou-o com pressa, cruzando os dedos para que estivesse certa sobre o seu conteúdo. Desamarrando a fita, desejou que não houvesse mais nenhum tipo de feitiço de proteção nele, pois ela seria pega no pulo.


Mas não havia. Deslizando pelos seus dedos, o colar vira-tempo apareceu discreto e dourado, brilhando sob a luz confortável do ambiente. Anne sorriu ao poder contemplá-lo pela primeira vez.


Mais que depressa, retirou de seu bolso um exemplar de As Relíquias da Morte que guardava com tanto carinho, colocando-o no lugar do outro para caso Marie precise checar alguma coisa no cofre.


Era dez para as três da tarde quando Anne voltara para a sala de sua mãe. Guardara o vira-tempo cuidadosamente embrulhado num tecido, e depois numa bolsinha de moedas, cobrindo-o com milhares delas para disfarçar. Lançou três feitiços de proteção, desejando que eles não fossem, no entanto necessários. Ficaria ali até que fosse a hora de usá-lo, e este momento não estava tão longe de acontecer.


Hogwarts em 1995 seria uma realidade.



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Autor(a): america_singer

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