Fanfic: Fogo - Vondy (Adaptada) [Terminada] | Tema: Vondy

No dia seguinte, Christopher mandou o motorista particular buscar Dulce em seu apartamento. Ela almoçaria com ele e Brittany no Bentley Hotel, onde a irmã trabalhava. Depois de encontrar os amigos na noite anterior, Dulce já não estava tão nervosa para encontrar Brittany, embora tivesse que admitir, estava curiosíssima para conhecer aquela mulher.

Christopher já tinha adiantado para Dulce que, até bem recentemente, Brittany brincara de ser a filha perfeita e obediente, ficando ao lado da família em seu desprezo e desdém em relação a ele, mas então veio até ele aos prantos, pois queria se libertar daqueles laços.

Era necessário alguém de coragem para enfrentar uma família daquele tipo – uma mãe daquelas – que Christopher descrevia. Especialmente depois de 27 anos. E um casamento que sua mãe a obrigou a contrair. Christopher esperava do lado de fora quando o carro chegou e abriu a porta, estendendo o braço para ajudar Dulce a sair. Ele passou um braço em volta de sua cintura, mantendo-a próxima de si enquanto caminhavam até o restaurante.

Eles se dirigiram para uma mesa, a mesma em que haviam comido na sua primeira noite juntos; já havia uma mulher sentada ali. Dulce tentou absorver todos os detalhes à distância para que não a ficasse encarando quando chegassem à mesa. Ela definitivamente conseguia enxergar a semelhança entre eles. Brittany tinha o mesmo cabelo loiro, com muitas variações de tom, que Christopher. Ela também tinha os olhos verdes do irmão e o formato de seus rostos era bastante similar.

Quando chegaram mais perto, Brittany ergueu a cabeça e um sorriso convidativo se abriu em seus lábios. Dulce podia jurar que vira uma cara de alívio na outra mulher. Talvez estivesse preocupada com o fato de Christopher poder não vir.. E, quando sorriu, Dulce pode ver o quão maravilhosamente bonita Brittany era. Mas, claro, Christopher era um homem bonito. Brittany era como uma versão feminina dele. Não tinha os traços fortes de Christopher.

Também não tinha o olhar intenso, a expressão, o jeito de se portar. Não importa o quão malucos e horríveis fossem aqueles pais, eles definitivamente tinham dado aos seus filhos bons genes. Brittany se ergueu, mas manteve-se parada, como se esperasse para ver como Christopher a cumprimentaria. Ele deu a volta na mesa e envolveu sua irmã em um abraço apertado. Beijou sua bochecha e pegou sua mão, apertando-a. A reação de Brittany foi meiga. Ela olhou para Christopher, como todas as irmãs mais novas olham para os irmãos mais velhos quando fazem algo de importante e significativo. Olhava para ele como se fosse um rei.

– Britt, quero que você conheça Dulce. Dulce, essa é minha irmã, Brittany.

– Olá, Dulce – disse Brittany em um tom cultivado, que gritava dinheiro e prestígio.

Mas não havia pretensão nela. Brittany apertou a mão de Dulce calorosamente e, em seguida, para surpresa de Dulce, abraçou-a e beijou suas bochechas.

– Olá, Brittany. Estou feliz de finalmente te conhecer. Christopher falava tanto de você.

Nesse ponto, seu entusiasmo deu uma leve diminuída, seus olhos ficaram um tanto preocupados.

– Só coisas boas – Dulce se apressou em dizer, arrependida de já ter soltado uma pérola. – Ele disse que você estava fazendo seu trabalho super bem aqui. E brincou que você acabaria dirigindo toda a cadeia de hotéis antes que eles se dessem conta.

Brittany sorriu e relaxou. Christopher guiou as duas mulheres para seus assentos e acenou para o garçom.

– Estou gostando – Brittany disse, enquanto o garçom tomava nota de seus pedidos de bebida. – É bom ser útil. Lembro do quão esperta sou. Isso me tomou algum tempo já que infelizmente eu vinha sendo bastante adepta à estupidez nos últimos anos.

Christopher balançou a cabeça.

– Não cobre tanto de si mesma, Britt. Você chegará lá. Roma não foi construída em um dia.

Dulce riu do provérbio antigo.

– Ele está certo. Eu já estourei minha cota de erros idiotas. Mas estou determinada a superá-los.

Christopher apertou sua mão por debaixo da mesa, mas a surpreendeu quando ergueu-a e deu-lhe um beijinho na palma.

– Ótimo ouvir isso, querida. É questão de tempo.

Brittany olhou inquisitivamente de Christopher para Dulce e, em seguida, seus olhos se iluminaram e um sorriso se abriu em sua face. Dulce acreditava ser mais do que óbvio que ela e Christopher eram mais do que só um encontro casual. Christopher deixara bem claro que Dulce era alguém importante para ele. Por que outro motivo ele a traria para almoçar com sua irmã?

– Mamãe tem te dado trabalho, Britt? – Christopher perguntou.

Brittany fez uma careta e tomou um longo gole de vinho que o garçom servira.

– Ela apareceu um dia desses, como eu te falei. Depois disso, liga todo dia. Eu ignoro as chamadas e deixo cair na caixa postal. Ela ligou para o trabalho uma vez e desliguei. Não escuto dela desde então.

Christopher assentiu em aprovação.

– Que bom. Chegaremos lá. Mais cedo ou mais tarde ela vai perceber que já não pode mais enterrar as garrinhas em você e encontrará um novo alvo.

– Como ela fez com você? – Brittany pontuou.

– Ok, talvez não vá – disse Christopher com tristeza. – Mas você vai descobrir como lidar com isso e depois de um tempo ela não vai te incomodar tanto.

– Eu invejo você – disse Brittany. – Eu sei que já disse isso antes, mas eu daria qualquer coisa para ser confiante assim.

O tom melancólico em sua voz fez Dulce estremecer com simpatia. Mas ela ficou em silêncio, não querendo interromper a conversa.

O garçom veio e anotou os pedidos, e Christopher inclinou-se para trás, alcançando Dulce. Ela deslizou para o lado dele, suas cadeiras juntas uma da outra. Seu braço estava em torno de seus ombros enquanto ele continuava sua conversa com Brittany.

– Há quanto tempo vocês estão saindo? – perguntou Brittany.

Dulce ficou imóvel, a boca de repente incapaz de se mexer. O que poderia dizer? Eles não estavam saindo. Dificilmente se poderia chamar o que tinham de encontros. Eles ultrapassaram essa fase. E de alguma forma a palavra “saindo” parecia tão mansa. Nem um indicativo da intensidade do relacionamento.

– Dulce e eu estamos juntos há algum tempo agora – disse Christopher facilmente.

– Oh, isso é bom. Vocês parecem tão bem juntos. Conte-me mais sobre você, Dulce. O que você faz?

Christopher aparentemente não tinha falado de Dulce para Brittany. Dulce lambeu os lábios, sentindo-se constrangida na frente da irmã de Christopher. Não importa que ele tivesse claramente delineado as dificuldades que Brittany tinha vivido, a mulher ainda assim vinha de um berço de ouro. De um mundo que não combinava com Dulce. Ela tinha um marido rico, pais ricos. Inferno, ela e Christopher tinham mais dinheiro do que Deus.

– Eu sou artista – Dulce disse com uma voz rouca. – Eu também desenho joias. Mas, principalmente, trabalho com pintura.

Os olhos de Brittany se arregalaram e Dulce não tinha certeza se era surpresa, julgamento ou sabe-se lá o quê. Sua nuca se arrepiou e ela imediatamente se sentiu na defensiva.

– Eu adoraria ver o seu trabalho em algum momento – disse Brittany.

– Tenho certeza de que podem combinar isso algum dia – disse Christopher. – Agora ela está ocupada trabalhando em algo para mim, e tem um cliente que compra todas as suas peças, de modo que está muito focada nisso agora.

– Você parece tão bem-sucedida! – Brittany exclamou.

Dulce abaixou a cabeça.

– Bem, sim, suponho que você possa dizer isso. É algo um pouco novo, em desenvolvimento, por isso ainda acho difícil pensar dessa forma. Alguém entrou na galeria onde eu exponho e comprou todas as minhas obras e exigiu mais. Eu não tenho nenhuma ideia do que estão fazendo com elas. Não ouvi nada sobre fazer uma exposição privada. Talvez seja para uma coleção particular que nunca será mostrada.

– Mas, ainda assim, você deve estar feliz. Eu adoraria ser independente desse jeito – Brittany disse melancolicamente.

– Estou muito feliz – disse Dulce. – Significa muito para mim ser capaz de andar com os próprios pés e me sustentar. Brittany assentiu, seus olhos brilhando compreensivos.