Fanfic: Sex On The Beach | Tema: Ponny
Estou sentada na cama, em nosso sombrio apartamento de um quarto, tendo sobrevivido a mais um dia de vida em Dalton, Ohio, sem emprego, sem estudar e, efetivamente, sem vida.
Estou esperando meu namorado James chegar em casa do trabalho. Ele trabalha como mecânico em uma oficina no final da rua, e normalmente termina o expediente por volta das 18:00h. Eu sei que ele estará em casa em breve, mesmo que seja apenas para verificar se estou aqui, esperando por ele. Ele sempre foi um pouco possessivo, o que costumava me fazer sentir desejada e querida, mas isso parece ter aumentado nos últimos seis meses.
James e eu nos conhecemos em nosso último ano no colégio. Ele era um aluno que veio transferido, e entrou no colégio faltando poucos meses para a formatura. Ele me perseguiu fervorosamente e, apesar de meus pais se preocuparem com o fato da sua superprotegida filha estar saindo com novo bad boy do bairro, nos apaixonamos, e nos apaixonamos loucamente.
Sua marca registrada era a jaqueta de couro preta e o jeans escuro que ele sempre usava, e que fazia parte do seu guarda-roupa básico. Às vezes, ele usava uma regata branca, no verão, mas. sempre que saíamos, ele usava aquela jaqueta e uma camisa por baixo. Não me lembro de um dia sequer que ele tenha usado bermuda, e eu só via suas pernas quando estávamos na cama. Seu cabelo negro era um pouco comprido demais, mas ele sempre conseguia deixá-lo com boa aparência. Seus olhos eram de um azul profundo, que poderia deixá-la nua apenas com um olhar ardente. Sim, ele era O cara.
Ele me prometeu o mundo e muito mais. Nós estacionávamos à beira do lago e conversávamos sobre o futuro, sobre a nossa vida juntos e todas as coisas que poderíamos alcançar. Era um daqueles romances do ensino médio que você lê por aí. Naquela época, eu era uma menina ingênua, de dezoito anos de idade, um tanto inocente e impressionável, que acreditava que ele realmente podia me dar o mundo.
Nós estávamos juntos há um ano quando ele perdeu o emprego em Chicago e eu comecei a perceber uma mudança nele. O seu sorriso, sempre presente quando estávamos juntos, se foi; e a cada dia, ele ficava mais e mais distante e parecia como se ele estivesse carregando o peso do mundo sobre seus ombros.
Então, ele recebeu uma oferta de trabalho de seu tio em Dalton, Ohio. Ele precisava de um mecânico e queria ajudar James. James me pediu para ir com ele e disse que me amava e não podia viver sem mim.
Meus pais e minha melhor amiga, Dulce Maria, foram completamente contra a ideia. Eles tinham notado a mudança de James. Eles nunca estiveram satisfeitos com o nosso relacionamento e, obviamente, eles não tiveram nenhum constrangimento em expressar suas preocupações a respeito da minha mudança para outro estado, para viver com o meu namorado “bad boy”, e foram veementemente contra eu desistir da escola de enfermagem para fazer isso.
No final, James usou o ás que ele tinha na manga, algo que eu não esperava, até que fosse tarde demais.
Ele me chantageou para que eu me mudasse com ele.
Uma noite, estávamos deitados na cama, depois de fazermos amor, e eu estava presa na névoa do pós-sexo, pensando em coelhinhos felpudos e arco-íris. Ele virou-se e afastou o cabelo do meu rosto:
— Eu não posso deixá-la para trás, então eu decidi que você virá comigo, Any. Somos eu e você contra o mundo. Eu não posso sobreviver sem você, baby.
E assim foi decidido.
A questão da chantagem emocional é muito mais fácil de perceber o que está acontecendo quando você está fora da situação. Quando você está no centro de tudo, você não pode ver as árvores no meio da floresta.
Apesar das minhas profundas reservas e do comportamento cada vez mais perturbador que James estava exibindo para mim, eu fui com ele. Eu acreditava que uma mudança de cenário lhe faria bem.
Menos de um mês após a nossa chegada em Ohio, seu lado possessivo se intensificou. Ele fez um novo grupo de amigos na oficina, que adorava festas, beber, fumar maconha e fazer sexo.
Como James fazia sexo comigo, ele mergulhou de cabeça no lado das bebidas e drogas dessa equação. Muitas vezes, ele sumia por dias ou faltava ao trabalho porque estava de ressaca.
As coisas têm estado tão ruins, que eu estou começando a achar que o meu doce e amoroso namorado do colégio era apenas fingimento. Sempre que estamos em público, ele é todo carinhoso comigo, me dizendo que sou sua, mas por trás da porta fechada do nosso apartamento, ele fica distante e indiferente. Quando está bêbado, ele me repreende e me deixa para baixo constantemente. Ele reclama que eu sou um fardo para ele e do quanto ele trabalha para nos
sustentar, e que eu deveria ser mais grata.
Então aqui estou eu, sem emprego, sem faculdade para me manter ocupada, e a única pessoa que tenho perto de mim é James. Ele parece gostar da ideia de que eu preciso dele e não posso ficar sem ele. Todo dia, ele chega em casa do trabalho e me pressiona para saber onde eu estive, quem eu vi, e o que eu fiz naquele dia. Eu costumava ver isso como um sinal do seu amor por mim, e a menina ingênua que eu ainda era tinha esperança de que eu pudesse ter o meu velho James de volta.
As coisas estão tão ruins agora, que eu tive que colocar senha no meu celular. Ele tem verificado minhas mensagens, para ver com quem eu falo, questionando quem tem me enviado mensagens, além de me ligar durante o dia, enquanto ele está no trabalho, para se certificar de que estou em casa. Ele também deixou claro que, como ele é o único que está trabalhando e nos bancando para vivermos aqui, então tudo o que eu tenho é por causa dele e que eu deveria ser grata.
Certas noites, quando ele vem para casa, ele me repreende. Ele fica bem na minha cara, ameaçando me expulsar de casa e que nunca mais vai me ver de novo; dizendo que eu não posso sobreviver sem ele, e que eu não deveria sequer tentar dizer não a ele.
Eu comecei a pensar em maneiras de escapar dessa vida, e para ser honesta, como escapar de James. Eu não quero viver mais aqui, esta não é a vida que eu imaginava para mim quando concluí o ensino médio.
Eu nasci e cresci em Chicago. E é lá onde o meu coração está, mas quando se é jovem e está apaixonada, você se dispõe a ir a qualquer lugar para ficar com quem você ama. No início, essa era a minha filosofia idealista. Antes de James começar a mudar e se tornar a concha vazia do cara que eu conheci na escola.
Tenho lutado para manter as aparências com James, e estou achando quase impossível esconder o meu crescente desagrado pelo seu lado possessivo, sua capacidade de me rasgar com suas palavras de ódio, fora as noitadas cheias de álcool, maconha, e Deus sabe mais o quê.
O meu problema é que estou presa. Sem amigos, sem dinheiro, sem esperança de conseguir escapar. James disse várias vezes que ele nunca vai desistir de mim; que eu sou sua garota. Eu também sei que ele nunca vai me deixar. Tem que acontecer algo realmente importante para ele me deixar ir.
Às 16:30h de hoje, algo importante se tornou a pior notícia da minha vida.
Enquanto eu estava sentada no banheiro do posto de saúde, observando o bastão de plástico mostrar, lentamente, uma linha cor de rosa e depois outra, meus planos como eu imaginavamestavam indo pelo vaso sanitário, assim como o xixi que saía do pote de exames.
Fiquei em transe enquanto o médico explicava a necessidade do exame pré-natal e as vitaminas que eu tinha que tomar. Me parabenizando, quando tudo que eu queria fazer era ter um colapso e chorar. Nós sempre nos prevenimos, mais eu do que James, então eu sempre tomei injeção anticoncepcional desde que saí de Chicago. A última coisa que eu precisava agora era engravidar e destruir a minha vida, com minha alma presa a James, vivendo longe da minha melhor amiga e dos meus pais.
Agora, a vida decidiu que eu preciso de mais um desafio.
Saí do posto de saúde e fui para casa em transe, uma miríade de possibilidades passando pela minha cabeça. O médico, percebendo que eu não estava muito feliz com a notícia inesperada, me deu folhetos sobre as minhas diferentes opções. Aborto ou adoção. Bem, há também a opção C: ficar na minha relação disfuncional com o meu namorado possessivo e emocionalmente abusivo e criar um bebê com ele. Essas são as minhas opções.
E minha vida só melhora...
É por isso que estou aqui, sentada no sofá, esperando a bomba explodir. Eu consigo até me lembrar da noite exata da concepção. Era a noite do meu vigésimo aniversário. Nós tínhamos ido a um bar, aqui perto, para beber shots de tequila e cerveja, e dançar músicas da jukebox. James disse que eu deveria me divertir, já que era meu aniversário. Ele até convidou alguns de seus novos “amigos” para se juntarem a nós. Pegamos um táxi para casa e tropeçamos na porta. James tinha aquele olhar, que sinalizava que ele ia fazer alguma coisa ruim. Logo, eu estava inclinada no sofá, minha bunda para cima, com James me fodendo por trás. Eu estava bêbada demais para discutir, ou perceber se ele estava usando preservativo ou não.
Eu estava muito longe.
Mais ou menos como eu estou agora. Eu estou longe demais para pensar sobre isso de forma racional ou com cautela. Eu sei que existem outras opções, mas com James Parker na minha vida, não vale a pena sequer considerar.
James chegou tarde em casa, algumas horas depois de ele ter saído do trabalho. Eu sei que ele já está completamente bêbado, pelo fedor de cerveja velha que exala quando ele me beija longa e fortemente para me dizer Olá. Ele só é carinhoso quando está bêbado.
Durante toda a noite, eu fiquei me preparando para lhe contar sobre o bebê. Vou até o sofá eme sento.
— James, eu tenho algo a lhe dizer — eu falo, tomando cuidado para manter meu tom tão firme e sem emoção quanto possível.
— O que foi, querida? — ele pergunta com os olhos semiabertos, deitando no sofá em meu colo.
— Estou grávida.
Você poderia ouvir um alfinete cair, pelo tempo que levou para as minhas palavras serem absorvidas, mas assim que isso aconteceu, eu pude ver a mudança em seu rosto. Ele sentou-se abruptamente, me dando um susto.
— Que merda é essa que você está falando? — ele grita, pulando do sofá e andando pela sala.
— Estou grávida, de aproximadamente oito semanas — eu digo, ficando de pé na frente dele, incapaz de olhá-lo nos olhos. Por que eu sinto como se isso fosse culpa minha?
— Pelo amor de Deus, Any. Eu não quero nenhuma maldita criança, nem agora, e provavelmente nunca. Como você pode ser tão estúpida?
Talvez fossem os hormônios, ou talvez isso tenha sido a gota d’água que fez o copo transbordar, mas de repente eu não me importava com o que aconteceria, ou se ele seria capaz de fazer alguma coisa contra mim. Eu cheguei oficialmente ao fundo do poço; não há nenhum lugar para ir que não seja a sete palmos abaixo do chão, ou lutar e me levantar para sair dessa bagunça.
— Foi você quem deixou isso acontecer — eu falo, andando em direção a ele. — Você ficou bêbado e não usou a porra da camisinha! — Eu bato no peito dele com o dedo, minha voz ficando cada vez mais alta a cada palavra que eu cuspia para ele. — Eu não sabia que meu método contraceptivo tinha acabado mais cedo, por isso, se você estiver pensando em culpar alguém, culpe a si mesmo, James Parker!
Eu não tive tempo de me proteger da mão que de repente bateu no meu rosto, me derrubando no sofá. Eu instintivamente me enrolei em posição fetal para proteger a mim e a minha barriga de quaisquer outros golpes.
— Puta estúpida! — Eu o ouço gritar atrás de mim ao bater a porta da frente. Em seguida, eu ouço sua caminhonete Chevy rugir, cantando pneu no estacionamento sujo, quando ele sai.
Eu adoraria dizer que esta é a primeira vez que ele me bate, mas não é. A primeira vez aconteceu quase um mês depois que chegamos em Dalton, e foi o primeiro sinal de que eu tinha cometido um grande erro vindo para cá com ele.
Nós estávamos na pista de boliche, e eu tinha ido pegar bebidas para nós. James me viu conversando com um estranho, que estava esperando na fila atrás de mim, e isso foi o suficiente para deixá-lo fora de controle.
Mais tarde, naquela noite, depois que tínhamos chegado em casa, e tendo bebido algumas cervejas a mais, ele me atacou; perguntando quem era o cara, por que eu estava falando com ele, e perguntando se eu estava transando com ele nas suas costas. Quando eu não lhe dei a “resposta certa”, sua raiva levou a melhor sobre ele e ele me deu um tapa no rosto. James imediatamente ficou sério e passou o resto da noite e a semana seguinte desculpando-se profundamente comigo.
Mas o estrago já tinha sido feito.
Ele me prometeu que isso nunca mais aconteceria; que ele estava bêbado e viu tudo vermelho quando ele me viu conversando com outro cara. As coisas começaram a ir ladeira abaixo depois disso.
Olhando para trás, eu deveria ter ido embora naquela época.
Depois de deitar na cama por alguns minutos, esperando para ter certeza de que ele não iria voltar, eu me levantei e tropecei até o banheiro. Olhando no espelho, fico chocada com o reflexo
que eu vejo olhando para mim. Meu cabelo castanho escuro, que já foi suave e sedoso, agora é um emaranhado; meu rímel, que foi tão cuidadosamente aplicado esta manhã, agora está manchado e borrado pelo meu rosto, manchado pelas minhas lágrimas; e meu rosto está vermelho e inchado onde a mão de James me atingiu.
Eu vejo esta versão quebrada de mim mesma no espelho, e o entendimento da situação me atinge como um trem de carga. Eu sei que eu valho mais do que isso. Eu não posso trazer um bebê ao mundo com a figura de um pai abusivo. Eu não posso ter esse bebê. Não é a hora, e esse definitivamente não é o lugar. Eu preciso decidir o que vou fazer. Por mais que me doa, eu gostaria que o bebê desaparecesse; fosse embora e voltasse outro dia, em um momento melhor, em uma situação melhor, com um homem melhor.
Entro no chuveiro e, em seguida, coloco um pijama e rastejo para a cama. Eu tranquei a porta, porque eu não espero que James volte para casa esta noite, e, se eu for honesta, o pensamento de dormir com ele na mesma cama agora faz minha pele arrepiar.
A última vez que James me bateu, ele desapareceu por dois dias, voltando com o rabo entre as pernas e me implorando por perdão. A diferença entre a última vez e agora é que eu não vou mais aceitar essa merda. Eu preciso elaborar um plano, e eu preciso fazer isso rápido. Eu preciso recuperar a mim mesma, a minha identidade, minha maldita espinha dorsal pela qual eu costumava ser conhecida.
Isso vai ter que pegá-lo de surpresa. Eu não posso deixá-lo perceber meus planos, ou então eu não serei capaz de sair.
Eu preciso da ajuda da minha melhor amiga. Eu preciso de Dulce agora.
Adormeço, contente com a minha nova decisão, a minha mão no estômago, rezando a Deus para que Ele possa encontrar uma maneira de me ajudar.
Autor(a): miaportilla
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