Fanfic: Além da Amizade - NaruSaku | Tema: Naruto
– As únicas coisas que posso fazer pelo Naruto... São pequenas.
Preocupada com o estado do companheiro ferido que se deitava em sua frente, Sakura lutava contra o sentimento de culpa e frustração que a preenchia. A batalha contra Orochimaru provara o quão longe o Uzumaki era capaz de ir para trazer seu amigo de volta, nem que para isso fosse esfolado vivo pelo chakra da Kyūbi.
– Isto não é um problema de coisas pequenas ou grandes... – Replicou Yamato. – O que mais importa é a força dos sentimentos que você tem pelo Naruto.
Sakura fitou seu sensei atônita.
– Heh... Sakura... Eu posso dizer só de olhar para você. A verdade é que você...
STOMP! O solavanco repentino da janela despertou a garota de seu sono profundo.
– Mas o que... !?
Seus olhos afixaram-se no teto de madeira de seu quarto, buscando no espaço vazio uma explicação para o que havia acabado de sonhar. Lembranças de um passado distante voltavam gradativamente à mente de Sakura na medida em que se lembrava das palavras do antigo tutor do time 7. Por quê, depois de tanto tempo, havia se recordado delas? O que Yamato queria realmente dizer?
As indagações diluíam-se na escuridão, os olhos pesavam e aos poucos o cansaço pela procura das respostas transformava-se em esgotamento mental para a Haruno. O adormecimento procedeu mais uma vez, e ela só viria a raciocinar novamente na manhã seguinte, depois de uma bela jogada de água fria no rosto.
– Que estranho, com o quê foi que eu sonhei mesmo hoje?
No espelho, os cabelos rosados da kunoichi roubavam a atenção do cenário. Não apenas pelo contraste de tons, mas também pelo estado bagunçado em que estavam, uma cena rara que ela não permitiria ninguém, além dela própria e seus pais, presenciar. Eles voltariam ao seu formato de costume assim que ela terminasse de arrumar seu quarto, tomar o café da manhã e banhar-se, no entanto, impelida por alguma sensação que não sabia descrever ao certo o que era, Sakura resolveu inovar. A típica abertura capilar que antes expunha sua testa agora fechava-se na forma de uma franja sutil cobrindo-a parcialmente e deixando à mostra parte do selo do Byakugou. Não havia mais motivo para se envergonhar desta parte de seu corpo, uma vez que agora ostentava nela a herança de sua mestra. Ainda sim, o típico penteado já havia a enjoado, algo novo certamente seria de bom grado. Ela se perguntava se Sasuke a notaria depois de voltar de sua expedição.
– Bom trabalho, queri... Oh! Você está muito bonita, filha. Não é verdade querido? – Mebuki cutucou dolorosamente o pai que escondia-se atrás do jornal companheiro de todas as manhãs.
– O que...? Oh...! É sim, querida. Está muito bonita mesmo! – Expiou Kizashi por cima do jornal, incerto do que dizer, e usando o próprio impresso para esconder os lábios cochichos que direcionava seguidamente à sua esposa – Tem algo diferente nela, não?
– Mattaku (Francamente)... Você devia prestar mais atenção na sua filha,Kizashi!
– Mas e se eu disser algo errado, ela vai me odiar...
– Ela vai te odiar ainda mais se você não dizer nada, idiota! Quem sabe ela não esteja querendo impressionar aquele garoto de quem ela gosta...
– Não pode ser! Nossa filhinha...
Burburinhos inaudíveis cresciam por detrás da mesa em que se acomodavam seus pais, colocando rapidamente a própria filha de lado, a qual passava a encarar a situação com certo embaraço.
– Obrigada mãe, obrigada pai. Mas eu tenho que ir agora. Shizune-san me espera numa cirurgia de última hora, até mais tarde!
Deixando seus pais para trás, Sakura se apressou para chegar a tempo no Hospital. Com seus vinte anos ela já possuía mais responsabilidade e maturidade do que Mebuki e Kizashi pensavam dela, ainda sim, para seu pai ela continuaria sendo seu eterno broto de cereja, mesmo depois que deixasse a casa deles para ir morar sozinha, como já estava predestinado a acontecer.
...
Do outro lado da aldeia, no entanto, alguém deixava sua casa sem pais para se despedir. Para trás também ficavam os potes vazios de rāmen instantâneo empilhados em todos os cantos do apartamento, roupas no varal que já contavam dias, senão semanas, e um cheiro característico de leite estragado percorrendo cada cômodo do ambiente. Cenário este que só poderia descrever a residência de Naruto Uzumaki. Mesmo sendo considerado a reencarnação de Ashura, o herói da guerra ninja e o futuro sucessor do Hokage, na casa de Naruto as coisas continuavam como sempre foram. As visitas, contudo, estavam mais recentes desde que obtivera tais títulos.
Não raramente também recebia cartas de admiradoras secretas por debaixo da porta, confessando loucamente suas paixões pelo Uzumaki que havia conquistado seus corações, tanto pela reputação de herói quanto pelo jeito humilde com que se dirigia às suas fãs. Não apenas isso, mas recentemente Naruto também tinha se tornado fisicamente atraente aos olhos de muitas mulheres da vila. Um fato irônico que certamente contrastava-se com o seu passado de exclusão e sofrimento, mas que ele não dava muita importância ao status, afinal, havia outras coisas com o que se preocupar no momento, como o seu treinamento para se tornar Hokage, por exemplo.
– Droga, Iruka-sensei não vai me poupar por eu chegar atrasado de novo!
Com uma fatia de pão presa à boca, Naruto saltava de sua varanda para os telhados à frente de seu apartamento, intercalando-os rapidamente para chegar à academia ninja enquanto terminava seu lanche no caminho. Ao chegar no complexo administrativo, contudo, os prédios cessam e ele se obriga a seguir por terra, cruzando as vielas centrais da aldeia com pressa. Seus passos ligeiros o precipitam e logo o levam a colidir com uma silhueta que dobrava a esquina no mesmo momento.
– Argh! – Ambos ressoam em uníssono, indo juntos ao chão.
...
O impacto foi suficiente para chamar atenção das pessoas que perambulavam a sua volta, especialmente para o herói da vila. Apesar disso, Naruto ignorou os olhares curiosos e virou-se para a pessoa, já preparando o pedindo de desculpas. No entanto, para a sua surpresa, tratava-se de alguém que ele já conhecia.
– Ei, me descul... Eh!? – Naruto se recupera e reconhece o outro membro do time 7. – Sai!
– Naruto-kun!? Onde está indo com tanta pressa?
– Estou atrasado para meu exame de graduação Jōnin com o Iruka-sensei, se eu não chegar na hora tenho certeza que ele vai me encher de pergaminhos chatos para ler.
– Oh, sim. – Dizia Sai enquanto recolhia um de seus livros que havia caído no chão com o impacto.
Naruto passou os olhos pela capa e reconheceu o título: “Icha-Icha Tatics”.
– Sai...
– Sim?
– Porque você está com esse livro? – Naruto o fitou com expressão de traseiro, lembrando do gosto pervertido da pessoa que o havia escrito. Ninguém menos que o próprio ero-sennin, mestre e tutor de Naruto.
– Está falando deste? – Sai o apanhou com um sorriso no rosto - Eu estava precisando de ajuda no meu encontro com Ino hoje à noite, então Kakashi-san me emprestou esse livro. Ele disse que ajudaria.
– Ah, é claro. Kakashi-sensei, né?
“Outro tarado” Prosseguiu mentalmente Naruto. O que poderia dar errado nesse encontro? Ele poderia ter avisado Sai para não dar atenção aos gostos peculiares de Kakashi, principalmente vindos daquele livro, pois Naruto conhecia muito bem a depravação de seu autor. Mas explicar tudo isso para Sai levaria algum tempo. Tempo que não possuía agora. Portanto apenas assentiu e desejou boa sorte para seu companheiro de equipe, deixando-lhe apenas o aviso de não levar tudo a sério que encontrasse naquele livro.
Sai aceitou o conselho, e antes que pudesse perguntar o porquê, escutou Iruka bravejando o nome de Naruto de uma das janelas da academia. Os dois se despediram e Naruto correu para impedir que as punições de seu tutor se acumulassem.
...
– Ahh... – Sakura suspirou, exausta.
O Sol já havia se escondido atrás da montanha dos Hokages há cerca de duas horas, mas somente agora a Haruno estava livre de suas funções como médica no centro hospitalar da aldeia. A cirurgia bem sucedida com Shizune demandou grande habilidade e foco, nada menos do que o esperado da pupila mais famosa de Tsunade-sama, de modo que agora o estresse e a exaustão mental tomavam seu semblante por inteiro.
Assim ela seguiu lentamente pelas ruas de Konoha, esperando alcançar sua casa e raspar um dos potes de anmitsu (tipo de sobremesa japonesa) que guardara na geladeira. Todavia, o caminho lhe rendeu uma surpresa quando, ao cruzar com o restaurante Amaguriama, teve o vislumbre de Ino dividindo um espetinho de dango (bolinhos de farinha de arroz) com Sai numa das mesas do estabelecimento.
– Ué... o que eles...?
Ao perceber que sujara a boca do garoto pálido com um dos bolinhos, a loura riu, parecendo achar graça no semblante sério e confuso de Sai enquanto lambuzado como uma criança de três anos de idade.
Sakura apertou sua mão contra o peito. Embora estivesse feliz por sua amiga e a relação inesperada que florescia entre Ino e seu ex-companheiro de equipe, ela sentia, no fundo, falta de algo parecido.
“Já fazem três anos que ele deixou a vila...” Voltando a andar, Sakura mirou a lua que brilhava intensamente no céu noturno de Konoha. A orbe perolada preencheu-se da imagem do Uchiha e no átimo Sakura viu-se compelida de uma observação pertinente. “Como a lua... ele está muito longe...”
Desde que Sasuke deixara a vila em busca de respostas para seus novos objetivos, Sakura sentia a solidão crescer diariamente em seu íntimo. A frustração era ainda mais intensa quando, em momentos de fraqueza, questionava-se dos motivos do exílio solitário do Uchiha. Assim como no passado, Sakura havia sido deixada novamente para trás, sentindo-se como um fardo que ele não queria carregar. E este sentimento, incômodo tal qual um espinho no pé, nunca a deixava, não importando quantas vezes insistisse para si mesma que Sasuke fazia isso pelo bem de ambos.
Enquanto isso, as pessoas ao seu redor descobriam o amor recíproco, abraçavam-se, riam juntas, trocavam carícias. Sakura sentia falta disso. Ela conhecia o jeito de Sasuke, sabia que o garoto fora traumatizado desde a infância e crescera sem o amor que ela mesma recebe até hoje de seus pais. Ela sabia o quão difícil era para ele, mas era inegável que, como um ser-humano, ela também gostaria de ser amada.
“A cirurgia deve ter me deixado emocionalmente abalada, estou pensando em coisas que não deveria.” Balançando a cabeça, a kunoichi tentou se livrar dos pensamentos negativos que rondavam-lhe a mente. Mais à frente, sentou-se a um banco de madeira numa alameda alternativa, diferente daquela que sempre seguia no retorno à sua casa. Talvez o ar fresco e a mudança repentina de rota desanuviassem sua mente e afastassem o estresse diário da rotina.
– Ffuuu... O tempo está tão bonito hoje!
Daquela ponto da vila, a iluminação irregular dos postes escondia o brilho das estrelas, mas não era capaz de sobrepor a vastidão escura do céu que encontrava-se desobstruído de nuvens. As faias japonesas do lado do banco balançavam suas folhas brancas com a brisa que percorria o ambiente, criando ondulações alvas carregadas de ruídos apaziguadores. Sakura fechou os olhos tentando trazer essa sensação para si. Respirou fundo e então, uma mão pousou em seu ombro.
– Sakura-chan!?
– GYAAAHH!
Tão de súbito quanto a voz surgiu, tão rapidamente seu emissor fora derrubado pelo pesado soco da Haruno. A voz que lhe era familiar só veio ao seu conhecimento assim que Sakura percebeu Naruto jogado ao chão, com a mão em sua bochecha e o nariz sangrando. Para piorar, as olheiras dos olhos cansados das intermináveis horas de estudo com Iruka o davam um aspecto ainda mais miserável.
– Naruto!
Surpresa com sua própria reação, Sakura tentou ajudá-lo imediatamente a se recuperar, preocupada de tê-lo atingido muito forte. – Você está bem?
– Sakura-chaaan... Não precisava ter batido tão forte...
– O que você esperava seu idiota!? Me assustando assim no meio da noite?
– Eu pensei que você estava dormindo neste lugar estranho... Podia estar cansada, seilá, mas é perigoso ficar dormindo por aí assim.
Percebendo a preocupação que Naruto expunha para com ela, Sakura desprende o ar de seus pulmões e deixa escapá-lo pela boca arrefecendo a adrenalina.
– Hmf, eu sei me cuidar.
– Claro que sim, olha o que fez comigo!
– É isso que você ganha por me assustar, idiota. Agora fica quieto e me deixa curar isso!
Após acomodá-lo no banco em que se sentava, Sakura esforçou-se para utilizar o chakra que ainda dispunha à fim de sarar o hematoma que havia deixado no rosto de Naruto. Era uma tarefa simples para alguém como ela, mas suas reservas de chakra já estavam no limite, e Naruto sentiu ela fraquejar no momento em que seu cenho franziu e seu corpo ameaçou ceder.
– Sakura-chan, você está bem? – Segurando-a pelo ombro, Naruto impede que a recaída se torne uma queda.
– Estou... é que... ainda não me recuperei da cirurgia que fizemos hoje com Shizune-san no hospital. Estou um pouco exausta, só isso.
– Você tem se esforçado muito no hospital, já pensou em pedir uma folga?
– Impossível. Eles precisam de mim lá. Há pessoas correndo perigo de vida e se eu não fizer algo podem acabar morrendo!
– Sim... Eu entendo.
Assim como Naruto, Sakura também desenvolvera um grande senso de responsabilidade com seus deveres. Algo que, possivelmente, aprendera com o próprio Uzumaki vendo-o trabalhar tão arduamente em prol de seus objetivos ao longo dos anos. Mesmo em seus treinos pesados com Tsunade, a Haruno usava a imagem de seu companheiro de equipe como incentivo para não desistir e dar tudo de si. Hoje, naturalmente, esta característica tornou-se parte de sua personalidade, algo que consequentemente Naruto não é capaz de ir contra, pois em seu lugar possivelmente estaria fazendo o mesmo.
– Então... que tal irmos comer um rāmen juntos?
– ...? – Sakura fitou-o demonstrando perplexidade.
– Eh... não é nada de mais! Eu só pensei que seria bom se Sakura-chan pudesse quebrar um pouco a rotina, e comer um rāmen poderia recuperar as energias. Sempre faço isso depois de um treino pesado então...
Enquanto Naruto se explicava, Sakura abafava uma curta risada que fez o jovem interromper sua fala. Achava graça especialmente na capacidade do Uzumaki resolver tudo com um tigela de rāmen. Só um idiota como ele mesmo poderia fazer uma proposta daquelas. Apesar disso, ela não podia recusar, de fato, colocar algo quente em sua barriga resolveria parte de seus problemas por ora. Além do mais, a participação de um amigo ajudaria a afastar temporariamente a dor da solidão.
– Tudo bem então, mas você paga! – Ela sorriu e saiu andando, na medida em que Naruto concordou meio sem graça, revirando o interior de seu gama-chan (pochete de sapo) em busca de alguns ryōs extras.
Ao chegarem no Ichiraku, Naruto pede a Teuchi uma porção de rāmen char siu (rāmen de porco assado) e Sakura o acompanha. Ambos sentam-se à beira do balcão e animadamente sorvem todo aquele líquido saboroso junto aos fios de macarrão macios e aromáticos. O caldo do porco assado reforça a sustância do alimento e faz Naruto emitir um “Ah!” ao finalizá-lo.
– O caldo que o Teuchi prepara é a melhor parte do char siu! Não é, Saku...?
– É sim, está delicioso! – Sakura sorri para Naruto, em contentamento, enquanto remove a madeixa da frente de seu rosto para se dirigir ao Uzumaki.
- Aliás, Naruto, obrigada por me trazer aqui. Fazia muito tempo que eu não visitava o Ichiraku. E vir aqui me traz boas memórias. Lembra quando Sai e Kakashi resolveram te dar rāmen na boca? E aquela vez que...
Sakura continuava falando, mas Naruto, por algum motivo, parecia ter congelado. Os hashis estabilizados em seus dedos foram os primeiros a denunciar a aparência estática para sua companheira, que agora começava a vê-lo com estranheza.
- Ehh? Que foi? Pare de me olhar assim. Está me assustando!
- Sakura-chan... você está muito bonita hoje.
- ...! – Sem saber como responder aquelas palavras, Sakura se vê involuntariamente corada, num sentimento misto que envolve vergonha, estranheza e negação.
– Na-naruto! Não fique falando essas coisas, idiota!
- Desculpe, hehe. Não era minha intenção te envergonhar.
- ... – Sakura procede ingerindo seu rāmen silenciosamente, surpresa com o que acabara de ouvir. Porém, eu seu íntimo, ela sorri, grata por Naruto sempre reconforta-la. Ela sentia que precisava ouvi-las, embora admitisse para si mesma que seria melhor se fossem proferidas por Sasuke, e não Naruto.
“Sasuke... Porque você...?”
Imediatamente seu semblante muda,os olhos se enublam e o cenho escurece. Naruto nota a mudança de humor repentino e tenta entender o que se passa na mente de Sakura.
- Tem algo te incomodando Sakura-chan?
- O quê? Não! É que...
- Huh?
- É que...
- Que foi?
- Sasuke-kun... Ele não me enviou nenhuma carta desde que saiu da vila.
Assim que o nome é mencionado, o clima se torna rapidamente mais denso, deixando sua conotação festiva para assumir um tom mais melancólico. As palavras seguintes de Sakura saem com dificuldade de sua boca, enquanto Naruto as ouve, calado.
- Eu estava pensando, será que ele pensa que sou um fardo para ele?
- Não é isso. Ele tem seus motivos, você sabe...
- Eu sei! Mas porque ele acha que vou atrapalhá-lo em seus objetivos? Eu jamais faria isso! Além disso ele pode precisar de mim caso se meta em alguma confusão.
- E só está tentando te proteger. Ele não quer que nada de ruim aconteça com você.
- ... Sim, você tem razão. Mas ainda sim, porque nunca me envia nada? Eu sei que ele é ocupado, mas...
- Está tudo bem, Sakura-chan. - Naruto coloca a mão em seu ombro e sorri radiante. A aura quente e reconfortante que exalava penetra o consciente de Sakura e a aquece como um confortável agasalho de lã. Mesmo sem proferir mais palavras, ela sabe que tudo vai se resolver no tempo certo. Ela sentia isso agora.
- Naruto...
Ela sorri e inclina-se para abraça-lo. Naruto, por sua vez, permanece parado, indagando para si mesmo o motivo da proximidade repentina de Sakura. Os olhos se entrecruzam e neste momento Sakura se dá conta do que Naruto havia lhe falado há pouco. Ela sente seu batimento cardíaco inexplicavelmente palpitar e os pelos do seu braço eriçar pelo que estava prestes à fazer. A pressão repentina trava seus movimentos, e então, assim que recobra a consciência, ela retorna à sua posição de origem, sem entender o que estava acontecendo. Tanto quanto Naruto.
- Huh? – Naruto a encara, perplexo.
Ela sorri e o agradece, e então os dois se levantam para irem embora. Naruto paga a conta, como o prometido, e despede-se de Teuchi juntamente com seus últimos tostões do seu magro gama-chan. Naruto a acompanha até a parte de fora da loja, onde Sakura aguarda-o pacientemente.
- Gama-chaannn... gama-chaaan... – Os murmurinhos de Naruto lamentavam a perda das suas últimas finanças do mês. Agora ele teria de se virar com o que sobrara no estoque de sua casa.
- Naruto? Tudo bem? Não vai me dizer que não tinha dinheiro, né?
- O quê!? Tá tudo bem! Hehe.
- Tem certeza? Eu posso te devolver amanhã a minha parte, não precisa se prejudicar por mim.
- Não se preocupe com isso Sakura-chan, vamos indo?
- ... Ok.
Ainda que o acordo envolvesse apenas uma janta no Ichiraku, quando os dois se deram, já estavam em uma caminhada noturna, sozinhos, no meio da noite. Tanto Naruto, quanto Sakura, não sabiam bem o que falar no momento. Temeroso que recebesse outra pancada da Haruno, o Uzumaki permaneceu quieto por mais tempo, tentando encontrar alguma palavra quebrar o gelo, mas antes que pudesse, foi interrompido por Sakura.
- Naruto. Posso te perguntar uma coisa?
- S-sim, claro.
- Porque você faz tudo isso por mim mesmo depois de saber que eu ainda amo o Sasuke?
Naruto suspirou firme, olhando para o céu negro enquanto seus passos procediam no mesmo ritmo que os de Sakura. A pergunta era direta e profunda, mas Naruto tinha a resposta tão clara quanto o que guardava para si mesmo.
- Isso é porque... Eu quero te ver feliz, Sakura-chan. Apenas isso.
- ... – Sakura permaneceu quieta por um tempo, tentando assimilar a informação. Ao mesmo tempo, as memórias do passado voltavam a lhe atormentar.
- Tudo o que eu fiz para você foi magoá-lo e colocar um peso em suas costas que não deveria. Me desculpe, Naruto. Desculpe por ser essa pessoa horrível para você!
Isso não é verdade, Sakura-chan! – Naruto travou os passos imediatamente, e seu semblante se tornou sério. Pondo-se frente à Sakura, ele a fitou com olhos carregados de certeza e segurou-a pelos ombros. Sakura sentiu-se conectada às orbes azuis sinceras do Uzumaki.
- Para começo de conversa, Sasuke é meu amigo e eu sempre quis trazê-lo de volta, independente do que você dissesse. E depois, é graças à você que eu ainda posso perseguir o meu sonho de ser Hokage, e você sempre me apoiou nisso. Você não é uma pessoa horrível, pelo contrário, você sempre esteve ao lado de seus amigos quando eles precisaram, incluindo a mim e o Sasuke.
- ... Naruto.
- Além disso, eu não me importo se você gostar do Sasuke ou quem for. Contanto que esteja feliz, é isso que importa. Eu jamais gostaria que ficasse comigo se isso te fizesse mal. Não é como se eu tivesse competindo com ele por seu amor.
- ... – Atingida com o ribombo de mil trovões, Sakura sentia as palavras de Naruto conectarem-se aos seus sentimentos de maneira avassaladora. Eram palavras precisas e sinceras, que há muito tempo precisava ouvir.
“Heh... Sakura... Eu posso dizer só de olhar para você. A verdade é que você...” De imediato, recordou-se do que Yamato havia dito anos atrás. O misto dos sentimentos favoreceu a precisão da interpretação da mensagem. Sakura questionava seus sentimentos por naruto.
- Obrigada, Naruto. – Então ela o abraça, desta vez sem o menor temor ou resquício de dúvida, com a qual é recebida reciprocamente por Naruto. Sentia-se profundamente grata, enquanto lágrimas escorriam discretamente de seus olhos cansados. Eram lágrimas de alívio e reconforto. Porém, mais do que isso, ela sentia-se compelida a devolver tamanha consideração.
– Você sempre será importante para mim, idiota.
Autor(a): Akaito-kun
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