Fanfic: Christopher (Adaptada) | Tema: VONDY

Christopher

Quando cheguei a festa de casamento de um amigo e vi a dona do sorriso mais lindo, meu coração saltou.

Dulce vinha sendo um problema desde que se mudou para o prédio, e agora tinha se tornado o maior problema de todos quando sua ousadia, acendeu alguma chama dentro de mim. Ainda não conseguia esquecer o beijo no rosto que recebi dela.

Dulce simplesmente conseguia me desarmar, quando eu estava a ponto de explodir.

Admirei- a por longos minutos sentada e sozinha, quando enfim resolvi me aproximar, ela se levantou para dançar. Coloquei as mãos no bolso da calça do terno que estava usando e caminhei lentamente para a mesa que ela estava. À esperaria ali. Talvez se eu desse brecha, ela não me importunasse mais. Puxei uma cadeira e me sentei. Fazia algum tempo que ela estava me evitando e agora eu estava provando do meu próprio veneno. Não imaginei que eu sentiria falta da ousadia daquela mulher, ou do cheiro de seu perfume doce. Assisti- a dançando. Tão linda e tão quente. O vestido longo desenhava todo seu corpo, deixando- a ainda mais sexy.

Esperei ansioso quando ela começou a andar na direção da mesa, mas de repente parou e desviou para o jardim ao lado e aquilo só confirmou que ela realmente estava me evitando. Mas isso não iria me abalar. Por algum motivo, sentia que precisava me desculpar pelas vezes que fui grosso com ela. Tenho consciência de que realmente peguei pesado. E também, conversar com alguém na festa, faria com que as horas passassem mais rápido.

Esse era o primeiro casamento que ia desde que fui largado no altar, fugi da parte da igreja, mas não consegui inventar desculpas para afastar a festa.

Fui até o jardim e me aproximei de Dulce. Engrenamos uma breve conversa civilizada. Sem farpas.

O cheiro do perfume dela me invadiu por inteiro e eu não conseguia mais pensar direito, era como me sentir em casa. Aquela sensação era estranha.

Decidi estender a bandeira branca para ela, estava disposto a dizer que nós poderíamos ser amigos, mas quando ela colocou a mão no meu rosto, perdi de vez o raciocínio. Só não esperava que ela fosse me beijar.

Estremeci com aquele contato. O beijo fez acordar todas as sensações que estavam adormecidas dentro de mim. Não me movi, pois queria sentir mais daquele toque suave, e quando ela finalmente começou a se afastar me dei conta que não aprofundamos o beijo.

─Eu... não estou me sentindo muito bem, preciso ir ao banheiro. E assim como ela me beijou de repente, saiu de perto de mim praticamente fugida, sem dar tempo nem ao menos de fitá- la por um momento, para saber o que ela tinha sentido.

Fiquei imobilizado no lugar, apenas vendo- a escapar no meio dos convidados.

Fui tirado do transe quando meu amigo e sua esposa se aproximaram de mim. Ver aquela mulher de vestido de noiva me remeteu a um passado que eu não gostaria de lembrar. Forcei um sorriso e fui agradável parabenizando os noivos, mas logo consegui escapar deles. Precisava ir atrás de Dulce, saber se ela chegaria em casa bem, afinal a vi bebendo essa noite.

─Onde fica o banheiro? ─perguntei a um garçom que passava com uma bandeja de bebidas.

─Siga em frente e vire a próxima direita.

─Obrigado! Andei a passos largos até o local que o homem me indicou, e por sorte esbarrei com minha vizinha quando virei à direita. Ela parou, me fitou assustada.

─Está tudo bem?

─Sim, eu só... acho que abusei da bebida. ─por que ela parecia estar mentindo?

─Vou só me despedir da Raquel e vou embora.

Dulce começou a desviar de mim, mas dei um passo em sua direção, esbarrando meu corpo no seu.

─Raquel não vai sentir falta dos convidados. ─encostei- me ao ouvido dela, percebi seu corpo se arrepiar.

─Eu também já vou embora, e como somos vizinhos, não vai me custar te dar uma carona. Afastei e fitei seu lindo rosto. Dulce me encarou, mordendo o lábio. Ahh... o lábio que eu tanto queria morder.

─Você deveria se manter longe de mim. Sabe que quando estou bêbada avanço os espaços. ─Sorriu.

─Dulce...

─Eu sei. Você disse que não gosta de ser incomodado e mais uma vez, invadi seu limite. Sabe de uma coisa?

─O quê?

─Mudei de ideia quanto a ir embora, acho que podemos aproveitar um pouco mais. Afinal, a bebida e a comida são de graça. ─sorriu novamente e dessa vez, parecia que não se importava com o que tinha acontecido entre a gente.

Balancei a cabeça concordando, enquanto avaliava seu rosto. Cada vez mais, eu tinha detalhes dela.

─Estou dirigindo, então fico só com a comida. ─Dei espaço e começamos a voltar para festa.

─Ok, então vizinho. Mude minha visão sobre você.

Notei que Dulce se esforçava para desviar a tensão que tinha ficado entre nós, e eu colaborava para isso. Talvez fosse melhor manter a amizade com ela.

─Qual a visão que você tem sobre mim?

─Ogro. Mal- educado. Carrancudo. E não é só eu que penso assim, várias pessoas.

Caminhamos em silêncio e quando chegamos a mesa que estivemos sentados, resolvi falar:

─É melhor assim. ─puxei a cadeira para ela se sentar.

─Não parou para pensar que sendo assim, atrai mais atenção para você? Fiquei parado e pensei em sua observação.

Ela poderia estar certa, mas não mudaria meu jeito da noite para o dia. Meus dias naquele bairro estavam contados, faltavam apenas dois meses e meio para voltar a minha vida normal.