Fanfic: Toma mi mano! - Portirroni | Tema: Rebelde; RBD; Portirroni

Maite chegou por volta das cinco na casa dos pais para o jantar que tinham combinado com seus irmãos, para se reunirem depois de tanto tempo que todos não ficam juntos. Ela se distraiu contando sobre as viagens e sobre sua música solo no novo álbum. Assim como fez com Any, preferiu não contar sobre o fato de tentarem tirar a música dela. 

- Ouvi você falar numa entrevista que terminou com o Guido. Tem muito tempo? - questionou seu irmão Adolfo.

- Tem, mas não sei te dizer exatamente quanto. - deixou o garfo de lado no prato em que comia. - Não fez muita diferença pra mim, ele que me perturbou por um tempo. Ainda perturba na verdade.

- Manda ele pastar. - disse indiferente o homem. 

- Vou fazer isso da próxima vez. - sorriu. - Mas eu realmente não me importo...tenho outras coisas pra pensar.

- Parece que já tem outra pessoa ocupando o lugar dele, não é? - questionou sua mãe.

Maite apenas encarou a mulher. Não tinha como ela saber de nada.

- Só por essa demora já dá pra saber que sim. - disse Paco, seu outro irmão enquanto encarava a mãe. - Ela poderia até não ter certeza, mas você acabou de entregar tudo. - disse para a irmã enquanto sorria.

- Eu só não estava esperando essa pergunta, ué. Isso não quer dizer nada. 

Os outros membros da família riram e logo mudaram de assunto, mas já estava claro que a primogênita estava apaixonada mais uma vez.

- Então, quem é? - questionou Adolfo.

Ele acabara de se sentar no sofá ao lado da irmã. Era possível ouvir seus pais e Paco na cozinha, onde ajeitavam as coisas após o jantar.

- Quem é o que? - Maite contentou-se em fazer outra pergunta ao irmão, pensando o que deveria dizer 

- Ah, Mai! Você não me engana, nem a ninguém daqui. Me diz, quem é, onde conheceu, é mexicano ou mora do outro lado do mundo, como é?

- Eu devo ser uma atriz bem ruim mesmo. - sorriu. - Não consigo esconder nada.

- Para com isso que você é uma ótima atriz, sim. Só parece que você "desliga" quando está com a gente. - empurrou de leve a irmã com o ombro, arrancando um sorriso dela. - Agora me responde.

- Bom - suspirou. - é do México e eu já conheço a um tempo. - encarou os dedos enquanto os remexia, nervosa. - Você ficou sabendo do Chris? - questionou.

Sua intenção não era necessariamente mudar de assunto. Ela só queria direcionar a história para algo sobre sua nova descoberta acerca de sua sexualidade, mas ainda não se sentia totalmente preparada para ser 100% clara sobre isso.

- Sim. - respondeu, hesitante. - Mas o que ele tem a ver com isso? Não me diz que você gosta dele? Meu Deus você está perdida. - disse apressado.

- Eu não gosto dele, seu doido. - empurrou o irmão. - Eu só estou tentando puxar conversa. Ele tem recebido bastante ataques da mídia.

- Bom, eu fico triste por ele. - se ajeitou no sofá. - Ninguém merece passar por essas coisas. Eu não entendo muito bem, mas tenho certeza que ninguém merece ser discriminado como está acontecendo.

Maite encarava o irmão extremamente apreensiva. Seu maior medo era perder sua família e, pela primeira vez em toda sua vida, essa possibilidade parecia mais real do que nunca. Adolfo a encarou mais uma vez e ela sentiu seus olhos se encherem de lágrimas. O rosto do irmão demonstrou a dúvida que surgiu quando ele percebeu seu estado, mas logo essa expressão sumiu dando lugar a uma bem diferente.

Os olhos castanhos se arregalaram e sua boca se abriu levemente, formando uma clara expressão de surpresa. Adolfo abriu e fechou a boca algumas vezes, parecia buscar forças para dizer algo. O homem esfregou a longa barba ainda buscando as palavras.

- Maite! - soou a voz de Javier da cozinha. - Venha nos ajudar, seu irmão faz muita bagunça.

A morena se levantou e secou uma lágrima solitária que escorreu por sua bochecha. Caminhou a toda velocidade para a cozinha, passando por Paco de cabeça baixa. Se concentrou em lavar o resto das louças que ainda estavam na pia enquanto apenas ouvia a conversa de sua família.

- O que foi? Parece que viu um fantasma. - disse Paco de repente.

- Ah, nada. - respondeu Adolfo da porta da cozinha. - Eu só vim me despedir.

- Bom, vou aproveitar e ir com você. Falta pouca coisa aqui e a Mai pode dar conta sozinha, não é? - abraçou a irmã pela cintura.

Maite apenas o empurrou de leve com o ombro, sorrindo. Paco lhe deu um beijo na bochecha e foi se despedir de seus pais. Adolfo apenas acenou de longe e saiu, seguido por seus pais que foram levar os dois caçulas até a porta. 

Apoiada sobre o frio quartzo da pia, a morena suspirou, sentindo mais uma vez as lágrimas se acumularem em seus olhos. Agora era tarde demais, Adolfo provavelmente já sabia de tudo. Era tão diferente da sensação que sentiu quando contou para Poncho e Ucker. Dulce e Christian sempre souberam, eles mesmos a ajudaram a criar coragem para tentar algo com Any, mas mesmo com os outros dois que não tinham a menor ideia pareceu infinitamente mais fácil.

Terminou de lavar as louças e foi logo tomar um banho. Sozinha no banheiro, deixou algumas lágrimas solitárias rolarem. Ao se deitar, viu uma mensagem de boa noite de Any enviada cerca de uma hora atrás. Respondeu apenas com "Boa noite meu amor" e se forçou a dormir.

No dia seguinte, a morena acordou com alguns barulhos na cozinha. Caminhou até lá esperando encontrar os pais, mas logo estava encarando os intensos olhos do irmão. Um súbito calafrio percorreu seu corpo e ela travou diante do olhar de Adolfo, que apenas sorriu calmamente. O homem gesticulou em direção a cadeira ao lado da sua enquanto servia um pouco de café em uma segunda xícara.

Depois de hesitar por alguns segundos, Maite caminhou lentamente até o irmão, se sentando ao seu lado. Os dois ficaram alguns minutos em silêncio, sem coragem para começarem a falar.

- É da banda? - questionou o homem depois de um tempo. Mai acenou positivamente. - Anahí ou Dulce?

- Anahí. - sussurrou, quase inaudível.

Maite pigarreou, buscando sua voz, que falhara na última frase. Apertou a xícara em suas mãos, aguardando mais alguma manifestação do irmão.

- Ela sabe? - Maite apenas acenou de novo e ouviu o outro suspirar. - Meu Deus, Mai! - fechou os olhos. - Vocês…são famosas. Isso pode acabar com a carreira de vocês, pode prejudicar a banda. Mas vocês estão ou não tendo algo, afinal?

- Eu… - engoliu em seco, ainda com a voz fraca. - Eu sei que isso é complicado, mas o pessoal sabe e eles não se importam. Não é como se fossemos contar pra todo mundo agora. - já tinha a voz embargada e sentia várias lágrimas pelo rosto.

Adolfo largou a xícara que tinha em mãos e abraçou a irmã, a apertando em seus braços. Ele beijou os longos cabelos negros e sentiu um aperto em sua cintura.

- Está tudo bem, Mai. Vai dar tudo certo. - disse ainda abraçado a irmã. - beijou novamente os cabelos da outra e se afastou. - Você gosta mesmo dela?

- Eu amo ela! - respondeu enquanto encarava o homem.

Adolfo sorriu terno, secando as lágrimas da irmã.

- O que aconteceu aqui? - soou a voz da mãe de ambos, a porta da cozinha.

Maite encarou a mãe enquanto engolia em seco mais uma vez. Ela encarou o irmão, como se buscasse alguma resposta. Adolfo tinha os olhos arregalados e não sabia como reagir. A morena suspirou. 

- Mãe, senta aqui por favor. - puxou a cadeira ao seu lado. - Eu preciso te contar uma coisa.

A mulher a encarava apreensiva, mas se aproximou e se sentou. Maite segurou as mãos da mais velha e sorriu, sentindo mais uma lágrima escorrer por seu rosto.

- Mãe, eu...eu gosto de alguém. Eu estou namorando. - a mulher parecia confusa, mas aguardava a filha terminar. - Mãe, eu gosto da…- pigarreou. - eu gosto de uma mulher. - disse com seu último resquício de coragem.

A mais velha soltou suas mãos e se afastou um pouco. Maite intercalava o olhar entre a filha e o filho enquanto processava a informação. Adolfo apenas tocou o ombro da irmã, que já chorava mais ainda.

- Maite, você está brincando comigo? - questionou a mais velha. - Isso não tem graça.

- Mãe, eu não estou brincando. - disse em meio ao choro. - Eu estou namorando. Namorando a Any. Eu amo ela e...eu sei de todos os riscos, mas ela me faz tão bem e eu não sei se conseguiria ficar sem ela. - cobriu os olhos com as mãos. 

Seu corpo tremia de tanto chorar. A matriarca Perroni encarou a filha por alguns segundos, atônita. Seus olhos se desviaram para os do filho, que acariciava as costas da irmã. Ele deu um fraco sorriso e abanou os ombros, se inclinando para abraçar a mulher q ainda chorava.

- Vai ficar tudo bem, Mai. A gente te ama e…estamos aqui pra você. - encarou a mãe, como se pedisse ajuda.

A mulher respirou fundo e levantou o rosto da filha, afastando as mãos que cobriam os olhos. Ela sorriu e a abraçou, numa tentativa de mostrar seu apoio. Maite, mesmo sorrindo, continuou chorando, mas dessa vez por uma ponta de felicidade que começava a surgir.